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A Arte Barroca

Escultura
A Escultura foi a forma de arte mais praticada e
mais difundida pelo Barroco, associada à
Arquitectura e Pintura, foi também colocada
isoladamente em praças e jardins ou sobre os
mais variados objectos.

A proliferação da Escultura Barroca explica-se


sobretudo pela sua adaptabilidade a interiores e
exteriores e pelas suas capacidades plásticas
(forte modelação de volumes, criação de
texturas, movimentação e expressividade), que
tão bem concretizam os objectivos da Arte
Barroca (comunicação instintiva e intuitiva das
mensagens pelas emoções e sentimentos,
provocação da surpresa e do deslumbramento,
apelando à participação afectiva do público, com
vista a uma mais facil e eficaz transmissão das
ideias e conceitos de uma forma dialéctica e
simbólica).
A Escultura Barroca apresenta as seguintes
características técnicas e formais:

A – O rigor da execução técnica, com grande domínio


das técnicas do desbastar, do cinzelar e do modelar até
à perfeição.

B – Perfeição das formas, visível nas anatomias, por


vezes com pormenores de realismo e naturalismo até
exagerados.

C - Exploração das capacidades expressivas das


personagens ou das cenas, obtida pela acentuação dos
gestos, das posições e das expressões faciais e
corporais, visando acentuar a dramaticidade dos
conteúdos.

D – Preferência por posições em movimento, de


instável equilíbrio, por vezes serpentiadas em sentido
ascendente.
E – Utilização de panejamentos volumosos,
agitados ou decompostos, favorecendo o
contraste das texturas e os jogos violentos de
luz e sombra.

F – Composições livres e soltas, mas


organizadas segundo esquemas complexos, que
interligam diferentes personagens.

G – O sentido cénico das obras, onde à


teatralidade dos gestos e dos movimentos, se
adiciona a preocupação com o enquadramento
em que iriam ser colocadas, de modo a valorizar
a leitura da peça (veja-se o exemplo da obra de
Bernini: O Êxtase de Santa Teresa de Ávila, na
Capela Cornaro da Igreja de Santa Maria da
Vitória em Roma).
A Escultura Barroca utilizou os mais
variados materiais: mármore, pedra,
bronze, ouro, prata, marfim, estuques,
madeiras policromadas e até cartão,
por vezes conjugados na mesma obra.

A Escultura do Barroco dividiu-se em


duas grandes categorias: escultura
ornamental, que se enquadra em
cenários da Arquitectura Religiosa e
Civil; escultura individualizada com
função alegórica, honorífica ou
comemorativa e que podia também
cumprir funções urbanísticas.
1 - Escultura ornamental – formas e funções.

Dentro desta tipologia destacamos os relevos e as


esculturas de vulto redondo.

Os relevos tinham funções decorativas, descritivas e


narrativas.

Entre os relevos meramente decorativos existe uma


grande variedade de formas: volutas, brasões, cartelas,
vasos, troféus etc que decoram entablamentos, frontões,
frisos, portas e janelas.

As esculturas de vulto redondo cumpriram funções


decorativas, estruturais, honoríficas, alegóricas ou
simbólicas; foram colocadas em fachadas exteriores e em
paredes interiores, baldaquinos, púlpitos, retábulos,
mausoléus (inseridos no interior das igrejas), assim como
nos parapeitos das pontes, nas escadarias e nas
colunatas e mesmo até em muros de jardins.
2 - Escultura individualizada – formas e
funções.

As esculturas individualizadas assumiram


essencialmente a forma de monumentos
comemorativos, honoríficos ou simbólicos,
figuras alegóricas, retratos em busto, estátuas
e estátuas-equestres, túmulos, e fontes.

Embora nos tivesse deixado exemplos de


estatuária individual, o Barroco preferiu os
grupos escultóricos, que permitiam
composições mais dinâmicas e possuiam
maior capacidade dramática e cénica.

Nascida no tempo da Contra-Reforma e


recebendo da Igreja as suas principais
encomendas, esta Escultura baseou-se na
nova ortodoxia dos temas sagrados:
A – As vidas de santos e mártires, sobretudo
os mais recentes canonizados no Século XVII,
tais como Santo Inácio de Loyola e Santa
Teresa de Ávila.

B – Temas marianos como os da Sagrada


Família e da Imaculada Conceição, verdades
religiosas que haviam sido transformadas em
dogmas recentemente.

C – Novos temas ligados à figura de Cristo,


como as cenas da Paixão e Cristo no Calvário.

D – Representações simbólicas da
Eucaristia e das virtudes cristãs.

E – Temas ligados à valorização da figura do


Papa, apresentado como herói cristão, em
atitudes de recolhimento espiritual.
As esculturas barrocas desenvolveram também
temas profanos e tiveram no poder real o seu
principal encomendador:

A – Retratos individuais de reis e outras


importantes figuras públicas, com carácter
honorífico e propagandístico, em atitudes de
triunfo e por vezes rodeados de imagens
alegóricas das virtudes morais e políticas e de
figuras mitológicas, como os heróis clássicos.

B – Mausoléus.

C – Figuras e grupos mitológicos de


inspiração clássica e com carácter alegórico;
Hércules, Apolo e Diana foram as figuras mais
utilizadas, a par de tritões, sátiros, musas e
ninfas.

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