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DOS SUJEITOS

PROCESSUAIS
CÓDIGO DO PROCESSO PENAL APROVADO PELA LEI N.º 25/2019, DE 26
DE DEZEMBRO

SílviaComissário
CONCEITO (adoptado)

SUJEITOS PROCESSUAIS

Como sendo titulares de “direitos (que surgem muitas vezes, sob


a forma de poderes-deveres ou ofícios de direito público)
autónomos de conformação da concreta tramitação do processo
como um todo, em vista da sua decisão final”

FIGUEIREDO DIAS

SílviaComissário
Participante Processual VS Sujeito Processual

O participante processual

 Pratica actos singulares cujo conteúdo processual se esgota na


própria actividade.

Sujeito processual
 Tem uma participação constitutiva na declaração do direito do
caso.
SílviaComissário
Consagração dos Sujeitos do Processo no
CPP/2019

O instituto relativo aos sujeitos processuais mostrasse patente nos


artigos 15 a 94 do CPP/2019, onde encontramos:
 O Tribunal / O Juiz
 O Ministério Público
Órgãos auxiliares (SERNIC e PRM)
 O Arguido/ defensor
 Assistente
 Partes Civis
SílviaComissário
D0 TRIBUNAL / DO JUIZ

As inovações com que nos deparamos no que tange aos tribunais se


compagina com a configuração no Código, quanto ao Tribunal que
distingue em Tribunal Singular e Tribunal Colegial.
A estrutura dos tribunais e a competência dos mesmos, encontramos
plasmados na Lei n.º 24/2007, de 20 de Agosto, Lei de Organização
Judiciária doravante designada pela sigla- LOJ, bem como no
CPP/2019 nos artigos 18 e ss.

SílviaComissário
D0 TRIBUNAL / DO JUIZ (cont.)
O Tribunal Singular
art.º 20.º

O Tribunal singular é integrado por um juiz singular (Juiz de Direito)


e julga processos que:
i. Não caibam ao Tribunal colegial e que
ii. Devam ser julgados em processo especial (nos casos em que não
correspondam ao crimes que impõem a intervenção do Tribunal
colegial)

SílviaComissário
D0 TRIBUNAL / DO JUIZ (cont.)
O Tribunal Colegial
art.º 21.º
O Tribunal Colegial é composto por dois juizes eleitos e um juiz
profissional (Juiz de Direito), nos termos do art.º 21, 366 n.º 2
ambos do CPP e 17 n.º 3 parte final da LOJ. (atento a redacção dada
pela Lei n.º 11/2018, de 03 de Outubro).

A participação dos juízes eleitos é restrita a discussão da matéria


de facto (art.º 17 n.º 4 e 366 n.º 3)

SílviaComissário
D0 TRIBUNAL / DO JUIZ (cont.)
O Tribunal Colegial
art.º 21.º

 É obrigatória a intervenção do tribunal colegial, nos casos de


crimes de homicídio e violação de menores.
Art.º 17.º n.º 4 da LOJ (Lei n.º 11/2018, de 03 de Outubro).

 Nos demais TLC é facultativa a sua intervenção que apenas


ocorre por determinação do juiz, promoção do MP ou a
requerimento do arguido e do assistente, nestes casos a falta dos
juízes eleitos comina com a nulidade insanável nos termos do art.º
135, corpo, alínea a).
SílviaComissário
D0 TRIBUNAL / DO JUIZ (cont.)

Vislumbramos ainda no que concerne aos Tribunais a menção da


criação de secções de execução de penas, junto aos tribunais
comuns (art.º 22 CPP/2019 e art.º 3 das disposições transitórias da
Lei n.º 26/2019, de 27 de Dezembro, que aprova a Lei de Execução
de Penas.

SílviaComissário
DO TRIBUNAL/DO JUIZ (cont.)
Tribunal Superior de Recurso
 A competência dos Tribunais Superiores de Recurso, são aferidas
pelos artigos 18 n.º 2 alínea b), 485 e ss, ambos do CPP, art.º 29
n.º 1, alínea b) e 58 a 67 da LOJ.
 Art.º 265, traz-nos uma inovação quanto a competência para
decidir sobre a providência de habeas corpus, em virtude de prisão
ilegal.
 Esta competência passou a ser dos Tribunais Superiores de
Recurso, uma vez que no âmbito do CPP/1929, era atribuída ao
Tribunal Supremo, art.º 316 do CPP/1929.

SílviaComissário
Tribunal Superior de Recurso (cont.)

Importa fazer uma referência quanto as decisões que cabem recurso para o Tribunal
Superior de Recurso.
 São apenas decisões proferidas nos tribunais de nível Provincial.
 Foi revogado pela Lei n.º 18/2020, de 23 de Dezembro, o disposto no art.º 485, onde
menciona que caberá recurso ao Tribunal Superior de Recurso as decisões proferidas
pelos tribunais de Distrito.
 foi aditado ao CPP o art.º 485 A, que alude que da decisão proferida no tribunal de
Distrito, cabe recurso ao Tribunal de Província. (conjugamos com o art.º 74 da LOJ).
 A motivação desta revogação, vai de encontro com a barreira do acesso à justiça.
 Que como sabemos é um direito fundamental, vinculando directamente a todos nos
termos constitucionalmente consagrados, 43, 62, 65 n.º 2, 70, todos da CRM, art.º 10
DUDH, art.º 7 alíneas a), b) e d) da CADH e art.º 14 do PIDCP
SílviaComissário
DO JUIZ DE INSTRUÇÃO CRIMINAL
 O CPP/2019, não só prevê a criação de secções de execução de
penas, como também prevê a criação de secções de instrução
criminal, nos tribunais comuns, onde funcionarão os juízes de
instrução criminal (art.º 6 n.º 1, normas transitórias).
Esta necessidade subjaz da ampliação pelo legislador da
competência do Juiz de instrução criminal (JIC), que não só passará
exercer as funções jurisdicionais que contendam com os direitos
fundamentais, na fase da instrução, como passará a presidir a fase
da audiência preliminar e em consequência exarar o despacho de
pronúncia ou não pronúncia (art.º 19 n.º 1)

SílviaComissário
DO JUIZ DE INSTRUÇÃO CRIMINAL (cont.)

As competências atribuídas ao Juiz de Instrução Criminal (JIC), vem


tornar robusta os alicerces da estrutura acusatória, que corresponde
o nosso Processo penal.
Ao colocar a entidade que investiga e acusa de um lado (MP), e do
outro lado a entidade que reforça o objecto da acusação do
Ministério Público, com a decisão de submeter o arguido ao
julgamento (JIC) e ainda da entidade que procede o julgamento,
(Juiz da causa), n.º 2 do art.º 19.

SílviaComissário
O MINISTÉRIO PÚBLICO

Dispõe o CPP/2019 da competência do MP, enquanto entidade a


quem compete o exercício da acção penal, nos artigos 52 e ss,
competência esta, a par da consagração constitucional (art.º 235
CRM).
Discorrendo o CPP/2019, quanto a estrutura do Ministério Público no
art.º 54.º, no art.º 234 da Constituição e ainda da lei Orgânica do
Ministério Público (aprovada pela Lei n.º 4/2017, de 18 de Janeiro).
Constitui o Ministério Público uma autoridade judiciária,
relativamente aos actos processuais que cabem na sua competência
(art.º 17, 53 n.º 3 e 59
SílviaComissário
O MINISTÉRIO PÚBLICO (cont.)
Enquanto sujeito processual, denotamos um incremento dos poderes que assistem
ao MP, desde logo:
 Salientamos a faculdade de homologação da desistência pelo Ministério Público
nos termos do art.º 57, sempre que a mesma se dê no âmbito da fase da
INSTRUÇÃO.
 Devendo MP, logo que tomar conhecimento da desistência, notificar o arguido,
para que este no prazo de 5 dias declarar, sem necessidade de fundamentar se
opõe-se a desistência.
 Valendo o silêncio (a falta de declaração) como não oposição.
 Sendo desconhecido o paradeiro do arguido ou não tendo sido nomeado
defensor proceder-se-à a notificação por éditos para efeito de homologação de
desistência.
SílviaComissário
O MINISTÉRIO PÚBLICO (cont.)

 O MP, no âmbito e ao abrigo do princípio da oportunidade, poderá


suspender e arquivar os processos nos termos do disposto nos
artigos 327, 328 do CPP e 78 do CP.

SílviaComissário
Órgãos Auxiliares
SERNIC
O CPP/2019, dispõe de menção expressa do SERVIÇO NACiONAL DE
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL (SERNIC) e da POLÍCIA DA REPÚBLICA DE
MOÇAMBIQUE, (PRM), enquanto Órgãos auxiliares, preceituado no
art.º 61 a 63 (SERNIC) e art.º 64 (PRM).
Compete a SERNIC coadjuvar as autoridades judiciárias na
realização das finalidade do processo (art.º 9 da Lei n.º 2/2017, de 9
de Janeiro).
Actuando sob orientação das autoridades judiciárias e na
dependência funcional do Ministério Público (art.º 10 da Lei n.º
2/2017, de 9 de Janeiro).

SílviaComissário
Órgãos Auxiliares
SERNIC (cont.)
Compete em especial e por iniciativa própria:
A. Colher os indícios dos crimes;
B. Impedir quanto possível as suas consequências;
C. Descobrir os agentes do crime e
D. Levar a cabo os actos necessários e urgentes destinados a
assegurar os meios de prova.
Goza a SERNIC para o efeito das suas competências de auxílio de
serviços de Medicina Legal, Arquivo, Identificação Civil e Registo
Criminal.
SílviaComissário
Órgãos Auxiliares (cont.)
PRM
Compete a PRM coadjuvar as autoridades judiciárias e outros órgãos
auxiliares na realização das finalidades do processo criminal, nos
termos da Lei.
Compete de forma específica:
 Colher a notícia dos crimes;
 Impedir quanto possível as suas consequências;
 Descobrir os seus agentes e levar a cabo os actos necessários e urgentes
destinados a assegurar os meios de provas em todos os crimes cuja
investigação não seja da competência de outros órgãos auxiliares.
Devendo todas as entidades públicas e privadas colaborar com a PRM para o
efeito.
SílviaComissário
O ARGUIDO

Desde o primeiro momento vislumbramos a alteração do nomen iuris


do ARGUIDO/RÉU no CPP/1929, para apenas ARGUIDO em todas as
fases do processo no CPP/2019, prevendo a lei expressamente o
momento da sua constituição (65 n.º 2 e 66).
Portanto,
Ao contrário do que sucedia no CPP/1929, está o arguido no Código
de 2019, como verdadeiro sujeito processual com poderes de
conformação do processo a ordem da sua decisão.

SílviaComissário
SUSPEITO Vs ARGUIDO
Art.º 65 n.º 1 e 2

Temos uma distinção pelo CPP/2019 do suspeito relativamente ao


arguido.

O SUSPEITO - Não é um sujeito processual, por faltar-lhe poderes


típicos dos sujeitos processuais, (de conformação concreta do
processo), dado que não pode intervir activamente na instrução.

O princípio da não auto incriminação e o direito ao silêncio se


estendem ao suspeito.
SílviaComissário
O ARGUIDO (cont.)

A CONSTITUIÇÃO DO ARGUIDO
Não é automática, implica uma comunicação oral ou por escrito
feito ao visado por uma autoridade judiciária ou por um órgão do
serviço de investigação criminal, de que a partir desse momento
aquele deve considerar-se arguido num processo penal, dando-lhe
indicação dos direitos e deveres consagrados no art.º 69.
A omissão ou violação das formalidades constantes da constituição
do arguido cominam com a não utilização das declarações prestadas
pela pessoa visada enquanto prova contra ela. (art.º 68 n.º 3)

SílviaComissário
A CONSTITUIÇÃO DO ARGUIDO
Ocorrerá quando:
1) Corra instrução contra determinada pessoa e tenha de ser ouvida perante
qualquer autoridade judiciária ou OPC;
2) Tenha de ser aplicada uma medida de coacção ou garantia patrimonial;
3) For um suspeito detido (art.º 297 e 304);
4) For levantado auto de notícia, dando determinada pessoa como agente de
um crime;
5) Da inquirição de uma pessoa que não é arguida (suspeita), surgir fundadas
suspeitas do crime por ela cometido, suspende-se a inquirição e procede-se a
comunicação.
6) A pedido da pessoa a quem recair suspeita de ter cometido um crime,
sempre que estiverem a ser efectuadas diligências destinadas a comprovar a
imputação que pessoalmente a afectem.
SílviaComissário
DIREITOS/DEVERES DO ARGUIDO
Salientamos de entre outros :
 Direito ao silêncio, sem ser prejudicado por isso (art.º 69 n.º 1,
alínea c));
 Ser informado dos direitos que lhe assistem (art.º69 n.º 1, alínea
g));
 Direito a declarar sentado no decurso do interrogatório judicial
(art.º 174 n.º 2 e 370 n.º 3).
Quanto aos deveres:
 Dever de comparência pessoal sempre que for convocado; (237 n.º 3
alínea d))
SílviaComissário
(IN) CONSTITUCIONALIDADE DA PARTE FINAL
DO ART. 69 N.º 3 ALÍNEA B)
Tem ainda o arguido o Dever de responder com verdade sobre a sua
entidade e sobre os seus antecedentes criminais quando a lei o
impuser, (sob pena de incorrer em responsabilidade criminal)
Consideramos esta imposição uma violação constitucional do direito
a ampla defesa do arguido, que engloba o direito ao silêncio,
corolário do princípio da não auto incriminação (Nemo Tenetur se
ipsum accusare).

SílviaComissário
(IN) CONSTITUCIONALIDADE DA PARTE FINAL
DO ART. 69 N.º 3 ALÍNEA B)
 O legislador andou bem no âmbito do julgamento, ao retirar essa
obrigatoriedade, contudo, foi de forma insuficiente e a nosso ver
com violação do direito a defesa do arguido ao abrigo do
consagrado no art.º 65 n.º 1 do CRM.
Uma vez que mantém esta obrigação no 1.º interrogatório do
arguido detido, no primeiro interrogatório não judicial e nos
demais interrogatórios ( art.º 175 n.º 3, 177 n.º 2 e 178)
 Decorre ainda o direito a ampla defesa do art.º 7 n.º 1 , ponto 3
da Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos (CADH) e
ainda do art.º 11 n.º 1 parte final da Declaração Universal dos
Direitos do Homem (DUDH), ex vi do art.º 43 da CRM.
SílviaComissário
O DEFENSOR
Art.º 70

 A garantia da defesa é constitucionalmente consagrado no art.º


65.º n.º 1 e no art.º 62 n.º 2, 2.ª parte, quando “garante a todo o
arguido o direito a defesa e o direito a assistência jurídica e ao
patrocínio judiciário.”
 Na lei adjectiva encontramos esta concretização no art.º 69 n.º 1
alínea d) e art.º 70.
 O conceito de defensor é alargado, abrangendo quer advogado,
advogado estagiário, defensor público e técnico ou assistente
jurídico (art.º 70 n.º 6).

SílviaComissário
O ASSISTENTE
Art.º 76
Encontramos no âmbito do CPP/1929, a consagração da legitimidade
e tempestividade no concerne a constituição do assistente no DL 35
007 no seu art.º 4.
Podendo os assistentes intervir em qualquer altura do processo
desde que o requeiram até 5 dias antes da audiência de discussão e
julgamento (parágrafo 5, do art.º 4).
Mantendo-se esta prerrogativa dada ao assistente no CPP/2019, no
art.º 77 n.º 2, constando ainda a oportunidade em constituir-se em
assistente do disposto no art.º 289 n.º 4 e 330 n.º 4, aquando da
denúncia ou nos casos dos crimes do qual dependem a acusação
particular.
SílviaComissário
O ASSISTENTE (cont.)
Tem a possibilidade de constituir-se como assistente o ofendido,
considerando-se como tal, titular de interesse que a lei
especialmente quis proteger com a incriminação desde que maior de
16 anos ( art.º 76, alínea a)).
Fazendo alusão nas alíneas seguintes o legislador de outras pessoas a
quem a lei confere este direito, interpretado enquanto um conceito
restrito de ofendido.
Contudo na alínea e) do art.º 76, contrariamente do que sucedia no
disposto no art.º 4.º n.º 5 do Decreto 35 007, há um alargamento da
possibilidade de constituição em assistente por qualquer pessoa nos
seguintes crimes:
SílviaComissário
LEGITIMIDADE PARA CONSTITUIÇÃO DE
ASSISTENTE POR QUALQUER UM
1. Tráfico de pessoas;
2. Rapto;
3. Sequestro;
4. Abuso sexual de menores;
5. Pornografia e prostituição de menores;
6. Terrorismo ou outro tipo de criminalidade organizada ou associação
criminosa;
7. Falsificação de notas de banco e títulos de Estado;
8. Passagem de moeda falsa;
9. Contrabando;
SílviaComissário
LEGITIMIDADE PARA CONSTITUIÇÃO DE
ASSISTENTE POR QUALQUER UM (cont.)
1. Tráfico de produtos e espécie de fauna e flora proibidos;
2. Dano contra o meio ambiente e poluição;
3. Corrupção;
4. Peculato;
5. Suborno;
6. Concussão;
7. Branqueamento de capitais;
8. Fraude em concurso de fornecimento de obras, bens e serviços pelo Estado;
9. Enriquecimento ilícito.

SílviaComissário
O ASSISTENTE (cont.)

O assistente embora caracterizado na lei como simples colaborador


do MP, é considerado pela doutrina como um verdadeiro sujeito
processual, porquanto tem poderes de conformação do processo
penal como um todo.

SílviaComissário
O ASSISTENTE (cont.)
O assistente pode:
1. Intervir na instrução,na audiência preliminar e na audiência de
julgamento, oferecendo provas e requerendo diligências (art.º 78
n.º 2 alínea a));
2. Deduzir a acusação independentemente da do MP (art.º 78 n.º 2,
alínea b));
3. Requerer a abertura da audiência preliminar; (art.º 333 n.º 1
alínea b))
4. Interpor recurso das decisões que o afectem. (art.º 78 n.º 2
alínea c))
SílviaComissário
REPRESENTAÇÃO DO ASSISTENTE
No Decreto 35 007 a representação do assistente era apenas feita
por advogados (art.º 5).
O CPP/2019, menciona que o assistente é sempre representado por
mandatário judicial (art.º 79 n.º 1).
No n.º 3 faz menção a possibilidade do assistente constituir um
defensor, existindo vários assistentes com interesses incompatíveis
A questão que levantamos é relativo ao sentido que o legislador quis
dar quanto ao mandatário judicial, entendemos como sinónimo de
advogado propriamente dito, mantendo-se assim a representação
constante do CPP/1929, ou podemos entender como defensor, nos
termos amplos atribuídos ao arguido? (Vide o n.º 6 do artigo 70)
SílviaComissário
PARTES CIVIS
ART.º 80
O LESADO é definido enquanto pessoa que sofreu danos ocasionados
pelo crime (art.º 82 n.º 1).
Podendo não ser como tal o ofendido que é a vitíma do crime, no
sentido de ser titular do interesse que a lei penal visa proteger.
O lesado e todas as pessoas com responsabilidade civil são PARTES
CIVIS.
Dispõe o CPP/2019 de maior abrangência quanto a tramitação da
acção civil, no processo penal, constando nos artigos 80 a 94.
Encontrando-se no CPP/1929 de apenas 5 artigos à propósito.(art.º
29 a 34).
SílviaComissário
O PEDIDO DE INDEMNIZAÇÃO CIVIL
O pedido de indemnização civil fundado na prática de um crime é
deduzido no processo penal respectivo.
Fazendo-se em separado nos seguintes casos constantes do art.º 81:
1. Passados 8 meses a contar da notícia do crime, sem acusação ou
sem andamento do processo (no CPP/1929 era passados 6 meses
art.º 30);
2. Arquivamento do processo ou extinção do mesmo;
3. Depender o processo de queixa/acusação particular;
4. Não ter a sentença se pronunciado quanto ao pedido de
indemnização civil.
SílviaComissário
LEGITIMIDADE DO LESADO

 Tem o lesado legitimidade ainda que não se tenha constituído em


assistente. (art.º 82);
 Pode o pedido ser deduzido contra pessoa com responsabilidade
meramente civil (art.º 82 n.º 2);
 A intervenção processual do lesado restringi-se na sustentação da
prova do pedido de indemnização civil (art.º 83);
 Sendo possível fazer a manifestação do pedido de indemnização
civil, até ao encerramento da instrução. (art.º 84 n.º 2)

SílviaComissário
REPRESENTAÇÃO DO LESADO

Refere o disposto no art.º 85 que a representação do lesado é feito


por defensor, contudo menciona a finale que o defensor é nos
termos previstos na lei processual civil.
Art.º 32 do CPC
Menciona a representação por advogado.
O n.º 4, do artigo em referência faz alusão dos casos da falta de
advogado na área de jurisdição do tribunal da causa, podendo o
patrocínio ser exercido por advogado estagiário, técnico ou
assistente jurídico.
SílviaComissário
BREVE TRAMITAÇÃO DO ACÇÃO DE
INDEMNIZAÇÃO CIVIL
 O pedido de indemnização civil é deduzido na acusação ou no
prazo que deva ser formulado, quando apresentado pelo MP e pelo
assistente;
 Fora deste casos é o pedido deduzido em requerimento
articulado, até 5 dias depois do arguido ser notificado do despacho
de pronúncia (355 n.º 2) ou despacho que designa dia para o
julgamento (358 e 359);
 O pedido é acompanhado de duplicados;
 A contestação é feita no prazo de 5 dias e é deduzido por artigos,
 A falta de contestação não implica a confissão dos factos;
SílviaComissário
BREVE TRAMITAÇÃO DO ACÇÃO DE
INDEMNIZAÇÃO CIVIL (cont.)
 As provas são requeridas com os articulados, podendo ser
arrolados até 5 testemunhas;
 É possível renúnciar o direito de indemnização civil ou desistir do
pedido formulado a qualquer altura do processo (art.º 85);
 Nos crimes cuja condição de procedibilidade dependa da
participação ou acusação particular, havendo transacção na acção
civil, não haverá prosseguimento da acção penal.( art.º 90)
 O lesado, demandado e os intervenientes são obrigados a
comparecer no julgamento, quando tiverem de prestar
declarações a que não puderem recusar-se. (art.º 91)
SílviaComissário
BREVE TRAMITAÇÃO DO ACÇÃO DE
INDEMNIZAÇÃO CIVIL (cont.)
 Não havendo elementos bastantes para a fixação de
indemnização o tribunal condena no quantia que se liquidar em
execução de sentença.
 Nestes casos a execução corre perante o tribunal civil, servindo
de título executivo a sentença penal (art.º 92 n.º 1).
 Pode o tribunal de forma oficiosa ou a requerimento estabelecer
uma indemnização provisória por conta da indemnização a fixar
posteriormente, se dispuser de elementos bastantes. Assim o juiz
pode declarar a condenação em indemnização civil no todo ou em
parte, provisoriamente executiva, nomeadamente sob a forma de
pensão (art.º 92 n.º 2 e 93).
SílviaComissário
BREVE TRAMITAÇÃO DO ACÇÃO DE
INDEMNIZAÇÃO CIVIL (cont.)

Poderá o tribunal, ao contrário, da fixação de indemnização


provisória sob forma de pensão, de forma oficiosamente ou a
requerimento, remeter as partes para os tribunais civis, quando as
questões suscitadas pelo pedido de indemnização civil
inviabilizarem uma decisão rigorosa ou forem susceptíveis de gerar
incidentes que retardem intoleravelmente o processo penal.

SílviaComissário
CONCLUSÃ0

No que tange a parte geral, onde situamos os Sujeitos Processuais,


temos a concluir na concretização pelo legislador de uma maior
protecção, consagração e aumento das competências dos sujeitos
processuais mormente:
 Concretização da redacção alterada pela LOJ, quanto a intervenção
do tribunal colegial;
 O acentuar da estrututra acusatória, dada as competências de
proceder a audiência preliminar e exarar despacho de pronúncia ao
JIC;
 O alargamento das competências do MP;
SílviaComissário
CONCLUSÃO

 O aumento exponencial e expresso das garantias de protecção


atribuídas ao arguido;
 A abrangência do que se deve entender por defensor, atento a
realidade que nos assiste;
 O aumento das competências atribuídas ao TSR, no âmbito de
decisão de habeas corpus, em virtude de prisão ilegal.

SílviaComissário
BIBLIOGRAFIA E LEGISLAÇÃO
BIBLIOGRAFIA
 ANTUNES, MARIA JOÃO, Direito Processual Penal, Reimpressão, ALMEDINA, 2016;
 GONÇALVES, MANUEL LOPES MAIA, Código do Processo Penal Anotado-legislação
complementar, 16.ª edição, ALMEDINA, 2007;
 MENDES, PAULO DE SOUSA, lições de Direito Processual Penal, 2.ª reimpressão,
ALMEDINA, 2014.
LEGISLAÇÃO
Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos;
Código do Processo Civil;
Código do Processo Penal de 1929; Decreto lei 19 271, de 14 de Janeiro de 1931.

SílviaComissário
LEGISLAÇÃO

 Código do Processo Penal de 2019, aprovado pela lei n.º 25/2019, de 26 de


Dezembro;
 Constituição da República de Moçambique;
 Declaração Universal dos Direitos do Humanos.
 Lei Orgânica do Ministério Público, (Lei n.º 4/2017 de 18 de Janeiro);
 Lei da Organização Judiciária (Lei n.º 24/2007, de 20 de Agosto);
 Lei de protecção a vítimas (Lei n.º 15/2012, de 14 de Agosto);
 Lei n.º 2/2017, de 09 de Janeiro, que cria o Serviço Nacional de Investigação
(SERNIC)
 Lei n.º 11/2018, de 18 de Março, que procede a alterações a LOJ.
SílviaComissário
OBRIGADA!

SílviaComissário

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