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Ieda Tucherman
Este artigo é centrado numa hipótese contida neste enunciado que sugere que
o estilo que caracteriza a nossa atualidade teria sua inspiração ou sua
referência nas narrativas e nos filmes que convencionamos classificar como
sendo ficção-científica. Estamos propondo portanto considerar que, no nosso
momento atual, estamos inarredavelmente próximos dos temas, das
questões, dos personagens e das situações que desde o Frankenstein de Mary
Shelley, de 1815, considerado como o primeiro romance de ficção-científica,
até os filmes como a trilogia Matrix dos irmãos Wachovski ou as realizações de
David Cronenberg, fazem a definição mesma desta expressão: ficção-
científica.
Para a nossa cultura ocidental isso tem uma dramaticidade própria uma vez
que aprendemos a pensar em torno de referências opositivas: ou natural ou
artificial ou ciência ou arte. Mesmo o mundo moderno, nosso mais próximo
passado, foi formulado a partir dessas tipologias de diferenças, de tal maneira
que a relação homem-máquina, que é, de longe, o mais freqüente tema da
ficção científica e da pós-modernidade cultural, apareceu como uma
polaridade: ou a máquina liberaria o homem e o conduziria ao ápice do seu
espírito, tal como vemos em alguns textos de Marx, na estética futurista, em
algumas obras de Marcuse ou a máquina esmagaria o homem,
desumanizando-o, tal como vemos em Tempos modernos de Chales Chaplin,
mas também nos escritos de Adorno, Benjamim, Heidegger e outros.