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Género, Pobreza e Direitos Humanos
Género, Pobreza e Direitos Humanos
Manuela Góis
As mulheres sempre trabalharam
dentro e fora de casa.
Battagliola, Françoise, Histoire du travail des femmes, Paris, éditions La Découverte, 2008, p. 42
Hostilidade sindical ao trabalho das
mulheres
Battagliola, Françoise, Histoire du travail des femmes, Paris, Éditions La Découverte, 2008, p. 40
Uma das reivindicações de
Carolina Beatriz Ângelo:
Igualdade salarial
entre mulheres e
homens
Em 1930, a feminista
Elina Guimarães
denunciava na
imprensa as terríveis
condições de vida
das operárias em
Portugal.
Redação de uma rapariga de nome Maria Adélia nascida no Carvalhal e educada
num asilo religioso em Beja:
As tarefas
Há muitas espécies de tarefas e cada pessoa tem de
cumprir a sua tarefa. As tarefas dividem-se em duas
espécies: as tarefas do homem e as tarefas da
mulher. As tarefas do homem são aquelas da
coragem, da força e do mando. Quer dizer: serem
presidentes, generais, serem padres, soldados,
caçadores, serem toureiros, serem futebolistas,
juízes, etc, etc. (…)
Depois há as tarefas das mulheres, que acima de todas está a de
ter filhos, guardá-los e tratá-los nas doenças, dar-lhes educação
em casa e o carinho; é também tarefa da mulher ser professora e
mais coisas como costureira, cabeleireira, criada, enfermeira. Há
também mulheres médicas, engenheiras, advogadas, etc., mas o
meu pai diz que é melhor a gente não se fiar nelas que as
mulheres foram feitas para a vida da casa, que é uma tarefa
muito bonita e dá muito gosto ter tudo limpo e arrumado para
quando chegar o nosso marido ele poder descansar do dia que foi
tanto, a fim de arranjar dinheiro para nos sustentar e aos filhos.
Como a vida está muito cara e ninguém pode com ela, diz a minha
mãe, que a mulher tem de trabalhar para ajudar o marido (…).
Barreno, Maria Isabel; Horta, Maria Teresa; Costa, Maria Velho da; novas Cartas Portuguesas, Lisboa:
D. Quixote, 2010
Em Portugal, foi a partir da década de 1960
que as mulheres entraram em maior escala
para o mercado de trabalho, com a
instalação de grandes empresas
multinacionais no país.
Até aí, apenas 16 mulheres em cada 100
trabalhavam fora de casa.
25 DE ABRIL DE 1974
Após o 25 de abril de 1974, a taxa de
atividade das mulheres teve uma evolução
muito positiva.
As mulheres puderam também assumir
novas profissões, que até aí lhe tinham
sido vedadas, e puderam exercer atividade
comercial sem autorização do marido.
Maria de Lourdes Pintasilgo
Maria de Lourdes Pintasilgo (1930-2004) – Foi a primeira mulher ministra (dos Assuntos
Sociais, em 1974) e a primeira mulher primeira-ministra (1979), em Portugal.
Novas profissões desempenhadas
por mulheres
População residente – 2007
Fonte: INE
Nível Educacional da População Portuguesa com mais de 15
anos (em percentagem) relativamente ao ano de 2005
Fonte: INE
Diplomadas no Ensino Superior
7º Cuidar da roupa 1º
1º Serviços administrativos 6º
2º Trabalhos de jardinagem 5º
Fonte: INE, 2002
“Tu ajudaste-me a quê? Ajudaste-
-me a vestir? Ajudaste-me a lavar?
Isto é que podia ser uma ajuda a
mim.
Fizeste coisas de casa que é onde tu
vives e eu vivo também, portanto, a
mim não me ajudaste nada.”
Teresa, empregada de escritório, 40 anos, in Torres, Anália Cardoso,
Vida Conjugal e Trabalho - Uma perspetiva sociológica, Oeiras: Celta Editora,
2004
Taxa de feminização – 2008 (%)
Lugares no parlamento – 28 %
Ministras – 13%
Lugares de legislação, alto funcionalismo,
altos quadros – 32 %
Trabalhos profissionais e técnicos – 51%
Fonte: Quadros de Pessoal, Estatísticas em síntese, 2007, GEP do Ministério do Trabalho e da Solidariedade
Social in A Igualdade de Género em Portugal, 2009, CIG
Desigualdades
Fonte: Quadros de Pessoal, Estatísticas em síntese, 2007, GEP do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social in A Igualdade de Género em Portugal, 2009, CIG
Desigualdades
EM 2009, NO SETOR PRIVADO ENQUANTO OS HOMENS
GANHAVAM € 100, AS MULHERES GANHAVAM € 76,5.
Virgínia Ferreira
Pensionistas
Fonte: INE
AS MULHERES VIVEM NUMA SITUAÇÃO
DE DÉFICE DE DIREITOS
As suas pensões de reforma são baixas, porque houve
múltiplos fatores que contribuíram para a
desvalorização dos seus descontos: desigualdades
salariais entre mulheres e homens, diferente
integração das mulheres no mercado de trabalho,
maior peso das mulheres nos contratos precários,
interrupções nos seus percursos profissionais
devido aos cuidados a prestar à família.
Pereirinha, José António (coord.), Nunes, Francisco; Bastos, Amélia; Casaca, Sara Falcão; Fernandes, Rita; Machado, Carla
(2008), Género e Pobreza, Impacto e Determinantes da Pobreza no Feminino, Lisboa: CIG
RISCO DE POBREZA NA POPULAÇÃO
FEMININA
As mulheres são mais atingidas pela
pobreza.
O grau de pobreza das mulheres é
superior ao dos homens.
Em geral, as mulheres têm trajetórias
de pobreza mais longas.
Pereirinha, José António (coord.), Nunes, Francisco; Bastos, Amélia; Casaca, Sara Falcão; Fernandes, Rita; Machado, Carla
(2008), Género e Pobreza, Impacto e Determinantes da Pobreza no Feminino, Lisboa: CIG
Grupos mais vulneráveis
- Idosas
- Jovens
- Reformadas
- Portadoras de deficiência
- Mulheres há mais tempo desempregadas e
economicamente inativas
- Habitantes das zonas rurais
- Famílias monoparentais
- Mulheres que abandonaram a escola cedo demais ou que
não têm formação profissional.
Pereirinha, José António (coord.), Nunes, Francisco; Bastos, Amélia; Casaca, Sara Falcão; Fernandes, Rita;
Machado, Carla (2008), Género e Pobreza, Impacto e Determinantes da Pobreza no Feminino, Lisboa: CIG
Risco de pobreza na população feminina