Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO (abstract)
O objetivo deste artigo é estudar o alcoolismo como doença. Definiremos, entre outras abordagens, o que
é um alcoólico, diferenciando-o do bebedor compulsivo, e analisaremos as motivações físicas e psicológicas
que levam as pessoas a beber "socialmente" - ou até o ponto de se destruírem. Discutiremos também a
forma errada (e habitual) de se encarar o alcoolismo sob um prisma exclusivamente moral, quando se trata,
na verdade, de uma doença hereditária que, assim como a diabetes ou a hemofilia, geram falhas na
produção de importantes substâncias – que normalmente atuam em organismos sadios. No final do artigo,
falaremos sobre a importância da família e do grupo Alcoólicos Anônimos (AA) na recuperação do alcoólico.
O que é drogadição?
Drogadição é uma doença orgânico-psíquica caracterizada por uma intensa
obsessão mental que, aliada a uma predisposição orgânica à dependência química
em relação a uma ou mais substâncias, direciona o indivíduo ao uso compulsivo
desta(s) mesma(s) substância(s), alterando, com isto, o funcionamento normal do
cérebro e do sistema nervoso. O alcoolismo é uma dentre as inúmeras modalidades
de drogadição existentes.
Roleta russa
Segundo idéias do livro "O Revólver que Sempre Dispara", de
Ricardo e Emannuel Ferraz Vespucci, pode-se perguntar: qual a
probabilidade de uma pessoa morrer praticando uma "roleta russa",
com um revólver de seis agulhas no tambor e apenas uma bala? Um
cálculo simples mostra que esta chance corresponde a 12,5% - a
mesma probabilidade de uma pessoa ser alcoólica. Por isso, é no ato de
"ingerir o primeiro gole" que o indivíduo começa a acionar o gatilho
de seu "revólver fisiológico" e, sempre que beber novamente, estará
iniciando uma nova partida de "roleta russa". Este processo acabará por
fazê-lo descobrir o quão dependente do álcool ele é. Isto também vale
para os não-alcoólicos, pois, dependendo da freqüência, intensidade e
assiduidade das bebedeiras, enfim, o contato freqüente com a
substância, revelará a facilidade com que o organismo do bebedor
compulsivo (não-alcoólico) terá para se tornar um dependente
químico.
Geralmente, quando o indivíduo percebe e reconhece que o álcool
está lhe arruinando a vida, já costuma ser tarde: caso você seja um
bebedor pesado não alcoólico, dentro de um período que varia entre 5 a
10 anos, por mais saudável que você seja, perdas irreparáveis irão
acontecer em todos os setores de sua vida. O mais traiçoeiro é que, na
maior parte deste tempo, você se diverte muito e pensa que tem o total
controle da situação, sem sequer perceber que enlouquece lentamente,
minando relacionamentos e magoando quem está à sua volta. As
pessoas mais próximas e queridas costumam notar o problema bem
antes de você e tentam alertá-lo. Mas, no início, dificilmente você lhes
dará ouvido. Por outro lado, para o bebedor compulsivo não-alcoólico,
vale lembrar que, mesmo os que não têm falha genética que inviabilize
a metabolização do álcool, ao insistirem no contato freqüente com a
substância, estão propensos a desenvolver o alcoolismo. E esta doença,
quando se instala, é irreversível.
O enfoque psicológico
As pessoas, em geral, costumam lidar com o alcoolismo – e com o
alcoólico – através de um prisma meramente moral. Esta é uma
maneira errada de tratar o assunto. O alcoolismo é uma doença como
outra qualquer e, assim sendo, o alcoólico merece ser tratado com o
mesmo respeito que deve ser concedido a qualquer outro paciente. No
entanto, a relutância em aceitar o alcoolismo como doença, tanto por
parte da família quanto do alcoólico, muitas vezes impede o sucesso na
recuperação. O alcoólico, num primeiro momento, com medo da
reprovação dos que o cercam, custa a admitir o problema, sempre
demonstrando uma forte resistência em relação a qualquer ajuda ou
tratamento.
Não se pode negar a existência de uma forte correlação entre
problemas emocionais, alcoolismo e baixa-estima, e que, neste sentido,
o álcool é inicialmente capaz de eliminar três sérios problemas: a
inibição, o nervosismo e a ansiedade. Mas o faz por um tempo limitado
e por um preço extremamente alto. O indivíduo procura no álcool uma
válvula de escape e, em princípio, com a ingestão da substância,
aparentemente encontra o que procura. No entanto, todo o processo que
envolve drogadição e dependência química representa uma armadilha,
já que, neste sentido, todo prazer é ilusório, temporário e, com o
tempo, acaba se transformando em muita dor e sofrimento.
Muitos buscam na droga uma resposta para algum problema
emocional, existencial, etc. Procuram algo para preencher um imenso
vazio e uma incompletude interior que são, até certo ponto, naturais e
até saudáveis para o desenvolvimento da alma humana. Porém, este
vazio é subjetivo, pois cada um o sente de diferentes maneiras. Não
obstante, alguns, para preenchê-lo, utilizam o caminho que lhes parece
mais fácil: o das drogas. E nada mais fácil e cômodo do que usar uma
droga lícita, como é o caso do álcool.
Daí, o permanente compromisso com a autodestruição acarretará
em fracassos nos principais setores da vida: social, econômico, moral,
etc. No final, quando o indivíduo se encontrar realmente no fundo do
poço, restar-lhe-ão apenas três opções:
O fator hereditário
Observa-se que 65% a 70% dos alcoólicos apresentam
antecedentes familiares de alcoolismo. Como principais características
de desvios de personalidade, podemos enumerar:
O enfoque psiquiátrico
O álcool é um depressor que ataca o Sistema Nervoso Central.
Após sua ingestão, devido ao alto poder de absorção do organismo, a
máxima concentração sangüínea da substância é detectada por volta de
quatro a cinco minutos. Como uma bomba de efeito retardado, a
concentração de álcool, apesar de persistir mais tempo no tecido
nervoso, aumenta mais lentamente neste do que no sangue, podendo,
por isto, causar danos irreparáveis aos tecidos nervosos.
No organismo, 10% do volume ingerido são eliminados pelos
pulmões, rins e pele, causando a sobrecarga dos rins. Os outros 90%
são convertidos em outras substâncias, provocando sobrecarga
hepática, bem como a oxidação de diversos elementos químicos
(aumento nocivo dos radicais livres no organismo). Nesta etapa, o
fígado desempenha papel de grande importância, e as disfunções
hepáticas, se já desenvolvidas, acabam por dificultar o processo de
digestão do álcool. Grandes doses de álcool, com o tempo, avariam os
rins e o fígado, principais órgãos de desintoxicação do organismo. A
oxidação de substâncias químicas pode ser resumida em três etapas:
Os Alcoólicos Anônimos
Os AA se constituem numa fraternidade cujo único objetivo é o
sincero desejo de parar de beber. Membros de AA são provenientes de
todos os níveis sociais, raças, sexo, idade e religiões. Ao parar de
beber, eles recuperam a sobriedade, garantindo a estabilidade de sua
saúde e qualidade de vida. Para que sua a recuperação possa se
concretizar, todos compartilham experiências, em reuniões realizadas
regularmente, onde palavras de força e esperança são amplamente
distribuídas a todos os participantes.
Os AA é uma entidade apolítica e apartidária, financeiramente
auto-suficiente, que vive de doações de simpatizantes e ex-alcoólatras
do mundo inteiro. Por isto é um serviço gratuito. Seu propósito
primordial é manter cada membro sóbrio, a fim de que possa também
ajudar na recuperação de outros alcoólicos. Milhões deles têm
alcançado a sobriedade no AA.
http://www.biblioteca.pro.br