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Hipoglicemia Neonatal no

Alcon
Geraldo Magela Fernandes
Médico Pediatra e Neonatologista
Workshop Téorico Prático de Alojamento Conjunto (6/10/2018)
Departamentos Científicos de Neonatologia e Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria
do DF
www.paulomargotto.com.br
Hipoglicemia Neonatal no Alcon
• Qual é a nossa meta?

• Prevenir hipoglicemia clinicamente significante

• Monitorização adequada

• Manejo adequado
Hipoglicemia Neonatal no Alcon
• Fisiologia:

• Desequilíbrio entre aporte e consumo de glicose

• Hipoglicemia transitória nas primeiras horas: NORMAL


• Nenhum estudo mostrou que o tratamento destas hipoglicemias transitórias valesse a pena

• Compensação pelos CONTRA-REGULADORES

• Capacidade do cérebro neonatal usar corpos cetônicos


Boluyt N, van Kempen A, Offringa M. Neurodevelopment after neonatal hypoglycemia: A systematic review and design of an optimal future study. Pediatrics 2006;117:2231–2243
Hipoglicemia Neonatal no Alcon
• Definição de hipoglicemia:
Hipoglicemia Neonatal no Alcon
• Incidência: varia de acordo com a definição adotada – não existe um
valor baseado em evidências

• Importância dos limites operacionais para os pacientes de risco


Hipoglicemia Neonatal no Alcon
• Limites operacionais:

• Objetivo terapêutico: 45mg/dL


Hipoglicemia Neonatal no Alcon
• Limite operacional

• É diferente dos limites inferiores da população normal

Cornblath M, Hawdon JM, Williams AF, et al. Con- troversies regarding definition of neonatal hypoglycemia: Suggested operational thresholds. Pediatrics 2000;105: 1141–1145.
Hipoglicemia Neonatal no Alcon
• Monitorização de rotina em bebês saudáveis não é necessária

• Diminui a confiança dos pais

• Menor sucesso no aleitamento materno

Cornblath M, Hawdon JM, Williams AF, et al. Con- troversies regarding definition of neonatal hypoglycemia: Suggested operational thresholds. Pediatrics 2000;105: 1141–1145.
Limites para ação:
• Com sinais clínicos: • Com fatores de risco

• < 45mg/dL: Intervir • Monitorização

• < 36mg/dL: Intervir se não subir


após aleitamento

• 20 – 25mg/dL: Glicose IV
Fatores de risco para hipoglicemia
• 2 categorias principais:

• Excesso de utilização de glicose – hiperinsulinismo

• Baixa reserva

de Lonlay P, Giurgea I, Touati G, e tal. Neonatal hy- poglycaemia: Aetiologies. Semin Neonatol 2004;9:49–58 .
Manifestações clínicas – inespecíficas
• Irritabilidade e tremores
• Moro exacerbado
• Letargia
• Hipotonia
• Cianose
• Apneia
• Taquipneia
• Sucção débil
Manejo inicial
• SME precoce • Rastreamento de glicemia

• Suplementação de rotina não é • Apenas nos grupos de risco


necessária
• Deve acontecer até a
• Estimulo ao aleitamento materno normalização da glicemia
na primeira hora de vida
• Testes a beira leito devem ser
• Contato pele-a-pele confirmados
Manejo da hipoglicemia documentada
• RN sem sinais clínicos:

• Estimular o aleitamento materno

• Avaliar glicemia antes da próxima mamada

• Evitar aleitamento forçado!

• Se a glicemia permanecer baixa apesar do aleitamento: iniciar glicose IV

• Aleitamento materno deve ser estimulado durante a terapia IV


Williams AF. Hypoglycemia of the Newborn: Review of the Literature. World Health Organization, Geneva, 1997.
Manejo da hipoglicemia documentada
• RN com sinais clínicos ou glicemia < 20 – 25mg/dL:

• Glicose 10% IV em bolus

• Não é recomendado deita por sonda

• Meta: > 45mg/dL – ajustar glicose IV

• Estimular o aleitamento materno

• Monitorização até a estabilização com retirada de fluidos


Williams AF. Hypoglycemia of the Newborn: Review of the Literature. World Health Organization, Geneva, 1997 .
Para o futuro

• Estudos planejados e controlados para determinar quais os limites


mínimos de glicemia seguros

• Desenvolvimento de testes a beira leito mais confiáveis

• Estudos controlados para uso do colostro pré-natal


Direto ao ponto:
• RNT – AIG, saudáveis:
• Não é necessário rastreamento de glicemia e nem suplementação de rotina
• A literatura atual não define um valor específico de glicemia correlacionado com
dano neurológico permanente
• RN de risco devem ser rastreados, seguidos e tratados de acordo com a evolução
• Testes a beira leito são úteis, mas devem ser confirmados
• Um único valor de glicemia alterado não está associado com dano neurológico a
longo-prazo
• Encefalopatia hipoglicêmica é mais comum em RN que apresentaram sinais
clínicos ou aqueles com episódios repetidos ou persistentes de hipoglicemia
severa
Nota do Editor do site, Dr. Paulo R.
Margotto.
Consultem também!
Distúrbios Metabólicos-2018
Paulo R. Margotto, Evely Mirela

Capítulo do Livro Assistência ao Recém-Nascido de Risco, Hospital de Ensino Materno Infantil de Brasília, 4a Edição, 2019 (em preparação).
• Uso de sensor de glicose (monitorização contínua da glicose) : funciona como uma variável contínua semelhante à saturação de
oxigênio; muitos episódios de hipoglicemia documentados (tanto pelo sangue quanto pelas medições pelo sensor de glicose), se resolveram
espontaneamente. Além disso, não foram observados pelas enfermeiras a beira-leito sinais clínicos que podem ser interpretados como
sintomas de hipoglicemia. Os beneficio do uso do sensor de glicose incluem a redução de tratamento desnecessário da hipoglicemia,
identificação de pacientes que apresentaram resolução espontânea da hipoglicemia antes de intervenções, além da redução de exposição
ao procedimento doloroso. Pode ser de valor na detecção de hipoglicemia grave por hiperinsulinemia ou por outros distúrbios metabólicos 
No entanto, o sensor de glicose pode aumentar o tratamento desnecessário de hipoglicemia insignificante. Estudo recente mostrou que a 
titulação de glicose guiada pelo sensor de glicose pode aumentar com sucesso o tempo no intervalo euglicêmico, reduzir a hipoglicemia e
minimizar a variabilidade glicêmica nos pré-termos durante a primeira semana de vida. 
• –Gel de dextrose (200mg/kg) massageado na mucosa bucal; repetir se 30 minutos após continuar com baixo s níveis de glicose ou persistir 
hipoglicemia  recorrente, repetir até 6 doses em 48 horas (reduz o número de episódios de hipoglicemia, a taxa de recorrência de
hipoglicemia e aumenta as taxas de aleitamento materno exclusivo na alta, com diminuição da necessidade de admissão à UTI Neonatal
para tratar a hipoglicemia). O gel de dextrose aumenta a glicemia em média de 11,7 mg%. Aos 2 anos,  felizmente, não houve diferenças
entre os grupos em relação ao desenvolvimento neurossensorial, processamento de dificuldades. O uso de gel de dextrose não elimina a
necessidade de terapia intravenosa.
• Makker K et al relataram que a transferência para a  UTIN para a gestão da hipoglicemia neonatal  caiu de 8,1% para  3,7% com o uso
adjuvante de gel de dextrose a 40% (200mg/kg), com  redução de 57% (OR de  0.43, IC a 95% de  0.22, 0.83). A taxa de exclusividade para a 
amamentação aumentou de 6% para 19%.Houve uma redução de gastos hospitalares de 801.276 USD para 387.688 USD.
•  Recente metanálise da Cochrane não encontrou efeitos adversos do gel de dextrose a 40% durante o período neonatal ou aos 2 anos de
idade e recomendou o uso de gel de dextrose como uma abordagem de primeira linha para o controle glicêmico de prematuros tardios e
bebês a termo. Reduz a incidência de separação mãe-bebê para tratamento e aumenta a probabilidade de amamentação completa após a
alta, em comparação com o gel placebo. O gel de dextrose oral deve ser considerado tratamento de primeira linha para bebês com
hipoglicemia neonatal.
Como fazemos a triagem para Hipoglicemia na Unidade Neonatologia do HMIB/SES/DF
Fita-reagente para os RN de risco (mede a glicemia sanguínea
A triagem deve ser realizada na mãozinha. A razão da escolha da mãozinha em relação ao pezinho é que o limiar da dor no
calcâneo é menor, se comparado com extremidades superiores (as fibras inibitórias descendentes da dor estão inicialmente na
porção cervical da coluna dorsal e mais tardiamente até a porção lombar).
Também fazemos o teste do pezinho colhendo o sangue na mãozinha por estes motivos
- RN PIG (pequenos para a idade gestacional, principalmente se assimétricos [Índice ponderal <P10]): 6 – 12 – 24 horas
- RN GIG (grandes para a idade gestacional, principalmente se assimétricos [Índice Ponderal>P90]): 6 – 12 – 24 horas
-RN prematuros: 6 – 12 – 24 horas
-RN de Diabética insulino-dependente: 1 – 2 – 3 – 6 – 12 – 24 horas
-RN de Diabética gestacional com uso de insulina ou antidiabéticos orais e/ou com crescimento
anormal (GIG/PIG): 6 – 12 - 24 horas
Nota: RN de mães com diabetes gestacional controlada com dieta com crescimento normal: não necessidade monitorização
- RN com Doença Hemolítica pelo fator Rh: 6 – 12 – 24 horas e 6 horas após exsanguíneotransfusão.
- Nos RN de risco iniciar precocemente, quando possível a alimentação enteral.
- Nos RN com Desconforto Respiratório Leve, iniciar a perfusão venosa com TIG (Taxa de infusão de glicose) de 4,5-5,0
mg/Kg/dia.
Tratamento da Hipoglicemia (<50mg%)
-Sintomática (convulsão/apneia)/Glicemia<20mg% (nível neuroglicopênico?):2 ml/Kg/SG a 10% seguida de imediata infusão
venosa (5-6mg/kg/min) . Controle glicêmico em 1 hora
-Assintomática: infusão venosa com SG a 10% (5-6 mg/kg/min). Controle glicêmico em 1 hora

Nos RN a termo,concentrações transitórias de glicose no sangue tão baixas quanto 30 mg / dL são comuns nas primeiras 1 a 2 horas após o
nascimento, mas, geralmente aumentam acima de 45 mg% até 12 horas de idade

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