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O Dia do Maçom

Segundo consta, a história desta data comemorativa principia 187 anos atrás, mais
precisamente em 17 de junho de 1822, quando três Lojas metropolitanas, a saber, “Comércio e Artes”,
“União e Tranquilidade” e “Esperança de Nitcheroy” uniram-se em assembléia para concretizar a
fundação da primeira obediência maçônica brasileira, o Grande Oriente Brasílico, aquele que hoje é
denominado GOB - Grande Oriente do Brasil.

A fundação desta obediência, que teve como seu primeiro Grão Mestre, o Irmão Phytágoras,
(ou José Bonifácio de Andrada e Silva) foi talvez o ato político mais importante da história desta
nação. Sua primeira finalidade com toda certeza, foi unir o povo maçônico e fazê-lo convergir, de forma
coesa, para a obtenção da grande aspiração da Ordem que era respaldar, incentivar, forçar a nossa
proclamação de independência.

Alguns Irmãos que se destacam no campo das letras, fixam e reconhecem a data como sendo
dia 20 de agosto. Outros, não menos respeitáveis, afirmam que isto foi um equívoco histórico e que a
data verdadeira seria 09 de setembro.

Passamos a dissertar sobre o que apuramos e deixamos para o deleite dos Irmãos, a tarefa de
pesquisarem e tirarem suas próprias conclusões.

As fundações das primeiras Lojas maçônicas no Brasil datam do início do século XIX e eram
filiadas ao Grande Oriente de Portugal ou ao Oriente da França.

Uma Loja em particular foi de grande importância nesta história, a “Comércio e Artes”. Foi
fundada em 1815, fechada em 1817, por ordem de D.João VI, logo após o Levante de Pernambuco, em
1817, foi reinstalada em 24 de junho de 1821.

Desta feita, sob os auspícios do Grande Oriente de Portugal, Brasil e Algarves, sua importância
para a história da Maçonaria, está registrada na ata da sessão magna, realizada em suas
dependências a 28 de maio de 1822, quando aconteceu a fundação das lojas “União e Tranqüilidade” e
“Esperança de Nitcheroy”.

Com estes três pilares estabelecidos, foi fundado a 17 de junho de 1822 o Grande Oriente
Brasílico, e desta forma, o ambiente para a mais importante iniciativa da história da Ordem, estava
pronto.

As fontes pesquisadas dão conta que no período compreendido entre as datas de 17 junho e
25 de outubro de 1822 (quando o Grande Oriente Brasílico foi fechado, pelo então Grão Mestre o Irmão
Guatimozim (ou D.Pedro I) foram realizadas 19 sessões. Consta que, todas as 19 atas foram
reproduzidas e publicadas nos boletins do GOB em 1923, mas, para efeito do tema deste trabalho, a
ata que nos interessaria é a da 14ª reunião, realizada aos 20 dias do 6º mês da V.L. de 5822.

Uma corrente de historiadores que defende um suposto equívoco que teria ocorrido por conta
de uma distração com relação ao calendário utilizado pela Maçonaria nos idos de 1822. Segundo o
artigo, naquele tempo, os ritos maçônicos (notadamente o Adonhiramita) adotavam ao mesmo tempo o
ano da criação do mundo e o calendário religioso hebraico, calendário que se inicia no mês de março.

A.B.Gobbi – Dia do Maçom – 27/08/2009 Página 1


Tabela - Denominação e períodos no calendário hebraico
NISSAN Março – Abril IVYAN Abril - Maio
SIVAN Maio – Junho TAMUZ Junho - Julho
AV Julho – Agosto ELUL Agosto - Setembro
TISHREI Setembro - Outubro MARHESHWAN Outubro - Novembro
KISLEB Novembro - Dezembro

A origem do suposto equívoco pode residir no fato de que muitos historiadores, entre eles o
Barão do Rio Branco e Manuel Joaquim de Menezes, atribuíram a fundação do Grande Oriente do
Brasil em 28 de maio de 1822, com um calendário onde o ano se iniciava em 1º de março.

Voltando a ata da 14ª reunião. Para uns, ele foi realizada no 6º mês da V.L. a 20 de agosto de
5822 V.L., para outros, a data seria 20 de Elul de 5822 V.L.. Não foi encontrado um índice para o
calendário hebraico que deixasse estas datas bem claras, mas 20 de Elul, convertida pelos estudiosos,
daria como resultado o dia 09 de setembro de 1822.

Consta que foi nesta data, numa reunião maçônica na Loja “Comércio e Artes”, depois do
discurso do Irmão Diderot (ou Joaquim Gonçalves Ledo), que a declaração da Independência do
Brasil foi decidida. Assim, levanta-se a suspeita de que a Maçonaria foi quem realmente declarou a
Independência desta nação e que os créditos seriam atribuídos a Guatimozim. Mas, aparentemente
Guatimozim se antecipara e proclamara a independência do Brasil em 07 de setembro.

Os pesquisadores atribuem este desencontro à realidade dos meios de comunicação da época,


os quais eram por demais lentos e até onde se sabe, não houve como os Maçons na reunião da
“Comércio e Artes” saberem o que havia se passado em 07 de setembro, à margens do Ipiranga.

Nesta pequena pesquisa, encontramos que a proposição para a criação do dia do Maçom, foi
uma iniciativa da Loja “Acácia Itajaiense” (SC), feita pelo Irmão Osvaldo Teixeira, levada à Grande Loja
de Santa Catarina, e o dia pretendido era a data de 21 de abril.
A Grande Loja de Santa Catarina levou então a proposta para a 5ª Mesa Redonda das Grandes
Lojas, que foi realizada, em Belém, do dia 17 a 22 de junho de 1957, quando a Grande Loja de Minas
Gerais sugeriu 20 de agosto, justificando (de forma considerada equivocada por alguns) esta escolha
por ter acontecido nesse dia, a proclamação da nossa Independência, dentro de um Templo maçônico.

Assim, fica lançada a semente para a pesquisa: quando deveria ser comemorado o Dia do
Maçom? 20 de agosto ou 09 de setembro?

A bem da verdade, para nós isso não deveria vir ao caso.


Em que pese a dúvida sobre a data em questão, fica bem claro qual deveria ser o motivo do
nosso júbilo todos os dias. Os Maçons devem orgulhar-se de sua história, rever suas posições e em
honra à memória de Irmãos antepassados, cujos aportes morais dificilmente serão igualados, em
especial do Irmão PHYTÁGORAS (José Bonifácio de Andrade e Silva) o primeiro Grão Mestre da
Maçonaria Brasileira.
Em respeito à determinação e bravura deste grande patriota, dia 20 de agosto, ou qualquer
outro dia, deveria ser dedicado à vigília e meditação em busca dos princípios há muito esquecidos,
visando o fim da letargia Moral e do pesadelo de passividade que tem assolado nossa nação há muito
tempo.

A.B.Gobbi – Dia do Maçom – 27/08/2009 Página 2


Que o G.A.D.U. a todos ilumine e guarde.

M.M. Alexandre Buciano Gobbi


Trabalho apresentado por ocasião da comemoração do Dia do Maçom
A.R.L.S. Francisco Rorato nº 261 – Or.Santos – S/P

Fontes
1. http://www.redecolmeia.com.br/trabalhos/trabalhos/20deagosto.doc, artigo do Irmão José Inácio, da Grande
Loja da Paraíba, Oriente de Alagoa Grande.
2 . http://www.comercioeartes.com.br/interna.asp?cod_secao=5
3. http://www.hc1960.org.br/Paginas/Fundacao_GOB.htm - Imagens das Atas históricas do GOB
4 . http://esperancadeniteroi.com.br/

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