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Extinção do crédito tributário

Com relação às causas de extinção do crédito


tributário, o art. 156 do CTN traz um rol de
causas extintivas. Permanece a dúvida
quanto se o referido rol é taxativo ou
exemplificativo.
A doutrina aponta a redação do art. 111 do CTN, para
afirmar que não a vedação no CTN quanto a interpretação
que amplie as causas extintivas do crédito tributário. Isto
porque o art. 111 do CTN, que define parâmetros para a
interpretação da legislação tributária, não faz qualquer
menção quanto a extinção do crédito tributário, como
pode-se ver a seguir:
Art. 111 - Interpreta-se literalmente a legislação tributária
que disponha sobre: I - suspensão ou exclusão do crédito
tributário; II - outorga de isenção; III - dispensa do
cumprimento de obrigações tributárias acessórias.
A jurisprudência, no entanto, é inconclusiva sobre o assunto.
Na ADI-MC (medida cautelar em ação direta de
inconstitucionalidade) 1.917-DF, o STF expressou entendimento de
que o referido rol seria taxativo. Tal entendimento foi sustentado
entre 1998 e 2002.
Em 2002, no julgamento da ADI-MC 2.405-RS, o STF, ao permitir,
ainda que provisoriamente, que lei estadual dispusesse sobre
outras causas que não as constantes do art. 156 do CTN, o
entendimento do STF enveredou para a posição de que o referido
rol é meramente exemplificativo.
Contudo, em 2007, no julgamento do mérito da ADI 1.917-DF, o
STF posicionou-se no entendimento de que o rol é taxativo.
Ainda está pendente de julgamento definitivo de mérito a ADI
2.405-RS.
Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
I - o pagamento;
II - a compensação;
III - a transação;
IV - remissão;
V - a prescrição e a decadência;
VI - a conversão de depósito em renda;
VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos
termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;
VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º
do artigo 164;
IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a
definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto
de ação anulatória;
X - a decisão judicial passada em julgado.
XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições
estabelecidas em lei.
É sempre bom ter em mente que,
independentemente do inadimplemento do
crédito tributário, existem vedações legais e
jurisprudenciais quanto as formas que a
administração pública poderá valer-se para
cobrar o seu crédito.
Algumas vedações jurisprudenciais são:

SÚMULA Nº 70
É INADMISSÍVEL A INTERDIÇÃO DE ESTABELECIMENTO COMO MEIO COERCITIVO PARA
COBRANÇA DE TRIBUTO.

SÚMULA Nº 323
É INADMISSÍVEL A APREENSÃO DE MERCADORIAS COMO MEIO COERCITIVO PARA
PAGAMENTO DE TRIBUTOS.

SÚMULA Nº 547
NÃO É LÍCITO À AUTORIDADE PROIBIR QUE O CONTRIBUINTE EM DÉBITO ADQUIRA
ESTAMPILHAS, DESPACHE MERCADORIAS NAS ALFÂNDEGAS E EXERÇA SUAS ATIVIDADES
PROFISSIONAIS.
Há 40 anos, o Sistema Tributário brasileiro era estruturado de acordo com a forma e a cor
das estampilhas .Havia estampilhas federais, estaduais e municipais e as diretrizes da
Política Fiscal concentravam-se em disciplinar - arduamente- a hierarquia dos formatos das
estampilhas e a tropicalidade das suas cores. Estas e aquelas obedeciam a uma sagrada
ordem de mutações: segundo a competência constitucional impositiva; segundo a natureza
e o valor do tributo; segundo os dotes e a imaginação do artífice gravador da matriz da
estampilha, que contribuía até com mais inteligência que o legislador para a criação do
tributo. Naquele tempo, graças ao colorido e ao formato das estampilhas, o chamado
Sistema Tributário era um Carnaval. Só havia confusão, muito papel colorido e era até
divertido.
(BECKER, Alfredo Augusto. Carnaval Tributário. São Paulo: Lejus, 2004)
Pagamento (arts. 157 a 163 e 165 a 169 do CTN)
Diferentemente do que pode ocorrer no Direito Civil, a penalidade pecuniária
não pode compensar o crédito tributário.

Art. 157. A imposição de penalidade não ilide o pagamento integral do


crédito tributário.

Assim, comparativamente, podemos dizer que no Direito Civil existem casos em


que a penalidade substitui o crédito, como pode ser visto no seguinte artigo do
Código Civil:

Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total


inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a
benefício do credor.

Contudo, no Direito Tributário, sempre haverá a cumulação da penalidade com o


crédito tributário.
Art. 158. O pagamento de um crédito não importa em presunção de
pagamento:
I - quando parcial, das prestações em que se decomponha;
II - quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros
tributos.

Novamente, comparando o Direito Civil com o Direito Tributário, persiste


diferença a favor do fisco.
No Direito Civil, como pode ser visto no art. 322 do CC:

Art. 322. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da


última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas
as anteriores.

O mesmo não ocorrer no Direito Tributário.


Exemplo: (...)
Art. 159. Quando a legislação tributária não dispuser a respeito,
o pagamento é efetuado na repartição competente do domicílio
do sujeito passivo.

Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do


pagamento, o vencimento do crédito ocorre trinta dias depois
da data em que se considera o sujeito passivo notificado do
lançamento.

Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é


acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante
da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e
da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta
Lei ou em lei tributária.
§ 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são
calculados à taxa de um por cento ao mês.
A LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA, segundo o art. 96 do CTN, compreende leis, tratados e
convenções internacionais, decretos e normas complementares.

O pagamento é efetuado na repartição


competente do domicílio do sujeito passivo.

Ou seja:
O tempo do pagamento, o vencimento do
Quando a LEI crédito ocorre 30 dias depois da data em que
se considera o sujeito passivo notificado do
ou lançamento.

LEGISLAÇÃO
não fixar: Os juros de mora são calculados à taxa de 1%
ao mês.
O parágrafo único do art. 160 e o art. 161 e seu § 2º tratam,
respectivamente, das consequências pecuniárias sobre o crédito
tributário, do pagamento feito antecipadamente, do atraso por
parte do sujeito passivo e da pendência de consulta perante o fisco.

Art. 160; Parágrafo único. A legislação tributária pode conceder


desconto pela antecipação do pagamento, nas condições que
estabeleça.

Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é


acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante
da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e
da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta
Lei ou em lei tributária.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de
consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para
pagamento do crédito.
A legislação pode
conceder desconto O atraso gera
pela antecipação juros de mora,
do pagamento nas Vencimento do penalidades e
condições em que crédito aplicação de
estabeleça. tributário medidas de
Basta que o (previsto na garantias,
desconto esteja legislação) previstas em LEI.
previsto na (Art. 161 do CTN)
LEGISLAÇÃO.
(Art. 160, parágrafo
único, do CTN)
Decisão Pagamento sem
Formulação
desfavorável ao acréscimos
da consulta
sujeito passivo moratórios

Vencimento
Compensação (arts. 170 e 170-A do CTN):

Comparativamente, o Direito Civil trata a


compensação da seguinte forma:
Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo
tempo credor e devedor uma da outra, as duas
obrigações extinguem-se, até onde se
compensarem.
Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas
líquidas, vencidas e de coisas fungíveis.
No Direito Tributário, a compensação é regulada da seguinte forma:

Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que


estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à
autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos
tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos,
do sujeito passivo contra a Fazenda pública.
Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a
lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu
montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a
correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo
tempo a decorrer entre a data da compensação e a do
vencimento.
Ou seja:
Para que haja compensação:
1.Tem que haver lei autorizando (a lei civil é aplicada
subsidiariamente);
2.Tem que haver acordo entre as partes;
3.O crédito pode ser vencido ou vincendo, mas neste caso
sofrerá redução de 1% ao mês pelo tempo que decorrer
entre a data da compensação e a do vencimento.
OBS.: se houver litígio, a compensação somente pode
ocorrer apôs o trânsito em julgado da respectiva decisão
judicial.
Transação (art. 171 do CTN):

Novamente, o assunto também é tratado pelo


Código Civil:

Art. 840. É lícito aos interessados prevenirem ou


terminarem o litígio mediante concessões
mútuas.
Assim, são exigidos 3 requisitos para que possa
haver transação no Direito Tributário:
1.Previsão em lei;
2.Dúvidas com relação ao valor real do crédito de
ambos os lados (se não houvesse dúvida, não
poderia haver transação, uma vez que dispõe o
art. 3º do CTN – o qual traz a definição de tributo
– que a cobrança é uma atividade plenamente
vinculada);
3.Concessões mútuas.
Remissão (art. 172 do CTN)
É um perdão da dívida. Distingui-se da anistia, a qual recai
sobre a penalidade.
Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por
despacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário,
atendendo:
I - à situação econômica do sujeito passivo;
II - ao erro ou ignorância excusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de
fato;
III - à diminuta importância do crédito tributário;
IV - a considerações de eqüidade, em relação com as características pessoais
ou materiais do caso;
V - a condições peculiares a determinada região do território da entidade
tributante.
Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito
adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155.
Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não
gera direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se
apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer
as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os
requisitos para a concessão do favor, cobrando-se o crédito
acrescido de juros de mora:
I - com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou
simulação do beneficiado, ou de terceiro em benefício daquele;
II - sem imposição de penalidade, nos demais casos.
Pagamento antecipado e homologação (art. 150, §§ 1º e
4º, do CTN):
Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto
aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever
de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade
administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade,
tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo
obrigado, expressamente a homologa.
§ 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste
artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior
homologação ao lançamento.
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco
anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse
prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado,
considera-se homologado o lançamento e definitivamente
extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo,
fraude ou simulação.
Dação em pagamento em bens imóveis (art. 156, XI, do
CTN)

Forma introduzida no CTN pela LC 104/01. Mantêm a


natureza pecuniária da obrigação tributária. O
oferecimento do bem imóvel pelo sujeito passivo deve ser
espontâneo.

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