Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A bomba carneiro, também conhecida por bomba aríete e carneiro hidráulico, é uma bomba
dágua simples de ser construída e com a grande vantagem de não requerer nenhuma fonte
de energia externa para funcionar. Ela funciona com a própria pressão da coluna dágua que
ela usa para bombear a água para um ponto mais alto do terreno.
Para quem deseja construir sua própria bomba carneiro, como a foto ao lado, publicamos
aqui um trabalho já tornado público, muito bem documentado e de fácil compreensão
realizado pelo Professor Geraldo Lúcio Tiago Filho do CERPCH – Centro Nacional de
Referência em Pequenos Aproveitamentos Hidroenergeticos da UNIFEI de Itajubá/MG.
O trabalho com o parafuso, porcas e mola é inverter o seu funcionamento para que o
fluxo de água seja permanente até ser interrompido pela pressão/atrito que exerce a
própria vazão, sobre a mola, no aumento de fluxo de água. Quer dizer:
- Cada vez que acontecer o fecho da válvula (sendo vencida a resistência mecânica da
mola pelo atrito do fluxo de água vazando pela válvula) haverá um efeito de “golpe de
ariete” (aumento brusco da pressão interna do sistema, por acumulação/compressão
das moléculas de água) que fará que parte da água (aprox. 1/5) saia pela outra válvula
de retenção vertical que é descrita no projeto.
- Logo, estabilizado o sistema e sem fluxo hidráulico, a mola exercerá a sua função
abrindo o passo da água e recomeça o ciclo anterior (figura 2).
- Então, o parafuso estará fixado/rosqueado ao crivo por sua parte inferior/posterior
(não a válvula ou a peça de oclusão). O parafuso regula a pressão da mola com o seu
ajuste, a mola se encontra entre a porca do extremo do parafuso e a válvula.
Apresentação
A bomba “carneiro”, ou carneiro hidráulico é um dispositivo automático elevador de água. Seu
princípio de funcionamento é simples. Um fluxo de água atravessa o corpo do mecanismo, quando a
velocidade desse fluxo atinge um valor adequado, uma válvula o interrompe abruptamente. A
energia cinética da água toda (não só a do corpo da bomba, como também aquela da canalização)
determina no corpo da bomba um violento golpe. Esse golpe é suficiente para empurrar uma certa
quantidade de água a uma boa altura, sendo recolhida numa caixa d’água. A bomba carneiro
transforma energia cinética da água em energia potencial. Seu rendimento hidráulico é pequeno.
A montagem didática a seguir põe em destaque esse “golpe de aríete” devido à brusca Interrupção
do movimento da água e a sua conseqüente elevação.
Nota: Em pesquisa sobre o carneiro hidráulico encontrei um excelente artigo -- Carneiro Hidráulico -
Resgate Secular -- que o Prof. Luiz Roberto Toledo apresenta nas páginas do Globo Rural (outubro de
1997), descrevendo o trabalho do Prof. Luiz Antonio Lima e do pós-graduando (à época) Antonio
Carlos Barreto, da Universidade de Lavras - MG. Tentei por várias vezes entrar em contato com Luiz
Roberto Toledo (através da Revista), sem sucesso, infelizmente. Esse artigo eu reproduzo (três
páginas da Revista Globo Rural de Outubro de 97) depois desse meu modesto trabalho didático
sobre o tema.
Material e Montagem
(a) Cortar a garrafa PET de refrigerante na posição indicada. Veja item (a) do projeto 56- Turbina
à reação, nessa Sala.
(b) Amarre 3 fios de linha de pesca no gargalo da garrafa. Passe suas extremidades livres pelos
orifícios simétricos feitos na borda recém-cortada da garrafa e a seguir una-os em um só fio de
pesca. Fixe o sistema a um suporte. Na boca da garrafa adapte uma rolha de borracha com 1 furo.
(c) Pelo orifício da rolha passe um dos ramos de um cotovelo de vidro. Adapte um tubo de vidro
em forma de T (junção T) a esse cotovelo, mediante um tubinho de látex. Um tubo de vidro de
extremidade afilada (tipo conta-gotas reto) é preso (mediante látex) a perna central do T. Outro
pedaço de tubo de látex é encaixado na extremidade livre do T.
(d) Adapte o conjunto (c) na boca da garrafa e, apertando com os dedos o tubinho de látex livre,
encha a garrafa com água. Quando cheia, solte o tubinho de látex permitindo o escoamento de
água.
Aperte rapidamente esse tubinho, para Interromper bruscamente a saída de água e fazer surgir o
golpe de aríete. Repare na elevação da água na perna central do T. Na bomba carneiro real, esse
estrangulamento é feito automaticamente. Veja, você aproveitou-se da própria energia da água para
fazer subir água!
As válvulas de entrega e de desperdício são feitas com esfera de aço (rolamentos) vedando
compartimento cônico.
Na válvula de desperdício o vértice do cone está 'para cima', na saída de água [ /O\ ] e a esfera
repousa sobre uma tela logo abaixo (quando a pressão diminui --- pela velocidade de escoamento
--- a esfera é sugada e fecha essa saída).
Na válvula de entrega o cone está com o vértice 'para baixo' [ \O/ ] e a esfera está vedando a
entrada de água na garrafa de compressão. Quando a válvula de desperdício se fecha, a onda de
compressão levanta a esfera da válvula de entrega, permitindo a entrada de água na garrafa de
compressão.
Quando a pressão do ar na garrafa se iguala à pressão da água na válvula de entrega, a esfera
desce e veda a comunicação. Na fase seguinte é a pressão do ar dentro da garrafa que, superando
a pressão da coluna de água no tubo de saída, permite a passagem de água da garrafa para o
reservatório superior.
Um modo de ilustrar como o ar comprimido na garrafa 'empurra' a água de seu interior para o
reservatório pode ser evidenciado pela seguinte montagem didática (meu protótipo foi feito com
duas garrafas PET de 2 litros; as próprias tampas foram furadas para permitirem as passagens dos
tubos plásticos):
De início a água do béquer enche o funil; a pressão exercida por essa coluna de água vence a
pressão do ar no interior da garrafa B e desce; o nível de água na garrafa B aumenta e comprime o
ar da garrafa B; a pressão desse ar comprimido transfere-se para a garrafa A, forçando a água de A
transferir-se para a garrafa B via funil --- e o processo continua 'por conta própria'. Uma festa!
Você reconheceu que montagem é essa? Não! Ora, .... é a fonte de Heron! Apenas o prato que
recolhe a água (no modelo tradicional) foi 'trocado' pelo funil e o tubo que 'esguicha' a água para
cima transformou-se no tubinho que joga água no funil (veja Fontes de Heron, e compare!).