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ONDAS FEMINISTAS E O

FEMINISMO NEGRO
Prof. Kaiana Vilar
QUEM CONTA A HISTÓRIA?

QUAIS OS REFERENCIAIS TEÓRICOS QUANDO


FALAMOS EM CIÊNCIA(S), POLÍTICA, ECONOMIA?

QUANTAS DOUTRINAS ESCRITAS POR MULHERES


VOCÊS CONHECEM?

QUANTAS AUTORAS NEGRAS VOCÊS JÁ LERAM?


O QUE É FEMINISMO?
• Objetivo - sociedade sem hierarquia de gênero
• O Gênero não sendo utilizado para conceder privilégios ou
legitimar opressão.
• Ou como disse Amelinha Teles na introdução de Breve
história do feminismo no Brasil, “falar da mulher, em
termos de aspiração e projeto, rebeldia e constante busca
de transformação, falar de tudo o que envolva a condição
feminina, não é só uma vontade de ver essa mulher
reabilitada nos planos econômico, social e cultural. É mais
do que isso. É assumir a postura incômoda de SE
INDIGNAR com o fenômeno histórico em que metade da
humanidade se viu milenarmente excluída nas diferentes
sociedades no decorrer dos tempos”.
1ª ONDA DO FEMINISMO
SÉCULO XIX
• O DIREITO AO VOTO E À VIDA PÚBLICA
• Nísia Floresta (1810- 1885) – primeira feminista.
Abriu a primeira escola para meninas.
• Bertha Lutz- fundou (1922) a Federação Brasileira
pelo Progresso Feminino - lutar pelo sufrágio
feminino e o direito ao trabalho sem a autorização
do marido -> criação da União Universitária
Feminina, o ingresso de meninas no Colégio Pedro
II, o voto feminino e leis de proteção à mulher e à
criança.
2ª ONDA DO FEMINISMO
• Anos 70 - crise da democracia
• Valorização do trabalho da mulher
• Direito ao prazer
• Contra a violência sexual
• Contra a ditadura militar
• Grupo de professoras universitárias (1972)
• Movimento Feminino pela Anistia (1975)
• Jornal Brasil Mulher (1975) -> editado primeiramente no
Paraná e depois transferido para a capital paulista e que
circulou até 1980.
3ª ONDA DO FEMINISMO
• Início da década de 90
• Mulheres negras estadunidenses, como
Beverly Fisher, já na década de 70,
começaram a denunciar a invisibilidade das
mulheres negras dentro da pauta de
reivindicação do movimento.
• No Brasil, o FEMINISMO NEGRO - começo
da de 80 - mulheres negras como sujeitos
políticos
• CRÍTICAS- algumas feministas dessa terceira onda -
Judith Butler - o discurso universal é excludente
• Opressões atingem as mulheres de modos diferentes
• DISCUTIR GÊNERO COM RECORTE DE CLASSE E RAÇA
• Especificidades das mulheres.
• Exemplo -> trabalhar fora sem a autorização do
marido, jamais foi uma reivindicação das mulheres
negras/pobres (a cena do slide anterior da série
“Coisa mais linda” demonstra isso).
• representação política -> como base a mulher branca,
de classe média
Sojouner Truth nasceu escrava em
Nova Iorque, sob o nome de Isabella
Van Wagenen, em 1797, foi tornada
livre em 1787, em função da
Northwest Ordinance, que aboliu a
escravidão nos Territórios do Norte
dos Estados Unidos (ao norte do rio
Ohio). A escravidão nos Estados
Unidos, entretanto, só foi abolida
nacionalmente em 1865, apos a
sangrenta guerra entre os estados do
Norte e do Sul, conhecida como
Guerra da Secessão. Sojourner viveu
alguns anos com um família Quaker,
onde recebeu alguma educação
formal. Tornou-se uma pregadora
pentecostal, ativa abolicionista e
defensora dos direitos das mulheres.
Em 1843 mudou seu nome para
Sojourner Truth (Peregrina da
Verdade).
O discurso que segue foi proferido como uma intervenção na
Women’s Rights Convention em Akron, Ohio, Estados Unidos,
em 1851. Em uma reunião de clérigos onde se discutiam os
direitos da mulher
Sojourner levantou-se para falar apos ouvir de pastores
presentes que mulheres não deveriam ter os mesmos direitos
que os homens, porque seriam frágeis, intelectualmente
débeis, porque Jesus foi um homem e não uma mulher e
porque, por fim, a primeira mulher fora uma pecadora.
Na ocasião do discurso já era uma pessoa notória e tinha 54
anos. A versão mais conhecida foi recolhida pela abolicionista
e feminista branca Frances Gage e publicada em 1863
“Muito bem crianças, onde há muita algazarra
alguma coisa está fora da ordem. Eu acho que
com essa mistura de negros (negroes) do Sul e
mulheres do Norte, todo mundo falando sobre
direitos, o homem branco vai entrar na linha
rapidinho.
Aqueles homens ali dizem que as mulheres
precisam de ajuda para subir em carruagens, e
devem ser carregadas para atravessar valas, e
que merecem o melhor lugar onde quer que
estejam.
Ninguém jamais me ajudou a subir em carruagens, ou
a saltar sobre poças de lama, e nunca me ofereceram
melhor lugar algum! E não sou uma mulher? Olhem
para mim? Olhem para meus braços! Eu arei e plantei,
e juntei a colheita nos celeiros, e homem algum
poderia estar à minha frente. E não sou uma mulher?
Eu poderia trabalhar tanto e comer tanto quanto
qualquer homem – desde que eu tivesse
oportunidade para isso – e suportar o açoite também!
E não sou uma mulher? Eu pari treze filhos e vi a
maioria deles ser vendida para a escravidão, e quando
eu clamei com a minha dor de mãe, ninguém a não
ser Jesus me ouviu! E não sou uma mulher?
Daí eles falam dessa coisa na cabeça;
como eles chamam isso… [alguém da
audiência sussurra, “intelecto”). É
isso querido. O que é que isso tem a
ver com os direitos das mulheres e
dos negros? Se o meu copo não tem
mais que um quarto, e o seu está
cheio, porque você me impediria de
completar a minha medida?
Daí aquele homenzinho de preto ali disse que a mulher
não pode ter os mesmos direitos que o homem porque
Cristo não era mulher! De onde o seu Cristo veio? De
onde o seu Cristo veio? De Deus e de uma mulher! O
homem não teve nada a ver com isso.
Se a primeira mulher que Deus fez foi forte o bastante
para virar o mundo de cabeça para baixo por sua
própria conta, todas estas mulheres juntas aqui devem
ser capazes de consertá-lo, colocando-o do jeito certo
novamente. E agora que elas estão exigindo fazer isso,
é melhor que os homens as deixem fazer o que elas
querem.
Agradecida a vocês por me escutarem, e agora a velha
Sojourner não tem mais nada a dizer”
TEORIA DA INTERSECCIONALIDADE E O
FEMINISMO NEGRO
• Kimberlé Crenshaw, pioneira no estudo da interseccionalidade
• Caso de uma mulher negra que apesar de preencher todos os
requisitos e mostrar aptidão fora preterida em uma seleção
de emprego por outra.
• Caso levado ao juiz nos Estados Unidos, afirmou que tratava-
se de discriminação por ser uma mulher e negra.
• Juiz: a empresa contratava mulheres e contratava pessoas
negras.
• A empresa contratava pessoas negras (homens) e mulheres
(brancas)
• não possuía NENHUMA mulher negra, o que seria então o
caso.
Dessa forma, a interseccionalidade seria um
ponto de convergência entre duas seções que
ao se conectarem perdem/não possuem
proteção
MULHER
MULHERES NEGROS
NEGRA

PROTEÇÃO PROTEÇÃO
• Mulheres negras, mulheres brancas, mulheres
trans -> lutas e contextos históricos marcados
de maneira diferente
• Enquanto mulheres brancas lutavam pelo
direito de votar
• As mulheres negras sofriam o peso da
escravidão.
DJAMILA RIBEIRO (Livro “Lugar de Fala”): “Essa
insistência em não se perceberem como marcados,
em discutir com as identidades foram forjadas no
seio de sociedades coloniais, faz com que pessoas
brancas, por exemplo, ainda insistam no argumento
de que somente elas pensam na coletividade; que
pessoas negras, ao reivindicarem suas existências e
modos de fazer político e intelectuais, sejam vistas
como separatistas ou pensando somente nelas
mesmas. Ao persistirem na ideia de que são
universais e falam por todos, insistem em falarem
pelos outros, quando, na verdade, estão falando de si
ao se julgarem universais.”

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