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Apostila de Fabricação

de Instrumentos Musicais

Instituto do Bambu

Grupo Bambuzal

Carlos Melo

O BAMBUZAL - ONDE TUDO COMEÇA


muito utilizado no Brasil para fazer papel como
o de sacos de cimento. O Bambu é uma planta da
família das gramíneas, que se presta para fabricar
uma infinidade de produtos, desde colheres e
utensílios de cozinha até habitações, passando
por móveis, artesanato, etc..
Nossa apostila está voltada para a
fabricação de Instrumentos Musicais utilizando o
bambu como matéria prima. Este processo
começa com a escolha de bambus maduros e
cortados de forma adequada.
Dentre as muitas qualidades do bambu
uma é muito atraente, pois em comparação com
a madeira seu crescimento é de impressionar.
Enquanto a madeira demora entre 10 e 30 anos
Foto 1 – Bambuzal em Alagoas para ser cortada, dependendo da espécie, no
bambu essa média é de 3 a 5 anos, e em muitos
Existem mais de mil espécies casos vem a substituir com grandes vantagens o
de bambu, espalhadas por quase todos os uso da madeira, o que o torna um material
continentes da terra. Seu potencial é economicamente viável e ecologicamente
conhecido principalmente no continente correto.
asiático, onde inúmeras formas de utilizá- Lembre-se de EVITAR A DEPREDA-
lo vem sendo desenvolvidas conforme a ÇÃO ao retirar material da touceira.
tecnologia disponível, desde a idade da Sua forma já é uma caixa acústica, o que
pedra lascada até os dias de hoje, quando a abre muitas possibilidades para a construção de
laminação tem aberto novas utilizações instrumentos musicais, além de ser muito leve.
para o bambu.
Em Alagoas o bambu mais
comum é o Bambuza vulgaris,
O BAMBU COMO ALIMENTO HUMANO

Seu broto até os trinta dias é utilizado


como fonte de alimentação humana,
principalmente no Oriente. Lá existe uma
grande variedade de pratos que utiliza o broto
do bambu. O processo de tratamento é ferver
por duas ou três vezes o broto, trocando a água,
e após esse procedimento utilizá-lo como
ingrediente culinário.

Foto 2 – Broto de Bambu

O BAMBU MADURO

A escolha do bambu para ser


trabalhado seja como artesanato ou como
instrumentos é de extrema importância para
um bom resultado. Começa no bambuzal, onde
se deve observar a forma de cortar o colmo
para não deixar os tocos em forma de copos,
pois estes acabam prejudicando a touceira.
Depois de cortado deixa-se secar à sombra
para que parte de sua umidade e amido saia
através da evaporação nas folhas. Pode-se
aplicar um tratamento preservativo contra
insetos logo a seguir da secagem ou após o
instrumento pronto. O Bambu na esquerda da
Foto 3 – Bambu maduro a esquerda foto está “maduro” e pronto para ser cortado.
Notamos que, em relação ao da direita, aquele
já perdeu as bainhas e os pêlos em volta do nó.
Observamos também que sua cor é mais
escura.

O INSETO QUE MAIS ATACA O BAMBU

A “BROCA” é o inseto que mais ataca


o bambu, porém outros que normalmente
atacam madeira também atacam o bambu,
como o cupim. Estes dois são os mais
freqüentes, porém o tratamento feito com
cuidado resolve o problema.
Foto 04 – Dinoderus Minutus

TRATANDO O BAMBU CONTRA INSETOS

O Tratamento recomendado pelo Instituto do Bambu é ferver o bambu com água


sanitária ou soda cáustica até que ele começe a mudar de cor (isso se faz utilizando-se tonéis de
metal cortados ao meio colocados em um suporte) ou aplicar inseticidas recomendados.

CLASSIFICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS

• AEROFONES - O som é produzido pela vibração do ar.

• CORDOFONES - O som é produzido pela vibração de cordas, seja


percutida ou fissionada.

• ELETROFONES - O som é produzido pela vibração de alto-


falantes.

• IDEOFONES - O som é produzido pela vibração do corpo do


próprio instrumento, é o caso do BAMBU.

• MEMBRANOFONE – O som é produzido pela vibração de uma


membrana.

INSTRUMENTOS MUSICAIS DE BAMBU

O Bambu é muito utilizado na fabricação de Instrumentos Musicais,


principalmente nos continentes africano e asiático, onde muitos instrumentos tradicionais
milenares são feitos com esse material. Atualmente alguns instrumentos industrializados são
produzidos, como um Violão da Yamaha e de alguns Luthiers (quem constrói instrumentos),
Baterias que algumas fábricas produzem , etc...

Dentre os mais conhecido Instrumentos de Bambu temos as Flautas, entre elas as


da Região da Cordilheira dos Andes conhecidas como Soponhas ou Flautas de Pan. No Brasil
existem as Flautas de Pífanos, muito populares principalmente no Sertão Nordestino, feitas com
um Bambu cujos entrenós são mais longos, facilitando a construção da flauta. Embora tenha
muitos nomes populares esse bambu é mais conhecido como “Taboca”.
O TRABALHO COM FERRAMENTAS
Toda ferramenta é potencialmente perigosa, desde que manuseada sem seguir
rigorosamente as “NORMAS DE SEGURANÇA”. Nas mãos de um artesão atento e cuidadoso
nenhuma ferramenta é perigosa, porém em mãos de descuidados qualquer ferramenta é
“perigosíssima”. Então como regra geral temos que observar: SEMPRE SEGURAR
FIRMEMENTE A FERRAMENTA; A PEÇA A SER TRABALHADA DEVE ESTAR
MUITO BEM PRESA; muita atenção e concentração no trabalho; e NUNCA DEIXAR A
MÃO NA LINHA DE CORTE DA FERRAMENTA.

• USE SEMPRE ÓCULOS DE PROTEÇÃO.


• USE SEMPRE LUVAS QUANDO ESTIVER TRABALHANDO COM MÁQUINAS.
• ANTES DE USAR QUALQUER MÁQUINA, VEJA BEM SE ESTÁ FUNCIONANDO
CORRETAMENTE.
• PRESTE ATENÇÃO ONDE PISA.
• LEMBRE-SE SEMPRE QUE SEU TRABALHO É IMPORTANTE PARA VOCÊ E SEUS
ENTES QUERIDOS, POIS É DELE QUE VEM SEU SUSTENTO.
• PRENDA BEM O MATERIAL A SER TRABALHADO AO USAR MÁQUINAS.

NOSSO CURSO SE COMPÕE DE UMA SÉRIE DE QUATRO


INSTRUMENTOS SEGUINDO UMA METODOLOGIA GRADATIVA DE COMO
TRABALHAR COM BAMBU. TÉCNICAS APLICADAS NA PRÁTICA PERMITEM A
VOCÊ ALUNO FAZER ,ALÉM DE INSTRUMENTOS, VÁRIOS OUTROS OBJETOS
COM BAMBU.

PRIMEIRO INSTRUMENTO
O RECO-RECO
(Ganzá)
Reco-reco ou ganzá é um instrumento de percussão que produz um som
provocado por atrito. É mais conhecido como um pedaço de madeira ou bambu com sulcos
transversais, que são friccionados com uma haste de madeira. Possui vários nomes: na
Bahia, ganzá, casaca no Espírito Santo e catacá ou caracaxá no Amazonas. Já era usado
pelos negros africanos e indígenas brasileiros e hoje acompanha muitas danças populares
do Brasil, sendo muito conhecidos os de metal com uma corneta e duas ou três molas
esticadas, utilizados pelas Escolas de Samba. Na América Latina Espanhola é conhecido
como Guiuro, muito usado em ritmos como salsa, rumba, bolero, ect..
Um dos passos mais
importantes na construção dos
instrumentos é a escolha do bambu. O
mesmo deve estar seco (com mais de
quarenta e cinco dias de secagem) não
estar rachado e preferencialmente um
de aparência agradável. Depois de
escolhido se lava com água e escova.
Na foto ao lado algumas ferramentas
Foto 03 – Material e ferramentas manuais para este passo.

Devemos tomar muito


cuidado ao prender o bambu, pois,
embora seja muito resistente em
alguns aspectos, é muito frágil quando
o prendemos em tornos de mesa como
o da foto. De apertamos muito, este
racha, então toda atenção neste
momento, pois qualquer descuido
pode significar perda de trabalho.

Foto 4 – Escolha do bambu

É melhor prendê-lo
utilizando uma borracha para que o
torno não marque o futuro instrumento,
lembrando que não podemos apertar
demais, sentindo a pressão suficiente
para fixar bem a peça.

Foto 5 – Prendendo o Bambu


Serrar o bambu com serrote
requer muito cuidado e atenção, pois a
sua fibra é muito longa e muito fácil de
lascar. O serrote pode também ser
utilizado para “adiantar” o corte, e a
partir daí deixamos para finalizar com
a serra e arco, como na Foto 07.

Foto 6 – Utilizando o serrote

Utilizamos o arco de serra


porquê possui dentes menores que o
serrote, então é mais fácil serrar o
bambu sem que ocorram aquelas
lascas.

Foto 7 –Utilizando o arco


e serra

Fazemos as marcações para


que os “sulcos” fiquem uniformes e
com um visual padronizado.

Foto 8 – Fazendo as marcações


.

Usando um “ferro em canto”


entalhamos os sulcos no bambu. Esse
tipo de ferramenta merece muito
cuidado, pois sua afiação requer muito
tempo. Um bom artesão sabe da
importância de se manter as
ferramentas em boas condições para o
Foto 9 – Fazendo os sulcos com trabalho.
ferro em canto (goiva em V)
Usamos uma esmerilhadeira,
com disco de desbaste, para fazer os
sulcos no instrumento. Lembre-se
sempre de não travar a ferramenta, usar
com o dedo no botão liga/desliga, e
prestar muita atenção.

Foto 10 – Esmerilhadeira

Com o instrumento já pronto


damos acabamento, lixando ou polindo
o mesmo. O acabamento pode melhorar
um trabalho razoável, como também
pode “matar” um bom trabalho. Nessa
fase final a paciência é muito
importante pois isso é um grande fator
de valor agregado.

Foto 11 – Reco-Reco Pronto


São muitas as formas
possíveis de se fabricar reco-
recos, tente uma diferente.
Lembre-se sempre que um
bom produto requer paciência
e dedicação e, sobretudo, um
bom acabamento. Isto valoriza
muito a peça. Tenha certeza
que a recompensa virá, em
forma de reconhecimento e
remuneração financeira.

Fototo12 – Outros Modelos

SEGUNDO INSTRUMENTO
O PAU-DE-CHUVA

Esse instrumento é muito comum nas culturas Indígenas Brasileiras, e é originário da


América do Sul, Peru, Bolívia e Brasil. É ideal para ser construído com bambu, evitando o uso
de madeiras quase extintas. Muito apreciado como instrumento de “efeito”, o pau-de-chuva
também exerce uma grande atração nas pessoas comuns pelo seu som característico e relaxante.

Para construí-lo utilizamos o bambu e palitos feitos com bambu ou mesmo palitos de
dentes que, além de serem muito baratos, estão padronizados, o que adianta muito o trabalho.

Ferramentas usadas: furadeira,


canivete, alicate de corte, goiva com cabo
de vassoura, goiva comum.
Por uma questão de praticidade
utilizamos palitos de dentes, pois fazer
estes, de bambu, leva muito tempo.
Foto 13 – Ferramentas
Temos que usar uma goiva, com
cabo de vassoura para conseguir retirar a
parte interna dos nós. Usamos um pedaço
de bambu com quatro nós, ou seja, três
entrenós. Só retiramos três nós, deixando o
“de baixo” fechado.

Foto 14 – Tirando os Nos


Passamos uma fita crepe em volta do
bambu seguindo uma espiral, depois
marcamos com o lápis, sempre seguindo a
mesma distância, e para facilitar utilizamos
um “gabarito”.
Foto 15 – Marcando os furos

Usamos uma broca do mesmo


diâmetro dos palitos, e tomamos cuidado
para não furar o lado oposto, para que
fique um espaço vazio entre a ponta do
palito e a parede do bambu.

Foto 16 – Fazendo os furos


dos palitos
Os palitos não se encostam à parede
oposta aos furos do bambu, ficando um
espaço entre a ponta do palito e o bambu.

Foto 17 –.Os palitos colocados


Fazemos um nó de bambu encaixar
na extremidade aberta, por onde vamos
colocar as sementes (ou outro material)
que vão fazer o efeito, quando inclinarmos
o instrumento.

Foto 18 – Fazendo a tampa do


pau-de-chuva

Conforme o tipo do material


colocado no interior do bambu temos um
tipo de som diferente. Por exemplo:
colocando arroz teremos um som mais
delicado do que se colocarmos miçangas
de plástico.

Foto 19 – Colocando as Sementes


Devemos tomar muito cuidado na
hora de travar a tampa pois se o furo
ultrapassar o nó ficara um acabamento
muito feio.
Foto 20 – Travando a tampa
Depois de fecharmos o instrumento,
podemos fazer uma decoração. Isso agrega
mais valor ao produto. Lembre-se que a
Identidade Cultural de um povo é sempre
muito valorizada quando usada como
ornamentação em artesanato, isso pode ser
aplicado aos instrumentos.

Foto 21 – O pau-de-chuva pronto


TERCEIRO INSTRUMENTO

O DJEMBE
Este é um Milenar Instrumento Africano, construído com uma árvore chamada Dejem e
pele de Cabra. Portanto Djembe é a junção das palavras árvore+cabra. Esse instrumento tem a
particularidade de dar três sons diferencias: Agudo, Médio e Grave, que faz dele um instrumento
muito versátil. Está hoje em moda na Europa, onde existem clubes no qual pessoas e famílias se
juntam para tocar esse instrumento. No Brasil foi introduzido há pouco tempo, e a cada dia
cresce o número de entusiasmados pelo Djembe.

Relembrando que um bom produto


começa com um bom material, escolha
bem o bambu.

Foto 22 – Material
Usamos uma fita métrica para
dividir quantos serão os cortes feitos no
bambu com a serra circular portátil .

Foto 23 – Fazendo as Marcações

Para tirar o nó do bambu usamos uma


goiva adaptada a um cabo de vassoura,
assim alcançando a parte interna dos nós.
Tome cuidado para que a ponta da goiva
não bata nos chão.

Foto 23 – Abrindo o Nó
do bambu
Seguindo as marcas serramos o
mais reto possível, pois isto facilitará
muito o trabalho. Muita atenção ao utilizar
a serra circular portátil, nunca use uma
máquina com a trava acionada.

Foto 24 – Serrando o bambu

Prendemos uma abraçadeira e


apertamos bem, pois isso evita que o
bambu rache.

Foto 25 – Fixando abraçadeira

Usamos um aro feito de barra


chata para abrir o bambu.

Foto 26 – Dando a forma


Nesse momento aquecemos o
bambu com um maçarico, para que a forma
se mantenha

Foto 27 - O aro segura a forma

Marcamos com lápis as ripas a


serem ajustadas.

Foto 28 – Marcando as Ripas

Dando forma às ripas com o


disco de lixa.

Foto 29 – Ajustando as Ripas


Ajustando as ripas. Aqui é
necessário ter muita paciência e atenção
para se obter um bom resultado.

Foto 30 – Montando as ripas

Fechando o instrumento com


as ripas. Escolha bem as ripas, e procure
deixá-las as mais parecidas possíveis, ou
seja, de preferência com a mesma
espessura.

Foto 31 – Fechando o Instrumento

Aplicando resina para fechar


as frestas. Isso melhora o som do
instrumento.
Foto 32 – Passando Resina

Dando acabamento com


cola. Aqui tenha muita atenção para não
deixar nenhuma falha.

Foto 33 – Dando acabamento


Lixando. Essa etapa é importantí-
ssima, pois o acabamento por si só já
agrega muito valor ao produto.

Foto 34 – Lixando

Na foto pode-se ver o instrumento


lixado e pronto para receber a pele. Nesta
fase vem o acabamento com seladora e
cera de abelha diluída em querosene.

Foto 35 - Pronto para a Pele


Fazendo o aro com vergalhão de
ferro “doce”. Dê a forma ao aro e depois o
solde.

Foto 36 – Fazendo os aros


Usamos uma fita de cetim para
enrolar o aro. Muita atenção para que a fita
fique uniforme. No final passamos um
pouco de cola branca para fixar a fita.

Foto 37 – Enrolando o Aro


Dando os nós no aro com corda
de nylon seda. Deixe uma mesma distância
entre cada nó.

Foto 38 – Dando os nos do aro


Deixamos a pele de molho em
água. Feche-a no primeiro aro, que não
precisa de fita.

Foto 39 – Colocando o aro na pele

Colocamos o aro com os nós sobre


o que esta por baixo da pele.

Foto 40 - Colocando o aro do Cordal

Colocando a corda que vai afinar a


pele. Muita atenção quando esticar as
cordas, este será apertado progressi-
vamente. Cortamos as sobras e apertamos
para afinar a pele, depois do que
“trançamos” as cordas. Isto irá subir a
afinação do instrumento.

Foto 41 - Ajustando as cordas


O instrumento pronto. Lembre
sempre que o acabamento é a fase mais
importante do trabalho, quando todo o
produto aparece de forma valorizada.
Podemos ainda fazer alguma forma de
decoração, com isso agregando mais valor
ao instrumento.

Foto 42 – O Instrumento Pronto


Entre os instrumento possíveis de serem
fabricados com esta técnica temos: Bata,
Mirdanga, Djembe e tambor Falante.
Quem sabe você poderá fabricar outros?

Fotos 43 e 44 – Tambor Falante * instrumentos cuja técnica consiste em


e Bata – Família Djembe* abrir o bambu e preencher as aberturas
com ripas ajustadas.

QUARTO INSTRUMENTO
FAMÍLIA SURDO
O REPINIQUE

O surdo é um instrumento derivado de tambores e bumbos, que no


Brasil teve uma grande aceitação no Samba. Com as Escolas de Samba passou a ter uma
importância muito grande na Musica Popular Brasileira. Nosso protótipo é baseado nos que
são muito usados nas Escolas de Samba.
Usaremos: barra chata de ½”,
arrebites, ripas de bambu e furadeira.

Foto 45 – Ferramentas e material

Dando forma circular à barra


chata. Muita atenção para que o aro fique
uma circunferência o mais regular
possível.

Foto 46 – Preparando o
aro com barra chata

Arrebitando as ripas nos aros.


Aqui muita atenção para que as ripas
arrebitadas fiquem alinhadas, pois isso
deixa o instrumento aprumado, o que
facilitará a colocação das demais ripas.
Fotos 47 e 48 – Arrebitando

Lixamos as ripas para deixá-las


com lados paralelos. Isso é muito
importante pois quanto mais retas as ripas
mais facil seu ajuste.

Foto 49 – Acertando as ripas


Ajustando as ripas nos aros.
Aqui utilizamos elásticos para fixá-las nos
aros. Tenha muita paciência e atenção pois
é aqui que o instrumento toma a forma
definitiva.

Foto 50 – Ajustando as ripas

Terminando o ajuste das ripas.


Quanto melhor o ajuste, melhor será a
aparência final do instrumento.

Foto 51 - Ripas ajustadas

Aplicamos resina para fechar as


frestas internas do Instrumento e, como já
dito, isso melhora o som do instrumento.

Foto 52 – Aplicando Resina


Passando cola nas frestas
externas. Essa fase requer muita atenção e
concentração, afinal é a fase de
acabamento.

Foto 53 – Colando as ripas

Dando acabamento com


raspadeira e lixadeira orbital. Quanto mais
esmero, melhor ficará o instrumento.

Fotos 53, 54 – Dando acabamento

Na foto se vê os aros externos


já prontos. Dois deles são decorados com
fitas de cetim e envoltos com os nós. Os
outros dois ficarão por baixo da pele. Os
nós devem ficar o mais regular possível, e
com o mesmo número e distância nos dois
aros.

Foto 55 – Os aros prontos


Aparando o excesso de pele,
porém deixando uma sobra. Esta fase é
onde o instrumento vai tomando a sua
forma final.

Foto 56 – Preparando as Peles

Ajustando as peles e os aros.


Aqui todo cuidado é pouco, pois qualquer
falha compromete o instrumento, e
significa desfazer tudo e refazer outra vez.
Portanto muita atenção e concentração.

Foto 57 – Ajustando as peles

Colocando as cordas. Aqui o


começo da fase final, portanto preste
atenção. As cordas passam duas vezes no
mesmo nó, e estes, nos dois aros, devem
estar alinhados, pois qualquer falha fará o
instrumento ficar com o cordal
desalinhado.

Foto 57 – Colocando as Cordas


Esticando as peles. Cuidado para
não rasgar a pele com o alicate.

Foto 58 – Esticando as Peles


Retirando os pêlos da pele.
Cuidado, pois aqui utilizamos um bisturi,
um vidro ou outra ferramenta altamente
cortante, o que pode cortar a pele,
significando perda de trabalho.

Foto 59 – Tirando os Pêlos

O repenique pronto. Este


instrumento é muito usado em Escolas de
Samba e Bandas Afro. Caso seja
necessário afinar o instrumento basta
trançar o cordal.

Foto 60 – O repenique
Dentre os
instrumentos desta família,
temos: Surdos, Timbal,
Timbales, Caixas, Zabumba,
entre outros.

Fotos 61 - Surdo

* Instrumentos que utilizam a


técnica de colar ripas em volta
de um aro ou barra chata.

Foto 62 - Caixa e Timbal


Família Surdo*

ALGUNS CUIDADOS FUNDAMENTAIS COM A SEGURANÇA

• NUNCA É DEMAIS FALAR E PRATICAR A SEGURANÇA.


• TENHA SEMPRE EM MENTE QUE, SEGUINDO AS NORMAS DE SEGURANÇA, A
CHANCE DE ACIDENTES É MÍNIMA.
• QUANTO MAIS HABILIDADE AQDQUIRIMOS COM FERRAMENTAS, MAIS SEGUROS
NOS SENTIMOS, PORÉM NADA DE RELAXAR COM AS NORMAS DE SEGURANÇA NO
TRABALHO, AFINAL SÃO ELAS QUE GARANTEM NOSSO SUSTENTO E NOSSA
INTEGRIDADE FÍSICA.
• LEMBRE-SE SEMPRE QUE AS FERRAMENTAS MANUAIS E AS MAQUINAS,
PRESCISAM DE MANUTENÇÃO PARA QUE SEU FUNCIONAMENTO E RENDIMENTO
SEJAM SATISFATÓRIOS, PORTANTO MELHORANDO O DESEPENHO DO
PROFISSIONAL.
RELAÇÃO DE FERRAMNTAS UTILIZADAS

TODAS AS FERRAMENTAS UTILIZADAS NESTA APOSTILA


FERRAMENTAL

- Alicates: comum, de corte e bico fino.


- Arco de serra
- Arrebitadeira
- Bisturi
- Brocas
- Canivete
- Disco de Lixadeira de 7 ½” adaptado ao moto esmeril
- Facão
- Fita métrica
- Ferro em Canto (Goiva em “V”)
- Furadeira
- Esmerrilhadeira
- Goiva adaptada em cabo de vassoura
- Goiva Comum
- Lixadeira Orbital
- Maçarico de ouvires
- Metro
- Moto esmeril adaptado com mandril de 5/8”
- Réguas: comum de um metro e flexível
- Serra Circular de 7 ½”
- Serra Tico-Tico
- Serrote
- Tesoura
- Trena

MATERIAIS DE CONSUMO

- Abraçadeira em fita
- Arrebites
- Barra Chata de ½”
- Colas: arraudite, branca e prego liquido.
- Corda de Nylon Seda na cor preta
- Couro de Cabra
- Disco de lixa: pedra de 7 ½” e 4 1/2 “ de números 24 e 100
- Elástico de bagageiro de motocicleta
- Fita adesiva
- Fita de Cetim
- Fita crepe
- Lixas: ferro números 60 e 100 e madeira números 150 e 220
- Lamina de bisturi
- Lápis 6B
- Vergalhão de ferro doce
EPI (Equipamentos de Proteção Individual)

- Luvas
- Mascara
- Protetores de Ouvidos
- Óculos

Ferramentas Utilizadas em cada Protótipo

RECO-RECO

Ferramentas – Arco de Serra, Serrote, Ferro em canto, Esmerrilhadeira com disco de


desbaste, trena, lápis.
Material – Um entrenó de bambu, lixa, selador, cera.
Custo aproximado de materiais – R$ 1,50
Tempo de execução aproximado: uma hora com ferro a canto e 15 minutos com
esmerrilhadeira.
*Acrescentar mão de obra

PAU DE CHUVA

Ferramentas – Arco de serra, furadeira, trena, goiva adaptada com cabo de vassoura,
canivete, broca da espessura dos palitos de dentes.
Material – Quatro entrenós de bambu, 50 palitos de dentes, lixa, selador, cera.
Custo aproximado de materiais – R$ 2,50
Tempo de execução aproximado: duas horas
*Acrescentar mão de obra

DJEMBE

Ferramentas – Serra circular, fita métrica, trena, goiva adaptada com cabo de vassoura,
Moto esmeril com disco de lixa, lixadeira orbital.
Material – Dois entrenós de bambu, uma pele de cabra, três aros de ferro doce, 150 gramas
de corda de nylon seda, cola, 1,20 metro de fita de cetim, disco de lixa de 4 ½” de números
24 e 80, folhas de lixa números 100, 150 e 220, selador, cera.
Custo aproximado de materiais – R$ 45,00
Tempo de execução aproximado: Seis horas
*Acrescentar mão de obra
REPINIQUE

Ferramentas –Arrebitadeira, facão, fita métrica, metro, Moto esmeril com disco de lixa,
lixadeira orbital, folhas de lixa, esmerrilhadeira.
Material –Trinta ripas de bambu, duas peles de cabra, quatro aros de ferro doce, cola,
resina com aerosil,150 gramas de corda de nylon seda, dois metros de fita de cetim, disco
de lixa de 4 ½” de números 24 e 80, folhas de lixa números 100, 150 e 220, selador, cera.
Custo aproximado de materiais – R$ 55,00
Tempo de execução aproximado: Seis horas
*Acrescentar mão de obra.

*Valor de referencia da hora trabalhada do artesão em Maceió Alagoas R$ 7,00.

OBS: A pele de cabra ou de bode, quando comprada de forma natural, ou seja, apenas
esticada ao sol sem nenhum produto é bem mais barata que as compras em lojas, e
redem duas peles, porem temos que raspar os pelos.

Esta publicação foi desenvolvida pelo Instituto do Bambu


através de financiamento do SEBRAE-AL e da FAPEAL.

INSTITUTO DO BAMBU
CNPJ 05478561/0001-14

Fone/Fax: 82-2141503
Av Lourival Melo Mota S/N
Campus A. C. Simões/UFAL
Tabuleiro dos Martins, Maceió – CEP 57072-900
Alagoas – Brasil

http://www.institutodobambu.org.br
atendimento@institutodobambu.org.br

* Veja também a Cartilha de Fabricação de Móveis de Bambu para maiores informações


sobre o trabalho de colheita, tratamento e artesanato com bambu.
* Visite também a parte informativa em http://www.bambubrasilerio.com
GRUPO BAMBUZAL
Consultores:
ABEL DOS ANJOS – flautista, desenhista, fotógrafo, pesquisador e construtor de
instrumentos.
CARLOS MELO – escultor, designer, baixista, pesquisador e construtor de instrumentos.
WILSON SANTOS – percussionista, professor de percussão, pesquisador de ritmos afro-
brasileiros, ritualísticos de cultos afro-brasileiros e folclóricos, pesquisador e construtor de
instrumentos.
ISAIAS SILVA – percussionista, artesão e aprendiz do Projeto de Instrumentos Musicais.
PAULO GONZAGA – percussionista e aprendiz do Projeto de Instrumentos Musicais.

Fotos e Texto: Carlos Melo

Revisão: Raphael Moras de Vasconcellos

Maio de 2004
As informações contidas nesse documento não podem ser reproduzidas em sua
totalidade ou parcialidade nem repassadas a terceiros sem a devida autorização por
escrito do INSTITUTO DO BAMBU . A infringência da mesma estará sujeita a sanções
legais conforme Lei nº 9.610/98 , Lei nº 9.279/96 e Lei nº 9.609/98 .

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