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Donna J. Haraway
P. 35 :
Ensaio1 para construir um mito politico, pleno de ironia, que seja fiel ao feminismo, ao socialismo e
ao materialismo.2
A autora fala que a blasfemia é a melhor tradição secular-religiosa. Ela nos protege da maioria moral
interna, ao mesmo tempo em que insiste na necessidade da comunidade. A ironia ali encontrada
tem a ver com manter juntas as coisas incompatíveis. A ironia tem a ver com humor e jogo sério e
constitui ma estratégia retórica e m método político.
P. 36: Os movimentos internacionais de mulheres têm construído aquilo que se pode chamar de
“experiência de mulheres”, que tem a ver tanto com a ficção quanto a um fato crucial, mas político.
A libertação (de que? Existiria uma libertação mais verdadeira que as outras?) depende da
construção da consciência da opressão, que depende da apreensão imaginativa e, portanto, da
apreensão da possibilidade. É sobre vislumbrar hipóteses de vida para além de denunciar as políticas
de morte. O ciborgues é uma matéria de ficção e também uma experiência de vida (pensando em
como a Madame Satã já se estrategizava).
A tonteira entre a ficção científica e a realidade social é uma ilusão de ótica. A ficção científica
contemporânea está cheia de ciborgues – criaturas que são simultaneamente animal e máquina, que
habitam mundos que são, de forma ambígua, tento naturais quanto fabricados. Aqui ela á começa a
propor uma teoria conjunta de natureza-cultura.
P. 37: A guerra moderna é uma orgia ciborguiana codificada por meio da cila c3i (comando, controle,
comunicação, inteligência).
Ela está argumentando em favor do ciborgue como uma ficção que mapeia nossa realidade social e
corporal. E também como um recurso imaginativo que pode sugerir alguns frutíferos acoplamentos.
Ela cita o conceito de biopolítica de Foucault.
Somos todos híbridos, quimeras, teóricos & fabricados, máquina & organismo, ciborgues. O ciborgue
é a nossa ontologia, ele determina nossa política – a maneira como o ser vivo nessa atual sociedade
é visto para funcionar até deixar de ter funções.
Ciência e política ocidental: tradição do capitalismo racista, dominado pelos homens; a tradição do
progresso; a tradição da apropriação da natureza como matéria para a produção da cultura; a
tradição da reprodução do eu a partir dos reflexos do outro.
A relação entre organismo e máquina tem sido uma guerra de fronteiras que coloca em jogo os
territórios da produção, da reprodução e da imaginação.
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Aaaa
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Sss
Este ensaio é um argumento em favor da responsabilidade em sua construção. É também um esforço
de contribuição para a teoria e cultura socialista-feminista, de uma forma pós-modernista, não
naturalista, na tradição utópica de imaginar um mundo sem gênero, que será talvez um mundo sem
gênese mas também um mundo sem fim.
P. 38: O ciborgue é uma criatura de um mundo pós-gênero. É também o telos (intenção) apocalíptico
dos crescentes processos de dominação ocidental.
Ele não tem compromisso com:
- bissexualidade;
- simbióse pré-edípica;
- trabalho não-alienado;
- totalidade orgânica que pudesse ser obtida por meio da apropriação última de todos os poderes as
respectivas partes, as quais se combinaram, então, em uma unidade maior.
- narrativa que faça apelo a um estado original no sentido ocidental – o que é bastante irônico,
considerando por ser a intenção apocalíptica dos crescentes processos de dominação ocidental, que
postulam uma subjetivação abstrata, que prefiguram um eu último, libertado de toda dependência,
um homem no espaço.
P. 39: Hilary Klein argumenta que tanto o marxismo quanto a psicanálise, por meio dos conceitos de
trabalho, individuação e formação de gênero, dependem da narrativa da unidade original, a partir da
qual a diferença deve ser produzida e arregimentada, num drama de dominação crescente da
mulher/natureza.
Com o ciborgue, a natureza e a cultura são reestruturadas: uma não pode mais ser o objeto de
apropriação ou de incorporação pela outra. Em um mundo de ciborgues, as relações para se
construir totalidades a partir das respectivas partes, incluindo as da polaridade e da dominação
hierárquica, são questionadas.
P. 40: os ciborgues não são reverentes; não conservam qualquer memória do cosmo; por isso não
pensam em recompô-lo. Eles desconfiam de qualquer holismo, mas anseiam por conexão – eles
parecem ter uma inclinação natural por uma política de frente unida, mas sem o partido de
vanguarda. O principal problema com os ciborgues é, obviamente, que eles são filhos ilegítimos do
militarismo e do capitalismo patriarcal, isso para não mencionar o socialismo de estado. Mas os
filhos ilegítimos são, com frequência, extremamente infiéis às suas origens. Seus pais são, afinais,
dispensáveis.
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Jjdhaudha
4
Jjj
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Kkkk
miniaturização acaba significando poder; o pequeno não é belo: tal como ocorre com os
mísseis ele é, sobretudo, perigoso.
p. 44: As pessoas estão longe de serem assim tão lúcidas, pois elas são, ao mesmo empório,
materiais e opacas. Os ciborgues, em troca, são éter, quintessência. É precisamente a
ubiquidade e a invisibilidade dos ciborgues que faz com essas minúsculas e leves máquinas
sejam tão mortais. Eles são difíceis de ver (política e materialmente falando). Eles têm a ver
com a consciência ou com sua simulação6.
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Llllll