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Climatologia Agrícola

Prof. Dr. Derblai Casaroli


Agronomia/UFG
Aula 5

Temperatura do Ar
1. Importância agrometeorológica
2. Aquecimento da atmosfera
3. Fatores que determinam a temperatura do ar
4. Variação temporal e espacial da temperatura do ar
5. Medida e estimativa da temperatura do ar
6. Temperatura do ar e as plantas cultivadas
Aula 5

Temperatura do Ar
1. Importância agrometeorológica
2. Aquecimento da atmosfera
3. Fatores que determinam a temperatura do ar
4. Variação temporal e espacial da temperatura do ar
5. Medida e estimativa da temperatura do ar
6. Temperatura do ar e as plantas cultivadas
1. Importância agrometeorológica

Temperatura: é a energia interna de


um corpo qualquer ou de uma
substância, sendo medida a energia
cinética associada ao movimento
(vibração) aleatório das partículas.

Uso: Os valores de temperatura do ar


podem ser utilizados para mapas de
aptidão térmica, determinação de
épocas de semeadura, zoneamento de
risco climático vegetal.
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Temperatura do Ar
1. Importância agrometeorológica
2. Aquecimento da atmosfera
3. Fatores que determinam a temperatura do ar
4. Variação temporal e espacial da temperatura do ar
5. Medida e estimativa da temperatura do ar
6. Temperatura do ar e as plantas cultivadas
2. Aquecimento da atmosfera
A temperatura do ar é um dos efeitos radiação solar. O aquecimento da
atmosfera próxima à superfície terrestre ocorre principalmente por transporte de
calor.

O transporte de calor sensível (H)


na atmosfera se dá por 2
processos:
Fase fria
❖ Condução molecular
Processo lento de troca de
calor sensível, pois se dá por Condução
contato direto entre “moléculas” de de Calor
ar. Tem extensão espacial limitada, Sensível
(H)
ficando restrito a uma fina camada
de ar próxima à superfície
aquecida. Fase quente

Superfície
do Solo FONTE DE
CALOR
2. Aquecimento da atmosfera

❖ Difusão turbulenta Convection


Processo mais rápido de troca
de energia, pois parcelas de ar
aquecidas pela superfície entram em
movimento convectivo desordenado
transportando calor, vapor d’água,
partículas de poeira, etc, para as
camadas superiores

Convecção Fontes: Adaptado


atmos.uw.edu
MathWorks

Superfície
do Solo

Vermelho: maiores temperaturas; Azul: menores temperaturas


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Temperatura do Ar
1. Importância agrometeorológica
2. Aquecimento da atmosfera
3. Fatores que determinam a temperatura do ar
4. Variação temporal e espacial da temperatura do ar
5. Medida e estimativa da temperatura do ar
6. Temperatura do ar e as plantas cultivadas
3. Fatores que determinam a temperatura do ar

São os fatores associados às escalas dos fenômenos


atmosféricos:

❖ Fatores Macroclimáticos
Relacionados a latitude, altitude, correntes oceânicas,
continentalidade / oceanidade, massas de ar e frentes.

❖ Fatores Topoclimáticos
Relacionados ao relevo, mais especificamente a exposição do
terreno.

❖ Fatores Microclimáticos
Relacionados à cobertura do terreno
Aula 5

Temperatura do Ar
1. Importância agrometeorológica
2. Aquecimento da atmosfera
3. Fatores que determinam a temperatura do ar
4. Variação temporal e espacial da temperatura do ar
5. Medida e estimativa da temperatura do ar
6. Temperatura do ar e as plantas cultivadas
4. Variação temporal e espacial da temperatura do ar

❖ Variação temporal
Diária:
Varia em função da disponibilidade de radiação solar. A temperatura máxima do
ar ocorre, geralmente, de 2h a 3h após o máximo de energia radiante (devido a
temperatura do ar ser medida entre 1,5 a 2,0 m acima da superfície).

A temperatura mínima
diária ocorre na
madrugada, alguns Tmáx.
instantes antes do
nascer do sol.
O gráfico ao lado
mostra a variação Amplitude
diária da temperatura térmica
do ar.

Tmin.
4. Variação temporal e espacial da temperatura do ar

❖ Variação temporal
Anual:
Também varia em função da quantidade de energia no ambiente (radiação
solar). Em geral, as maiores temperaturas são registradas no verão e as
menores no inverno.
Vale destacar que regiões
contempladas com uma
estação chuvosa e outra Normais Tmáx.
seca, as temperaturas Climáticas
máximas poderão ocorrer
fora da estação do Verão.
Como pode ser Amplitude
observado para Goiânia- térmica
GO, para a NORMAL de Tmin.
1981-2010.
4. Variação temporal e espacial da temperatura do ar

❖ Variação espacial
Horizontal: esta variabilidade é definida pelos fatores do clima, tais como:
latitude, altitude, continentalidade, correntes oceânicas, massas de ar,
vegetação, grau de urbanização, etc.

Mapas
do Brasil

Janeiro
Julho

Normais climáticas de 1981-2010, para os meses de janeiro e julho. Fonte: INMET


4. Variação temporal e espacial da temperatura do ar

❖ Variação espacial
Vertical: o aquecimento e o resfriamento do ar ocorrem a partir da
superfície. Durante o dia a tendência mostra que a temperatura do ar é
maior próxima à superfície, diminuindo com a maior altitude. Na
madrugada, essa condição se inverte.

Fonte: geography

Fonte: Esalq/USP
4. Variação temporal e espacial da temperatura do ar
❖ Variação espacial
Inversão térmica: risco para ocorrência de geada em noites de inverno.

Altitude (m)
Noite Onda Longa Inversão
Clara térmica

Gradiente
Gradiente térmico diurno
térmico
noturno

Superfície do solo -4°C Temperatura (°C)

Altitude (m)
Noite
Onda Longa Contra-
Nublada
radiação
Gradiente
Gradiente térmico diurno
térmico
noturno

Superfície do solo
0°C Temperatura (°C)
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Temperatura do Ar
1. Importância agrometeorológica
2. Aquecimento da atmosfera
3. Fatores que determinam a temperatura do ar
4. Variação temporal e espacial da temperatura do ar
5. Medida e estimativa da temperatura do ar
6. Temperatura do ar e as plantas cultivadas
5. Medida e estimativa da temperatura do ar
❖ Medida
A padronização da metodologia busca
Estação Convencional
homogeneizar as condições de medida em relação ao topo
e ao microclima, sendo assim, dependente apenas das
variações macroclimáticas, possibilitando a comparação
entre locais. Assim, a temperatura do ar é medida com
sensores instalados em um abrigo meteorológico, entre 1,5
a 2,0 m de altura, em área plana e gramada.

Abrigo para sensores de


temperatura e umidade do ar

Sensor
Tmáx

Datalogger
Estação
Automática
Tmin
5. Medida e estimativa da temperatura do ar
❖ Medida
Cálculo da temperatura média do ar
Estação Convencional

INMET

IAC

Valores Extremos

Termógrafo

Estação Automática Tai é a temperatura do ar


medida a cada intervalo
Real de tempo; n é o total de
observações em um dia.
5. Medida e estimativa da temperatura do ar
❖ Estimativa
A Temperatura Média do Ar Mensal pode ser estimada em função
das coordenadas geográficas (latitude, longitude e altitude), pois tem
relação de dependência:
↑Latitude ↓ Temperatura média do ar
↑ Altitude ↓ Temperatura média do ar

OBS: Longitude pode expressar a oceanidade/continentalidade (alguns


casos.

A estimativa da Temperatura Média do Ar Mensal Normal


( TmedMN ) pode ser obtida por ajustes de regressão linear multivariada:

ALT = altitude (metros);


LAT = latitude (minutos);
LONG = longitude (minutos);
a, b, c, d = coeficientes da equação. Estes variam de acordo com as
características de cada local e também com a época do ano. Valores desses
coeficientes estão disponíveis para vários estados brasileiros.
5. Medida e estimativa da temperatura do ar

Fonte:
Pereira,
Angelocci,
Sentelhas,
(2007)
Aula 5

Temperatura do Ar
1. Importância agrometeorológica
2. Aquecimento da atmosfera
3. Fatores que determinam a temperatura do ar
4. Variação temporal e espacial da temperatura do ar
5. Medida e estimativa da temperatura do ar
6. Temperatura do ar e as plantas cultivadas
6. Temperatura do ar e as plantas cultivadas
Nas plantas, a taxa das reações metabólicas é regulada, sobretudo, pela
temperatura do ar, influenciando tanto o crescimento quanto o desenvolvimento das
plantas. Esses dois processos ocorrem de forma concomitante, no entanto, o
desenvolvimento é regulado por essa variável agrometeorológica, fazendo com que a
duração das fases ou subperíodos fenológicos e, consequentemente, o ciclo das
culturas tenha variação inversamente proporcional a ela. Reaumur, na França, por volta
de 1735 observou que o ciclo de uma mesma cultura/variedade variava entre
localidades e, também, entre diferentes anos. Ao somar as temperaturas do ar durante
os diferentes ciclos, ele verificou que esses valores eram praticamente constantes,
definindo isso como Constante Térmica da Cultura.

Fonte: Adaptado de FANCELLI


(1986) e Iowa State University
Extension (1993) no livro
“Tecnologia e Produção: Milho
Safrinha e Culturas de Inverno”
(2008) )
6. Temperatura do ar e as plantas cultivadas
Segundo Reaumur a Constante Térmica representa a quantidade
de energia que a espécie/variedade necessita para atingir um
determinado estádio fenológico ou a maturação. Esse estudo foi o
precursor do Sistema de Unidades Térmicas ou Graus-Dia, utilizado
para o planejamento agrícola.

❖ Graus-Dia
Relaciona a taxa de desenvolvimento de uma espécie/variedade
vegetal à temperatura do meio. Esse conceito pressupõe a existência de:
⮚ Temperatura basal inferior (Tb): abaixo da qual o desenvolvimento é
NULO.
⮚ Temperatura basal superior (TB): acima da qual o desenvolvimento
é NULO, podendo ocorrer desnaturação protéica (perda de massa
seca)

⮚ Temperatura ótima (Tótima): máxima taxa de desenvolvimento vegetal.


6. Temperatura do ar e as plantas cultivadas
Na figura abaixo observa-se Tb, TB e Tótima. Além disso, verifica-se
uma faixa de temperatura ótima (entre 24 e 32°C), onde a taxa de
desenvolvimento é máxima. Em geral, Tmed < Tótima, assumindo-se na
prática que a relação entre a temperatura e o desenvolvimento vegetal é
direta e linear.

Tx. Máx.
Tótima
Desenvolvimento Desenv.
Taxa de

r
ea
Lin

10 24 28 32 40

Temperatura do ar
(°C)
Tb TB
6. Temperatura do ar e as plantas cultivadas

As condições climáticas
brasileiras, sobretudo a Região
Centro-Sul, possuem
temperaturas médias que não
ultrapassam as temperaturas
basais superiores da maioria das
plantas cultivadas (TB ≈ 38/40°C).
Assim, o cálculo de GD
considera apenas a temperatura
média (Tmed), a basal inferior da
cultura (Tb), e o número de dias
do período (n°). GD são os graus-dia (°C dia-1);
Para isto, um conjunto de Tm é a temperatura média do ar (°C);
equações foi recomendado por Tb a temperatura base (°C);
Arnold (1959) e Villa Nova et al. Tmax é a temperatura máxima diária (°C);
(1972). Tmin a temperatura mínima diária (°C);

Normal Climatológica de Temperatura Média.


Fonte: INMET
6. Temperatura do ar e as plantas cultivadas

Metodologia proposta por Arnold (1959)

Metodologia proposta por Villa Nova et al. (1972)

GD são os graus-dia (°C.dia);


Tmed é a temperatura média do ar (°C);
Tb a temperatura base (°C);
Tmin a temperatura mínima diária (°C);
Tmax a temperatura máxima diária (°C)
6. Temperatura do ar e as plantas cultivadas

Soma Térmica ou Constante Térmica

É a quantidade de Graus-dia necessária para que uma determinada


espécie vegetal completa uma fase de seu desenvolvimento, ou seu Ciclo Total.

ST a soma térmica (°C);


n o número de dias do período (ciclo).

Soma térmica para o tomateiro em seus diferentes estádios de desenvolvimento.

PALARETTI, LF; MANTOVANI, EC; SILVA, DJH; CECON, PR. 2012. Soma térmica para o
desenvolvimento dos estádios do tomateiro. Revista Brasileira de Agricultura 6: 240-246
6. Temperatura do ar e as plantas cultivadas
Número de horas de frio (NHF)

O frio é um dos principais fatores exógenos para a indução à saída da


dormência em gemas de espécies de frutíferas nas regiões temperadas. A região sul
do Brasil apesar de ser de clima subtropical, possui algumas localidades temperadas.
A alta variabilidade interanual, com invernos mais amenos, pode dificultar a adaptação
de espécies/variedades provenientes de regiões com invernos bem definidos, as quais
podem apresentar respostas fisiológicas indesejáveis.
O acido abscísico (ABA)
é um fitormônio, o qual é
responsável pela inibição do
crescimento das plantas (inverno),
ou dormência das gemas
vegetativas. Assim, após um
determinado acumulado de horas
de frio ocorre uma diminuição do
ABA nas gemas. Essa redução
condiciona o retorno do
crescimento e floração das
plantas, na primavera.
6. Temperatura do ar e as plantas cultivadas
O NHF é o número de horas em que a
temperatura do ar permanece abaixo de uma
determinada temperatura crítica (no inverno). Essa
temperatura crítica pode ser considerada igual a 7°C,
sendo aplicável à maioria das espécies criófilas (+
exigentes em frio). Para as espécies menos exigentes,
considera-se a temperatura crítica de 13°C.

Maçã com baixa exigência em frio: NHF > 300 horas;


Temp. Crítica < 7,2ºC (Probabilidade superior a 80%)

NHF<13

NHF<7

NHF ≤ 7,2°C → Período analisado entre


maio e setembro.
Determinação diária do NHF. Fonte: Adaptado Herter, F. G. e Wrege, M. S.(2004)
de Pereira, Angelocci, Sentelhas (2007)
Obrigado!

derblai@ufg.br

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