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Territórios de Filosofia
Durante uma de suas “conversações infinitas”, Hans-Ulrich Obrist me pede para fazer uma pergunta
urgente, que artistas e movimentos políticos deveriam responder em conjunto. Eu digo: “Como viver
com os animais? Como viver com os mortos?”. Outra pessoa pergunta: “E o humanismo? E o
feminismo?” Senhoras, senhores e outros, de uma vez por todas, o feminismo não é um humanismo.
O feminismo é um animalismo. Dito de outro modo, o animalismo é um feminismo dilatado e não
antropocêntrico.
Já que toda a modernidade humanista soube apenas fazer proliferar tecnologias da morte, o
animalismo deverá convidar a uma nova maneira de viver com os mortos. Com o planeta como
cadáver e como fantasma. Transformar a necropolítica em necroestética. O animalismo torna-se
portanto uma festa fúnebre. Uma celebração do luto. O animalismo é rito funerário, nascimento. Uma
reunião solene de plantas e de flores em torno das vítimas da história do humanismo. O animalismo é
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02/02/2023 12:39 O feminismo não é um humanismo – Paul Beatriz Preciado – Territórios de Filosofia
A mudança necessária é tão profunda que se costuma dizer que ela é impossível. Tão profunda que
se costuma dizer que ela é inimaginável. Mas o impossível está por vir. E o inimaginável nos é
devido. O que era o mais impossível e inimaginável, a escravidão ou o fim da escravidão? O tempo
de animalismo é o do impossível e o do inimaginável. Este é o nosso tempo: o único que nos resta.
*O escrito de Beatriz Preciado traduzido para o português foi originalmente publicado no seguinte
território:
http://www.opovo.com.br/app/colunas/filosofiapop/2014/11/24/noticiasfilosofiapop,3352134/o-
feminismo-nao-e-um-humanismo.shtml
(http://www.opovo.com.br/app/colunas/filosofiapop/2014/11/24/noticiasfilosofiapop,3352134/o-
feminismo-nao-e-um-humanismo.shtml)
** A tradução do escrito foi realizada por Charles Feitosa e sua revisão técnica é da feitoria de
Alessandro Sales e Paulo Oneto.
***A imagem capturada faz parte dos maravilhosos e intensos trabalhos da artista peruana Ana
Teresa Barboza. Para conhecer mais sobre suas linhas e obras afectivas acesse os territórios:
http://anateresabarboza.blogspot.com.br/ (http://anateresabarboza.blogspot.com.br/)
http://lefilconducteurinenglish.wordpress.com/2013/07/21/ana-teresa-barboza-gubo/
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02/02/2023 12:39 O feminismo não é um humanismo – Paul Beatriz Preciado – Territórios de Filosofia
Não sou eu que não consigo compartilhar com o mundo, é muito pelo contrário.
Mas se estiver enganado, então todo mundo é covarde, ao se expor sempre vai precisar de
máscaras.
Eu considero máscara qualquer postura ou atitude contra a “desordem” e principalmente contra o
fracasso da “civilização”.
Para não rirem ou desejarem minha cabeça fora do corpo, porque não estou brincando, tampouco
declarando guerra à sociedade:
Hoje acordei um segundo antes do despertador, e jamais tive a presunção de ser melhor que o
tempo.
Fiz um carinho na face de minha companheira e disse:
– Amor, não sou melhor e nem pior que a humanidade, talvez não seja humano. Sou apenas uma
criatura, feliz, embora não identificada. Bom dia, até à noite.
Ela suspirou, agarrou-se ao travesseiro, e respondeu:
– Graças a Deus. Tenha um bom dia de trabalho.
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2. CIBELE FELIPE PEREIRA DISSE:
18 DE NOVEMBRO DE 2015 ÀS 01:51
Do mesmo modo, a adoção de políticas descentralizadoras maximiza as possibilidades por conta
do fluxo de informações.
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3. MARCUS VALERIO XR DISSE:
1 DE JANEIRO DE 2016 ÀS 04:30
FANTÁSTICO!!! É de um beleza literalmente… ANIMAL!!!
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