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Soneto

de
Camões
Erros meus, má fortuna, amor
Professora: Lurdes Augusto
ardente
Soneto de Camões

Erros meus, má fortuna, amor ardente


Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a fortuna sobejaram,
Que pera mim bastava amor somente.

Tudo passei; mas tenho tão presente


A grande dor das cousas que passaram
Que as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos;


Dei causa a que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.

De amor não vi senão breves enganos…


Oh! quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!

Ana Matias, Andreia Duarte, Bruna Silva, Miguel Moreira


Soneto de Camões
má sorte
Enumeração Erros meus, má fortuna, amor ardente
personificação
hipérbole Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a fortuna sobejaram, sobrar
Que pera mim bastava amor somente.

dá ideia de ser sofredor


Tudo passei; mas tenho tão presente saber de experiência
A grande dor das cousas que passaram própria e vivida
Que as magoadas iras me ensinaram
assume o erro. A não querer já nunca ser contente. Apercebe-se que a
Após reflexão sobre felicidade são apenas
a sua experiência de Errei todo o discurso de meus anos; breves momentos e que
vida Dei causa a que a Fortuna castigasse de seguida volta
As minhas mal fundadas esperanças. novamente o sofrimento
dá razão
De amor não vi senão breves enganos… suspensão do pensamento
interjeição Oh! quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!

comportamento

Ana Matias, Andreia Duarte, Bruna Silva, Miguel Moreira


Soneto de Camões

 Paráfrase
Primeira quadra: o sujeito poético inicia
Erros meus, má fortuna, amor ardente a quadra com uma enumeração dos
Em minha perdição se conjuraram; elementos que se uniram para a sua
Os erros e a fortuna sobejaram, perdição (os seus erros, a má sorte e o
Que pera mim bastava amor somente. amor), e refere que somente o amor
bastava para o fazer sofrer, ou seja ele é
o principal culpado do seu sofrimento.
Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram
Que as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente.
Segunda quadra: nesta quadra, o sujeito
poético aborda o seu descontentamento,
dizendo, por experiência própria, que
tudo o que passou ainda está presente, e
que não vale a pena ter momentos
felizes se brevemente irá sofrer.

Ana Matias, Andreia Duarte, Bruna Silva, Miguel Moreira


Soneto de Camões

 Paráfrase Primeiro terceto: o sujeito poético assume


que mereceu a má sorte que teve e refere
novamente que não vale a pena alimentar
Errei todo o discurso de meus anos;
a esperança, se vai voltar a sofrer, ou
Dei causa a que a Fortuna castigasse seja, o sujeito, após uma reflexão sobre o
As minhas mal fundadas esperanças. seu trajecto de vida, não está contente com
o seu percurso.

Segundo terceto: neste terceto, o sujeito


poético conclui que no amor apenas se
sentiu enganado, apercebe-se que a
De amor não vi senão breves enganos… felicidade é uma soma de breves
Oh! quem tanto pudesse, que fartasse momentos felizes que sempre são
sucedidos de sofrimento.
Este meu duro Génio de vinganças!
Os últimos dois versos finais apresentam um
lamento final dirigido a alguém
que o pudesse ajudar a superar as suas
angústias, fruto do seu comportamento.

Ana Matias, Andreia Duarte, Bruna Silva, Miguel Moreira


 Divisão do Soneto de Camões

Soneto
Erros meus, má fortuna, amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a fortuna sobejaram,
Primeira Divisão: os dois primeiros
versos, porque o sujeito
faz uma introdução ao que vai
Que pera mim bastava amor somente. desenvolver no resto do soneto.

Tudo passei; mas tenho tão presente


A grande dor das cousas que passaram Segunda Divisão: A partir do terceiro
Que as magoadas iras me ensinaram verso da segunda quadra até ao
A não querer já nunca ser contente. primeiro verso do segundo terceto. O
sujeito aborda de forma reflexiva os
Errei todo o discurso de meus anos; erros, a má sorte e o amor, explicando
Dei causa a que a Fortuna castigasse tudo o que passou, até a um último
As minhas mal fundadas esperanças. desabafo.

De amor não vi senão breves enganos… Terceira Divisão: Esta terceira e última
Oh! quem tanto pudesse, que fartasse divisão, inicia-se no segundoverso do
Este meu duro Génio de vinganças! segundo terceto e termina com um
lamento no terceiro verso do terceto.

Ana Matias, Andreia Duarte, Bruna Silva, Miguel Moreira


Soneto de Camões

 Apreciação da abordagem ao tema e


relação com as temáticas camonianas
Neste soneto, há uma relação do sujeito consigo
próprio, com o leitor e com o amor fatal. Há também
uma relação com o homem do renascimento. *

*Renascimento é o reviver da antiga cultura greco-romana.


*O homem renascentista acreditava que a verdade era
encontrada por meio da experiência, da reflexão e da observação.

Ana Matias, Andreia Duarte, Bruna Silva, Miguel Moreira


Soneto de Camões

Figuras de estilo
Enumeração: porque o sujeito está a enumerar os elementos que se
conjuraram para o levar à perdição : os seus erros, a má sorte e o amor
fatal.

Hipérbole: porque o sujeito poético assume aqui a possibilidade de existir


uma conjura, ou seja um plano para o levar à perdição, o que funciona
como um reforço do seu sofrimento e vitimização.

Ana Matias, Andreia Duarte, Bruna Silva, Miguel Moreira


 Questões
Soneto de Camões

P: Por que razão o sujeito poético nos diz que já não quer
voltar a ser feliz?

R: Segundo o sujeito, não vale a pena estar feliz, porque vai


novamente sofrer, a esperança é uma ilusão, tal como a
felicidade, porque tudo isso não passa de breves momentos
de enganos.

Ana Matias, Andreia Duarte, Bruna Silva, Miguel Moreira


Soneto de Camões

Questões
P: Por que motivo o sujeito poético mereceu a má fortuna que
teve?

R: Ele mereceu a má fortuna que teve, pois cometeu muitos


erros e foi castigado por eles (ele assume o erro), ou seja,
deixou-se levar pela esperança e pelo amor e não o deveria
ter feito.

Ana Matias, Andreia Duarte, Bruna Silva, Miguel Moreira

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