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Métodos Qualitativos e

Quantitativos
METODOLÓGICOS DA PESQUISA
QUALITATIVA EM SAÚDE
FOCOS DE INVESTIGAÇÃO
• Adoecimento:
FOCOS DE INVESTIGAÇÃO
• Práticas em saúde:
FOCOS DE INVESTIGAÇÃO
• Trabalho:
FOCOS DE INVESTIGAÇÃO
• Práticas sociais:
PRINCIPAIS TÉCNICAS DE
COLETA DE DADOS

• Observação – com ou sem participação;


• Entrevistas – individuais e/ou coletivas, em
profundidade e/ou rápidas, estruturadas e/ou
abertas;
• Questionários
• Grupos Focais – Entrevistas em grupo
• Estudo de Documentos – Imagens – Sons –
Vídeos
PRINCIPAIS INSTRUMENTOS
DE COLETA DE DADOS
• Roteiro de questionário
• Roteiro de observação participante
• Roteiro de entrevistas
• Roteiro de condução de grupos focais
• Roteiro para análise de documentos e
imagens
ENTREVISTAS
• Coleta de informações sobre
determinado tema científico.
• É uma conversa a dois, feita por
iniciativa do entrevistador, destinada a
fornecer informações pertinentes a um
objeto de pesquisa. (Minayo, 1993:107).
Fazer perguntas e obter respostas:
•Contato face-a-face
•Questionários
•Enquetes telefônicas
•Internet
• Cada fala é determinada por um contexto
histórico, temporal, cultural.
• A fala de um indivíduo é representação de
um grupo.
• A fala é um símbolo e é reveladora de outros
símbolos (valores, condições sociais)
• A palavra escrita ou falada é repleta de
ambigüidades.
Tipos de Entrevista
• Entrevista
– Individual e em grupo
• Entrevista individual:
– Estruturada
– Semi-estruturada
– Aberta
• Entrevista de grupo:
– Espontânea (campo): informal
– Grupo focal
• Entrevista estruturada:
– realizada através de questionários
aplicados direta ou indiretamente
• Entrevista semi-estruturada:
• combina perguntas fechadas e
abertas, onde o entrevistado tem a
possibilidade de discorrer sobre o
tema proposto, sem respostas ou
condições prefixadas pelo
pesquisador
• Entrevista não estruturada ou aberta:
– História oral
• Estudo de memória biográfica ou social.
• Focaliza acontecimentos específicos tal como foram
vivenciados por uma pessoa ou grupo social.
– História de vida
• Entrevista prolongada que apresenta as experiências e as
definições vividas por uma pessoa, um grupo, uma
organização. Como interpretam sua experiência. (Denzin)
• Não é autobiografia convencional e não é ficção (Becker)
• Está preocupada com a fidelidade das experiências e
interpretações do autor sobre o seu mundo.
• Completa:
• Busca compreender o desenvolvimento da vida do
sujeito investigado e traçar com ele uma biografia que
descreva sua trajetória até o momento atual.
• Tópica:
• Enfatiza determinada etapa ou setor da vida pessoal ou
de uma organização
• Entrevista não estruturada ou aberta:
– História oral
• Estudo de memória biográfica ou social.
• Focaliza acontecimentos específicos tal como foram
vivenciados por uma pessoa ou grupo social.
– História de vida
• Entrevista prolongada que apresenta as experiências e as
definições vividas por uma pessoa, um grupo, uma
organização. Como interpretam sua experiência. (Denzin)
• Não é autobiografia convencional e não é ficção (Becker)
• Está preocupada com a fidelidade das experiências e
interpretações do autor sobre o seu mundo.
• Completa:
• Busca compreender o desenvolvimento da vida do
sujeito investigado e traçar com ele uma biografia que
descreva sua trajetória até o momento atual.
• Tópica:
• Enfatiza determinada etapa ou setor da vida pessoal ou
de uma organização
Narrativas
• Entrevista curta
• Componentes e Estrutura:
• Resumo – sumário da estória
• Orientação – narrador fornece indicações de tempo,
lugar, pessoas
envolvidas, situação.
• Ação complicadora – (elemento obrigatório) seqüência de
enunciados, temporalmente ordenados que se remetem a
ações no passado.
• Resultado ou resolução – conclusão da ação;
conseqüência que
derivou do acontecimento narrado.
• Coda – assinala que a narrativa terminou (“então foi isso”)
Grupo Focal
• Técnica de entrevista direcionada a um grupo
organizado a partir de certas características
identitárias visando obter informações qualitativas.
• Características Principais:
• Entrevista em profundidade
• O grupo pode se conhecer previamente ou não
• A escolha é “qualitativa” – não mais de 8
participantes
• Roteiro “enxuto” 5 perguntas no máximo
• Não busca consenso – mapeia as falas
• Regras claras: não falar ao mesmo tempo,
nenhuma opinião é mais importante...
Como fazer uma entrevista
• Perguntas desencadeadoras
• Perguntas que convidam a fazer
descrições
• Perguntas para levar a conversa
adiante
• Perguntas para encerrar a
conversa
Observação Participante
• Processo pelo qual mantém-se a presença do
observador numa situação social, com a finalidade
de realizar uma investigação científica.

• O observador está em relação face a face com


os observados e, ao participar da vida deles, no
seu cenário cultural, colhe dados.

• Assim o observador é parte do contexto sob


observação, ao mesmo tempo modificando e
sendo modificado por este contexto
(Schwartz & Schwartz, 1993)
• Registrar informações e verificar
pistas e palpites durante a
observação participante é um
trabalho duro e prolongado.
• Um grande problema a superar
pode ser o intervalo de tempo
entre a observação e o registro.
Tipos de Dados Coletados…
• Textuais
– Pesquisa Documental
• Verbais
– Entrevistas, questionários
• Visuais
– Observações Participantes
PRINCIPAIS TIPOS
• Etnografias
• Estudos de Caso
• Assessorias Rápidas
• Estudos Clínicos (narrativas e representação)
• Estudos de Serviços de Saúde (usuários e
trabalhadores)
• Redes Sociais e Saúde
• Pesquisa Participante
• Pesquisa Ação
• Avaliação Participativa
• Representação Social
PRINCIPAIS REFERENCIAIS
TEÓRICOS / METODOLÓGICOS:
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
• Estabelece a especificidade do social em
contraposição ao individual;
• A forma dos indivíduos pensarem e agirem é
determinado pelo social (Durkheim);
• As categorias fundamentais do pensamento são de
origem social;
• Visão de mundo cotidiano, senso comum;
• Sentido das representações, estratégias de ação à
individual e coletivo;
PRINCIPAIS REFERENCIAIS
TEÓRICOS / METODOLÓGICOS:
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
• Formas de Conhecimento Socialmente Elaboradas e
Partilhadas com Fins Práticos à contribuem para a:
• Construção da Realidade Comum a um Grupo Social;
• “Aquilo que as opiniões individuais têm em comum, a lógica
que as une.”
• “Uma interpretação que se organiza de forma estreita com o
social e que constitui, para as pessoas, a realidade
mesma.”
• A representação não se pensa como “representação”, mas
como a realidade.
ANÁLISE E APRESENTAÇÃO
DOS DADOS
• Processo de análise seqüencial
• Análise de conteúdo
• Categorização temática
• Categorização analítica
TRIANGULAÇÃO
• Busca a convergência, abrangência e
reflexividade na análise dos dados
coletados
• Comparação dos resultados entre dois ou
mais métodos de coleta (entrevista e
observação)
• Comparação dos resultados entre duas ou
mais fontes de dados (membros de
diferentes grupos de interesse)
USO DAS PESQUISAS
QUALITATIVAS:
• Estudo prévio ao desenho de estudos
epidemiológicos;
• Validação dos achados do estudo
epidemiológico ou produção de uma outra
perspectiva sobre o mesmo fenômeno;
• Desvendar processos sociais ou áreas da
vida social que o quantitativo não pode
abordar;
DIFERENÇAS E SIMILARIDADES ENTRE OS
MÉTODOS QUANTITATIVOS E QUALITATIVOS
CRITÉRIOS QUANTITATIVOS QUALITATIVOS
Paradigma Positivismo Fenomenologia
Raciocínio Dedutivo/ indutivo Dedutivo/ indutivo
Objetos Fatos Fenômenos
Objetivos Relação causa e efeito Relação de significado
Desenho Preestabelecido / pré fixado Flexível / ajustável
Surveys / Experimentos Pesquisador como
Questionários fechados, instrumento
Instrumentos escalas, exames Observação livre, entrevistas
laboratoriais, dados semi dirigidas,coleta
randomizados intencional em prontuários
Adequação dos instrumentos Piloto Ensaio de aculturação
Amostragem Randomizada Intencional
Poucos sujeitos
N amostral representantes
representantes com
com características do todo
Amostra características de certa sub
populacional
população
Estatisticamente definida
N definido em campo
Variáveis Controle Não controle
Análise de conteúdo
Análise dos dados Bioestatística
Relevância teórica
Linguagem matemática
Citações literais incluídas na
Apresentação dos resultados usualmente separada da
discussão
discussão
Conceitual dos novos
Estatística para explicar conhecimentos aplicados par
Tipo de generalização dos
outras populações com as compreender outras pessoas
resultados
mesmas variáveis e settings constituídos pelas
mesmas vivências

Fonte: Extraído de Turato (2003, p. 511)


CARACTERÍSTICAS DA
PESQUISA QUALITATIVA
• Desenvolve conceitos, descrições densas, narrativas,
interpretações, sistematizações, que ajudem a explicar
acontecimentos (fenômenos) sociais em condições
naturais (in loco), com ênfase nos significados,
experiências e visões de todos os participantes.
• Baseia-se numa interação profunda com o(s) objeto(s)
de pesquisa
• Interesse e preocupação em responder questões como:
– O que é X e como X varia em diferentes
circunstâncias?
– E menos: Quantos Xs existem ali?
IDÉIAS CHAVE
• Significado e intencionalidade ;
• Porque acontece uma situação dada;
• O sentido que as pessoas dão ao mundo;
• Como as pessoas interpretam o mundo;
• Relativismo – etnocentrismo;
• Cultura e culturas; Dinâmicas culturais;
• Subjetividade e intersubjetividade
• Estudo das pessoas in loco: naturalistic settings;
• Abordagem multi-métodos
Mas... Como Realizar?
Técnicas da Pesquisa Qualitativa

• Papel Central da Linguagem


– Entrevista aberta – entrevistado é livre para
discorrer sobre o assunto
– Entrevista não-estruturada – entrevistador livre
– Entrevista qualitativa – análise busca
categorizar conceitos... Sem preocupação com
relações entre variáveis.
Qualitativa x Quantitativa

• Métodos Complementares!
• Qualitativa mais preocupada com o processo do
que com a organização
• Emprego conjunto permite
– Controle do viés e compreensão dos envolvidos
– Visão global com variáveis específicas
– Visão holística da realidade com fatos e causas
– Enriquecer constatações com dados obtidos no ambiente
– Reafirmar validade e confiabilidade das descobertas
Vantagens da Entrevista Aberta
• Respondente trás suas próprias
perspectivas
• Respondente pode introduzir relações e
conclusões sobre o processo
• Pode-se tematizar situações da própria
entrevista
Técnicas de Levantamento

• Entrevista Estruturada
• Entrevista Centrada no Problema
• Entrevista Focal
• Entrevista Narrativa
• Discussão em Grupo
Questionários
• Ferramenta fundamental para coleta
de dados
• Devem ter extensão e escopo
limitados
• Deve conter todas as variáveis que
compõem a sua hipótese
Questionários
• As perguntas devem
– Evitar fazer referências emotivas
– Evitar fazer perguntas embaraçosas

• As perguntas NÃO devem


– Obrigar a fazer cálculos
– Induzir respostas
• Possuem quatro partes essenciais
– Identificação da Pesquisa
• Cabeçalho, Introdução, Instruções
– Dados sobre o respondente
• Idade, experiência, instrução, profissão, etc…
– Questões controladoras
• Servem para garantir as informações sobre os
respondentes
– Questões sobre o assunto da investigação
Pesquisa Qualitativa:
Um Exemplo
Ex : Pesquisa de Satisfação com o chopp servido no
boteco:
1. Na sua opinião qual seria a temperatura ideal
para o chopp do Boteco?
2. O que você comentaria sobre a quantidade de
espuma do chopp ?
3. Como deveria ser o copo no qual é servido o
chopp?
4. Qual seria o tempo razoável para a entrega do
segundo chopp após o consumo do primeiro?
Entrevista Focal

• Mais adequada para estudar


impacto de uma mídia
• Quatro Componentes
– Não direcionamento
– Espeficidade
– Espectro
– Contexto Pessoal
Exemplos de Perguntas
– O que mais impressionou você neste
software?
– Você achou a interface carregada ou
boa de usar?
– Que novas facilidades este sistema lhe
trouxe?
– O que você achou da funcionalidade
XX?
Entrevista Semi-Padronizada
• Servem para elucidar o
conhecimento
• Envolvem vários tipos de questões
– Questões Abertas
– Questões Fechadas
– Questões Semi-estruturadas
Entrevista Centrada no Problema

• Entrevista aberta, semi-estruturada


– Entrevistador trás sempre o assunto de volta
para o problema original, analisado
anteriormente.
– Três princípios básicos:
• Centrada no problema
• Centrada no objeto de estudo
• Centrada no processo
Esquema do Processo
Análise do Problema

Construção da Guia

Teste e Treinamento dos Entrevistadores

Realização das Entrevistas

Registro das Respostas


Entrevista Narrativa
• Contos como estrutura natural para evidenciar
conexões e avaliar experiências
• Fases Conhecidas:
– Sumário
– Orientação
– Complicação
– Avaliação
– Resolução
– Coda
Fases da Entrevista Narrativa

Definição do Objeto Narrativo

Estimulo da Narração

Realização da Narração

Perguntas Extras
O papel do Entrevistador
• Facilitar a narrativa
• Não fazer interrupções diretivas
• Não fazer avaliações
• Mostrar que está tentando entender
• Revisar trechos que não ficaram claros
Entrevistas de Grupo
• Ajudam a tornar a situação mais real
• Controle de qualidade das respostas
• Baixo custo
• Difíceis de observar
• Precisam de maior treinamento do
mediador
• Mediador age de acordo com o que vai
acontecendo
Discussão em Grupo
Formulação da Pergunta

Formação do Grupo

Apresentação de Estímulo Básico

Discussão Livre
Utilidade dos Grupos
• Orientar uma pessoa em um novo
campo
• Gerar hipóteses baseadas em
insights
• Avaliar diferentes populações
• Obter diferentes interpretações da
realidade.
Técnicas de Preparação

• Escolha da Representação
• Técnicas de Elaboração de Protocolos
• Construção de Sistemas Descritivos
Escolha da Representação

• Na medida do adequado, deve-se utilizar


meios variados de representação
– Textos
– Tabelas
– Gráficos (processos, contextos, estruturas)
– Recursos audiovisuais
Técnicas para Elaborar
Protocolos
• Transcrição Literal
• Transcrição Comentada
• Protocolo Resumido
– Faz-se um sumário direto da Gravação
• Elimina-se proposições repetidas
• Generaliza-se proposições implícitas
• Proposições que fazem parte de uma mais
global são omitidas
• Proposições espalhadas no texto são
apresentadas de maneira resumida
Construção de Sistemas
Descritivos

• Determinação do Objeto a ser descrito


• Divisão em Dimensões
• Divisão em Categorias
• Revisão das categorias
Documentando Dados
Obtidos
Documentando…
• Além das anotações…
– Grave as entrevistas!
– Filme quando possível…
– Não esqueça de avisar aos entrevistados!!!
• Documentação Imparcial
• Dê preferência ao aparelho mais discreto
Notas de Campo
• Devem conter elementos essenciais
– Andamento da pesquisa
– Respostas dos observados
• Tempo dividido igualmente entre observar
e anotar
– Relatos resumidos
– Relatos ampliados
– Periódico
– Notas sobre análises e interpretações
Diário de Pesquisa
• Usados quando há mais de um
pesquisador
• Devem documentar
– O processo de aproximação
– Problemas encontrados
– Experiências vividas
Técnicas para Elaborar
Protocolos
• Transcrição Literal
• Transcrição Comentada
• Protocolo Resumido
– Faz-se um sumário direto da Gravação
• Elimina-se proposições repetidas
• Generaliza-se proposições implícitas
• Proposições que fazem parte de uma mais
global são omitidas
• Proposições espalhadas no texto são
apresentadas de maneira resumida
Codificação e Categorização
Codificação Teórica
• Parte do processo de Intepretação dos
dados
– Codificação Aberta
• Dados são segmentados
• Expressões são classificadas e recebem conceitos
• Códigos podem vir da literatura ou das próprias
observações dos participantes
• O nível de granularidade pode variar
Questões Básicas na codificação
• O que?
• Quem
• Como
• Quando?
• Por quanto tempo?
• Quanto?
• Por que?
• Para que?
• Por meio de que?
Codificação Axial e Seletiva
• Codificação Axial
– Refina a Cod. Aberta, encontrando
hierarquias entre as categorias
• Codificação Seletiva
– Encontrar a categoria “raiz”
– Agrupar as outras em torno dessa, para
encontrar padrões…
• Qdo isto se verifica, acontece aquilo
Codificação Temática
• Serve para estudos Comparativos
• Amostragem teórica nos grupos
• Uso de entrevistas semi-estruturadas
• Análise de um caso único
• Perguntas-chave
– Condições do caso
– Interação entre os atores
– Estratégias e táticas
– Consequencias
Análise Qualitativa do Conteúdo
1. Selecionar o Material
2. Analisar a situação de coleta
3. Caracterização Formal do material
4. Definir o objetiivo
5. Definir a técnica
6. Definir as Unidades Analíticas
Análise
• Princípios da Análise:
• Pode começar junto com a fase de trabalho
de campo;
• Depende das fases anteriores
• Finalidades da fase de Análise:
• Compreensão dos dados coletados;
• Confirmação ou não dos pressupostos;
• Responder as questões formuladas;
• Ampliar o conhecimento sobre o assunto
pesquisado
Técnicas de Análise
• Grounded Theory
• Hermenêutica
• Análise Qualitativa de Conteúdo
– Criação Indutiva de Categorias
– Análise Explicitante de Conteúdo
– Análise Estruturante
Análise Fenomenológica
• Entender o cerne de um fenômeno por
meio de suas variações.
• Definição do fenômeno
• Criação de unidades significativas
• Variação destas, para entender qual é o
cerne do fenômeno.
Hermenêutica
• Técnica dispendiosa, para análise de material
de texto, especialmente entrevistas abertas e
pouco estruturadas.
• Trabalha com vários intérpretes
• Participantes discutem suas interpretações
– Conversas gravadas e transcritas
– Seguidas de retrabalho e novas interpretações
• Identificam as idéias centrais.
• “Sujeitos Observados são consultados quanto a
interpretação resultante”
Análise Qualitativa de Conteúdo
• Análise Sumarizante
– Envolve indução de categorias
• Análise Estruturante
– Estabelece um recorte do material baseado
em critérios estabelecidos
• Análise Explicante
– Acrescenta-se material para explicar
segmentos do texto
Análise Sumarizante
• Material é parafraseado
– Trechos menos relevantes, com
significados redundantes são
omitidos
– Paráfrases semelhantes são
condensadas e resumidas
Criação Indutiva de Categorias
• Determinação da Pergunta
• Determinação de critérios e seleção de
categorias
• Passagem linha a linha
• Revisão das categorias (10 a 50% do
material)
• Passagem Final
• Avaliação
Análise Estruturante

• Determinação das dimensões da


estrutura
• Formulação de definições, exemplos
de ancoras
• Marcação das localidades do material
Análise Explicitante
• Serve para esclarecer trechos ambíguos
• Determinação dos trechos a explicitar
• Determinação do material explicativo
aceitável
• Coleta
• Formulação da Explicação
• Verificação da Suficiência da Explicação
Análise Global
• primeiro faz-se uma leitura do material,
anotando palavras-chave e estruturando
trechos extensos
• Marca-se conceitos centrais
• Produção de uma tabla de conteúdos para
o texto
– Palavras-chave, localização
• Resumo do texto
Categorias
• Categorias
São os conceitos mais importantes dentro de
uma teoria possui conotação classificatória.

• Analíticas: são mais gerais, construídas na


fase exploratória da pesquisa
• Empíricas: finalidade operacional; visam o
trabalho de campo ou são construídas a
partir dele; são mais específicas e concretas
Princípios de Classificação:
O conjunto de categorias deve ser exaustivo;
Categorias devem ser mutuamente exclusivas

• ORDENAÇÃO DOS DADOS:


– Transcrição de fitas cassetes,
– Releitura do material,
– Organização dos relatos,
– Organização dos dados de observação
• CLASSIFICAÇÃO DOS DADOS:
• Leitura exaustiva e repetida, assumindo
uma
relação interrogativa;
• Elaboração de uma primeira classificação,
onde
cada assunto, tópico ou tema, é separado e
guardado;
• Enxugamento da classificação por temas
mais
relevantes.
• ANÁLISE FINAL:
• Busca o produto final (sempre provisório),
• Objetiva que as conclusões do trabalho
ofereçam pistas e indicações que possam
servir de fundamento para propostas de
planejamento, transformação de relações,
mudanças institucionais, dentre outras
possibilidades.
A análise final, procura articular os dados
empíricos com questões macrosociais
considerando as experiências cotidianas
como processos micro-sociais
Observação em Pesquisa
Qualitativa
A Observação
• Inclui outros canais de comunicação
• Classificada em 5 dimensões
– Secreta X pública
– Participante ou não participante
– Sistemática ou não-sistemática
– Situações naturais vs artificiais
– Auto-observação ou outros?
Fases da Observação
• Escolha do local e do período
• Treinamento dos observadores
• Observações descritivas – primeiras impressões
sobre o campo
• Observações focais
• Observações seletivas
• Fim da observação – quando não se consegue
obter mais nenhum conhecimento adicional
Sobre a Observação não
participante
• Cruzamento de informações com outras
fontes e observadores.
• Usar observadores masculinos e
femininos
• Reflexão por parte do observador
• Aplicável principalmente na observação
de espaços públicos
PRINCIPAIS REFERENCIAIS
TEÓRICOS / METODOLÓGICOS:
ETNOGRAFIA
É a forma de descrição
da cultura de um
determinado povo
através do estudo e a
descrição dos povos, sua
língua, raça, religião, e
manifestações materiais
de suas atividades.

Baseia-se no fato de que os comportamentos


humanos só podem ser compreendidos e
explicados se tomarmos como referência o
contexto social e o ponto de vista do nativo,
procurando seus significados.
OBJETIVOS DA ETNOGRAFIA:
Captar a totalidade da vida tribal,
elaborando uma descrição da anatomia da
cultura, através de um movimento de
apreensão de facetas da vida social .
A partir desta metodologia ocorre a
construção da etnografia, a descrição da
cultura e a teorização antropológica.
Apreender o ponto de vista do nativo,sua
relação com a vida, compreender sua visão
do seu mundo. Devemos estudar o homem
e devemos estudar o que mais intimamente
lhe diz respeito, isto é, a imposição que lhe
faz a vida” Malinowski, 1922
RELATIVIZAÇÃO
ETNOGRÁFICA:
“ o que sempre vemos e
encontramos pode ser
familiar mas não é
necessariamente
conhecido... O que não
vemos e encontramos pode
ser exótico mas, até certo
ponto conhecido”
DaMatta, 1987
UMA MÚSICA ETNOGRÁFICA!!!
Pivete - Chico Buarque
Composição: Francis Hime e Chico Buarque
Prancha, parafina, olará Já era pára-choque
No sinal fechado
Dorme gente fina Agora ele se chama
Ele vende chiclete
Acorda pinel Emersão
Capricha na flanela
E se chama Pelé Sobe no passeio, olerê
Pinta na janela Zanza na sarjeta Pega no Recreio, olará
Batalha algum trocado Fatura uma besteira Não se liga em freio
Aponta um canivete E tem as pernas tortas Nem direção
E até E se chama Mané
Dobra a Carioca, olerê Arromba uma porta No sinal fechado
Desce a Frei Caneca, Faz ligação direta Ele transa chiclete
olará Engata uma primeira E se chama pivete
Se manda pra Tijuca E até E pinta na janela
Sobe o Borel Capricha na flanela
Dobra a Carioca, olerê
Meio se maloca Descola uma bereta
Desce a Frei Caneca, olará
Agita numa boca Batalha na sarjeta
Se manda pra Tijuca
Descola uma mutuca E tem as pernas tortas
Na contramão
E um papel
Sonha aquela mina, olerê Dança pára-lama
OUTRA MÚSICA ETNOGRÁFICA!!!
Gente Humilde - Chico Buarque
Composição: Garoto, Chico Buarque e Vinicius de Moraes

Tem certos dias São casas simples


Em que eu penso em minha gente Com cadeiras na calçada
E sinto assim E na fachada
Todo o meu peito se apertar Escrito em cima que é um lar
Porque parece Pela varanda
Que acontece de repente Flores tristes e baldias
Como um desejo de eu viver Como a alegria
Sem me notar Que não tem onde encostar
Igual a como E aí me dá uma tristeza
Quando eu passo no subúrbio No meu peito
Eu muito bem Feito um despeito
Vindo de trem de algum lugar De eu não ter como lutar
E aí me dá E eu que não creio
Como uma inveja dessa gente Peço a Deus por minha gente
Que vai em frente É gente humilde
Sem nem ter com quem contar
Que vontade de chorar
PRINCIPAIS REFERENCIAIS TEÓRICOS /
METODOLÓGICOS: FENOMENOLOGIA

• Questão orientadora:
– O que é isso? (olhar ingênuo)
• Epoché (olhar o fenômeno como se fosse desconhecido)
• Descrição do fenômeno (como se mostra)
• Interpretação referencial
• Relatório
OUTROS REFERENCIAIS:
• Etnometodologia
• Interacionismo Simbólico
• Teoria Fundamentada em Dados
(Grounded Theory)
• Histórias de Vida
• História Oral
Observação Participante
• Combina análise de documentos,
entrevistas, participação e observação
diretas.
• Três fases
– Observação descritiva
• guia o pesquisador sobre o campo de estudo
– Observação focal
• O foco é restrito aos processos mais relevantes no
campo
– Observação seletiva
• Procura mais evidências para processos descobertos
na etapa anterior
Um problema de Observação…
• Tem tipicamente 9 dimensões
– Espaço
– Atores
– Atividades
– Objetos
– Atos
– Eventos
– Tempo
– Metas
– Sentimentos
A Etnografia
• Envolve a combinação de métodos qualitativos
(observação participante, análise documental,
entrevistas) por um período prolongado
• Características
– Exploratória
– Dados não estruturados
– Investigação de pequeno número de casos
– Análise envolve interpretação explícita
Discurso do Sujeito Coletivo (DSC)

 É um proposta de coleta, organização,


tabulação e análise de dados qualitativos de
natureza verbal, obtidos através de
depoimentos, ou por meio do discurso dos
sujeitos obtidos através de artigos de
jornal, matérias em revistas semanais,
cartas, papers e revistas especializadas.

Fonte: LEFRÈVRE, F.; LEFRÈVRE, A. - 2003


 O DSC utiliza algumas figuras
metodológicas para auxiliar na coleta
e análise dos dados. São elas:
– Idéias Centrais (IC);
– Expressões-Chave (ECH);
– Ancoragens (AC).

Fonte: LEFRÈVRE, F.; LEFRÈVRE, A. - 2003


 Idéias Centrais (IC):
 a idéia central é uma descrição (a mais
suscinta e objetiva possível) do sentido de
um discurso, sendo que um discurso pode
ter mais de uma idéia central.
– “É um nome ou uma expressão lingüística que
revela e descreve, da maneira mais sintética,
precisa e fidedigna possível, o sentido de
cada um dos discursos analisados e de cada
conjunto homogêneo de ECH, que vai dar
nascimento, posteriormente, ao DSC”.

Fonte: LEFRÈVRE, F.; LEFRÈVRE, A. - 2003


 Expressões-Chave (ECH): representam o
conteúdo ou a substância ou o “recheio” das
IC. São segmentos de discursos que remetem
à IC e a corporificam.
– “São pedaços, trechos ou transcrições literais
do discurso, que devem ser sublinhadas,
iluminadas, coloridas pelo pesquisador, e que
revelam a essência do depoimento ou, mais
precisamente, do conteúdo discursivo dos
segmentos em que se divide o depoimento
(que em geral, correspondem às questões de
pesquisa)”.

Fonte: LEFRÈVRE, F.; LEFRÈVRE, A. - 2003


 Ancoragem (AC):
– “Remetem não a uma IC correspondente, mas
a uma figura metodológica que, sob a
inspiração da teoria da representação social
denomina-se ancoragem (AC), que é a
manifestação lingüística explícita de uma dada
teoria, ou ideologia, ou crença que o autor do
discurso professa e que, na qualidade de
afirmação genérica, está sendo usada pelo
enunciador para “enquadrar” uma situação
específica”.

Fonte: LEFRÈVRE, F.; LEFRÈVRE, A. - 2003


 Interrelação entre IC e ECH:

– “Ambas são indispensáveis para que os


sentidos dos discursos possam ser
adequadamente obtidos e descritos, tendo a
primeira função identificadora,
particularizadora, especificadora, e a segunda
(ECH), uma função corporificadora, de
substantivação, de “recheio” do sentido
nomeado”.

Fonte: LEFRÈVRE, F.; LEFRÈVRE, A. - 2003


 “O DSC é um discurso-síntese redigido na
primeira pessoa do singular e composto
pelas ECH que têm a mesma IC ou AC”.

 “O DSC é, assim, uma estratégia


metodológica que, utilizando uma estratégia
discursiva, visa tornar mais clara uma dada
representação social, bem como o conjunto
das representações que conforma um dado
imaginário”.

Fonte: LEFRÈVRE, F.; LEFRÈVRE, A. - 2003


 Para construir o DSC é necessário:

– Coerência – o DSC é uma reunião, agregação ou


soma não matemática de pedaços isolados de
depoimentos, artigos de jornal, de revista etc., de
modo a formar um todo discursivo coerente, em
que cada uma das partes se reconheça enquanto
constituinte desse todo e o todo constituído por
essas partes.

– Posicionamento próprio – para que se esteja em


presença de um discurso, ele deve expressar,
sempre, um posicionamento próprio, distinto,
original, específico frente ao tema que está
sendo pesquisado.
Fonte: LEFRÈVRE, F.; LEFRÈVRE, A. - 2003
 Para construir o DSC é necessário:

– Tipos de distinção entre os DSCs – quando


uma resposta apresenta mais de um DSC,
podem ser dois os critérios de distinção:
 Diferença/antagonismo e
 Complementariedade.
 Quando se trata de discursos sensivelmente
diferentes, a apresentação deles, em separado, é
obrigatória.
 Quando se trata de discursos complementares, a
apresentação dos discursos, em separado, depende
de o pesquisador querer resultados mais detalhados
ou mais genéricos.

Fonte: LEFRÈVRE, F.; LEFRÈVRE, A. - 2003


 Para construir o DSC é necessário:

– Produzindo uma “artificialidade natural” – diz-se


que o DSC é como se uma pessoa só falasse
por um conjunto de pessoas mas, obviamente,
se trata de uma construção artificial.
– Dessa forma, é necessário ao elaborar o DSC,
efetuar uma ‘limpeza’ de trechos que
caracterizam individualidade/particularidades.
– É importante encadear narrativamente os
discursos de modo que apresentem uma
estrutura seqüencial clara e coerente.

Fonte: LEFRÈVRE, F.; LEFRÈVRE, A. - 2003


 Passo-a-Passo do DSC:
– Para coletar os dados, o instrumento de coleta de
dados mais usado é a entrevista;
– A escolha dos sujeitos de pesquisa deve atender a
problemática de pesquisa e aos objetivos propostos
anteriormente;
– Elaboração do roteiro de entrevista;
– Preparação/treinamento dos entrevistadores;
– Preparação do ambiente para a realização da
entrevista;
– Preparação para a gravação da entrevista, a não ser
que o sujeito de pesquisa não permita;
– Clima entre o entrevistado e o entrevistador;
– Tabulação e análise dos dados;
– Construção do DSC.

Fonte: LEFRÈVRE, F.; LEFRÈVRE, A. - 2003


Instrumento de Análise de Discurso 1 – IAD 1

Pergunta 1: Os indivíduos da organização acreditam que no espaço


corporativo é gerado conhecimento? Qual a visão que os indivíduos
da organização possuem do conhecimento aqui produzido?

EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIA ANCORAGEM


CENTRAL
Respondente 1: A quantidade de
horas/homens destinadas aos treinamentos
dos colaboradores é parte integrante dos
indicadores do Sistema da Qualidade da
empresa. Além disso, as admissões são
quase que na sua totalidade, relativas a
cargos de auxiliares, visto que, as vagas
quando disponíveis são preenchidas pelos
colaboradores que já fazem parte do quadro
de empregados e, assim sendo, existe
sempre a expectativa de futura promoção, de
maneira que o conhecimento adquirido
sempre é levado em consideração para essas
promoções.
Fonte: LEFRÈVRE, F.; LEFRÈVRE, A. - 2003
Instrumento de Análise de Discurso 1 – IAD 1

Pergunta 1: Os indivíduos da organização acreditam que no espaço


corporativo é gerado conhecimento? Qual a visão que os indivíduos
da organização possuem do conhecimento aqui produzido?

EXPRESSÕES- IDÉIA CENTRAL ANCORAGEM


CHAVE
... O conhecimento é associado à
capacitação dos colaboradores. (A)
O conhecimento é alicerce para a
avaliação dos funcionários, visando
futuras promoções. (B)

Fonte: LEFRÈVRE, F.; LEFRÈVRE, A. - 2003


Discurso do Sujeito Coletivo (DSC)
Instrumento de Análise de Discurso 1 – IAD 1

Pergunta 1: Os indivíduos da organização acreditam que no espaço


corporativo é gerado conhecimento? Qual a visão que os indivíduos
da organização possuem do conhecimento aqui produzido?

EXPRESSÕES- IDÉIA ANCORAGEM


CHAVE CENTRAL
... ... O conhecimento é associado à
capacitação dos colaboradores. (A)
Funcionários com expectativas de
promoção buscam conhecimento. (B)

Fonte: LEFRÈVRE, F.; LEFRÈVRE, A. - 2003


Instrumento de Análise de Discurso 2 – IAD 2

A – O conhecimento é associado à capacitação dos colaboradores.

EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1-A quantidade de horas/homens Acreditamos que parte do
destinadas aos treinamentos dos conhecimento dos colaboradores é
colaboradores é parte integrante dos gerado através de treinamentos,
indicadores do Sistema da Qualidade da relações desenvolvidas nas equipes
empresa. e demais rotinas da companhia. A
2-Notamos que a maioria dos quantidade de horas/homens
colaboradores acredita que a empresa destinadas aos treinamentos dos
se preocupa com a disseminação do colaboradores é parte integrante dos
conhecimento visando desenvolver e indicadores do Sistema da Qualidade
capacitar sua mão-de-obra. da empresa. Notamos que a maioria
3-Acreditamos que parte do dos colaboradores acredita que a
conhecimento dos colaboradores é empresa se preocupa com a
gerado através de treinamentos, disseminação do conhecimento
relações desenvolvidas nas equipes e visando desenvolver e capacitar sua
demais rotinas da companhia. A mão-de-obra. A empresa estimula os
empresa estimula os indivíduos a indivíduos a buscar conhecimento.
buscar conhecimento.

Fonte: LEFRÈVRE, F.; LEFRÈVRE, A. - 2003


Instrumento de Análise de Discurso 2 – IAD 2
B – O conhecimento é alicerce para a avaliação dos funcionários, para
futuras promoções.
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1-As admissões são quase que na sua As admissões são quase que na sua
totalidade, relativas a cargos de totalidade, relativas a cargos de
auxiliares, visto que, as vagas quando auxiliares, visto que, as vagas
disponíveis, são preenchidas pelos quando disponíveis, são preenchidas
colaboradores que já fazem parte do pelos colaboradores que já fazem
quadro de empregados e, assim sendo, parte do quadro de empregados e,
existe sempre a expectativa de futura assim sendo, existe sempre a
promoção, de maneira que o expectativa de futura promoção, de
conhecimento adquirido sempre é maneira que o conhecimento
levado em consideração para essas adquirido sempre é levado em
promoções. consideração para essas promoções.

Fonte: LEFRÈVRE, F.; LEFRÈVRE, A. - 2003


 Os resultados podem ser apresentados de
várias maneiras:

– Quadro síntese, expondo as idéias centrais;

– Quadros compostos pelas idéias centrais e por


seus correspondentes DSCs;

– Quadro com o DSC final.

Fonte: LEFRÈVRE, F.; LEFRÈVRE, A. - 2003


REFERÊNCIAS
ALMEIDA, C. C. de. Discurso do sujeito coletivo: reconstruindo a
fala do “social”. In: VALENTIM, M. L. P. (Org.). Métodos
qualitativos de pesquisa em Ciência da Informação. São Paulo:
Polis, 2005. 176p. (Coleção Palavra-Chave, 16)

INSTITUTO de Pesquisa do Discurso do Sujeito Coletivo.


Disponível em: <http://www.ipdsc.com.br/scp/index.php
>. Acesso em: 12 set. 2010.

LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A. M. C. O discurso do sujeito coletivo: um


novo enfoque em pesquisa qualitativa (desdobramentos). Caxias
do Sul: UDUCS, 2005. 256p. (Coleção Diálogos)
Métodos de Pesquisa:
Pesquisa Ação /
Pesquisa Participante
Pesquisa-Ação / Pesquisa Participante
 Os termos "pesquisa-ação" e "pesquisa participante" têm a mesma
origem, a Psicologia Social de Kurt Lewin, bem como possui alguns
pontos em comuns como a crítica à metodologia da pesquisa
tradicional do campo científico das Ciências Sociais, especialmente
no que se refere à:
– Neutralidade;
– Recusa de aceitação do postulado de distanciamento entre
sujeito e objeto de pesquisa, o que remete à necessidade não só
da inserção do pesquisador no meio, como de uma participação
efetiva da população pesquisada no processo de geração de
conhecimento, concebido fundamentalmente como um processo
de educação coletiva;
– Princípio ético de que a ciência não pode ser apropriada por
grupos dominantes conforme tem ocorrido historicamente, mas
deve ser socializada, não só em termos do seu próprio processo
de produção como de seus usos, o que implica na necessidade
de uma ação por parte daqueles envolvidos na investigação, no
intuito de minimizar as desigualdades sociais nos seus mais
variados matizes.
Fonte: HAGUETTE - 2003
Pesquisa-Ação / Pesquisa Participante
 Pesquisa-Ação: quando concebida e realizada
em estreita associação com uma ação ou com
a resolução de um problema coletivo. Os
pesquisadores e participantes representativos
da situação ou do problema estão envolvidos
de modo cooperativo ou participativo.

 Pesquisa Participante: quando se desenvolve a


partir da interação entre pesquisadores e
membros das situações investigadas.

Fonte: HAGUETTE - 2003


Pesquisa-Ação
A pesquisa-ação pode ser dividida em quatro tipos:
 Pesquisa-Ação Diagnóstico: procura elaborar planos de ação
solicitados. A equipe de pesquisadores entra numa situação
existente (revolta racial, ato de vandalismo), estabelece o
diagnóstico e recomenda medidas para sanar o problema;
 Pesquisa-Ação Participante: envolve, desde o início da pesquisa,
os membros da comunidade estudada como, por exemplo, no
projeto de pesquisa sobre o auto-exame das atitudes
discriminatórias de uma comunidade;
 Pesquisa-Ação Empírica: consiste em acumular dados de
experiências de trabalho diário em grupos sociais semelhantes.
Esse tipo de pesquisa-ação pode levar de maneira gradual ao
desenvolvimento de princípios mais gerais;
 Pesquisa-Ação Experimental: exige um estudo controlado da
eficiência relativa de técnicas diferentes em situações sociais
praticamente idênticas. É a que possui maior potencial para fazer
progredir os conhecimentos científicos dentro da perspectiva da
cientificidade tradicional.
Fonte: BARBIER - 2006
Pesquisa-Ação
 Os principais aspectos da estratégia metodológica da pesquisa-
ação são:
 Há uma ampla e explícita interação entre pesquisadores e
pessoas implicadas na situação investigada;
 Da interação resulta a ordem de prioridade dos problemas a
serem pesquisados e das soluções a serem encaminhadas
sob forma de ação concreta;
 O objeto de investigação não é constituído pelas pessoas e
sim pela situação social e pelos problemas de diferentes
naturezas encontrados nesta situação;
 O objetivo da pesquisa-ação consiste em resolver ou, pelo
menos, em esclarecer os problemas da situação observada;
 Há, durante o processo, um acompanhamento das decisões,
das ações e de toda a atividade intencional dos atores da
situação;
 A pesquisa não se limita a uma forma de ação (risco de
ativismo): pretende-se aumentar o conhecimento dos
pesquisadores e o conhecimento ou o "nível de consistência"
das pessoas e grupos considerados.

Fonte: DEMO - 1995


Pesquisa Participante
 A pesquisa participante envolve um processo de
investigação, de educação e de ação.

 Alguns elementos podem ser utilizados para definir a


pesquisa participante:
 A realização concomitante da investigação e da
ação;
 A participação conjunta de pesquisadores e
pesquisados;
 A proposta político-pedagógica a favor dos
oprimidos (opção ideológica);
 O objetivo de mudança ou transformação social.

Fonte: HAGUETTE - 2003


Pesquisa Participante
 A pesquisa participante se apóia em três princípios
fundamentais:
 A possibilidade lógica e política de sujeitos e grupos
populares serem produtores diretos, ou pelo menos,
participantes do próprio saber orgânico da classe, um
saber que nem por ser popular deixa de ser científico e
crítico. Um saber que oriente a ação coletiva e que,
justamente por refletir a prática do povo, seja plenamente
crítico e científico, do seu ponto de vista;
 O poder de determinação de uso e do destino político do
saber produzido pela pesquisa, tenha ela tido ou não a
participação de sujeitos populares em todas as etapas;
 O lugar e as formas de participação do conhecimento
científico erudito e de seu agente profissional do saber,
no 'trabalho com o povo' que gera a necessidade da sua
participação.

Fonte: BRANDÃO - 1999


 A metodologia da pesquisa participante difere em vários sentidos da
pesquisa convencional, conforme segue:
a) O objeto de pesquisa deve ser definido pela população
interessada, considerada "pesquisadora", mediante a
assessoria de um ou vários investigadores profissionais de
fora da área, comprometidos com a causa popular;
b) Os pesquisadores profissionais devem tomar conhecimento
da realidade na qual vão trabalhar através de estudos
prévios, dados secundários e entrevistas com as lideranças
locais;
c) A equipe de pesquisa é composta dos pesquisadores
profissionais e da população interessada ou seus
representantes;
d) O planejamento da pesquisa é elaborado pela equipe mista;
e) Os objetivos da investigação são definidos pela população
interessada a partir dos temas que são prioritários para ela;

Fonte: HAGUETTE - 2003


f) Não existe uma fase de "trabalho de campo" como na pesquisa
tradicional, mas uma geração de conhecimento dentro da ação
da pesquisa onde pesquisadores profissionais e população
interessada se beneficiam mutuamente da experiência uns dos
outros;
g) Em alguns casos são usadas as técnicas de coleta de dados
da pesquisa convencional, como o questionário, a entrevista e
a observação;
h) A análise dos dados é feita através de técnicas "dialogais"
com a participação de todos;
i) Quando apenas alguns representantes da comunidade se
incorporam à pesquisa, a equipe procede à "devolução" dos
resultados através de reuniões amplas, pois se espera um
efeito de feedback para validação dos dados;
j) Propostas de ação são definidas em função das necessidades
da população;
k) A realidade pesquisada deve ser aquela identificada como de
grupos oprimidos.

Fonte: HAGUETTE - 2003


Pesquisa-Ação / Pesquisa Participante
 A Pesquisa-Ação e a Pesquisa Participante devem ser
avaliadas em função do que elas pretendem ser:
 Um processo concomitante de geração de
conhecimento por parte do pólo pesquisador e do pólo
pesquisado;
 Um processo educativo, que busca a intertransmissão
e o compartilhamento dos conhecimentos já existentes
em cada pólo;
 Um processo de mudança, seja aquela que ocorre
durante a pesquisa, que denomina-se 'mudança
imediata', seja aquela projetiva, que extrapola o âmbito
e a temporalidade da pesquisa, na busca de
transformações estruturais – práticas – que favorecem
as populações ou os grupos oprimidos.

Fonte: HAGUETTE - 2003


REFERÊNCIAS
BARBIER, R. Pesquisa-ação. Brasília: Liber Livro, 2006. (Coleção
Pesquisa, 3)

BRANDÃO, C. R. (Org.). Pesquisa participante. 8.ed. São Paulo:


Brasiliense, 1999. 212p.

DEMO, P. Metodologia científica em Ciências Sociais. 3.ed. São


Paulo: Atlas, 1995. 294p.

HAGUETTE, T. M. F. Metodologias qualitativas na Sociologia. 10.ed.


Petrópolis: Vozes, 2003. 224p.
BIBLIOGRAFIA:
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Barros, N.F. Pesquisa qualitativa em saúde – múltiplos olhares. UNICAMP/FCM, 2005DaMatta,
Roberto. Relativizando – uma introdução à antropologia social, Ed Rocco, Rio,RJ,1987.
Bosi, MLM. Pesquisa qualitativa de serviços de saúde. Ed. Vozes, Petrópolis, 2004.
Durhan, Eunice. A reconstituição da realidade, Ed Ática, São Paulo,SP, 1978.
-----------------. A aventura antropológica, Paz e Terra, Rio de Janeiro, RJ, 1988.
Laplantine, François. Aprender antropologia, Ed Brasiliense, São Paulo, SP, 1993.
Leopardi,M.T. Metodologia da pesquisa em saúde. Ed. Palotti.2002.
Minayo, MCS (1993). O desafio do conhecimento científico: Pesquisa Qualitativa em Saúde
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Pope, C.Mays,N. Pesquisa qualitativa na atenção à saúde. ArtMed Ed, 2ª ed. Porto Alegre. 2005.
Schraiber, L.B. Pesquisa qualitativa em saúde: reflexões metodológicas do relato oral e produção
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Turato, E. R. Tratado da metodologia da pesquisa clínico-qualitativa. Ed. Vozes, 2ª ed,2003.
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Zaluar, Alba. Desvendando máscaras sociais, Francisco Alves, Rio de Janeiro, RJ, 1990
ETNOGRAFIAS:
Lévi-Strauss, Claude. O Cru e o Cozido, Ed. Brasiliense, São Paulo,
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Latour, Bruno. A Vida de Laboratório, Relume Dumará, RJ, 1997.
Wacquant, Loïc. Corpo e Alma – Notas Etnográficas de um Aprendiz
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Malinowski, Bronislaw. Um Diário no Sentido Estrito do Termo, Ed
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Benedict,Ruth. O Crisântemo e a Espada, Ed. Perspectiva, SP,
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