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Comta-sse que hu rrato, amdando sseu caminho para emderenar sseus neguoios,
ueo arriba de ha augua, a quall ell nom podia passar. E estamdo assy cuydadoso
arriba da augua, veo a ell hua rra e disse-lhe:
- Sse te prouuer, eu te ajudarey a passar esta augua.
E o rrato rrespomdeo que lhe prazia e que lho agradeia muyto. E a rra fazia esto
pera emganar o rrato, e disse-lhe:
- Amiguo, legemos ha linha no pee teu e meu e ssube em cyma de mym.
E o rrato feze-o assy. E, depois que forom no meo da augua, a rra disse ao rrato:
- Dom velhaco, aqui morredes maa morte.
E a rra tiraua pera fundo, pera afogu-lo de so a augua, e ho rrato tiraua pera ima.
E, estando em esta batalha, vios hu minhoto que andaua voamdo pello aar e tomouos com as hunhas e comeos ambos.
Em aquesta hestoria este doutor rreprehemde os homes, os quaes com boas
palauras e does de querer fazer proll e homra a sseu proximo, emganosamente lhes
fazem maas obras, porque all dizem com as limguoas e all teem nos sseus coraes.
E esto sse demostra per a rra, a quall dizia que queria passar o rrato e tijnha no sseu
coraom preposito de ho afoguar e matar, como dicto he em cima.
(Transcrio de Jos Joaquim Nunes, Crestomatia arcaica, Lisboa: Clssica Ed., 1943,
p.72-3)
Nesta histria este doutor repreende os homens, os quais com boas palavras e doces
de querer fazer proveito e honra a seu prximo, enganosamente lhe fazem ms obras,
porque outra coisa dizem com as lnguas e outra coisa tm nos seus coraes.
E isto se demonstra pela r, a qual dizia que queria passar o rato e tinha no seu
corao propsito de o afogar e matar, como disse / foi dito acima.