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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE ALAGOAS – UNEAL

CAMPUS III – PALMEIRA DOS ÍNDIOS

CURSO : HISTÓRIA

A RUA COMO PALCO: O desafio de ser e


viver Travesti em ruas de Maceió.

Orientando: Lêni Bernardo dos Santos

Orientandor: Prof. Dr. Jose Adelson Lopes

Palmeira dos Índios, 2022.


Justificativas

1. Omissão do currículo do curso de História

2. Falta de estudos sobre a temática

3. Senso comum

4. Assasinato de Dandara
Objetivos

1. Ouvir

2. Oferecer uma ferramenta para melhor compreensão das identidades

3. Denunciar a situação em que se encontram

4. Trazer a discursão para dentro da academia


Metodologia

Entrevistas semi-

01 02
Observação
estruturadas

Pesquisa

03 04
Conversas informais
bibliografica
I

DO DIVINO AO
PROFANO: a
multiplicidade trans
Describe the topic of the section
here
na história
1. Pederastia
2. Deus Hermafrodito
3. Prostituição
4. Hijras
I.I Não te deitarás com a ignorância, é abominação

1. império Romano
2. “Valores” cristãos
3. Primeiro caso de Hermafroditismo
4. Repressão e prostituição
I.II Ninguém nasce travesti, torna-se travesti

1. Die Transvestite (1910)


2. Ninguém nasce travesti, torna-se travesti
3. Método Cientifico (Homossexualismo)
4. Liberdade sexual
5. Antropocentrismo
II

(TRANS)
FORMANDO-SE:
entre o direito de existir
Describe the topic of the section
e a existência
here sem
direitos
Contemporaneidade

1. Consolidação das ciências


2. Ausência de dados

“A quantidade, não temos, por quê, nós da ACTTRANS, não temos prontuários; porém, na rua são muitas
e, no mercado de trabalho formal são poucas, se for prá caneta em Maceió, umas dez travestis estão no
mercado de trabalho”. (WONDERFULL, 2020, informação verbal).
II. I Quem são as Travestis?

“Historicamente, a população transgênero ou trans é estigmatizada, marginalizada e perseguida, devido


à crença na sua anormalidade, decorrente da crença de que o “natural” é que o gênero atribuído ao
nascimento seja aquele com o qual as pessoas se identificam e, portanto, espera-se que elas se
comportem de acordo com o que se julga ser o “adequado” para esse ou aquele gênero”. (JESUS, 2012,
p. 12)
1. Busca por espaços (antes, pré-determinados)
2. Despatologização (1990 – 2018)
3. Metamorfose da própria identidade (Carnavais)
4. Nome social
5. Interposição ao binarismo de gênero
II.II Identidades Trans: o percurso da construção

1. Fluido
2. Heteronormatividade

“A literatura revela que as travestis vivenciam múltiplas experiências e particularidades que não podem
ser reduzidas a classificações ou categorizações unificadoras, visto que estas podem tornar equivalentes
visões de mundo e identidades nem sempre consonante”. (BENEDETTI, 2005, p.18)
II.III De menino a Travesti

1. Pré- adolescência - Adolescência


2. Auto-conhecimento

“A primeira delas é quando ainda se é “gayzinho” (classificação êmica), ou seja, já assumiu a orientação
sexual para familiares e para “a sociedade” (como elas dizem, para um conjunto mais abrangente de pessoas),
mas ainda não se vestem com roupas femininas ou ingerem hormônios”. (PELÚCIO, 2016, P.225)
II.V Família, a Escola e as Ruas

1. Falta de informação
2. Abandono escolar
3. Vulnerabilidade e marginalização

“Minha família não gostava de quem eu era, a gente brigava muito, eu estava cansada de apanhar, eles não
gostavam mais de mim, e isso me machucava tanto (...) naquele tempo, eu já tinha saído da escola também, todo
mundo ria de mim, até os professores (...) quando a diretora ligou pra minha mãe pra perguntar das minhas faltas,
meu pai enlouqueceu, ele já era um bêbado também, me bateu e jogou minhas coisas a rua, eu fui né, não tinha o
que fazer”. (ENTREVISTADA 5)
III

VIDA POR UM FIO:


relatos sobre a difícil
arte de sobreviver
Describe como
the topic of the section
Travesti here nas ruas de
Maceió
Algumas estatisticas

1. Maceió, como uma das capitais mais desiguais (IBGE, 2018)


2. Contato com a prostituição (ANTRA)
3. Acesso a Universidade (AFROREGGAE)
4. Ensino Médio
5. Expectativa de vida?
6. Recorde mundial em assassinatos
III.I A rua: casa e descaso

“Na rua a agente e quem é (...) na rua durante a noite(..). Não é só nosso lugar de fazer
nosso acué, é onde a gente se encontra, se vê, vê que não estamos sozinhas, ali a gente
ri, se apoia, briga e também é onde matam nós ( ...)”.(ENTREVISTADA 1)
“Quando eu cheguei aqui em 2001, eu era inocente, nunca tinha usado nada Bernardo. Fui criada
em uma família muito bruta quando se tratava dessas coisas, eu também não tinha interesse, não até
a primeira vez que a polícia chegou naquela noite, batendo em todas as meninas (...) muitas ainda
conseguem fugir, eu era meia gordinha sabe, levei a primeira pancada na cabeça e apaguei (...)
acordei com aquele monte de viado ao me redor chorando, achando que eu tinha morrido, lembro
que levantei tombando e fui para casa, morava ali naquele monte de casa na Levada onde o prefeito
jogou os mais pobres no outro dia eu não conseguia levantar, mas tinha que trabalhar, foi quando
Sandrinha, uma amiga minha me ofereceu a farinha, disse que eu aguentava a noite toda se usasse,
e usei, só não sabia que iria continuar a usar por mais 10 anos”. (ENTREVISTADA 4)
Mas, o Brasil é um pais violento para todos...
“Por aqui é comum a gente ser atacada, um amiga minha a Michele, saiu com um cara dizendo que ele
pagava bem e nunca mais voltou (...) foi achado o corpo dela todo amassado com uma pedra, ninguém fez
nada até agora, e não vão fazer, quem liga né amigo”. (Entrevistada 5)
III.II Se o cliente não te pega, o vírus pega

“Quando esse vírus chegou, a gente achava que iria passar rápido né, mas já fazem 8 meses e nada, as
safada que conseguiram o tal do auxílio tão trabalhando pelo celular, pense nuns viado de sorte, pra nois
que estamos aqui, é pra não passar fome”. (ENTREVISTADA 7)
III.III Meu deus, eu vou morrer na rua!

“Me desculpe Bernardo, tem coisas que a gente começa a pensar e acaba não aguentando (...) no fim do
mês faço 35 anos, cheguei aqui com 20, cheia de esperança, de terminar a escola e sair da rua (...) parece
que a gente já nasce pra isso, pra ser só isso, eu tentei tanto sair daqui, todas as meninas diziam que eu
seria a primeira a sair, por eu ser assim comunicativa (...) mas quando eu entrava em uma loja e via a cara
deles, eu já sabia que aquele meu currículo já tinha lugar certo, o lixo, minha cara é mais importante que
minhas habilidades (...) 5 anos amigo, eu passei prá cima e prá baixo distribuindo currículo (...) ainda
consegui trabalho, duas vezes, como faxinara e cabeleireira, mas sai dos dois pelo mesmos motivo, nem
todo mundo quer ser atendida por Travesti, isso dói, deixa a gente triste, por isso eu sei, que vou morrer na
rua”. (ENTREVISTADA 3)
CONSIDERAÇÕES FINAIS: o desejo de um novo início

“ao nomear as considerações finais como o desejo de um novo início, esperamos que a sociedade possa ouvir
os gritos por socorro que a nossa pesquisa está ecoando. Que não tampemos mais os ouvidos, pois já basta o
estado fazendo isso! Que não façamos mais “vista grossa”, que juntos e cientificamente possamos
compartilhar vivências e experiências que agreguem tanto para as Travestis quanto para a sociedade que as
condena. Que trabalhos como esse, sejam uma ponte para nos tornar mais empáticos, tolerantes, e, sobretudo,
muito mais humanos, “travestidos” da real essência do existir!”
Em memória de Dandara
Para Travestis

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