Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre
si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado
pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos
trouxe a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Isaías 53.4-5).
chegar aos cinemas, o papa João Paulo II (1920-2005) assistiu-o em uma seção particular no
Vaticano e, ao término da exibição, sentenciou: “O filme é como era”.(1)
O reverendo Billy Graham também teve sua exibição particular antes do filme chegar aos
cinemas. Elogiou a película e isentou os judeus pela morte de Cristo: “Me senti como se
estivesse lá. Me levou às lágrimas. Duvido se já houve uma apresentação mais tocante e
gráfica da morte e ressurreição de Jesus, a qual os cristãos acreditam que seja o mais
importante evento da história da humanidade [...] O filme é fiel aos ensinamentos bíblicos de
que somos todos responsáveis pela morte de Jesus, porque todos pecamos. São os nossos
pecados que causaram a Sua morte e não qualquer grupo em particular”.(2)
Outro ícone evangélico mundial, o reverendo Rick Warren, da Igreja Saddleback, em Lake
Forest, na Califórnia, e autor do best-seller “Uma Vida Com Propósito”, foi um grande
promotor do filme. Warren chegou a adquirir 18 mil ingressos do filme.(3)
No Brasil, não foram poucos os pastores que incentivaram os membros que pastoreiam a irem
aos cinemas. Alguns compraram todos os ingressos de algumas seções para os membros da
igreja. Até algumas revistas evangélicas se derramaram em elogios.
Anna Katharina Emmerick era uma camponesa inculta e de poucas leituras. Muito do que
sabemos sobre ela nos foi passado pelo poeta alemão Clemens Brentano, secretário e
redator das “visões” dessa freira. Segundo Orlando Fedeli:
O padre Schmoeger conta que, segundo as Visões que Katharina Emmerick teve de si
mesma, ela possuíra o uso da razão desde o nascimento [...].
Brentano afirma que, quando pequena, ela tinha visões de Jesus jovem e de João Batista
menino, aos quais ela chamava de “Jungsten” e
“Hanneschen”, sendo que o primeiro a ensinava a fazer
vestidos para a sua boneca. Diz também que, quando
menina, contava ao pai cenas bíblicas que assistia em visão e
o pai, comovido, chorava, perguntando onde ela aprendera
tais coisas [...].
“Depois que entrei em seu quarto, o ex-dominicano Pe. Limberg a (Katharina Emmerick)
levantou da cama, e a colocou no colo de sua irmã. Ela permaneceu num estado de
desfalecimento. Antes, trocaram-lhe a roupa a qual estava molhada de suor como se tivesse
sido mergulhada na água. Do mesmo modo, estavam molhados os lençóis. Também os
travesseiros, e o chão embaixo da cama estavam molhados”.
“Por ordem do Pe. Limberg eu toquei os ombros dela com minhas mãos. Ela estremeceu
suavemente, e depois ficou novamente tranqüila. Então o Pe. Limberg a tocou com os dois
dedos consagrados. Ela esboçou um sorriso, e seus ombros passaram a ter um movimento
convulsivo”.
“Nós fizemos esta experiência, várias vezes, com o mesmo resultado. Ainda mais
freqüentemente fizemos a seguinte experiência: o Pe. Limberg movimentava os dois dedos
consagrados até cerca de duas polegadas dos lábios dela. Logo, o seu corpo rígido, como o
ferro atraído por ímã, se curvava em direção aos dedos. E quando ela alcançava os dedos
com os seus lábios, ela os beijava e chupava o dedo indicador. O Pe. Limberg animava-a
insitentemente a morder um pedaço do dedo, mas ela dizia que não podia fazer isso, e como
o Sr. Limberg lhe perguntasse por que ela chupava o dedo, dizia: ‘Porque ele é tão doce!’
Depois disso, por ordem do Pe. Limberg, eu colocava meu dedo na boca dela, mas ela
permanecia em seu desfalecimento, e não se movimentava mais”.
“Tudo isso aconteceu estando ela rígida e desfalecida, com os olhos bem fechados”.
“No meio desse desfalecimento, o Pe. Limberg curvou sua cabeça bem devagar em direção a
ela. Quando estava a cerca de três polegadas do seu rosto, o corpo, aparentemente morto, se
ergueu para o crânio do Pe. Limberg, e ela encostou a boca na cabeça dele. Quando o Pe.
Limberg a colocou de novo sobre o travesseiro, seu corpo todo estava duro como um pedaço
de madeira, tanto que, se eu a segurasse pela cabeça, talvez pudesse endireitar todo o seu
corpo. 0 Pe. Limberg fechou a cortina da cama, o francês Lambert colocou uma dupla coberta
de lã, e então o Pe. Limberg se dirigiu ao meio do quarto, e fez uma cruz com a mão e disse
bem baixinho: Abençoe-te Deus o Pai, o Filho e o Espirito Santo. Imediatamente, a mão
mortalmente fraca se moveu lentamente sob o lençol, e fez o sinal da cruz”.
A cena é absolutamente estranha, e, a respeito desse caso, Erika Tunner afirma: “Os padres
têm um poder absoluto sobre ela (Katharina Emmerick), sua devoção pelos dedos
consagrados está no limite do patológico”.
Sem pretender dar uma opinião num campo que não é absolutamente o nosso, e no qual não
temos nenhuma competência, é preciso, entretanto, frisar que a cena descrita pelo Dr.
Wesener tem, mesmo para um leigo, forte conotação sexual.
Por outro lado, as ações do Pe. Limberg sobre a paciente e suas reações, se enquadram
perfeitamente no que então praticavam os seguidores do magnetismo, o que prova que já
antes do contato com o Dr. Wesener, o Pe. Limberg aplicava seus conhecimentos de
magnetismo sobre Katharina Emmerick.
No diário do Dr. Wesener se verifica que era comum o Pe. Limberg curar as dores de cabeça,
ou dores de dentes de Katharina Emmerick, dando-lhe os seus dedos consagrados a chupar.
É claro que, cenas como essas, não podiam aparecer nas biografias “piedosas” de Katharina
Emmerick, feitas por Brentano, ou pelo Pe. Schmoeger.
A vidente sentia, aliás, atração pelos dedos consagrados de qualquer sacerdote. Quando o
cônego Bernhard Overberg, famoso pedagogo e reformador do clero da Westfália, foi visitá-la,
em 1815, ao dar-lhe a mão, Katharina Emmerick segurou apenas o polegar e o indicador do
padre dizendo: “São esses que me alimentam” [...].
Nós agora chegamos à idéia de alimentar a enferma com o leite de uma ama, e já que eu
estava tratando do mamilo ferido de uma senhora, conhecida e parente do Pe. Limberg,
senhora que havia dado à luz há seis semanas, eu a procurei para que, algumas vezes por
dia, ela desse o peito à enferma, porque ela tinha leite em abundância, e o seu filho não podia
se amamentar no peito ferido. A senhora compreendeu isso com alegria, e assim, no dia 18
de outubro, sábado, começamos com o leite da ama. A doente, devido à sua fraqueza não
pôde mamar muito. Ela reteve o leite, queixando-se, contudo, à noite, de dor de barriga.
Em 9 de novembro, Wesener registra que Katharina Emmerick lhe contou que, quando ainda
estava no convento, muito doente, teve uma visão de uma bela mocinha que lhe oferecia o
seio regorgitante de leite. De início, a vidente sentira repugnância, mas, depois, aceitara tomar
o peito. Na sexta-feira, 28/11/1817, o Dr. Wesener escreveu: “A doente na semana passada,
esteve na maioria das vezes melhor. Ela toma o peito três vezes por dia”.
Ora, mesmo que a medicina romântica daqueles tempos recomendasse o leite humano a
certos doentes, fica difícil imaginar que se recomendasse também, como necessário, que os
pacientes tomassem o leite diretamente do peito da ama. Evidentemente, o Pe. Schmoeger,
como também outros biógrafos piedosos de Katharina Emmerick, não dizem uma palavra a
respeito desse estranho método terapêutico.
(Caso, um dia, Katharina Emmerick fosse canonizada, ficaria dificílimo explicar ao público,
como seria possível considerar santa, praticante de virtudes heróicas, uma freira que se
amamentava, várias vezes por dia, ao seio de uma mulher).(7)
Os estigmas são as feridas sofridas por Jesus Cristo durante o processo da crucificação. Os
católicos afirmam que a primeira pessoa a tê-las foi “São Francisco de Assis” (nasceu em
1181/1182 em Assis na Itália e morreu em 1226 na Itália). Entre “São Francisco de Assis” e
Anna Katharina Emmerick, sabe-se que existiram pelo menos 50 pessoas com os supostos
estigmas de Jesus Cristo.(8)
[...] Katharina Emmerick pretendia servir a seu ex-capelão, que estava adoentado, mas depois
caiu tão doente que foi ela quem teve que ser servida. Segundo seu depoimento no inquérito
estatal, foi em 28/08/1812, festa de S. Agostinho, patrono de sua ordem, que ela recebeu um
primeiro sinal místico: sobre seu estômago apareceu uma cruz sangrenta. Semanas depois
teria aparecido uma segunda cruz, parecida com a cruz de Coesfeld, sobre o osso esterno,
sangrando periodicamente. No dia de Santa Catarina (25/11/1812), uma outra cruz,
semelhante à antecedente, apareceu sobre o osso esterno, acima daquela que já recebera,
formando uma só marca. No natal de 1812, ela recebeu os estigmas de Cristo nas mãos e
nos pés. E finalmente, a 29/12/1812, recebeu a chaga do peito de Cristo, no seu flanco.
‘A dupla cruz sobre o esterno sangrava, a maior parte das vezes, às quartas-feiras. As chagas
do flanco e da cabeça, apenas às sextas-feiras’.(9)
O autor Joe Nickell, conhecido por investigar fraudes, comenta sobre a personalidade de
Emmerick em seu artigo intitulado “Visões Por Trás da Paixão”:
Resumindo, Emmerick exibiu muitos dos traços indicativos de uma personalidade propensa à
fantasia (Wilson e Barber 1983). Essa não é apenas o tipo de personalidade de numerosos
visionários religiosos, mas também de incontáveis médiuns espirituais, abduzidos por
alienígenas e outros fantasiadores. Eles acreditam tipicamente que possuem poderes
especiais, freqüentemente incluem a habilidade de se comunicarem com entidades superiores
– um tipo de versão adulta do companheiro imaginário da época de criança.
A mística Emmerick pode também ter sido uma fraudulenta piedosa. Ela montou um show
como se fosse uma cristã, ao ponto de dormir em tábuas colocadas no chão em forma de uma
cruz, e quando tinha vinte e quatro anos de idade reivindicou ter recebido a dor da coroa de
espinhos de Jesus. Logo em seguida, havia sangue escorrendo pela sua face. Após ter sido
recebida em um convento das agostinianas, supostamente recebeu ‘uma marca como uma
cruz sobre seu peito’ e posteriormente até exibiu uma série completa dos estigmas (os
ferimentos da crucificação de Cristo).
Ela foi o objeto de uma investigação médica durante 3 semanas, porém ‘essa investigação
parece não ter produzido nenhum efeito específico’ (“Life” 1833). Nem a ciência e tampouco a
Igreja Católica autenticaram um único estigma. Sem dúvida, muitos estigmas têm sido
comprovadamente fraudulentos (Nickell 2000; Nickell 2004).
[...] O processo, entretanto, não foi adiante em virtude de veto do Santo Ofício em 30 de
novembro de 1928, considerando impossível uma continuação, pois uma eventual
canonização de Katharina Emmerick viria dar grande autoridade aos escritos que se lhe
atribuiam.(11)
No entanto, foi o falecido papa João Paulo II, recordista em beatificações de fiéis católicos,
que no domingo 3 de outubro de 2004, sem perder tempo e menos de sete meses após o
lançamento do filme “A Paixão de Cristo” de Mel Gibson, honrou a mística freira alemã com o
título de beata.
O Vaticano concluiu que a veracidade de suas visões contidas no livro do século XIX não
podem ser confirmadas. Oficiais do Vaticano, que examinaram a vida de Emmerick, afirmam
que a escolha da freira para a beatificação foi feita decorrente de “sua generosidade para com
os pobres e sua extraordinária empatia com o sofrimento”.(12)
Durante a homilia, o papa João Paulo II sentenciou: “A abençoada Anna Katharina Emmerick
viu o sofrimento amargo do nosso Senhor Jesus Cristo e experimentou isso no seu próprio
corpo”.(13) Eita papa “infalível”!
Analisemos, pois, algumas das muitas visões de Emmerick que transformaram-se em trechos
do filme “A Paixão de Cristo”:
a) Em nenhum dos quatro evangelhos lemos que Jesus Cristo, no Getsêmani, deu sinal de
frouxidão diante dos três apóstolos. No filme, os três apóstolos (Pedro, Tiago e João) estão
com Jesus no Getsêmani e João ao ver o estado lastimável em que Jesus se encontrava,
pergunta se deve chamar os outros oito apóstolos (Judas já não estava mais entre o grupo) e
Jesus responde: “Não, João. Não quero que eles me vejam assim”. Onde Mel Gibson foi
buscar essa informação? No livro da freira Emmerick, A Dolorosa Paixão de Nosso Senhor
Jesus Cristo, onde Jesus fala: “Não chama os oito; eu não os trouxe aqui, porque eles não
podiam me ver agonizando sem que ficassem escandalizados; eles cairiam em tentação,
esquecer-se-iam do passado e perderiam sua confiança em mim”. (página 66).
b) Em nenhum dos quatro evangelhos lemos que Satanás, no Getsêmani, dialogou com
Jesus Cristo. Onde Mel Gibson foi buscar essa informação? No livro da freira Emmerick, A
Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo (pp. 63-76).
d) Em nenhum dos quatro evangelhos lemos que Judas, antes de suicidar-se, saiu correndo
para fora da cidade acompanhado por demônios. Outra vez, onde Mel Gibson foi buscar essa
informação? No livro da freira Emmerick, A Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo (p
96).
e) Em nenhum dos quatro evangelhos lemos que o apóstolo Pedro, após ter negado Jesus
três vezes, arrependido e aos prantos, encontra Maria na casa de Caifás, chama-a de “Mãe” e
diz: “Não sou digno! Eu o neguei três vezes, Mãe!”, e sai correndo pelo pátio como se
estivesse fora de si. De novo, onde Mel Gibson foi buscar essa informação? No livro da freira
Emmerick, A Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo (pp. 112-113).
g) Em nenhum dos quatro evangelhos lemos que após Jesus ter sido impiedosamente
espancado pelos soldados romanos, Cláudia Procles, a suposta esposa de Pilatos, entrega a
Maria, mãe de Jesus, uns pedaços de linho. Lembram-se da cena? Em seguida, Maria mãe
de Jesus e Maria Madalena ajoelham-se no chão perto da coluna onde Jesus foi açoitado e
limpam o sangue derramado por Jesus com o linho que receberam de Cláudia Procles. Para
não perder o costume, onde Mel Gibson foi buscar essa informação? No livro da freira
Emmerick, A Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo (p.148).
h) Em nenhum dos quatro evangelhos lemos que durante o sofrido caminho para o Calvário,
Verônica enxuga com um véu a face de Cristo e a face fica marcada como um retrato no véu.
Na verdade, isso é uma antiga tradição católica que já tinha sido incorporada como a sexta
das 14 estações da “Via Crucis” pelos papas Clementes XII, em 1731, e Bento XIV, em 1742
(portanto, antes da freira Anna Emmerick nascer). Sim, essa cena também está descrita no
livro da freira Emmerick, A Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo (pp.172-174).
i) Em nenhum dos quatro evangelhos lemos que após a primeira mão (“mão esquerda”) de
Jesus ter sido pregada com o prego na cruz, os romanos observaram que a sua outra mão
não alcançava o buraco que haviam produzido para receber o prego e prontamente puxaram
violentamente o seu braço direito até que o mesmo alcançasse o local onde estava o orifício
na madeira. Adivinhe onde Mel Gibson foi buscar essa informação? No livro da freira
Emmerick, A Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo (p.181, com uma diferença
apenas, no livro a primeira mão a ser pregada foi a direita e depois a esquerda).
Bem, poderia continuar citando outras cenas do filme de Mel Gibson que foram inspiradas nas
visões esotéricas da freira alemã, no entanto, acho que já ilustrei o suficiente para provar que
quando Gibson afirmou que tinha se inspirado nesse livro, era porque verdadeiramente
manteve relações estreitas com essa literatura.
O filme contém muitas cenas inexatas, um bocado adicionadas sem o apoio das Escrituras e
muitas outras que são abertamente contrárias à Palavra de Deus. Apenas um exemplo: na
Paixão de Mel Gibson, enquanto Jesus encontrava-se no Getsêmani, uma cobra desliza por
baixo do manto de Satanás e chega até Jesus que a mata com Seu calcanhar. De fato isso é
uma referência à profecia de Gênesis 3.15, mas a Bíblia não menciona que isso ocorreu no
Getsêmani. Indubitavelmente, Jesus destruiu o diabo na cruz (na Sua morte) e não no
Getsêmani (Hebreus 2.14). Sem dúvida, Mel Gibson inventou muita coisa, além de beber
profundamente no poço místico de Emmerick.
Esse é um dos filmes mais marianos que já assisti. Voltemos a analisar apenas algumas
cenas de “A Paixão de Cristo”:
b) Em nenhum dos quatro evangelhos lemos que João e Pedro chamavam Maria de “Mãe”.
i) Em nenhum dos quatro evangelhos lemos que, enquanto Jesus estava sendo crucificado,
Maria beijou Seus pés ensangüentados e disse ao moribundo Jesus: “Carne da minha carne,
coração do meu coração. Meu filho, deixa-me morrer contigo”. Novamente, a mensagem nas
entrelinhas é: Maria está disposta a ser crucificada com Jesus.
Poderia citar mais algumas cenas cujas ênfases foram marianas, porém, acredito que basta
de mariolatria.
Temos, porém, de ser honestos na nossa análise e devemos reconhecer que os líderes
judeus do Sinédrio, na casa de Caifás, verdadeiramente agrediram o Senhor
Jesus:“Responderam eles: É réu de morte. Então, uns cuspiram-lhe no rosto e lhe
davam muros, e outros o esbofeteavam, dizendo: Profetiza-nos, ó Cristo, quem é que te
bateu!” (Mateus 26.66-68). Bem, mas o que lemos no livro de Emmerick e assistimos no
filme de Mel Gibson foi um anti-semitismo aberto e descarado.
Só para não deixar nenhum resquício de dúvida, como essa autora tinha um sentimento
amargo para com o povo judeu, leia a próxima frase: “uma multidão de infames – a escória de
gente – rodeou Jesus como um enxame de vespas enfurecidas e começaram a inundá-lo de
todo insulto imaginável” (p.107).
Analisemos agora apenas duas cenas do filme “A Paixão de Cristo” que apelaram para
odiarmos os judeus:
a) Em nenhum dos quatro evangelhos lemos que a multidão tentava linchar Jesus quando o
mesmo passava pelas ruas e que algumas vezes os furiosos soldados romanos tinham de
conter os atos violentos dos judeus. Apesar de, na película cinematográfica, Jesus ter levado
a cruz em boa parte do percurso para o Calvário acompanhado de insultos e golpes
extremamente violentos proferidos pelos soldados romanos e pela multidão dos judeus, não é
isso que a Bíblia relata. Muito pelo contrário, a Escritura diz: “Seguia-o numerosa multidão
de povo, e também mulheres que batiam no peito e o lamentavam. Porém Jesus,
voltando-se para elas, disse: Filhas de
Jerusalém, não choreis por mim; chorai,
antes, por vós mesmas e por vossos filhos!”
(Lucas 23.27-28). A Bíblia não relata nenhum
motim enquanto Jesus caminhava para o
Calvário e muito menos se sofreu qualquer outra
agressão física durante o trajeto. Aparentemente,
apesar de ter sido surrado no pretório, podia
facilmente falar com as pessoas ao Seu redor.
b) Em nenhum dos quatro evangelhos lemos O cireneu protesta, mas o romano grita:
“Vamos, judeu!”
que Jesus levou a sua cruz por boa parte do
caminho. O texto bíblico relata que, logo após sair do pretório, quem passou a carregar a cruz
foi Simão, um cireneu. Se Jesus chegou a carregar a cruz em algum momento, foi apenas
durante alguns passos iniciais. “Ao saírem, encontraram um cireneu, chamado Simão, a
quem obrigaram a carregar-lhe a cruz” (Mateus 27.32). Na película, Simão passou a
carregar a cruz juntamente com Jesus. É claro que isso não é verdade. O texto bíblico nos
ensina que Jesus andou na frente e Simão, que ia logo atrás dEle, carregava a cruz sozinho
(Lucas 23.26). Na seqüência cinematográfica, Jesus, fisicamente exausto, cai no chão e então
presenciamos talvez o mais forte ato anti-semita do filme “A Paixão de Cristo”:alguns judeus
chutam Jesus, algumas mulheres judias sentem pena dEle, os brutamontes soldados
romanos tentam afastar a multidão e um deles comenta: “Povo impossível!”. Na seqüência,
Simão protesta que não vai mais carregar a cruz se não pararem de torturar Jesus. Então, um
soldado romano grita para Simão: “Vamos, judeu!”, e as chibatadas continuam. Entenderam a
mensagem nas entrelinhas? O povo judeu é impossível e só atende através de chibatadas.
A propósito, a Bíblia não menciona que Jesus foi espancado no Getsêmani e nem durante
qualquer trajeto que realizou. O trajeto de Jesus foi o seguinte: Getsêmani – Casa de Caifás –
Pilatos, na Fortaleza Antônia – Palácio de Herodes – Pilatos, na Fortaleza Antônia – Calvário.
Na “Paixão de Cristo” de Mel Gibson, Jesus levou bofetadas, chicotadas, cuspidas,
solavancos e pontapés durante todo esse percurso. A Bíblia não menciona que Jesus tenha
caído uma só vez no trajeto para o Calvário, já na Paixão de Mel Gibson, Jesus caiu seis
vezes.
“Quem matou Jesus?”, foi a pergunta feita repetitivamente durante a exibição de “A Paixão de
Cristo” nos cinemas. Essa é uma pergunta que pode ser respondida de forma histórica ou
espiritual e a resposta é sempre a mesma:
Jesus nasceu para morrer. Na cruz, Jesus se fez o maior dos criminosos, sem nunca ter
pecado. Na cruz, Jesus levou sobre si todos os pecados dos judeus e dos gentios. “Que se
conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos
demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado; como
está escrito: Não há um justo, nem um sequer” (Romanos 3.9-10). “Pois todos pecaram
e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). Jesus “foi entregue por causa das
nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação” (Romanos 4.25).
“Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por
nós, sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5.8). “E ele morreu por todos, para que os
que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e
ressuscitou” (2 Coríntios 5.15).
Irmãos, qualquer outra resposta a essa pergunta é puro bairrismo, racismo, facção e
desconhecimento histórico e espiritual.
As doutrinas em que Mel Gibson acredita
Mel Gibson pertence a um grupo católico tradicional que realiza a missa em latim, priva de
ingerir carnes nas sextas-feiras, foge do ecumenismo e pratica outras coisas que foram
abolidas no Concílio Vaticano II durante a década de 60. Gibson construiu a sua própria
capela, chamada Família Santa, próxima a sua casa na Califórnia. Durante a filmagem,
Gibson freqüentou as missas católicas todas as manhãs com o desejo errado de “estar puro”.
O roteiro foi traduzido para o aramaico e o latim pelo padre jesuíta William Fulco.
Qual é o evangelho que Gibson está tentando pregar durante o filme? É o evangelho católico
dos sacramentos. Quando perguntado por um entrevistador protestante se alguém pode ser
salvo fora da igreja católica romana, Gibson respondeu: “Não há salvação para aqueles fora
da igreja” (Peter Boyer, “The Jesus War”, The New Yorker, 15 de setembro de 2003). Esse
era o ensinamento oficial de Roma antes do Vaticano II.
Enquanto a película estava em evidência, Mel Gibson foi acusado de ser anti-semita e jurou
que não era, mas pisou na bola quando foi pego dirigindo em excesso de velocidade em julho
de 2006. Leia trecho do seguinte artigo publicado na revista Veja:
Alcoólatra supostamente redimido há vinte anos, em julho o ator e diretor enfiou o pé na jaca,
foi parado pela polícia por excesso de velocidade e, daí, saiu do armário do anti-semitismo.
Olhando para um policial de sobrenome judaico, detonou: “Os judeus são culpados por todas
as guerras do mundo”. No dia seguinte, contrito, pediu profusas desculpas, pôs a culpa no
José (Cuervo, o da tequila) e internou-se numa clínica.(16)
Conclusão: Desperta pastor!
Muitos foram os pastores que se emocionaram e apoiaram a película de Mel Gibson, de forma
parcial ou total. Alguns deles são meus amigos e até meus pacientes. Gostaria muito de fazer
a cada um deles a seguinte pergunta: o que fariam comigo e o que diriam de mim se durante
duas horas e quarenta minutos eu pregasse na igreja deles e ensinasse, durante esse
período, cerca de 50 heresias? Posso até imaginar algumas respostas. Pois bem, por que não
agiram assim em respeito ao filme “A Paixão de Cristo”?
Irmãos, apoiar esse filme não apenas foi fazer um gol contra, foi fazer parceria com o
catolicismo, com Anna Katharina Emmerick, com a mariolatria e com Adolf Hitler. Irmãos, essa
é uma heresia cinematográfica assim como foram “Jesus Cristo – Superstar” (1973), “A Última
Tentação de Cristo” (1988) e como é “O Código Da Vinci” (2006). Oro ardentemente para que
Deus nos livre de termos algum pastor se emocionando e apoiando “O Código Da Vinci”.
“Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa
toda?” (1 Coríntios 5.6). “Um pouco de fermento leveda toda a massa” (Gálatas 5.9). “E
não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as”
(Efésios 5.11). Que seja sempre assim, amém! (Dr. Samuel Fernandes Magalhães Costa
- http://www.chamada.com.br)
Bibliografia:
(1) Artigo: “Papal Praise for ‘The Passion’. ‘It is as it was’, John Paul II Says”. Zenit News Agency – The World
Seen From Rome. 18 de dezembro de 2003. Código: ZE03121827. http://www.zenit.org/english/visualizza.phtml?
sid=46445.
(2) Artigo: “Mel Gibson grants Billy Graham advance look at ‘Passion”’. Florida Baptist
Witness.http://www.floridabaptistwitness.com/1987.article.print.
(3) Artigo: “Mel Gibson’s Film ‘The Passion of Christ”’, by David Cloud. Way of Life Literature’s Fundamental
Baptist Information Service. Port Huron, MI. Atualizado no dia 29 de março de 2005.
http://www.wayoflife.org/fbns/melgibson-thepassionofthechrist/melgibsons-film.html.
(4) Emmerick, Anna Katharina, A Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Axcel Books do Brasil Editora
Ltda. Rio de Janeiro, RJ. 2004.
(5) Tese de Doutoramento do professor Orlando Fedeli, aprovada na Universidade de São Paulo em 1988, sobre
os “Elementos Esotéricos e Cabalísticos nas Visões de Anna Katharina Emmerick”, publicada no site Montfort
Associação Cultural. http://www.montfort.org.br/cadernos/emmerick.html.
(6) Emmerick, Anna Katharina, A Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Página 07.
(8) Emmerick, Anna Katharina, A Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Página 13.
(10) Artigo: “Visions’ Behind The Passion”, by Joe Nickell. Skeptical Inquirer – The Magazine For Science And
Reason. Amherst, NY, volume 28, número 03, maio/junho de 2004, página 11.
(11) Tese de Doutoramento do professor Orlando Fedeli,http://www.montfort.org.br/cadernos/emmerick.html.
(12) Artigo: “Pope’s Piks Stir Controversy”. CBS News. Cidade do Vaticano, 3 de outubro de 2004.
http://www.cbsnews.com/stories/2004/08/14/world/printable636033.shtml.
(13) Id.
(14) A Bíblia de Estudo de Genebra. Editora Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, SP, 1999. Nota de
rodapé de Atos 4.27, página 1278.
(15) Artigo: “Mel Gibson’s Film ‘The Passion of Christ”’, por David Cloud. http://www.wayoflife.org/fbns/melgibson-
thepassionofthechrist/melgibsons-film.html.
(16) Artigo: “Diretor perde a direção”. Revista Veja. Editora Abril, São Paulo, SP, edição 1989 – ano 39, número
52, 30 de dezembro de 2006, página 103.