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Contabilidade Geral
Mário Mendes de Barros (PR)
18/11/04 - Entendendo a "DOAR" - Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos
A minha proposta para hoje é a discussão de um tema que, por ser apresentado apenas no final
dos livros de contabilidade, muitos candidatos acabam imaginando constituir-se em assunto
complexo e dificultoso deixando, por isso, de enfrentá-lo. Estou certo de que tal fato se dá, mais
pelo cansaço que toma o candidato, dado o acúmulo de matérias e conteúdos que precisam ser
dominados para a obtenção do tão almejado êxito no concurso, que pelo conteúdo da referida
demonstração. Creio que depois dessa leitura você irá constatar que, na realidade, a "DOAR" é
bastante simples e, também, de fácil domínio.
Conforme o "caput" do artigo 188 da Lei 6.404/76, "a demonstração das origens e aplicações de
recursos indicará as modificações na posição financeira da companhia". Por isto, e por conta de
todo o restante do artigo, é possível afirmar que o objetivo da "DOAR" é o de evidenciar as
variações do Capital Circulante Líquido ocorridas entre o início e o término do exercício.
R.: Capital Circulante Líquido é a diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante (CCL =
AC - PC)
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Existe, ainda, uma outra maneira de se chegar à mesma variação. É através da fórmula: "CCL =
PÑC - AÑC", onde: AÑC = "Ativo Não Circulante" (Ativo Realizável a Longo Prazo e Ativo
Permanente) e PÑC = "Passivo Não Circulante" (Passivo Exigível a Longo Prazo, Resultado de
Exercícios Futuros e Patrimônio Líquido). Vejamos:
No exemplo dado, temos (em 2002) um PÑC de 880.000 e um AÑC de 800.000, perfazendo um
CCL de 80.000 e (em 2003) um PÑC de 1.000.000 e um AÑC de 900.000, o que perfaz um CCL
de 100.000. Este CCL (final) de 100.000 menos o (inicial) de 80.000 reflete na mesma variação
de 20.000, apurada anteriormente pela fórmula CCL = AC - PC.
Note que as partes achuriadas nas duas últimas figuras de cada período apresentam a diferença
entre os circulantes ou entre os "não circulantes", ou seja, representam o CCL. Atente para o
crescimento que houve de um ano para o outro em toda a demonstração gráfica. Veja que o
tamanho do CCL no ano de 2003 é maior que o do ano de 2002. Esta diferença refere-se
(exatamente) à variação positiva (de R$ 20.000) ocorrida de um período para o outro.
Bem! Até aqui, creio que foi possível compreender o que é o CCL e o que significa a sua
variação. Porém, isto (embora já seja um grande passo) ainda não é tudo!
Para "dominar" a "DOAR" precisamos saber como se dá essa variação! Sendo assim, para
explicarmos esse fator utilizaremos mais uma vez de duas figuras, analise-as para darmos
seqüência ao nosso estudo:
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Observe que os balanços estão separados em circulante e não circulante por uma faixa. Na
primeira figura, esta linha não é cruzada pelas flechas, enquanto que na segunda, todas as
flechas cruzam-na.
Fixadas as imagens, examinemos alguns fatos contábeis e vejamos quais deles provocam e
quais não provocam variação no CCL.
1. Refletindo, inicialmente, sobre a compra a vista de mercadorias constatamos que ela não
afeta o CCL. Pois, as contas envolvidas serão ambas do Ativo Circulante. Isto é: enquanto um
elemento do Ativo Circulante está sendo aumentado outro está sendo diminuído.
Conseqüentemente, seu total permanecerá inalterado e por isto o CCL não sofrerá variação.
AC PC
Caixa -10.000 . .
Mercadorias +10.000
AÑC PÑC
. .
2. Um outro exemplo de fato que não traz alteração para o CCL, é o depósito de dinheiro em
conta corrente bancária. Mais uma vez, as contas envolvidas são ambas do Ativo Circulante e,
por conseqüência, o CCL se mantém o mesmo antes e depois do fato.
AC PC
Caixa -5.000 . .
Bancos cta. Mov. +5.000
AÑC PÑC
. .
3. E se fizéssemos uma compra a prazo (para pagamento no mês seguinte)? O que ocorrerá?
Novamente estaremos diante de um fato que não afeta o CCL! A única diferença, aqui, é que as
contas envolvidas são uma de Ativo e outra de Passivo Circulante. Todavia, sendo ambas
"Circulantes" não ocorre variação do CCL. Se Ativo e Passivo Circulante aumentam em igual
valor, o CCL não sofre variação.
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AC PC
Mercadorias +18.000 Fornecedores +18.000
AÑC PÑC
. . . .
4. Agora, imagine a hipótese de trocarmos uma dívida de compra a prazo (duplicata a pagar)
junto a um fornecedor por uma nota promissória de igual valor. Outra vez estamos diante de um
fato que não faz variar o CCL. Pois, se ambos os títulos têm vencimento de curto prazo, o
Passivo Circulante estará aumentando e diminuindo, permanecendo inalterado ele e o CCL.
AC PC
Fornecedores -3.500
NP a pagar +3.500
AÑC PÑC
. . . .
5. Prosseguindo os exemplos, vejamos um caso em que um terreno que, por não ser de uso,
fazia parte do Ativo Permanente Investimentos e agora, por estar passando a ser utilizado nas
atividades da empresa, esteja sendo transferido para o Ativo Permanente Imobilizado.
Novamente o CCL não se altera. Pois, ambas as contas movimentadas pertencem ao "Não
Circulante" do Ativo. Desta forma permanecem inalterados os Ativo e Passivo Circulante.
AC PC
. . . .
AÑC PÑC
AP Inv Terrenos. -4.000 . .
AP Imob. Terrenos +4.000
6. Vejamos um outro fato contábil que não resulta em alteração para o CCL! A integralização
de Capital por meio de Máquinas. Do mesmo modo que nos casos anteriores, este fato por se
limitar ao "não circulante" não afeta o CCL.
AC PC
. . . .
AÑC PÑC
Máquinas +15.000Capital .+15.000
.
7. O último fato que apresento, sem variação do CCL é a incorporação de Lucros ao Capital.
Mais uma hipótese de CCL inalterado! As contas envolvidas são (as duas) de Patrimônio Líquido.
Os circulantes permanecem intactos!
AC PC
. . . .
AÑC PÑC
Capital . +5.000
. Lucros Acumulados -5.000
Certamente, a essas alturas, você já terá notado que todos os fatos acima descritos apresentam
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situações que seus registros contábeis (vistos graficamente) não refletem em cruzamento da
"linha divisória do circulante/não circulante" e, por isso mesmo, não produzem variação no CCL.
Em compensação, os fatos que a seguir passarei a apresentar estarão sempre "cruzando" a
"fronteira do circulante/não circulante" o que trará por conseqüência a variação do CCL.
À vista
AC PC
Caixa -7.000
. . . .
AÑC PÑC
Móveis e Utens. +7.000 .
.
A prazo
AC PC
Fornecedores +7.000
AÑC PÑC
Móveis e Utens. +7.000
AC PC
Aplic. Finananceira +500
. . . .
AÑC PÑC
Receita Financeira . +500
.
10. A decisão da Assembléia de distribuir parte dos lucros a título de dividendos é mais um fato
que faz variar o CCL, pois, o Patrimônio Líquido diminui em favor de um aumento do Passivo
Circulante. A "fronteira" é cruzada!
AC PC
Dividendos a Pagar +3.000
. . . .
AÑC PÑC
Lucros Acumulados -3.000
. .
11. Para encerrar reflita sobre a venda de um veículo de uso em dinheiro. A conta caixa será
debitada e a conta de Veículos será diminuída. Desta forma, mais uma vez estamos diante de
um fato que reflete em variação do CCL.
AC PC
Caixa +5.500
. . . .
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AÑC PÑC
Veículos -5.500 .
.
Observamos como o CCL varia. Notamos que ele varia sempre que a "faixa do circulante/não
circulante" é cruzada. Porém, não paramos para avaliar que tipo de variação ocorre em cada
caso apresentado. Se a variação é positiva ou negativa.
Precisamos firmar então os seguintes conceitos: Quando o CCL aumenta, a variação é positiva.
Quando ele diminui, ela é negativa. As variações positivas figuram na "DOAR" como
"Origens" enquanto que as variações negativas são as "Aplicações".
O quadro ao lado tem sido de grande utilidade para alunos para os quais
andei dando aulas nesses últimos anos.
Para conhecermos tal estrutura podemos partir, por exemplo, do texto da Lei. Transcrevo aqui
todo o conteúdo do artigo 188 citado anteriormente (em parte):
a) dividendos distribuídos;
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DOAR
1. ORIGENS
2. APLICAÇÕES
3. VARIAÇÃO DO CCL
1. ORIGENS DE RECURSOS
1.3 - De Terceiros
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2. APLICAÇÕES DE RECURSOS
2.2 - Ajustes ao Prejuízo Líquido (o mesmo que o item 1.1.2, invertidos os sinais)
Hoje, paro por aqui. Na próxima, trarei algumas questões sobre o tema.
Até lá!
Um abraço, fique com Deus, e bons estudos.
Mário
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