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A VOLTA DE CRISTO E O

MILÊNIO
 Escatologia, da palavra grega έσχατος (eschatos, “último”), é o estudo das
últimas coisas ou do futuro. Desde o início, a igreja defendeu uma
esperança da intervenção final de Deus no mundo para pôr um fim em
toda oposição e perversidade; recompensar seus seguidores fiéis e fazer
novas todas as coisas. Ao longo da história, a igreja tem crido
especificamente na volta pessoal, visível, súbita e física de Jesus Cristo,
chamada de “segunda vinda” para distingui-la do primeiro advento, dois
mil anos atrás — pela qual os cristãos devem avidamente ansiar.
 Embora exista um grande consenso a respeito da certeza desse
acontecimento, os cristãos tiveram uma divergência significativa com
relação a “pormenores específicos sobre o que acontecerá logo antes e
logo depois da volta de Cristo. Especificamente, eles discordam quanto à
natureza do milênio e da relação entre a vinda de Cristo e o milênio,
quanto à sequência da volta de Cristo e o período da grande tribulação”.
ESCATOLOGIA NA IGREJA PRIMITIVA
 Já no início, a igreja aguardava a volta de Cristo e uma nova existência
que esse acontecimento iniciaria. O próprio Jesus profetizou sua volta (Mt
24.29.30), e o apóstolo Paulo insistiu nessa verdade para confortar
cristãos que estavam preocupados com pessoas próximas que haviam
morrido (1Ts 4.13-18). Os primeiros cristãos aguardavam avidamente a
“bendita esperança e 0 aparecimento da glória do nosso grande Deus e
Salvador, Cristo Jesus” (Tt 2.13).
Essa esperança foi anunciada pelos pais da igreja nos seus primeiros séculos de
crescimento. Eles sempre abordaram as diferenças entre as duas vindas de
Cristo, um fato considerado como previsto nas Escrituras do Antigo
Testamento: “Os profetas proclamaram dois adventos de Cristo: O primeiro,
aquele que já ocorreu, quando veio como um homem desonrado e sofredor;
mas o segundo, quando, de acordo com a profecia, virá dos céus com glória,
acompanhado pelo seu exército angelical”. Essa esperança era um elemento
essencial da “regra de fé”, como Ireneu de Lyon (130 a 202) atestou em relação
à fé da igreja na futura “manifestação de Cristo do céu, na glória do Pai”.
Muitos cristãos criam que a volta de Cristo era iminente, como Cipriano
expressou: “Já sua segunda vinda se aproxima de nós”.
De acordo com Cipriano, Cristo forneceu instruções sobre acontecimentos
que precisam preceder sua volta a fim de preparar a igreja para ser forte em
perseverança, “para que uma inesperada e nova ameaça de desgraça” não
sacudisse a igreja. ‘Quando virdes essas coisas acontecerem, sabei que o
reino de Deus está próximo’ Lc 21.31.
A igreja primitiva cria que a volta de Cristo estaria ligada a vários
outros acontecimentos. Eles incluiriam um período de tribulação
intensa associada com o aparecimento do Anticristo, o julgamento de
cristãos e não cristãos e o fim do mundo presente. Tratando da grande
tribulação, Hipólito interpretou a visão apocalíptica de Daniel (cap. 7)
com o significando de que esse período de tribulação precederia a
volta de Cristo: “A quarta besta, sendo mais forte e poderosa do que
todas as outras antes dela, reinará durante quinhentos anos.
Justino Mártir expressou uma visão semelhante quando falou sobre a
segunda vinda: “Ele virá do céu com glória, quando o homem da apostasia,
que profere coisas estranhas contra o Altíssimo, ousar realizar ações ilícitas
na terra contra nós, os cristãos”.9 Especificamente, Ireneu escreveu:
“Quando o Anticristo tiver arrasado todas as coisas neste mundo, reinará
durante três anos e seis meses e se assentará no templo, em Jerusalém; e
então 0 Senhor virá dos céus nas nuvens, na glória do Pai, enviando esse
homem e aqueles que 0 seguirem para 0 lago de fogo”.
Tertuliano (160 – 220)descreveu a transformação instantânea que aguarda
os cristãos perseguidos e arrebatados durante a tribulação: “Eles também, na
crise do último momento e a partir de sua morte instantânea, embora
enfrentem a opressão do Anticristo, experimentarão uma transformação. O
que obterão será menos um despir do corpo do que seu revestimento com a
vestimenta do céu. Eles vestirão o corpo com essa vestimenta celestial”.
Assim, a igreja primitiva situou a volta de Cristo após o período de grande
tribulação. Isso se chama uma posição pós-tribulacionista.
Pré - Milenarismo
 A igreja primitiva associou mais um evento importante com a segunda
vinda: Um reinado de Cristo sobre a terra durante mil anos. Em
Apocalipse (20.1-6), O apóstolo João descreveu esse “milênio”. Muitos
cristãos interpretaram isso como uma referência literal a um reino de
Cristo com duração de mil anos, começando imediatamente depois de sua
volta gloriosa. Essa posição se chama pré-milenarismo.

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