PATRICIA SORAYA CASCAES BRITO DE OLIVEIRA Eixos Papel do Estado Políticas Públicas (Educacionais) Centralização e descentralização Relações público-privadas na educação ESTADO CENÁRIO DE DISPUTAS E CONSTRUÇÃO DE PROJETOS DE SOCIEDADE
Marx (2011) Estado uma organização manipulada pela burguesia para a
dominação do capital; para a manutenção do capital. Gramsci (2004) Estado capitalista (...) é espaço que pode ser ocupado pelos trabalhadores, propõe o Estado socialista, o proletariado assume o Estado em benefício à classe trabalhadora e não ao capital. E fundamenta o conceito de sociedade civil organizada. Concepção de Estado restrito para compreender o Estado brasileiro em sua dinâmica de centralização e descentralização do poder. Conforme referências econômicas tornou-se um Estado ora centralizadoras e mais fechado, ora um Estado flexível e liberal. Fiori (2003) a crise da periferia capitalista; a crise latino-americana se inscreve no movimento de uma desordem mundial e nela a questão da reestruturação do Estado. Dominada por regimes autoritários desde a década de 60, na América Latina, a crítica ao Estado confunde-se com a luta pela redemocratização. Em resposta a crise, a versão local do neoliberalismo apregoa a eliminação do Estado, não para dar espaço a uma sociedade civil organizada como propunha Gramsci (2004), mas para que o mercado pudesse ditar as regras das relações econômicas e sociais como o faz. Fiori (2003), se entrelaçam em um mesmo processo de valorização o crescimento econômico, as lutas político- ideológicas e a expansão do Estado. compreensão melhor da história política brasileira recente e das forças e tendências em que se sustentam o projeto neoliberal da desestatização e a esperança popular da democratização. Estado, ademais de suas funções, assumiu outras “novas” funções que lhe conferiram um estatuto absolutamente inusitado. O Estado é o palco onde atuam as forças econômicas e as forças políticas, se configurando como o lugar determinante de decisões no contexto desses dois horizontes que constroem uma sociedade ; que constroem as políticas públicas destinadas a atender esses interesses heterogêneos. Nesse contexto está inserida a relação público-privada na educação. A teoria sobre Estado de Gramsci e Fiori (2003) : síntese da sociedade política e sociedade civil, de Estado-coerção e de aparelhos privados de hegemonia, mas concebem a ideia de um embate entre esses expoentes na composição do Estado, focando na importância dos mecanismos da sociedade civil para consecução de políticas. Fiori (2003) Estado é um lugar de conflitos de forças opostas que se entrecruzam no decorrer da história do capitalismo periférico, buscando estabelecer seus modelos de sociedade e de políticas públicas. As políticas públicas vão se configurando nas ações do Estado Brasileiro em diferentes esferas de governos, seja em nível nacional, estadual e municipal, caracterizando-se no federalismo [...] federalismo é um sistema de governo no qual existe uma clara divisão de poder entre o governo nacional e subnacional, no qual cada unidade federativa desfruta de poderes exclusivos, bem como da necessidade de autonomia para exercer esses poderes sem interferências de outras entidades (ROBERT DAHL, s/d apud REGIS, 2009, p.27). o Estado Brasileiro oscilou entre federalismo centralizado e federalismo descentralizado e, a instituição do federalismo cooperativo a partir da Constituição de 1988. Década de 90: Reformas ocorridas no Brasil; forte característica de descentralização das políticas públicas; no âmbito educacional. ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA NO MOVIMENTO DE CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO DO ESTADO
Nos anos de 1990: as reformas educacionais se deu sob nova orientação
Oliveira (2002) e Lima (2000) : a descentralização das políticas públicas estaria atrelada à democratização e a maior eficiência e à eficácia, porém há uma aparente universalização por meio do acesso, há aumento de matrícula, mas não foi acompanhada a qualidade do ensino. Descentralização: um poderoso mecanismo para corrigir as desigualdades educacionais no país, por meio da otimização dos gastos públicos e dos postulados democráticos ; mas lógica instituída tornou-se uma justificativa de transferências de competências da esfera central de poder para as locais, respaldadas por noções neoliberais. Lima e Mendes (2006): ideia de liberdade na gestão, há um recuo do Estado, com mudanças nas formas de financiamento das políticas sociais, com transferência de parte desses encargos para os atores sociais aí inseridas as organizações públicas não-estatais, criadas para diminuir o grau de interferência do Estado no mercado, reduzindo e dividindo as responsabilidades, antes exclusivas do Estado, agora compartilhadas com essas entidades Uma descentralização para o mercado; de responsabilização social. A esfera pública é convocada a se mercantilizar Lima e Mendes (2006): a descentralização para o mercado é feita por duas vias que tendem a consolidar o espaço de um quase mercado na educação: transferências de toda carga de responsabilidade para o mercado do controle e regulação educacional e a outra, descentralização da responsabilidade da oferta e universalização do serviço educativo para outros setores, entendendo que tais tarefas não são exclusividade do Estado. A RELAÇÃO PÚBLICO- PRIVADA NA EDUCAÇÃO
No Brasil, a esfera pública, incluindo-se o setor educacional, inaugura
uma forma de administração pública gerencial trazendo novos mecanismos que, em tese, suscitariam resultados quantitativos que redundariam nos qualitativos, diferenciando-se da gestão pública burocrática, modelo, até então, adotado pelo Estado brasileiro, porque “deixa de basear-se nos processos para concentrar-se nos resultados [...]” (BRASIL, 1995, p.16). Debate no cenário político e econômico: a abrangência e entrada do setor privado ou o chamado terceiro setor no cenário político, interfere nas decisões políticas e administrativas, como indutor de políticas públicas. Montaño (2010, p.57): O termo “terceiro setor”, tem muitos significados dos quais o autor reforça que “representa uma construção ideológica”, mas que não se “reduz a sociedade civil e congrega diversos sujeitos com aparente igualdade nas atividades, porém com interesses, espaços e significados sociais diversos, contrários e contraditórios”. A inserção do privado no público reforça e forja, a naturalização dos princípios empresariais, tais princípios são adotados na administração pública, como também são tidas como prática aceitável na vida cotidiana pelos cidadãos, assumindo e propagando como verdade absoluta que a eficiência e eficácia das empresas privadas podem e devem ser adotadas pela gestão pública. Saviani (2014): há necessidade de um enfrentamento aos grandes grupos empresariais, pois além de atuar no ensino têm ramificações nas forças dominantes da economia e também na própria esfera pública. Dessa forma, torna-se difícil defender a educação pública de qualidade, uma vez que a lógica do setor privado, traduzida por meio dos mecanismos de mercado, vem contaminando em grande medida a esfera pública. Considerações finais Mediante ao processo de mercantilização do setor público, especialmente, no que tange o setor educacional, toda a sociedade é responsabilizada pelos desmandos do poder público em coalisão com grandes grupos empresariais. REFERÊNCIAS
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Estado. Brasília, 1995. Disponível em: < http://www.bresserpereira.org.br/documents/mare/planodiretor/planodiretor.pdf>. FIORI, José Luis. O Vôo da Coruja: para reler o desenvolvimentismo brasileiro. Rio de Janeiro. 2003. GRAMSCI, A. Escritos Políticos. V.1 e 2. Tradução: Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004. LIMA, Rosangela Novaes. As relações intergovernamentais e as políticas educacionais: UNICAMP, 2000 (TESE DE DOUTORAMENTO). LIMA, Rosangela Novaes; MENDES, Odete da Cruz. A gestão da Educação: contrapontos entre descentralização e avaliação na lógica da reforma do Estado. In: NETO, NASCIMENTO;LIMA. Política Pública de Educação no Brasil. Compartilhando saberes e reflexões. Porto Alegre: Sulina, 2006. MARX, Karl. O Capital: Crítica da Economia Política. Livro1. 29ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. MONTAÑO, Carlos. Terceiro Setor e questão social: Crítica ao padrão emergente de intervenção social. São Paulo: Cortez Editora, 6ª edição, 2010. OLIVEIRA, Dalila Andrade e ROSAR, Maria de Fátima Felix (orgs.).Política e gestão da Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2002 REGIS, André. O Novo Federalismo Brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 2009. SAVIANI, Dermeval. Entrevista Especial ao Portal Anped. Disponível em < http://www.anped.org.br/>. Acesso 02 out.2014.