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CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA

DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CURSO: Ciências Contábeis DISCIPLINA: Contabilidade Avançada 1

CONTEUDISTA: Marcello Sartore de

AULA 9 – REESTRUTURAÇÃO SOCIETÁRIA

META

Apresentar as estruturas atuais, embasada na Lei das S/A (6.404/76), no que se


refere à Reestruturação Societária, que consiste na Incorporação, Fusão, Cisão e
Transformação das organizações empresariais..

OBJETIVOS

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

1. Conhecer as regras pertinentes às espécies da reestruturação societária, como


a Incorporação, Fusão, Cisão e Transformação, e, ainda, efetuar sua
contabilização.

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1. INTRODUÇÃO
Conforme Viceconti e Das Neves (2018) as sociedades podem se
reorganizar mediante processos de incorporações, fusões ou cisões, ou de outras
maneiras. Estes processos podem ser simples ou complexos e envolver valores e
operações de pequena, média ou grande monta.
Vamos imaginar duas empresas, “Fogo” e “Bota”, que decidem aumentar
suas áreas negociais e, assim, resolvem realizar determinado empreendimento.
Não obstante, os sócios dessas empresas decidem trabalhar juntos, dividindo,
dessa maneira, os riscos e benefícios inerentes ao mercado. Sendo assim, para
que essas empresas não sejam extintas, a legislação societária apresenta
caminhos alternativos, como por exemplo, a fusão.
Neste estudo, além da fusão, iremos tratar de outros tipos de processos de
reorganização e reestruturação de empresas, como a incorporação e a cisão.
O artigo 223 da Lei das S/A estabelece que:
Art. 223. A incorporação, fusão ou cisão podem ser operadas entre
sociedades de tipos iguais ou diferentes e deverão ser deliberadas
na forma prevista para a alteração dos respectivos estatutos ou
contratos sociais.

O parágrafo 3º do mesmo artigo prevê que se a incorporação, fusão ou


cisão envolverem companhia aberta, as sociedades que a sucederem serão
também abertas, devendo obter o respectivo registro e, se for o caso, promover a
admissão de negociação das novas ações no mercado secundário, no prazo
máximo de cento e vinte dias, contados da data da assembleia-geral que
aprovou a operação, observando as normas pertinentes baixadas pela Comissão
de Valores Mobiliários.

2. TIPOS DE REESTRUTURAÇÕES
2.1 INCORPORAÇÃO

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Pelo artigo 227 da Lei das S/A, incorporação é a operação pela qual uma
ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os
direitos e obrigações.
Ainda de acordo com Viceconti e Das Neves (2018), a sociedade
incorporada é extinta, independentemente de sua liquidação ou dissolução.

Fogo
Fogo
Bota
Exemplo:
Seguem os Balanços Patrimoniais de Fogo e Bota (ou seja, antes da
incorporação):
FOGO BOTA
Caixa 1.000,00 2.000,00
Bancos 2.000,00 3.000,00
Duplicatas a Receber 10.000,00 8.000,00
Imóveis 50.000,00 60.000,00
Fornecedores 5.000,00 3.000,00
Duplicatas a Pagar 3.000,00 4.000,00
Capital Social 40.000,00 50.000,00
Reservas de Capital 8.000,00 6.000,00
Reservas de Lucros 7.000,00 10.000,00

Como no exemplo, onde Fogo incorpora Bota, esta deixará de existir. Assim,
de acordo com Moraes Júnior (2016), devemos dar baixa em suas contas
patrimoniais pelos seguintes lançamentos:
INCORPORADA (BOTA):
D – Conta de incorporação 73.000
C – Caixa 2.000
C – Bancos 3.000
C – Duplicatas a Receber 8.000
C – Imóveis 60.000

D – Fornecedores 3.000
D – Duplicatas a Pagar 4.000

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C – Conta de Incorporação 7.000

D – Patrimônio Líquido 66.000


C – Conta de Incorporação 66.000

Lançamentos na INCORPORADORA (FOGO):


D – Caixa 2.000
D – Bancos 3.000
D – Duplicatas a Receber 8.000
D – Imóveis 60.000
C – Conta de incorporação 73.000

D – Conta de Incorporação 7.000


C – Fornecedores 3.000
C – Duplicatas a Pagar 4.000

D – Conta de Incorporação 66.000


C – Patrimônio Líquido 66.000

Balanço Patrimonial APÓS a Incorporação:

FOGO
Caixa 3.000,00
Bancos 5.000,00
Duplicatas a Receber 18.000,00
Imóveis 110.000,00
Fornecedores 8.000,00
Duplicatas a Pagar 7.000,00
Capital Social 90.000,00
Reservas de Capital 14.000,00
Reservas de Lucros 17.000,00

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2.2 FUSÃO
Pelo artigo seguinte, 228, fusão é a operação pela qual se unem duas ou
mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os
direitos e obrigações.

Mengo
Vasco
As duas empresas se fundem para formar uma NOVA empresa!
Fla

Box de Verbete
As antigas, “Mengo” e “Fla”, DESAPARECEM!!!
Fim do box

Exemplo:
Balanço Patrimonial ANTES da FUSÃO:

Mengo Fla
Caixa 1.000,00 2.000,00
Bancos 2.000,00 3.000,00
Duplicatas a Receber 10.000,00 8.000,00
Imóveis 50.000,00 60.000,00
Total do Ativo 63.000,00 73.000,00
Fornecedores 5.000,00 3.000,00
Duplicatas a Pagar 3.000,00 4.000,00
Capital Social 40.000,00 50.000,00
Reservas de Capital 8.000,00 6.000,00
Reservas de Lucros 7.000,00 10.000,00
Total 63.000,00 73.000,00

Lançamentos Contábeis:
I – Lançamentos Na Fla:

D – Conta de Fusão 73.000


C – Caixa 2.000

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C – Bancos 3.000
C – Duplicatas a Receber 8.000
C – Imóveis 60.000

D – Fornecedores 3.000
D – Duplicatas a Pagar 4.000
C – Conta de FUSÃO 7.000

D – Patrimônio Líquido 66.000


C – Conta de FUSÃO 66.000

II – Lançamentos na Mengo:
D – Conta de Fusão 63.000
C – Caixa 1.000
C – Bancos 2.000
C – Duplicatas a Receber 10.000
C – Imóveis 50.000

D – Fornecedores 5.000
D – Duplicatas a Pagar 3.000
C – Conta de FUSÃO 8.000

D – Patrimônio Líquido 55.000


C – Conta de FUSÃO 55.000

III – Lançamentos na VASCO ( resultante da fusão):


D – Caixa 3.000
D – Bancos 5.000
D – Duplicatas a Receber 18.000
D – Imóveis 110.000
C – Conta de FUSÃO 136.000

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D – Conta de FUSÃO 15.000
C – Fornecedores 8.000
C – Duplicatas a Pagar 7.000

D – Conta de FUSÃO 121.000


C – Patrimônio Líquido 121.000
BALANÇO PATRIMONIAL APÓS A FUSÃO:

VASCO
Caixa 3.000,00
Bancos 5.000,00
Duplicatas a Receber 18.000,00
Imóveis 110.000,00
Total Ativo 136.000,00
Fornecedores 8.000,00
Duplicatas a Pagar 7.000,00
Capital Social 120.000,00
Reservas de Capital -
Reservas de Lucros -
Total 136.000,00

BOX de Verbete
O Patrimônio Líquido de Mengo e Fla formarão o Capital Social de VASCO.
FIM DO BOX

2.3 – CISÃO
Já o artigo 229, estabelece que cisão é a operação pela qual a companhia
transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas
para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver
versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão.

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Desse modo, a cisão ocorre se a empresa FLU (cindida) transfere seu
patrimônio de maneira integral, ou até mesmo de forma parcial, para a empresa
BANGU (já existente) ou AMÉRICA (criada para esse fim específico).
A empresa transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais
sociedades.

Lançamentos Contábeis:
Trabalhando com base nos exemplos de Moraes Júnior (2016), vamos
imaginar que a Empresa FLU possua o seguinte Balanço Patrimonial:
Ativo Passivo
Circulante Circulante
Caixa 1.000,00 Fornecedores 5.000,00
Bancos 2.000,00 Duplicatas a Pagar 6.000,00
Duplicatas a Receber 10.000,00 Empréstimos a Pagar 7000
Títulos a Receber 3.000,00 Imposto de Renda a Pagar 4000
Aplicações Financeiras 5.000,00 Encargos Sociais a Recolher 9000
Não Circulante PL
Imóveis 50.000,00 Capital Social 50.000,00
Depreciação Acumulada -6.000,00
Máquinas 20.000,00
Depreciação Acumulada -4.000,00
Total 81.000,00 81.000,00

No caso da empresa FLU, seus sócios decidiram promover sua cisão


parcial, constituindo, com isso, uma nova organização, denominada BANGU, que
receberá 40% do patrimônio da empresa cindida (FLU).

Para fazer a transferência de parcela de seu patrimônio para a empresa


Bangu, a FLU utilizará como contrapartida uma conta transitória (Cisão Parcial):
LANÇAMENTOS NA CINDIDA (FLU):

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Para as contas do ATIVO:
D- CISÃO PARCIAL 36.400,00
C- Caixa 400,00
C- Bancos 800,00
C- Duplicatas a Receber 4.000,00
C- Titulos a Receber 1.200,00
C- Aplicações Financeiras 2.000,00
C- Imóveis 20.000,00
C- Máquinas 8.000,00

D - Depreciação Acumulada – Imóveis 2.400,00


D - Depreciação Acumulada - Máquinas 1.600,00
C - CISÃO PARCIAL 4.000,00

Para as contas do PASSIVO e PL:


D- Fornecedores 3.600,00
D- Duplicatas a Pagar 2.400,00
D- Empréstimos a Pagar 2.800,00
D- Encargos Sociais a Recolher 3.600,00
C- CISÃO PARCIAL 12.400,00

D - Capital Social 20.000,00


C - CISÃO PARCIAL 20.000,00

Obs: Não foi transferido para a empresa BANGU os valores referentes a


Imposto de Renda a Pagar (4000 x 40% = 1.600), pois devem ser pagos pela
cindida (FLU). Por esta razão, para manter a transferência em 40%, foi repassado
o valor de 1.600 para a conta Fornecedores (5.000 x 40% = .000 + 1.600 = 3.600).

BALANÇO PATRIMONIAL DE FLU APÓS A CISÃO:

Ativo Passivo
Circulante Circulante
Caixa 600,00 Fornecedores 3.000,00
Bancos 1.200,00 Duplicatas a Pagar 3.600,00

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Duplicatas a Receber 6.000,00 Empréstimos a Pagar 4.200,00
Titulos a Receber 1.800,00 Imposto de Renda a Pagar 2.400,00
Aplicações Financeiras 3.000,00 Encargos Sociais a Recolher 5.400,00
Não Circulante PL
Imóveis 30.000,00 Capital Social 30.000,00
Depreciação Acumulada -3.600,00
Máquinas 12.000,00
Depreciação Acumulada -2.400,00
Total 48.600,00 48.600,00

LANÇAMENTOS NA BANGU (Resultante da Cisão):


Para as contas do ATIVO:

D- Caixa 240,00
D- Bancos 480,00
D- Duplicatas a Receber 2.400,00
D- Títulos a Receber 720,00
D- Aplicações Financeiras 1.200,00
D- Imóveis 12.000,00
D- Máquinas 4.800,00
C- CISÃO PARCIAL 14.160,00

D - CISÃO PARCIAL 2.400,00


C - Depreciação Acumulada - Imóveis 1.440,00
C - Depreciação Acumulada - Máquinas 960,00

Para as contas do PASSIVO:

D- CISÃO PARCIAL 7.440,00


C- Fornecedores 1.200,00
C- Duplicatas a Pagar 1.440,00
C- Empréstimos a Pagar 1.680,00
C- Imposto de Renda a Pagar 960,00
C- Encargos Sociais a Recolher 2.160,00

D - CISÃO PARCIAL 20.000,00

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C - Capital Social 20.000,00

BALANÇO PATRIMONIAL DE BANGU APÓS A CISÃO:


Ativo Passivo
Circulante Circulante
Caixa 400,00 Fornecedores 2.000,00
Bancos 800,00 Duplicatas a Pagar 2.400,00
Duplicatas a Receber 4.000,00 Empréstimos a Pagar 2.800,00
Títulos a Receber 1.200,00 Imposto de Renda a Pagar 1.600,00
Aplicações Financeiras 2.000,00 Encargos Sociais a Recolher 3.600,00
Não Circulante PL
Imóveis 20.000,00 Capital Social 20.000,00
Depreciação Acumulada -2.400,00
Máquinas 8.000,00
Depreciação Acumulada -1.600,00
Total 32.400,00 Total 32.400,00

2.4 – TRANSFORMAÇÃO
Na Transformação, que é o caso, por exemplo, de uma empresa Limitada
passar para Sociedade Anônima, o artigo 220 esclarece que a transformação é a
operação pela qual a sociedade passa, independentemente de dissolução e
liquidação, de um tipo para outro.
Em seu parágrafo único prevê que a transformação obedecerá aos
preceitos que regulam a constituição e o registro do tipo a ser adotado pela
sociedade.

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Embasado pelos artigos 221 e 222, a transformação exige o
consentimento unânime dos sócios ou acionistas, salvo se prevista no
estatuto ou no contrato social, caso em que o sócio dissidente terá o direito de
retirar-se da sociedade. Os sócios podem renunciar, no contrato social, ao direito
de retirada no caso de transformação em companhia.
A transformação não prejudicará, em caso algum, os direitos dos
credores, que continuarão, até o pagamento integral dos seus créditos, com as
mesmas garantias que o tipo anterior de sociedade lhes oferecia.
A falência da sociedade transformada somente produzirá efeitos em relação
aos sócios que, no tipo anterior, a eles estariam sujeitos, se o pedirem os titulares
de créditos anteriores à transformação, e somente a estes beneficiará.

3 - Competência Para Incorporação, Fusão E Cisão

Conforme previsto no artigo 122 da Lei das S/A, inciso VIII, as operações
societárias de incorporação, fusão ou cisão devem se submeter ao crivo da
Assembleia Geral.

3.1 - Direito Dos Acionistas


Os acionistas que não concordarem com os processos de incorporação,
fusão ou cisão terão o direito de retirada.
De acordo com o art. 136, da Lei das Sociedades Anônimas, é necessária a
aprovação de acionistas que representem metade, no mínimo, das ações com
direito a voto, se maior quorum não for exigido pelo estatuto da companhia cujas
ações não estejam admitidas à negociação em bolsa ou no mercado de balcão,
para deliberação sobre:
IV - fusão da companhia, ou sua incorporação em outra;
IX - cisão da companhia;

3.1.1 Direito de Retirada

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O artigo posterior, do mesmo diploma legal, 137, menciona que a
aprovação das matérias previstas nos incisos I a VI e IX do art. 136 dá ao
acionista dissidente o direito de retirar-se da companhia, mediante reembolso do
valor das suas ações (art. 45), observadas as seguintes normas (...):

3.1.2 - Direitos dos Debenturistas


Se a companhia objeto da operação societária for emissora de debêntures,
a incorporação, fusão ou cisão dependerá de prévia autorização destes
debenturistas, reunidos em assembleia específica. Essa autorização não será
obrigatória, caso a companhia assegurar o resgate das debêntures em um prazo
mínimo de seis meses.

3.1.3 - Direito dos Credores


Quanto ao direito dos credores, o artigo 232 da Lei das S/A estabelece que
até 60 (sessenta) dias depois de publicados os atos relativos à incorporação ou à
fusão, o credor anterior por ela prejudicado poderá pleitear judicialmente a
anulação da operação; findo o prazo, decairá do direito o credor que não o tiver
exercido.
Já o artigo seguinte, 233, faz constar que na cisão com extinção da
companhia cindida, as sociedades que absorverem parcelas do seu patrimônio
responderão solidariamente pelas obrigações da companhia extinta. A companhia
cindida que subsistir e as que absorverem parcelas do seu patrimônio
responderão solidariamente pelas obrigações da primeira anteriores à cisão.
O parágrafo único do artigo agora comentado, 233, determina que o ato de
cisão parcial poderá estipular que as sociedades que absorverem parcelas do
patrimônio da companhia cindida serão responsáveis apenas pelas obrigações
que lhes forem transferidas, sem solidariedade entre si ou com a companhia
cindida, mas, nesse caso, qualquer credor anterior poderá se opor à estipulação,
em relação ao seu crédito, desde que notifique a sociedade no prazo de 90
(noventa) dias a contar da data da publicação dos atos da cisão.

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4 - Protocolo
Pela Lei das S/A, seu artigo 224 define o que seria o protocolo, que é um
documento preparado pelas sociedades envolvidas, contendo informações
relevantes sobre o processo de operação societária.
Pelo artigo 224, as condições da incorporação, fusão ou cisão com
incorporação em sociedade existente constarão de protocolo firmado pelos
órgãos de administração ou sócios das sociedades interessadas, que incluirá:
I - o número, espécie e classe das ações que serão atribuídas em substituição dos
direitos de sócios que se extinguirão e os critérios utilizados para determinar as
relações de substituição;
II - os elementos ativos e passivos que formarão cada parcela do patrimônio, no
caso de cisão;
III - os critérios de avaliação do patrimônio líquido, a data a que será referida a
avaliação, e o tratamento das variações patrimoniais posteriores;
IV - a solução a ser adotada quanto às ações ou quotas do capital de uma das
sociedades possuídas por outra;
V - o valor do capital das sociedades a serem criadas ou do aumento ou redução
do capital das sociedades que forem parte na operação;
VI - o projeto ou projetos de estatuto, ou de alterações estatutárias, que deverão
ser aprovados para efetivar a operação;
VII - todas as demais condições a que estiver sujeita a operação.
Parágrafo único. Os valores sujeitos a determinação serão indicados por
estimativa.

5 - Justificação
Para que ocorra a operação societária, os envolvidos devem apresentar a
justificação, que consiste numa explanação dos motivos pelos quais decidiram
realizar a operação.
De acordo com o artigo 225, as operações de incorporação, fusão e cisão
serão submetidas à deliberação da assembleia-geral das companhias
interessadas mediante justificação, na qual serão expostos:

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I – os motivos ou fins da operação, e o interesse da companhia na sua realização;
II – as ações que os acionistas preferenciais receberão e as razões para a
modificação dos seus direitos, se prevista;
III – a composição, após a operação, segundo espécies e classes das ações, do
capital das companhias que deverão emitir ações em substituição às que se
deverão extinguir;
IV – o valor de reembolso das ações a que terão direito os acionistas dissidentes.

6 – Capital Social
O artigo seguinte, 226, faz menção ao Capital Social, ao estabelecer que as
operações de incorporação, fusão e cisão somente poderão ser efetivadas nas
condições aprovadas se os peritos nomeados determinarem que o valor do
patrimônio ou patrimônios líquidos a serem vertidos para a formação de capital
social é, ao menos, igual ao montante do capital a realizar.
O parágrafo único do mencionado artigo prevê que as ações ou quotas do
capital da sociedade a ser incorporada que forem de propriedade da companhia
incorporadora poderão, conforme dispuser o protocolo de incorporação, ser
extintas, ou substituídas por ações em tesouraria da incorporadora, até o limite
dos lucros acumulados e reservas, exceto a legal.

Atividades
Atividade 1 (Atende ao Objetivo 1)

1) (FCC/Metro-SP/Analista Trainee/Contabilidade/2008) Fusão é a operação na


qual:
A) duas ou mais companhias se juntam com o objetivo de submeterem-se à
concorrência para execução de um bem ou serviço público, ficando cada uma
responsável por determinada parcela da obra a ser executada.
B) uma sociedade absorve o patrimônio de outra, sucedendo-lhe os direitos e
obrigações.

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C) uma sociedade realiza seus ativos, paga seus passivos e restitui o capital a
seus sócios ou acionistas.
D) uma sociedade transfere parcelas de seu patrimônio para outra que lhe
sucederá em todos os direitos e obrigações.
E) duas ou mais companhias se unem para formar uma sociedade nova, que lhes
sucederá em todos os direitos e obrigações.
Resposta Comentada Letra E, artigo 228 da Lei S/A

2) (FCC/CEAL/Contador/2005) A fusão é uma operação em que


A) uma companhia transfere parcelas de seu patrimônio para uma ou mais
companhias, já existentes ou criadas para tal fim.
B) duas ou mais companhias se unem para formar uma nova que lhes sucederá
em todos os direitos e obrigações.
C) a companhia muda seu objeto social com a finalidade de obtenção de créditos
incentivados.
D) uma companhia absorve o patrimônio de outra, sucedendo-lhe em todos seus
direitos e obrigações.
E) uma companhia se une a uma ou mais companhias com a finalidade de
participar da concorrência em uma obra pública.
Resposta Comentada: Letra B, artigo 228 da Lei S/A

3 (FCC/TRF-2ª Região/Analista Contábil/2008) De acordo com a Lei no 6404/76, a


operação pela qual uma companhia transfere parcelas de seu patrimônio para
uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, é
denominada de:
A) incorporação. B) fusão. C) cisão. D) dissolução. E) encampação.
Resposta Comentada: Letra C, artigo 229 da Lei S/A

4. (FCC/CEAL/Contador/2005) A Cia. Alpha incorporou a Cia. Beta, da qual


detinha 30% das ações. Os balanços patrimoniais das duas companhias estão
reproduzidos abaixo.

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Supondo-se que a incorporação seja feita pelos valores contábeis, o patrimônio
líquido da Cia. Alpha, após a operação, corresponderá (em R$) a
A) 500 000,00 B) 600 000,00 C) 605 000,00 D) 705 000,00 E) 750 000,00
Gabarito Comentado: Letra D
Ao somarmos os dois PL (Capital e Reservas) de Alpha e Beta teremos: 600.000 +
150.000 = 750.000. A princípio, essa seria a resposta.
Mas, percebam que Alpha já possuía 30% de Beta. Portanto, dos 600.000 do PL
de Alpha, já constavam 30% de Beta.
30 % de Beta são: 150.000 x 30% = 45.000
Para fazer essa questão, podemos visualizar de duas maneiras:
1) Considerar o PL de Alpha sem a parcela de Beta (600.000 – 45.000 =
555.000) e acrescentar a incorporação total de Beta: 555.000 + 150.000 =
705.000
2) Outra, considerar o PL de Alpha (600.000), com a parcela de Beta, e
acrescentar o PL de Beta, reduzido de sua participação em Alpha (150.000
– 30% = 105.000) Então, 600.000 + 105.000 = 705.000

Fim da atividade

Resumo
Na presente aula, discutimos as regras previstas na Lei 6.404/76 referente
ao processo de Reorganização Societária, quando analisamos, entre outros, que a
incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por

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outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. A fusão é a operação
pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes
sucederá em todos os direitos e obrigações.
Já a cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu
patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já
existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu
patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão.
Vimos ainda, que a organização deve contabilizar cada combinação de
negócios pela aplicação do método de aquisição, que exige:
(a) identificação do adquirente;
(b) determinação da data de aquisição;
(c) reconhecimento e mensuração dos ativos identificáveis adquiridos, dos
passivos assumidos e das participações societárias de não controladores na
adquirida; e
(d) reconhecimento e mensuração do ágio por rentabilidade futura (goodwill) ou do
ganho proveniente de compra vantajosa.
E, com este material, chegamos ao final do curso de Contabilidade
Avançada I.
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ferrari, Ed Luiz. Contabilidade Geral.13. ed. Niterói: Editora Impetus, 2013.


Ferreira. Ricardo J. Contabilidade Básica. 17ª ed. Rio de Janeiro: Editora Ferreira,
2020.
Moraes Júnior, José Jayme. Contabilidade Geral, Contabilidade Avançada e
Análise das Demonstrações Contábeis. 5ª Ed. Niterói: Editora Impetus, 2016.
Viceconti, Paulo; Neves, Silvério das. Contabilidade Avançada e Análise das
Demonstrações Financeiras. 18ª Ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2018.

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