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O manejo de trilhas através do voluntariado: diagnóstico e reestruturação

físico-biótica das trilhas ecoturísticas da Área de Proteção Ambiental (APA)


de Fernando de Noronha – Pernambuco

Michele Roth1,
Flavio Augusto Pereira Mello,2
Nadja Maria Castilho da Costa,3
Vivian Castilho da Costa,4
Roderick Jordão5,
Miriam Cazzetta6.

Administração do Distrito Estadual de Fernando de Noronha - Gestão de


Ecoturismo.
Departamento de Geografia / Grupo de Estudos Ambientais - Universidade do
Estado do Rio de Janeiro

Introdução

Em outubro de 1988 o Governo de Pernambuco recebeu o arquipélago de


Fernando de Noronha, reintegrado a esse Estado por força da Constituição. Pelas
diversas ocupações que teve, nesses anos todos em que esteve sob a custódia da
União, muitas foram as interferências sofridas pela ilha, tanto no seu patrimônio
edificado - com o abandono das construções antigas e o uso das casas pré-
moldadas - como pelas introduções de plantas, animais e pela destinação de
grandes áreas para moradia.

1
Turismóloga. Depto de Gestão de Ecoturismo - ADEFN
2
Mestrando de Geografia, Instituto de Geociências, UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
3
Orientadora, Coordenadora do Grupo de Estudos Ambientais (GEA/UERJ) e Professora Adjunta do Deptº de Geografia da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
4
Co-orientadora, Professora Visitante do Deptº de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
5
Turismólogo. Depto de Gestão de Ecoturismo-ADEFN
6
Arqueóloga, Presidente do Instituto de Amparo ao Acervo Ambiental, Arqueológico e Documental Insular – IAAADI-;
Coordenadora do Gabinete de Arqueologia do Memorial Noronhense.
Pelas especiais condições do arquipélago, em 13 de dezembro de 2001, foi
concedido a Fernando de Noronha, pela UNESCO, o título de SÍTIO DO
PATRIMÔNIO MUNDIAL NATURAL, título esse entregue em 27 de dezembro de
2002, ao Governador do Pernambuco.

O Arquipélago de Fernando de Noronha é formado por 21 ilhas e rochedos


e tem área total de 26 km2. A ilha principal, com ocupação humana permanente
(cerca de 1.200 habitantes), mede em torno de 11 km de comprimento e 3 km de
largura, sendo que seu ponto culminante tem altitude de 323 m.

A zona núcleo (destinada à proteção integral da natureza) do Arquipélogo


corresponde às áreas terrestre e marinha do Parque Nacional de Fernando de
Noronha, enquanto a zona de amortecimento corresponde às áreas terrestre e
marinha do polígono da APA Fernando de Noronha – Rocas – São Pedro e São
Paulo e apresenta a maior área brasileira em ilhas oceânicas, representando uma
área de extrema importância para a conservação, principalmente em relação a
avifauna marinha e costeira, fauna de recifes de corais e de costões rochosos.
Além disso, essa região constitui um grande banco de alimentação e reprodução
para toda a fauna marinha do Nordeste brasileiro. Cabe aqui ressaltar que no
Arquipélago de Fernando de Noronha, que faz parte da Reserva da Biosfera da
Mata Atlântica, encontram-se os últimos vestígios de Mata Atlântica insular e o
único manguezal oceânico do Atlântico Sul (Teixeira et al, 2003).

O medo de que a área contida fora do Parque Nacional Marinho de


Fernando de Noronha, criado poucos dias antes da reintegração do arquipélago a
Pernambuco, pudesse sofrer maiores danos e o desejo de desenvolver estudos
que permitissem o uso racional desse espaço determinou a criação, em
07/04/1989, da Área de Proteção Ambiental – APA de Fernando de Noronha, pelo
Decreto Estadual nº 13.555 / 89 (Figura 1).
Figura 1: Mapa de Localização da APA de Fernando de Noronha (Governo de
Pernambuco). Fonte: Plano de Manejo da APA de Fernando de Noronha,
Rocas, São Pedro e São Paulo – Parte I (MMA/IBAMA, 2005).

O Nordeste é a região brasileira mais próxima da Europa e dos Estados


Unidos e é atrativo para diversos tipos de turismo. Para o turismo de praia e
resorts, a Região oferece milhares de quilômetros de praias tropicais e areias
branca, muitas das quais apenas parcialmente desenvolvidas outras ainda
inexploradas. São 300 dias de sol por ano em média.
O patrimônio histórico e cultural também é muito rico, destacando-se as
cidades coloniais de São Luís e Olinda, consideradas patrimônios históricos da
humanidade, e ainda Salvador, primeira capital do Brasil, e com sítios históricos
recuperados, assim como Recife, em Pernambuco, área que foi dominada por
holandeses no século XVII.
Recife e Natal são as únicas portas de entrada, via aérea, para o
Arquipélago de Fernando de Noronha, salvo aqueles que possuem aeronaves
particulares e podem pousar diretamente na ilha. Essas importantes capitais
(Recife e Natal) na medida que incrementam sua visitação com estrangeiros
contribuem para que Fernando de Noronha capte mais turistas.
No ano de 1996, foi realizado no Arquipélago de Fernando de Noronha o
PED - Projetos de Execução Descentralizada / Projeto de Desenvolvimento do
Ecoturismo. Foram contemplados neste projeto, como sendo parte dos objetivos
específicos, conceber e implementar as trilhas interpretativas fora dos limites do
Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PARNAMAR) e construir e
equipar o entorno dos mirantes e áreas de lazer fora dos limites do PARNAMAR.
Após nove anos de realização do Projeto de Execução Descentralizada -
PED, pôde ser percebido, a partir do diagnóstico preliminar, que as trilhas e
mirantes idealizados e executados durante o projeto, apresentam características
de abandono e falta de monitoramento.
Por sua vez, as trilhas promovem e agravam a fragmentação de áreas
naturais. Segundo LIEBERG (2003), o impacto mais grave da fragmentação
florestal é a perda de diversidade na paisagem em trilhas, através da modificação
da sua estrutura física. Um dos fatores que mais afetam os fragmentos é o efeito
de borda, definido como alteração na composição e ou na abundância relativa de
espécies na parte marginal de um fragmento, causando alterações estruturais,
segundo FORMAN & GODRON (1996). A vegetação localizada nas bordas passa
a ser afetada por um aumento da radiação solar e de ventos, causando o aumento
da temperatura e diminuição da umidade do solo. A fragmentação ao mudar o
microclima da floresta, torna-a mais iluminada e menos úmida, podendo favorecer
o desenvolvimento das espécies pioneiras, comprometendo a estrutura dos
fragmentos (TABANEZ, 1995).
Assim sendo, como a APA de Fernando de Noronha se traduz num espaço
de uso residencial, de atividades múltiplas e zonas especiais de preservação e
apresenta um alto potencial ecoturístico, precisa ser contemplada com projetos
que visem a reestruturação de suas trilhas, paralelamente a conservação de seu
entorno, a exemplo do que ocorreu com o PARNAMAR.
Ao contrário da maioria dos países desenvolvidos, o Brasil conta com o
fator tropicalidade a favorecer amplamente as práticas ao ar livre, prevalecendo
amenidades climáticas o ano inteiro. Considerando-se que poucas modalidades
esportivas dependem de situações indoor, o Brasil se apresenta como país de
vasto potencial esportivo, apenas explorado em larga escala como recreação. O
vasto litoral (apenas a Austrália e quiçá os EUA superam o Brasil em extensão
costeira de utilização social perene), permite o pleno desenvolvimento dos
esportes náuticos a motor, vela, de praia, mar e ar. A diversidade de meios morfo-
climático-botânicos, associada à baixa densidade demográfica, oferece uma
variedade de recursos naturais e paisagísticos, com várias opções/vocações de
uso em modalidades radicais, como o trekking e práticas afins (desfrutando do
relevo suavemente ondulado e da vastidão de espaços verdes), o rapel, entre
outros, todos em plena expansão de participantes e com boas perspectivas
mercadológicas (Mascarenhas, 2005).
Neste contexto de amplas perspectivas para o usufruto da natureza,
destaca-se a ilha de Fernando de Noronha, por sua rara beleza, topografia
acidentada e estado de conservação. Atualmente, observa-se o crescimento do
número de turistas interessados em realizar caminhada para conhecer a ilha.
Embora a maioria dos passeios realizados pelos turistas, oferecidos pelos
condutores e pelas agências de receptivo, sejam dentro da área do Parque
Nacional Marinho de Fernando de Noronha, já é percebido um grande fluxo destes
visitantes nas trilhas da área de proteção ambiental (APA) de Fernando de
Noronha (FN), à procura de alternativas de programa turístico ou pelo desejo de
continuar a conhecer os recantos da ilha.
A área da APA-FN apresenta aspectos ambientais e históricos importantes,
que podem não só enriquecer a experiência do turista na sua estadia no
Arquipélago, como também diminuir a pressão antrópica em seu Parque Nacional
Marinho (PARNAMAR), ao oferecer outras alternativas de visitação, favorecendo o
manejo dos visitantes e mitigando as conseqüências danosas para a manutenção
da biodiversidade e do patrimônio histórico e natural.
Estes aspectos podem ser conhecidos através de trilhas que percorrem
uma grande parte da extensão costeira da área da APA-FN, desde a Vila dos
Remédios até a Praia da Cacimba do Padre.
Sendo assim, é oportuno e de suma importância a continuidade dos
trabalhos, principalmente através da reestruturação das trilhas existentes na APA-
FN, conforme preconiza o presente projeto, afim de revitalizá-las para que os
turistas e pessoas da comunidade local possam usufruir, com tranqüilidade e
segurança, das trilhas presentes dentro da área da APA-FN (Figura 2).
Além da avaliação das trilhas existentes, novas áreas serão avaliadas para
a instalação de outras trilhas que se mostrarem potencialmente aptas às
atividades de ecoturismo. Nelas serão levantadas, analisadas, manejadas e
monitoradas todas as características do seu traçado.

Figura 2: Mapa de Localização das três trilhas na área em estudo (APA de


Fernando de Noronha). Fonte: Plano de Manejo da APA de Fernando de
Noronha, Rocas, São Pedro e São Paulo – Parte I (MMA/IBAMA, 2005).
O presente projeto se constitui numa proposta de ação conjunta entre a
Gestão de Ecoturismo (GET) da Administração do Distrito Estadual de Fernando
de Noronha (ADEFN) e o Grupo de Estudos Ambientais (GEA) do Departamento
de Geografia (Instituto de Geociências) da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ), com o objetivo de analisar, detalhadamente, a malha de trilhas
existente no interior da APA-FN, bem como realizar cursos de capacitação para o
seu efetivo manejo e monitoramento, afim de formar um grupamento de trilhas de
Fernando de Noronha.

Esta ação integrada baseia-se, não somente na necessidade de


preservar/conservar o patrimônio ecológico, histórico e cultural da área, como
também aproveitar, em sua totalidade, o potencial ecoturístico e de lazer que as
trilhas podem oferecer, de maneira ordenada e sustentável, envolvendo os
principais atores sociais no processo participativo, quais sejam: a ADEFN, os
turistas, os moradores locais, as associações e agências de ecoturismo locais e
aqueles que vivem da atividade turística na APA-FN.

Objetivo Geral

O objetivo geral do projeto é realizar um diagnóstico físico-biótico


complementar das três principais trilhas da APA de Fernando de Noronha, assim
como definir o traçado de novas trilhas em áreas consideradas de alto potencial
ecoturístico, visando proporcionar aos visitantes e à comunidade local alternativas
de lazer, educação e interpretação ambiental.

Objetivos Específicos

• Realizar um diagnóstico complementar da malha de trilhas da APA-FN,


com ênfase na detecção de seus impactos, na caracterização de seus
aspectos físico-ambientais e na identificação de novos traçados,
possibilitando o monitoramento de seu uso público;
• A partir do diagnóstico complementar, estabelecer “parcelas” de
intervenção, para fins de recuperação da flora e, conseqüentemente, do
habitat da fauna, bem como as intervenções estruturais necessárias,
tanto nas trilhas, quanto nos mirantes e quiosques;
• Apresentar o mapeamento digital da malha de trilhas da APA-FN,
através da montagem de Banco de Dados Ambiental - BDA, baseado
em geoprocessamento, de todas as trilhas diagnosticadas;
• Efetuar a capacitação dos funcionários da Administração do Distrito
Estadual de Fernando de Noronha (ADEFN) para gestão do BDA
(geoprocessamento) de todas as trilhas, bem como o seu efetivo
manejo.
• Efetuar a capacitação de representantes de associações de condutores,
agências de ecoturismo, condutores autônomos (criação de um
“Grupamento de Manejo de Trilhas da APA-FN”) para o manejo e
manutenção das trilhas;
• Desenvolver um Programa de Interpretação e Educação Ambiental das
trilhas da APA-FN para o “Grupamento de Manejo de Trilhas - FN” e
seus usuários (visitantes, escolas, entre outros);
• Estabelecer um programa de monitoramento do uso das trilhas da APA-
FN.

Metodologia

O desenvolvimento do projeto será realizado através de seis fases e


permitirá a otimização dos recursos humanos e materiais, bem como irá subsidiar
futuras fases subseqüentes.

A Fase 01 (Diagnóstico complementar) finalizará o Diagnóstico Preliminar


realizado pela Coordenação da GET (Gestão de Ecoturismo) da Administração
(ADEFN) e servirá de base para o desenvolvimento da Fase 02
(geoprocessamento e elaboração/implantação de um Programa de Manutenção e
Recuperação Biótica / Estrutural das trilhas da APA-FN).

O Banco de Dados Ambiental (BDA) gerado na Fase 02


(Geoprocessamento das Trilhas da APA-FN), orientará o manejo e monitoramento
das trilhas e subsidiará a elaboração do conteúdo a ser ministrado na Fase 03
(Capacitação de implementação e manutenção de trilhas), e a ser executado na
Fase 04 (Manutenção de trilhas). Com as informações georreferenciadas das
trilhas (BDA), será possível, também, a criação de um link na home-page oficial de
Fernando de Noronha em linguagem HTML (http://www.noronha.pe.gov.br),
constando informações sobre todas as trilhas da APA-FN, inclusive com dados
relativos a mapas esquemáticos com percursos, tempo estimado de
deslocamento, distâncias, acessos principais, atrativos, fotos, entre outras
informações à disposição do público visitante.

A Fase 03 (Capacitações e Criação de Programas de Educação e


Interpretação de Visitantes) será orientada, não somente para o “Grupamento de
Manejo de Trilhas da APA-FN” (realização do manejo), mas também para o
planejamento de atividades interpretativas e educativas em trilhas para o público
(visitante), que terá acesso às informações sobre a malha de trilhas (sinalizadas)
da APA-FN. Esta fase resultará também na implantação de uma oficina de
capacitação envolvendo conceitual teórico e atividades práticas nas trilhas, com a
equipe selecionada para os trabalhos de recuperação e manutenção biótica e
estrutural de todas as trilhas. Nas atividades serão aplicados conteúdos de
interpretação do diagnóstico realizado nas Fases 01 e 02, alicerçando assim, as
Fases 04 (Definição do traçado e Programa de Manutenção e Recuperação) e 05
(Programa de Monitoramento do Uso Público).

A Fase 05 (Monitoramento) é responsável pela retro-alimentação do banco


de dados gerado na Fase 02 (Mapeamento por Geoprocessamento), recebendo a
colaboração das informações fornecidas pelos recursos humanos capacitados
(intervenções realizadas nas trilhas) nas Fases 03 e 04 e das informações sobre a
sinalização dos atrativos e atividades ecoturísticas.
A Fase 06 (Relatório Final) constará do detalhamento de todas as
atividades desenvolvidas no projeto e seus respectivos resultados.

Resultados do pré-diagnóstico e da oficina com o voluntariado

Por ocasião da implantação da terceira fase da sinalização turística da APA


de Fernando de Noronha, de acordo com um convênio entre a Administração da
Ilha (ADEFN) e a empresa VISA, ocorreu entre os dias 09 e 14 de setembro de
2006, uma oficina de manutenção e conservação de trilhas para a efetivação de
uma ação emergencial, com o intuito de sanar e/ou mitigar algumas ocorrências
de erosão e falta de traçado nas trilhas da APA de Fernando de Noronha.
No mês de agosto foi realizado um pré-diagnóstico por parte dos
integrantes da UERJ e ADEFN, e a partir deste foram escolhidas as áreas
prioritárias para realização das intervenções na oficina em setembro de 2006.
Preliminarmente o projeto Diagnóstico e Reestruturação Físico-Biótica das
Trilhas Ecoturísticas da Área de Proteção Ambiental (APA) de Fernando de
Noronha – Pernambuco, a ser executado pelo GEA-UERJ/ADEFN e outros atores
locais, contempla em sua FASE 03, além da Capacitação de funcionários da
Administração (ADEFN) da APA-FN, para gestão do Banco de Dados Ambiental
(BDA) das Trilhas e operação de softwares de Sistema de Informação Geográfica
(GIS), a Capacitação de um “Grupamento de Manejo de Trilhas da APA-FN” com
representantes de Associações, Agências de Receptivo, e Condutores Locais
Autônomos; contudo, a urgência da demanda propiciou uma oportunidade de
confirmar a real necessidade da capacitação dirigida face os problemas de uso
das trilhas na APA, assim como iniciar uma cultura de manejo e manutenção de
trilhas, visto que embora haja referencias de intervenções na malha de trilhas por
projetos anteriores, não houve a continuidade dos trabalhos de conservação e
manejo justamente pela falta de qualificação local para a manutenção destes
serviços.
Para tanto, foram convidados condutores de ecoturismo locais para uma
primeira avaliação da possibilidade dos mesmos virem a compor o voluntariado de
apoio ao futuro Grupamento de Manejo de Trilhas da APA-FN.
A oficina foi direcionada para duas variantes de trilhas: (a) Trilha da
Barragem do Boldró e (b) Trilha do Forte São Pedro do Boldró para Praia do
Americano, totalizando cerca de 504 metros de intervenções ao longo das
mesmas.
Cada ação de intervenção foi detalhada em cada ponto do percurso, onde
foram medidas suas respectivas distâncias (Tabelas 1 e 2).

Tabela 1: Levantamento Simplificado das Intervenções na Trilha do Forte São Pedro do


Boldró – Praia do Americano, de 10 a 12 de setembro de 2006, realizadas pelos voluntários
da APA-FN
Unidade de Conservação:
Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha.
Trilha:
Forte São Pedro do Boldró – Praia do Americano
Distância (mts) Ações Observações
Ponto parcial total
1 - 17 Ordenamento do traçado. Ação dia 10/set
2 3 20 2 degraus de pedra: 2,35 x 1,20; Ação dia 10/set
0,85 x 0,90.
3 22,7 42,7 Confluência com acesso para Hotel de Ação dia 12/set
Trânsito.
4 88 Fechamento do atalho em área Ação dia 12/set
erodida.
5 40,5 128 Confluência: em frente (pedra do Ação dia 12/set
Bode). À direita (Praia do
Americano).
6 38 166 Descida da trilha (atalho fechado no Ação dia 12/set
percurso).
7 2 168 Degrau de madeira (1) Ação dia 12/set
8 3 171 Degrau de madeira (2) Ação dia 12/set
9 10 181 Degrau de madeira (3) Ação dia 12/set
10 2,6 183 Degrau de madeira (4) Ação dia 12/set
11 6 189 Cont. de talude e recuperação do Ação dia 11/set
leito.
12 190 Degrau de madeira (5) e pedra. Ação dia 12/set
13 7,6 Contenção de talude. Ação dia 12/set
14 3 193 Degrau de pedra (1) Ação dia 12/set
16 1 194 Degrau de pedra (2) Ação dia 12/set
17 0,6 194,6 Degrau de pedra (3) Ação dia 12/set
18 0,5 195 Degrau de pedra (4) Ação dia 12/set
19 0,7 196 Degrau de pedra (5) Ação dia 12/set
20 0,8 197 Degrau de pedra (6) Ação dia 12/set
21 18 215 Limpeza de trilha com ancinho Ação dia 12/set
(ciscador)
22 3,5 218,5 Recuperação de bordas críticas c/ Ação dia 12/set
pedra 3,5 x 0,8.
23 6 224 Limpeza da trilha com ancinho. Ação dia 12/set
24 0,5 225 2 degraus de madeira (6) Ação dia 12/set
25 9 234 Contenção de talude e nivelamento Ação dia 12/set
do acesso.
Responsável pelo registro: Flávio “Zen”

Tabela 2: Levantamento Simplificado das Intervenções na Trilha da Barragem do Boldró,


nos dias 11 e 13 de setembro de 2006, realizadas pelos voluntários da APA-FN
Unidade de Conservação:
Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha.
Trilha:
Barragem do Boldró
Distância (mts) Ações Observações
Ponto parcial total
1 - 66,9 - Ação dia 13/set
2 4,2 71 Limpeza da trilha, ordenamento do Ação dia 13/set
traçado com pedra.
3 1,4 72,5 2 degraus de pedra que protegem a Ação dia 13/set
raiz.
4 17,1 89,6 Limpeza da trilha, ordenamento do Ação dia 13/set
traçado com pedra.
5 0,9 90,5 Degrau próximo a raiz. Ação dia 13/set
6 1,3 91,8 Limpeza e proteção de raiz. Ação dia 13/set
7 44 130,8 Limpeza da trilha, ordenamento do Ação dia 13/set
traçado com pedra.
8 0,6 132,5 1 degrau: 0,7 x 0,3. Ação dia 13/set
9 6,3 138 Limpeza da trilha, ordenamento do Ação dia 13/set
traçado com pedra.
10 1,40 139,4 Rampa de pedras. Ação dia 13/set
11 11,40 150,8 Limpeza da trilha, ordenamento do Ação dia 13/set
traçado com pedra.
12 0,8 151,6 1 Degrau de pedra. Ação dia 13/set
13 6,5 158 Limpeza da trilha, ordenamento do Ação dia 13/set
traçado com pedra.
14 2,2 160,2 1 degrau e rampa com pedras. Ação dia 11/set
à tarde
15 3,5 163,7 Início da barragem. Ação dia 13/set
16 9,1 172,8 Início da adequação em alvenaria Ação dia 13/set
para passagem de visitantes, com 3
degraus.
17 4,6 177,4 Final da adequação com 3 degraus. Ação dia 13/set
18 7,4 184,8 Final da barragem. Ação dia 13/set
19 85 269,8 Final da trilha na Alameda do Boldró. Ação dia 13/set
Responsável pelo registro: Flávio “Zen”
Nesta oficina houve a participação de 12 voluntários, porém, dentre essas
pessoas, somente 03 eram condutores locais, ficando evidente o desinteresse dos
mesmos em manterem manejadas e conservadas as trilhas da APA. Acredita-se
que este desinteresse ocorreu devido as trilhas da APA apresentarem
características de autoguiadas, diferentemente de algumas trilhas do Parque
Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PARNAMAR), utilizadas pelos
condutores há bastante tempo e que são, obrigatoriamente, guiadas.
Dessa forma, acredita-se que há a necessidade de incentivar e mostrar
para os condutores locais de Fernando de Noronha que as trilhas presentes
dentro da APA, são trilhas que apresentam um grande potencial ecoturistico, e
que os mesmos podem utilizá-las como uma alternativa em relação às trilhas do
PARNAMAR, independente delas serem auto guiadas, dividindo assim, o fluxo de
turistas entre a APA e o PARNAMAR e também proporcionando uma melhoria na
aquisição de renda aos condutores.
Sendo assim, o trabalho que será voluntário em um primeiro momento, irá
trazer benefícios para os condutores em um segundo momento, pois estes
poderão usufruir das trilhas manejadas e em boas condições de utilização.

Conclusão

Após o término da oficina pôde-se perceber que através do voluntariado é


possível realizar um bom trabalho de reestruturação e manejo de trilhas. As
pessoas que participaram da oficina, muitos dos quais moradores locais,
trabalharam intensamente e conseguiram perceber a diferença na estrutura das
trilhas, à medida que os trabalhos eram realizados.
Os voluntários compreenderam que as práticas realizadas durante a oficina
os ajudavam a olhar a trilha de uma forma diferente, desenvolvendo uma
percepção para a correção de traçado, recuperação de borda crítica, contenção de
talude, enfim, a correta aplicação das técnicas necessárias para o manejo de
trilhas.
Uma das dificuldades enfrentadas pelo grupo de voluntários foi a falta de
recursos, mas com os equipamentos disponíveis conseguiu-se realizar um
trabalho seguro e eficiente, tendo como fruto a realização de atividades voltadas
para a comunidade local.
Uma delas foi a promoção de uma caminhada com a turma da boa idade de
Fernando de Noronha em conjunto com a Gestão de Desenvolvimento Social da
ADEFN, que proporcionou ao grupo das idosas uma atividade que até então não
era possível de ser feita, pois as trilhas se encontravam abandonadas.
A outra atividade, feita em parceria com o Projeto TAMAR/IBAMA, voltada
para a educação ambiental de crianças da 1ª, 2ª e 3ª series da Escola
Arquipélago, ajudou as mesmas a “descobrir” os diferentes sentidos: tato, olfato,
audição, paladar e visão, presentes na trilha.
Pode-se concluir que, a reestruturação das trilhas da APA-FN irá beneficiar
tanto os turistas que visitam Fernando de Noronha quanto, a comunidade local
que ira utilizá-las como fonte de renda e como promoção de atividade de
educação ambiental.
Sendo assim, para que o futuro das trilhas da APA-FN seja promissor e se
torne uma realidade, se faz necessário a criação do “Grupamento de Trilhas de
Fernando de Noronha”, para dar continuidade no cuidado e manejo das trilhas
presentes em Fernando de Noronha.

Bibliografia Citada

FORMAN, R. T. T. & GODRON, M. Landscape Ecology. New York. Wiley, 1996.


619 p.

GAMMON, S. & ROBINSON, T. Sport and Tourism: a conceptual framework.


Journal of Sport Tourism, 4(3), 1997.

LIEBERG, S. A. Análise sucessional de fragmentos florestais urbanos e


delimitações de trilhas como instrumento de gestão e manejo no programa de
uso público do Parque Ecológico do Guarapiranga, São Paulo. Tese de
Doutorado em Ciências Biológicas, Universidade Estadual Paulista (UESP),
Rio Claro: SP, 2003. 117 p.

MASCARENHAS, G. Geografia do esporte. In: COSTA, Lamartine P. da. (org.)


Atlas do Esporte no Brasil. Rio de Janeiro: SHAPE, pp. 719, 2005.

MMA/IBAMA. Plano de Manejo da APA de Fernando de Noronha, Rocas, São


Pedro e São Paulo. Ministério do Meio Ambiente/IBAMA, Ministério Público
Federal: Governo de Pernambuco, 2005. Documento disponível no site
http://www.prpe.mpf.gov.br/internet/content/view/full/2959.

TABANEZ, A. J. A. Ecologia e Manejo de Comunidades em Fragmento Florestal


na Região de Piracicaba, SP. Dissertação de Mestrado em Ciências
Florestais. Instituto Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz. USP,
Piracicaba, 1995. 128 p.

TEIXEIRA, W. et al. Arquipélago Fernando de Noronha: o paraíso do vulcão.


TEIXEIRA, Wilson (coord. editorial). São Paulo: Terra Virgem, 2003.

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