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Conflitos na História do Brasil

- Império -
Segundo Reinado

Revolta Praieira: 1848-1850

A Revolta Praieira, também denominada como Revolução Praieira ou simplesmente Praieira, foi um
movimento de caráter separatista e liberal que eclodiu em Olinda, na então Província de
Pernambuco, no Brasil, a 7 de Novembro de 1848, prolongando-se até 1852.

Características

De forma global, inscreveu-se no contexto das revoluções socialistas e nacionalistas que varreram a
Europa neste período do século XIX.

A nível local, foi influenciada pelas idéias liberais que se queixavam da falta de autonomia
provincial, sendo marcada pelo repúdio à monarquia, com manifestações a favor da independência
política, da república e por um reformismo radical.

Com fundo social, econômico e político, contou com a participação das camadas menos favorecidos
de Pernambuco. Os líderes do movimento reuniam-se na sede do jornal O Diário Novo, à Rua da
Praia, em Recife.

O movimento

A revolta teve como causa imediata a destituição, pelo Imperador, do Presidente da Província
Antônio Pinto Chichorro da Gama (1845-1848), representante dos liberais, que tentava refrear o
poder das famílias da aristocracia rural locais. Esse gesto foi interpretado como mais uma
arbitrariedade imperial.

A revolta eclodiu em 7 de novembro de 1848, sob a liderança do deputado liberal Joaquim Nunes
Machado e com o apoio do capitão Pedro Ivo Veloso da Silveira e de Borges da Fonseca. No
documento que denominaram Manifesto ao Mundo, estavam previstos como principais pontos:
emprego para todos, voto universal, comércio a retalho só para os brasileiros (os portugueses só
poderiam vender no atacado), fim da escravidão, liberdade de expressão e de imprensa. O
Presidente nomeado da Província, Herculano Ferreira Pena, foi afastado.

A sua primeira batalha foi travada no povoado de Maricota (atual cidade de Abreu e Lima).

A Província foi pacificada por Manuel Vieira Tosta, indicado como novo presidente, auxiliado pelo
Brigadeiro José Joaquim Coelho, novo Comandante das Armas. As forças rebeldes foram
derrotadas nos combates de Água Preta e de Iguaraçu.

Com o fim da Praieira, iniciou-se a segunda fase do Segundo Reinado, um período de tranqüilidade
política, fruto do Parlamentarismo e da Política da Conciliação implantados por D. Pedro II.

Guerra contra Oribe e Rosas: 1851-1852

A chamada Guerra contra Oribe e Rosas, ocorrida no meado do século XIX, integra o conjunto das
Questões Platinas, na História das Relações Internacionais do Brasil.

À época, o presidente da Argentina, Juan Manuel Rosas, uniu-se ao presidente do Uruguai, Manuel
Oribe, na tentativa de fazer um só país. Esse desequilíbrio de forças na bacia do rio da Prata
ameaçava os interesses do Império do Brasil, que tomou a iniciativa de invadir o Uruguai (1851) e,
na Batalha de Monte Caseros (1852), venceu a guerra.

Neste contexto ocorreu a passagem de Tonelero, no rio Paraná, protagonizada por uma Divisão
Naval da Marinha do Brasil, em 17 de Dezembro de 1851. As forças brasileiras, sob o comando do
Almirante Grenfell, forçaram a passagem de Tonelero e desembarcaram os efetivos da 1a. Divisão
do Exército, comandados pelo Brigadeiro Manuel Marques de Souza depois conde de Porto Alegre,
que se engajaram em combate contra as forças argentinas.

Guerra contra Aguirre: 1864


A chamada Guerra contra Aguirre, ocorrida no meado do século XIX, integra o conjunto das
Questões Platinas, na História das Relações Internacionais do Brasil.

O conflito se inscreve na defesa dos interesses do Império do Brasil naquela, diante do rompimento
das relações diplomáticas entre a Argentina e o Uruguai em 1864.

Tendo a agitação política voltado a dominar o Uruguai, apresentou reflexos negativos junto aos
estancieiros brasileiros na fronteira da Província do Rio Grande do Sul, que passaram a ter as suas
propriedades invadias e o seu gado furtado durante operações de razia popularmente conhecidas
como "califórnias". Os brasileiros estabelecidos no Uruguai (estimados em 40 mil pessoas) também
passaram a ser alvo de perseguições e violência contra pessoas e propriedades.

O governo imperial brasileiro tentou intervir diplomaticamente junto ao presidente uruguaio,


Atanásio da Cruz Aguirre, mas não logrou sucesso.

Foi formulado um ultimato, que não foi aceito. O Uruguai pretendia anular o Tratado de Limites de
1852, posição que abandonou diante da disposição brasileira em ocupar militarmente o território
entre Quaraí e Arapeí.

Embora os efetivos militares nas linhas de fronteira tudo fizessem para evitar que as disputas no
Uruguai se refletissem no Rio Grande do Sul, o general Venâncio Flores, que disputava o poder no
Uruguai, não conseguiu evitar que a violência atingisse o território brasileiro. Solicitou, desse
modo, o apoio do Império, sob a forma de um empréstimo financeiro e a presença, em Montevidéu,
de uma divisão do Exército brasileiro.

Organizou-se, assim, uma Divisão de Observação, transformada em seguida em Divisão


Auxiliadora, integrada por um efetivo de quatro mil homens, sob o comando do brigadeiro
Francisco Félix Pereira Pinto. Transpondo a fronteira em março de 1864, atingiu a localidade de
Unión em junho, onde estabeleceu quartel.

Ao mesmo tempo, o almirante Tamandaré e as forças brasileiras na fronteira receberam ordens de


procederem a represálias e adotarem as medidas convenientes para proteger os interesses dos
brasileiros.

Com estas medidas, ganhou-se tempo para que se coordenasse uma operação de invasão do
Uruguai, iniciada a 16 de Outubro, por um efetivo de seis mil homens sob o comando do general
João Propício Menna Barreto. Este efetivo marchou sobre Mello, dividida em duas divisões de
Infantaria. Alcançado esse objetivo, as tropas brasileiras avançaram sobre Paysandú, sitiada por um
mês, enquanto as forças brasileiras ali se concentravam.

Enquanto isso, com o apoio da esquadra brasileira, as forças uruguaias sob o comando de Venâncio
Flores sitiaram a vila de Salto no rio Uruguai, que veio a capitular, sem resistência, a 28 de
Novembro desse mesmo ano.
Finalmente, à s 9 horas da manhã de 31 de Dezembro de 1864, as tropas brasileiras (com as do
brigadeiro Antônio Sampaio e as de Carlos Resin justapostas), com o apoio naval da esquadra
brasileira, sob o comando de Tamandaré, atacaram Paysandú. As tropas brasileiras atacaram
frontalmente e pelo flanco direito, e as do general Flores pelo esquerdo. A resistência de Paysandú
foi denodada e pertinaz, tendo durado todo o dia e entrado pela noite. Na manhã de 1° de Janeiro de
1865 a povoação capitulou, tendo o seu comandante, Leandro Gomes sido aprisionado, vindo a ser
morto por seus compatriotas, em contradição à s normas de conduta da guerra.

Conquistada Paysandú, as tropas imperiais brasileiras receberam ordens de marchar sobre a capital,
Montevidéu. Passando por Colônia do Sacramento, impuseram sítio à capital no início de fevereiro.
A 15 de Fevereiro, Aguirre era deposto, formando-se um Governo Provisório dirigido pelo general
Venâncio Flores.

Finalmente, a 20 de Fevereiro de 1865, assinou-se a convenção de paz. Por ela, as propriedades


confiscadas aos súditos brasileiros no Uruguai eram devolvidas. bem como reconhecidas as
reclamações brasileiras.

Como desdobramento, o governante do Paraguai, Solano Lopez, pretendendo defender os legítimos


interesses do Uruguai neste conflito, terminaria por precipitar a eclosão da Guerra da Tríplice
Aliança, na região.

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