A região cárstica é rica em calcário, sendo este proveniente do fundo do
mar há mais 500 milhões de anos, segundo o paleontologista Castor Cartelle. Sendo assim, Minas Gerais – uma região especial em relação à presença de paisagem cárstica – já teve, um dia, mar. Para melhor compreensão, devemos saber que o fenômeno cárstico ocorre devido à ação da água, como nos assegura Adelbani da Silva, professor titular do Instituto de Geociência da UFMG: “O fenômeno cárstico é o conjunto de transformações que ocorrem em uma região de rochas carbonáticas como conseqüência da circulação da água”. A maior parte do calcário é de origem marinha como os da região cárstica de Minas Gerais: “O componente principal dos calcários é o carbonato de cálcio cujo mineral é a calcita. (...) A maior parte dos carbonatos antigos foi depositado em ambiente marinho de águas rasas, enquanto que os maiores volumes de calcários atuais são depositados em ambientes marinhos de águas profundas”. Além dessa evidência, alguns fósseis de seres marinhos já foram encontrados no solo mineiro, como nos mostra a notícia abaixo. Tudo isso, leva-nos a conclusão de que não se trata de um mito: cientificamente, é extremamente provável que Minas Gerais já tenha tido praia.
Professor encontra prova de que Minas Gerais já teve mar
Em uma biblioteca, o professor de química Luciano Faria, notou
pedrinhas diferentes que descobriu serem fósseis com milhões de anos. No interior de Minas Gerais, foram encontrados vestígios de dois bilhões de anos que são um indício de que os mineiros já tiveram praia. Esportes radicais, calorão. Tem cara de litoral, mas é Minas Gerais mesmo. “Falta só praia”, pede uma mineira. Falta hoje. Mas no passado, nunca faltou. Minas Gerais, acredite, já teve um marzão daqueles. Não só teve como deixou vestígios. Foi um pequeno detalhe, escondido no chão de uma escola, que levou a uma descoberta curiosa. Em uma visita à biblioteca, o professor de química Luciano Faria, notou pedrinhas diferentes. Decidiu investigar. Levou a tralha de pesquisador e jogou ácido nas tais pedras. “As bolhas são gás carbônico que está sendo liberado da reação”, explica o professor de química Luciano Faria. As bolhas confirmaram a suspeita do professor. As pedras têm nada menos que dois bilhões de anos. Eram algas marinhas, que ao longo de milhões de anos, foram se calcificando, viraram fósseis. Depois foram cortadas e vendidas como decoração de pisos e paredes. “Ficamos até mais interessado no piso da biblioteca. A gente pisa até com mais cuidado”, admite Marina Fernandes Ferreira, de 13 anos. A novidade despertou o interesse do especialista em paleontologia da PUC Minas Castor Cartelli, que foi à escola, analisou as pedras, e confirmou que elas vieram mesmo do mar. O mar se foi, mas as pedras ficaram. Até hoje existem muitas delas por aí em quatro estados: Rio Grande do Sul, Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais. Em Sete Lagoas, perto de Belo Horizonte, ainda há marcas da pré- história. Todas as camadas enrugadas, segundo o professor, seriam algas calcificadas. Ou seja, se fosse hoje, nós estaríamos no fundo de um oceano. Mas qual seria o tamanho desse mar? Difícil dizer, alega o professor. Muitas dessas pedras foram implodidas para a construção de estradas, destruindo pistas que poderiam levar a uma informação mais precisa. Mas que devia ser bonito, isso devia. “Certamente era rasteiro, não muito profundo, quente, mais ou menos como o Caribe. Quer dizer, o Caribe seria aqui”, aponta o especialista em paleontologia da PUC Minas Castor Cartelli.