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Pesquisa NANOPARTÍCULAS

Uma alternativa para a administração de biofármacos


Ilustrações cedidas pelas autoras

Palavras-chave: nanopartículas, dução dos biofármacos permitia uma pro-


biofármacos, liberação controlada. visão de medicamentos que não poderi-
am ser produzidos pelas tecnologias con-
1. BIOFÁRMACOS vencionais, como por exemplo, a eritro-
poetina e o GCSF (fator estimulador de
Durante os anos de 1980 o termo “bio- colônias de granulócitos). Esta tecnologia
fármacos” tornou-se sinônimo de pro- possibilitava, também, a produção de uma
teínas terapêuticas produzidas pela tec- maior quantidade dos medicamentos que
nologia de DNA recombinante, incluin- até então estavam disponíveis apenas em
do também os anticorpos monoclonais, quantidades limitadas, como por exem-
obtidos pela tecnologia de hibridoma. plo, o hormônio do crescimento. A técni-
Mais tarde, os medicamentos a base de ca de desenvolvimento de proteínas re-
ácidos nucléicos usados para a proposta combinantes permitia ainda, a produção
de terapia gênica e tecnologia de anti- de medicamentos mais seguros, livres de
senso, foram adicionados ao grupo vírus patogênicos humanos (BUCKEL,
(WALSH, 2002). No entanto, os produ- 1996). Uma substância que exemplifica
tos baseados em proteínas recombinan- essa situação é o hormônio do crescimen-
tes podem ser considerados, atualmen- to humano (hGH). Diferente da insulina,
te, os principais representantes desse que era extraída de pâncreas bovino e
grupo. suíno, o hormônio do crescimento é es-
O desenvolvimento da tecnologia do pécie-específico. Pacientes que sofrem de
DNA recombinante, na década de 1970, hipopituitarismo necessitam de tratamen-
marcou o início da era da biotecnolo- to de reposição desse hormônio. De 1960
gia moderna. Alguns anos depois, em a meados de 1980 o hormônio para esses
1982, a insulina humana, desenvolvida pacientes era obtido da glândula pituitá-
pela empresa Genentech (EUA) chegou ria de cadáveres. Tal tratamento era con-
ao mercado, marcando de vez a aplica- siderado satisfatório até que alguns paci-
ção industrial dessa tecnologia (BU- entes, em decorrência de uma infecção
CKEL, 1996). Desde então, centenas de causada pelo tratamento, apresentaram a
centros de pesquisa e empresas no mun- síndrome de Creutzfeld-Jacob (CAREY,
do inteiro têm se empenhado na pes- 1987). Outro ponto positivo dessa tecno-
Roberta Márcia Marques dos Santos quisa, no desenvolvimento e na produ- logia foi a possibilidade de utilização de
Doutora em Bioquímica e Imunologia ção dos biofármacos (DEMAIN, 2004). mais uma rota para encontrar tratamentos
pela Universidade Federal de Minas Nos Estados Unidos, dos novos medi- novos, mais seguros e eficazes para as
Gerais. Serviço de Desenvolvimento camentos aprovados entre os anos de doenças.
Biotecnológico, Divisão de 2003 a 2006, 24% eram biofármacos. O Nos 25 anos de existência dos biofárma-
Desenvolvimento Farmacotécnico e resultado desses trabalhos é que há mais cos no mercado, várias doenças foram e
Biotecnológico, Fundação Ezequiel Dias,
de 165 produtos aprovados em todo o continuam sendo o foco das atenções tan-
Belo Horizonte, MG, Brasil.
roberta@funed.mg.gov.br mundo, com um mercado estimado, em to no desenvolvimento quanto na produ-
2004, em torno de 33 bilhões de dóla- ção dos medicamentos, sendo as princi-
* Sílvia Ligório Fialho res e projetado para cerca de 70 bilhões pais o câncer, a hepatite, o diabetes, os
Doutora em Ciências Farmacêuticas pela de dólares para o ano de 2010 (WAL- distúrbios do crescimento e a hemofilia
Universidade Federal de Minas Gerais. SH, 2006). (WALSH, 2006).
Divisão de Desenvolvimento Diferentes fatores contribuíram para que Entre as proteínas, os hormônios e as ci-
Farmacotécnico e Biotecnológico,
as proteínas recombinantes se tornas- tocinas representam a maior categoria de
Fundação Ezequiel Dias, Belo Horizonte,
MG, Brasil. sem substâncias de grande interesse das produtos (ex. insulinas e gonadotrofinas).
silvia.fialho@funed.mg.gov.br indústrias farmacêuticas. Primeiramen- As citocinas aprovadas incluem uma va-
te, destaca-se que a tecnologia de pro- riedade de fatores hematopoiéticos recom-

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binantes, incluindo eritropoetinas, fato- mercado, como o anticoagulante Hi- para as proteínas. Alguns autores consi-
res estimuladores de colônia e produ- rudina (Refludan/Hoechst e Revasc / deram essas proteínas modificadas como
tos baseados nos interferons. Proteínas Canyon Pharmaceuticals) e alguns a segunda geração dos biofármacos, sen-
terapêuticas aprovadas relacionadas ao análogos de insulina como, por exem- do de primeira geração, as proteínas re-
sangue incluem uma variedade de fa- plo, a insulina Aspart (Novolog/Novo combinantes idênticas às que ocorrem em
tores da coagulação sanguínea, trom- Nordisk), ambos produzidos em Sac- humanos (BUCKEL, 1996; WASH, 2004).
bolíticos e anticoagulantes recombinan- charomyces cerevisiae (GERNGROSS, As modificações controladas de proprie-
tes. A tabela 1 apresenta uma visão ge- 2004; WALSH, 2006). dades biofísicas específicas de proteínas
ral das principais classes das proteínas As células de mamíferos, apesar de podem impactar potencialmente em uma
recombinantes terapêuticas. Além des- serem sistemas de produção industri- variedade de características terapêuticas.
sas, há ainda uma variedade de vaci- al tecnicamente complexos, lentos, de Para modulação das propriedades das pro-
nas de subunidades e de produtos ba- baixa produtividade e de alto custo, teínas, tais como a eficácia, a estabilida-
seados nos anticorpos monoclonais, continuam a ser os de escolha devi- de, a especificidade, a imunogenicidade e
indicados para o tratamento ou detec- do a sua similaridade com as células a farmacocinética, uma variedade de es-
ção de vários cânceres e para preven- humanas em relação às modificações tratégias têm surgido, dentre elas, a mani-
ção de rejeição de transplante de ór- pós-traducionais e padrões de glico- pulação da estrutura primária, a incorpo-
gão. silação. Cerca de 60 a 70% das prote- ração de modificações químicas e pós-tra-
Os biofármacos podem ser produzidos ínas recombinantes terapêuticas são ducionais e a utilização de “auxiliares” de
em um dos vários sistemas de expres- produzidas em células de mamíferos, fusão (MARSHALL et al., 2003).
são disponíveis para a produção de pro- principalmente nas células de ovário A rota mais comum para otimização é a
teínas terapêuticas, incluindo bactérias, de hamster chinês (CHO). Avanços mutagênese sítio-específica. O desenvol-
leveduras, células de insetos e mamífe- têm sido alcançados para aumentar a vimento de um análogo de insulina é um
excelente exemplo da abordagem das pro-
teínas modificadas. Devido às suas carac-
terísticas intrínsecas, quando estocadas nas
concentrações da dose terapêutica, as mo-
léculas individuais de insulina interagem
umas com as outras formando oligôme-
ros (principalmente hexâmeros). Após a
administração subcutânea ou intramuscu-
lar, a sua ação na circulação sangüínea é
retardada pela necessidade de deoligome-
rização inicial. Através da mutação sítio-
específica dos aminoácidos envolvidos na
auto-associação, tornou-se possível alte-
rar essa propriedade. Análogos de insuli-
na monoméricas com um perfil de tempo
de ação mais rápido do que a insulina
humana estão no mercado, como por
exemplo a Insulina Lispro (Eli Lilly), a In-
sulina Aspart (NovoRapid/Novo Nordisk)
e a Glulisina (Apidra/Sanofi-Aventis). Como
Figura 1 – Representação esquemática de nanoesferas e nanocápsulas conseqüência prática, essa insulina modi-
ficada pode ser administrada minutos an-
tes das refeições, trazendo mais flexibili-
ros. A escolha do melhor sistema en- produtividade desse tipo de cultura. dade nos horários de alimentação dos pa-
volve várias questões, sendo que as Atualmente, são obtidos rendimentos cientes (FROKJAER AND OTZEN, 2005;
principais são as intrínsecas à estrutura 100 vezes maiores do que a 20 anos COELHO, 1997; VAJO AND DUCKWOR-
da proteína e aquelas relacionadas ao atrás, quando da primeira utilização TH, 2000; WANNMACHER, 2005).
custo da produção. de cultura de células de mamíferos Outra forma de insulina modificada é a
As bactérias como a Escherichia coli para produção industrial de proteínas insulina glargina (Lantus® e Opsulin®) apro-
apresentam vantagens como uma pro- recombinantes (WURM, 2004; BROW- vada como um análogo que apresenta um
dução rápida, com bons rendimentos e NE AND AL-RUBEAI, 2007). aumento significativo na duração da ativi-
econômica. No entanto, dentre as des- As proteínas terapêuticas, inicialmen- dade. A mudança feita na seqüência de
vantagens, estão a incapacidade de mo- te aprovadas para uso na medicina aminoácidos aumentou o ponto isoelétri-
dificações pós-traducionais, como a gli- geral, eram simples proteínas de re- co da molécula de 5,4 para aproximada-
cosilação, e a possibilidade de forma- posição (ex. insulina recombinante e mente 7,0. Dessa forma, quando a insuli-
ção de corpos de inclusão (JANA AND fatores sanguíneos). Nos últimos anos, na é formulada, no pH ácido, ela se en-
DEB, 2005). As leveduras e fungos têm tem-se observado um aumento pro- contra solúvel e, após a administração, no
a sua utilização para a produção de pro- porcional dos biofármacos desenvol- pH fisiológico, ocorre a formação de mi-
teínas terapêuticas para uso humano li- vidos como proteínas modificadas ou croprecipitados de insulina no local da
mitada devido ao perfil de glicosilação análogos. O objetivo dessas modifi- injeção e as moléculas individuais de in-
diferente daquele das células humanas. cações é alterar as características fun- sulina entram na circulação sangüínea
Ainda assim, há alguns produtos no cionais comercialmente importantes muito lentamente, com duração de 24 ho-

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Tabela 1 – Classes de biofármacos e seus principais representantes

Baseada em WALSH, 2003 e 2006

ras, permitindo uma única injeção de. A utilização de métodos de otimi- à protease, ao estresse oxidativo e às
ao dia (WALSH, 2003; VAJO AND zação racional permite que as proteí- mudanças na temperatura, no pH e nas
DUCKWORTH, 2000). nas possam ser modificadas de forma condições da solução. Mutações dos
Alterações nas moléculas também que a sua estrutura e a sua atividade aminoácidos cisteína por serina foram
permitem melhorar a sua estabilida- sejam mais robustas quando expostas introduzidas com sucesso em várias

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proteínas terapêuticas como, por exem- mente nos casos crônicos, o que dimi- do paciente, a necessidade de liberação
plo, com o interferon beta 1b (MARK et nui a adesão ao tratamento, compro- tópica ou local, a toxicidade sistêmica e
al., 1984; MARSHALL et al., 2003). metendo, assim, o resultado esperado. as questões de segurança. Alguns méto-
Uma ferramenta que tem sido utilizada Muitos esforços de pesquisa estão sen- dos estão sendo desenvolvidos e estão
para alterar a farmacocinética de alguns do feitos para melhorar a adesão do direcionados para a competição de mer-
biofármacos é a peguilação, um pro- paciente, seja através do emprego de cado para os biofármacos aprovados,
cesso em que cadeias de polietilenogli- vias alternativas de administração ou como a insulina, o hormônio do cresci-
col são ligadas aos peptídeos e proteí- por redução da freqüência de injeções. mento humano, os interferons e a eritro-
nas. Em geral, a peguilação reduz a A maioria dos medicamentos a base de poietina. Esses sistemas objetivam uma
velocidade de clearance plasmático por proteínas é formulada como suspensões melhoria na adesão do paciente ao trata-
reduzir a degradação metabólica e a ou soluções aquosas prontas para o uso mento. Em muitos casos, a administra-
captação mediada pelo receptor da pro- ou como pó liofilizado para reconsti- ção tópica de proteínas constitui uma via
teína da circulação sistêmica. Esta téc- tuição do produto. A formulação de pro- preferencial à sistêmica, pois esta última
nica também melhora o perfil de segu- teínas depende do conhecimento das não promove níveis significativos no lo-
rança das proteínas por conferir uma suas características físico-quimicas e bi- cal da doença. Em determinadas situa-
proteção antigênica e imunogênica aos ológicas, incluindo estabilidade quími- ções são necessários elevados níveis sis-
seus epitopos. Vários biofármacos es- ca e física, imunogenicidade e proprie- têmicos para alcançar efeito local nos te-
tão no mercado na forma peguilada dades farmacocinéticas. A atividade te- cidos alvo, o que muitas vezes causa efei-
como o interferon alfa (PEGasys ® e rapêutica de proteínas é altamente de- tos tóxicos indesejáveis. Devem ser ain-
PEG-Intron®), o hormônio do cresci- pendente da sua estrutura conformaci- da consideradas questões como o impac-
mento (Somavert®) e a asparaginase (On- onal. No entanto, a estrutura da proteí- to dos processos de produção do siste-
caspar ® ) (MARSHALL et al., 2003; na é flexível e sensível a condições ex- ma de liberação na integridade da prote-
FROKJAER AND OTZEN, 2005; HARRIS ternas, o que significa que a sua pro- ína, e também a integridade da proteína
AND CHESS, 2003). dução, formulação e manipulação ne- após sua liberação no local de adminis-
cessitem de atenção especial na otimi- tração. A administração de proteínas de-
2. DIFICULDADES NA zação da eficácia e da segurança, in- gradadas pode representar além dos efei-
ADMINISTRAÇÃO cluindo a minimização da resposta imu- tos colaterais, a perda da potência. Para
DE BIOFÁRMACOS ne (FROKJAER AND OTZEN, 2005). a administração sistêmica de proteínas, a
De uma perspectiva de formulação, as quantidade liberada na circulação é de-
As proteínas e peptídeos têm proporci- proteínas são moléculas complexas e pendente da eficiência do sistema de li-
onado um crescente interesse devido desafiadoras para o desenvolvimento de beração e da biologia intrínseca da via
ao seu papel na fisiopatologia e ao seu sistemas de liberação de fármacos. O de administração (CLELAND et al., 2001).
progresso nas áreas de biotecnologia e sucesso de uma formulação depende Quando são consideradas as novas op-
bioquímica. O uso dessas moléculas em da capacidade da proteína em manter ções para administração de proteínas, a
medicina, no entanto, tem sido limita- sua estrutura nativa e atividade durante via mais comumente abordada é a pa-
do devido a sua baixa biodisponibili- a preparação e a liberação no organis- renteral, devido ao maior número de es-
dade, a qual resulta da sua baixa esta- mo, assim como durante o período de tudos em animais e aos testes clínicos que
bilidade frente às enzimas proteolíticas estocagem. Algumas proteínas precisam garantem uma maior segurança e eficá-
e à degradação hidrolítica, da baixa per- de liberação sustentada, enquanto ou- cia. Os pulmões têm sido extensivamente
meabilidade, e da curta meia-vida na tras requerem uma liberação controla- estudados como uma via de administra-
circulação sistêmica (REIS et al., 2006). da, imediata ou pulsada. A liberação ção de proteínas pela a sua grande área
Desde 1987, Carey já enfatizava que pode ser alcançada utilizando diferen- de superfície e por permitir uma rápida
uma das principais limitações na utili- tes sistemas particulados de liberação absorção devido ao contato próximo en-
zação das proteínas recombinantes na de fármacos, tais como as micro e na- tre os alvéolos e a circulação (GONDA,
clínica era a questão da impossibilida- nopartículas poliméricas, os hidrogéis, 2000; CLELAND et al., 2001). A insulina
de de administração por via oral. Vinte os lipossomas e as emulsões (JORGEN- é, sem dúvida, o protótipo biofarmacêu-
anos depois, esse continua a ser, sem SEN et al., 2006 ). tico, tendo sido o Exubera® (Pfizer) a pri-
dúvida, um ponto a ser totalmente so- A demanda por melhores formas para meira formulação inalatória aprovada
lucionado. a administração de proteínas tem resul- pelo FDA (Food and Drug Administrati-
A via oral é a rota de administração de tado na pesquisa pelo desenvolvimen- on), e que permite administrar uma for-
medicamentos preferida e mais ampla- to de tecnologias farmacêuticas,e em- ma de insulina em pó seco. Cerca de 40%
mente utilizada. No entanto, ela geral- presas focadas nos métodos de libera- da proteína chega ao pulmão profundo
mente não está disponível para a libe- ção de fármacos têm crescido a cada e 10% é biodisponível. O início de ação
ração de macromoléculas tais como pro- ano. A maioria das proteínas que estão da insulina inalada é mais rápido do que
teínas. A instabilidade inerente das pro- no mercado podem ser consideradas a injetável de ação rápida, o que permite
teínas ao trato gastrintestinal, assim como candidatas para os novos méto- a sua utilização pré-prandial (MCMAHON
como a baixa permeabilidade através dos de liberação, uma vez que são fa- AND ARKY, 2007). Estudos clínicos de-
das membranas biológicas devido à alta cilmente liberadas pelas vias tradicio- monstraram uma equivalência significati-
massa molecular e à superfície polar ca- nais como na forma de injeções sub- va comparativamente a várias formas de
racterísticas, implicam no tratamento cutâneas (SC), intramusculares (IM) ou insulina convencional. A insulina inala-
pela via parenteral (FROKJAER AND intravenosas (IV) e têm a sua farmaco- da apresentou-se efetiva, bem tolerada e
OTZEN, 2005; JORGENSEN et al., 2006). logia bem caracterizada. Devem ser con- melhor aceita em pacientes com diabetes
No entanto, essa via apresenta alguns siderados fatores como a competição tipo 1 e tipo 2 (HOLLANDER et al., 2004;
inconvenientes ao paciente, especial- de mercado, a conveniência, a adesão WANNMACHER, 2005).

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O aumento do uso das proteínas tera- Na nanomedicina, ou seja, no desen- captação das nanopartículas pelas célu-
pêuticas na indústria farmacêutica tem volvimento de tratamentos efetivos ba- las do sistema reticular endotelial. Simul-
salientado questões como a sua estabi- seados na nanotecnologia, ocorre a in- taneamente, a utilização das nanopartí-
lidade durante o período de estocagem terseção de diferentes áreas, entre elas culas para diferentes vias de administra-
e a liberação eficaz de forma a evitar a a biologia, a química, a física, as en- ção também foi estudada (KUMAR, 2000).
ocorrência de efeitos adversos. Modifi- genharias química e mecânica, a ci- Nas últimas quatro décadas, a tecnologia
cações químicas controladas tais como ência de materiais e a medicina clíni- polimérica de liberação controlada apre-
substituições, acilação e peguilação têm ca (FAROKHZAD AND LANGER, 2006). sentou um impacto nas diferentes áreas
cumprido algumas, mas não todas as Os primeiros esforços na nanomedi- da medicina, sendo elas, principalmen-
suas promessas, enquanto sistemas po- cina foram focados no aumento das te, a oftalmologia, a pneumologia, a rela-
liméricos de liberação prolongada po- propriedades das modalidades tera- cionada à dor, a endocrinologia, a cardi-
dem desempenhar um papel importan- pêuticas e de diagnóstico já disponí- ologia, a ortopedia, a imunologia e a neu-
te (FROKJAER AND OTZEN, 2005). veis. Recentemente, houve uma alo- rologia, com diferentes produtos já pre-
Devido a suas propriedades de libera- cação de $144 milhões pelo Instituto sentes na prática clínica (FAROKHZAD
ção sustentada e prolongada, ao peque- Nacional do Câncer e $54 milhões pelo AND LANGER, 2006). O mercado anual
no tamanho e a biocompatibilidade Instituto Nacional do Coração, Pulmão no mundo de sistemas poliméricos de
com tecidos e células, as nanopartícu- e Sangue nos Estados Unidos para a liberação controlada, incluindo os siste-
las podem ser sistemas promissores para pesquisa em nanotecnologia nos anos mas de liberação de fármacos, é estima-
a administração de proteínas e peptíde- de 2004 e 2005, respectivamente. Es- do em 60 bilhões de dólares e estes sis-
os (RIEUX et al., 2006.). ses investimentos, juntamente como o temas estão sendo utilizados por mais de
grande aumento do número de paten- 100 milhões de pessoas a cada ano.
3. NANOPARTÍCULAS tes na área nos últimos cinco anos, As nanopartículas são sistemas coloidais
ampliou significativamente o interesse poliméricos com tamanho entre 10 e 1000
A aplicação de materiais poliméricos dos pesquisadores pela nanomedici- nm (RIEUX et al., 2006), nos quais o fár-
com finalidades terapêuticas está cres- na (FAROKHZAD AND LANGER, maco pode se encontrar dissolvido, re-
cendo muito rápido e tem sido eviden- 2006). coberto, encapsulado ou disperso. Elas
ciada em diversos campos como enge- A nanomedicina ainda se encontra nos são classificadas em duas categorias, as
nharia de tecidos, implante de disposi- estágios iniciais e este assunto ainda nanoesferas e as nanocápsulas, as quais
tivos médicos e órgãos artificiais, próte- precisa ser amadurecido. O que se es- diferem entre si segundo a composição
ses, oftalmologia, odontologia, reparo pera é uma entrada contínua de no- e a organização estrutural. As nanocáp-
ósseo e outros (NAIR AND LAURENCIN, vas plataformas de nanotecnologia que sulas são sistemas vesiculares em que o
2007). apresentarão um grande impacto po- fármaco encontra-se no interior de uma
Os sistemas poliméricos estão sendo sitivo em diferentes níveis, incluindo: cavidade aquosa ou oleosa circundada
amplamente estudados e utilizados, e a detecção de alterações moleculares por uma membrana polimérica, ou po-
não só permitem uma liberação lenta e causadoras de doenças, diagnóstico e dendo também ser encontrado adsorvi-
gradual do fármaco, como também imagem de doenças, transporte de fár- do na membrana polimérica. As nanoes-
podem possibilitar o direcionamento a macos, sistemas multifuncionais para feras são formadas por uma matriz poli-
alvos específicos do organismo, como aplicações terapêuticas e de diagnós- mérica, onde o fármaco encontra-se dis-
sítios de inflamação ou tumor. tico, veículos que aumentem a eficá- perso ou adsorvido (Figura 1) (ABDE-
Embora o conceito de sistemas de libe- cia in vivo de agentes terapêuticos e LWAHED et al., 2006). Estes sistemas po-
ração de fármacos não seja novo, um tecnologias nanométricas que acele- dem promover um aumento da solubili-
grande progresso tem ocorrido no tra- rem a pesquisa científica (FAROKHZAD dade do fármaco neles incorporado, pro-
tamento de uma variedade de doenças. AND LANGER, 2006). teger as substâncias de degradação e mo-
O transporte de fármacos para o local No campo da nanotecnologia os sis- dificar sua distribuição (LACOEUILLE et
de ação é considerado o aspecto mais temas de liberação controlada de fár- al., 2007; RIEUX et al., 2006; SCHAFFAZI-
importante, e para que este consiga li- macos se destacam e têm apresenta- CK et al., 2003).
berar uma dose eficaz do fármaco no do um crescente avanço (EMERICH Diferentes aplicações terapêuticas das
local de ação são necessários veículos AND THANOS, 2006). Entre eles, as na- nanopartículas têm sido estudadas, prin-
adequados. As nanopartículas apresen- nopartículas foram inicialmente desen- cipalmente para administração pelas vias
tam aplicações potenciais na adminis- volvidas em meados dos anos 70 com parenteral e oral. Por meio da adminis-
tração de substâncias terapêuticas com o objetivo de transportar substâncias tração parenteral, objetiva-se uma distri-
o objetivo de aumentar a eficiência do nos organismos, tecidos ou até mes- buição mais seletiva do fármaco, aumen-
transporte de fármacos e melhorar os mo células, para melhorar a eficácia tando, assim, seu índice terapêutico. Com
perfis de liberação (KUMAR, 2000). terapêutica e diminuir o efeito tóxico relação à administração oral, as pesqui-
A nanotecnologia pode ser definida das substâncias nelas carreadas (MON- sas têm sido direcionadas principalmen-
como um campo científico multidisci- TASSER et al., 2000; FATTAL et al., 2002). te à diminuição dos efeitos adversos e à
plinar baseado no desenvolvimento, na Elas foram inicialmente desenvolvidas proteção de fármacos passíveis de de-
caracterização, na produção e na apli- como sistemas de transporte para va- gradação no trato gastrointestinal, tais
cação de estruturas, dispositivos e sis- cinas e fármacos antineoplásicos. Vi- como peptídeos e proteínas, aumentan-
temas com forma e tamanho na escala sando aumentar a captação pelo tu- do a biodisponibilidade dos mesmos
nanométrica. Atualmente há um inves- mor, a estratégia de transporte do fár- (KUMAR, 2000; RIEUX et al., 2006; REIS
timento global na nanotecnologia em maco para o local específico foi em- et al., 2007).
torno de U$ 7 bilhões e estima-se para pregada e o primeiro passo importan- As vantagens da utilização de nanopartí-
2011-2015 um investimento de cerca de te da pesquisa objetivou o desenvol- culas incluem a liberação controlada e/
U$ 1,5 trilhão (STYLIOS et al., 2005). vimento de métodos para redução da ou prolongada da substância nelas en-

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capsuladas, a redução de efeitos adver- Os sistemas de liberação de peptídeos corporada. Alguns polímeros são menos
sos associados à substância, a proteção e proteínas são preparados, geralmen- sensíveis às condições empregadas nos
de compostos da inativação antes de atin- te, a partir de polímeros biodegradá- processos de preparação, o que pode ser
girem o local de ação, o aumento da pe- veis. No entanto, o desenvolvimento devido à sua composição química, à sua
netração intracelular e o aumento da ati- de sistemas biodegradáveis requer o massa molar e à sua cristalinidade (RIEUX
vidade farmacológica (TEIXEIRA et al., controle de um maior número de va- et al., 2006).
2005). riáveis já que a cinética de degrada- Os polímeros biodegradáveis mais utili-
Diferentes métodos são encontrados para ção do polímero, in vivo, deve per- zados atualmente são os poliésteres, tais
o preparo de nanopartículas, os quais per- manecer constante para que seja obti- como a poli(ε-caprolactona), o poli(D,L-
mitem a modulação da sua estrutura, da da uma liberação controlada da subs- lático) (PLA) e os copolímeros derivados
sua composição e das suas propriedades tância. Portanto, fatores como o pH e dos ácidos lático e glicólico (PLGA) (DASH
fisiológicas (RIEUX et al., 2006). A esco- a temperatura, que podem promover AND CUDWORTH II, 1998). São políme-
lha do método de preparo depende do um aumento ou uma redução na ve- ros termoplásticos e constituem a classe
polímero e da solubilidade do fármaco a locidade de degradação do sistema, mais antiga e a mais estudada dos polí-
ser encapsulado. Estes métodos podem devem ser avaliados durante o desen- meros biodegradáveis (NAIR AND LAU-
ser classificados em duas categorias prin- volvimento (DASH AND CUDWORTH RENCIN, 2007). Eles podem ser prepara-
cipais, sendo elas a polimerização de mo- II, 1998). dos a partir de uma variedade de monô-
nômeros e a utilização de polímeros pré- Tanto os polímeros sintéticos quanto meros pela abertura do anel e por vias de
formados (REIS et al., 2006). Com exce- os naturais têm sido amplamente es- polimerização dependendo da unidade
ção dos alquilcianoacrilatos e do malo- tudados como biomateriais. O proces- monomérica. Os derivados dos ácidos lá-
nato de poli-dialquilmetilideno, grande so de biodegradação envolve a cliva- tico e glicólico foram empregados como
parte dos monômeros adequados para o gem hidrolítica ou enzimática das li- material de fios de sutura na década de
processo de polimerização micelar pro- gações levando a erosão do material 1960 e, desde então, outros poli-ésteres
movem uma formação de polímeros não polimérico (NAIR AND LAURENCIN, alifáticos foram desenvolvidos como po-
biodegradáveis ou que se degradam muito 2007). límeros biodegradáveis e têm despertado
lentamente. Além disso, as moléculas re- Os polímeros naturais podem ser con- bastante atenção devido a biocompatibi-
siduais no meio de polimerização podem siderados como os primeiros bioma- lidade e aos perfis de degradação con-
ser mais ou menos tóxicas, o que requer teriais utilizados clinicamente. No en- troláveis que apresentam.
a purificação do material. Para contornar tanto, apesar de apresentarem algumas
as limitações dos métodos de polimeriza- vantagens, eles podem promover uma 5. ESTUDOS E PATENTES DA
ção de monômeros, têm sido emprega- atividade antigênica, a qual está asso- APLICAÇÃO DE NANOPARTÍCULAS
dos os métodos de preparo utilizando ciada ao seu processo de purificação, PARA A ADMINISTRAÇÃO DE
polímeros pré-formados. e também podem transmitir doenças. BIOFÁRMACOS
Entre os métodos que utilizam polímeros Como exemplos de polímeros naturais,
pré-formados, a técnica de dispersão de destacam-se aqueles à base de prote- Alguns estudos têm demonstrado que as
polímeros pré-formados tem sido a mais ínas como as albuminas bovina e hu- nanopartículas podem prolongar a libe-
empregada. Nela, o polímero é disperso mana, o colágeno e a gelatina. ração e também aumentar a biodisponi-
em um solvente orgânico imiscível com Os polímeros sintéticos, geralmente, bilidade de peptídeos e proteínas.
água como o diclorometano, o clorofór- são biologicamente inertes, apresen- Sánchez e colaboradores (2003) desen-
mio e o acetato de etila. A dispersão for- tam propriedades mais previsíveis, volveram micro e nanopartículas para ad-
mada é emulsificada com uma fase aquo- maior uniformidade lote a lote, além ministração parenteral de interferon. Nes-
sa contendo um emulsionante e a fase de outros fatores. Eles são representa- te estudo, foi realizada uma comparação
orgânica é então evaporada. Após eva- dos pelas poliamidas, pelos poliami- da taxa de encapsulamento e da libera-
poração completa do solvente orgânico noácidos, pelos polialquilcianacrilatos, ção do peptídeo a partir de micro e na-
as nanopartículas são separadas por meio pelos poliésteres, pelos poli (ortoéste- nopartículas preparadas por diferentes
de centrifugação (RIEUX et al., 2006) e res), pelos poliuretanos e pelas polia- técnicas de encapsulamento, utilizando o
podem ser armazenadas como suspen- crilamidas. copolímero dos ácidos lático e glicólico
são ou serem liofilizadas. A natureza dos polímeros empregados (PLGA) como matriz e contendo poloxa-
em sistemas de liberação de fármacos mer como agente estabilizante. Os resul-
4. POLÍMEROS influencia significativamente no tama- tados mostraram que o interferon pode
nho e no perfil de liberação do siste- ser eficientemente encapsulado em mi-
Para que um polímero seja caracterizado ma. Os polímeros biodegradáveis sin- cro e nanopartículas. Os sistemas exibi-
como biomaterial ele não deve ser cau- téticos têm apresentado crescente in- ram um perfil de liberação similar e a in-
sador de resposta inflamatória ou reações teresse na aplicação como sistemas de tegridade e a bioatividade da substância
tóxicas no local de aplicação, deve apre- liberação, já que os naturais apresen- foram mantidas. A atividade antiprolife-
sentar uma meia-vida adequada, o seu tam, geralmente, uma rápida liberação rativa do interferon variou dependendo
tempo de degradação deve ser compatí- do fármaco. Os principais critérios na da formulação desenvolvida.
vel como o processo de cicatrização ou seleção de um polímero são, princi- Nanopartículas de polietilenoglicol e áci-
regeneração, deve apresentar proprieda- palmente, a biodisponibilidade, a bio- do poli-lático contendo um peptídeo neu-
des mecânicas adequadas à aplicação de- compatibilidade e a sua velocidade de roprotetor (peptídeo intestinal vasoativo)
sejada, seus produtos de degradação não degradação (RIEUX et al., 2006). para administração intranasal também
devem ser tóxicos, devem ser capazes de O perfil e o mecanismo de liberação foram estudadas (GAO et al., 2007). A bi-
serem metabolizados e eliminados do or- do fármaco dependem da natureza do odistribuição, a liberação no cérebro e o
ganismo, e devem apresentar permeabili- polímero e também das propriedades efeito neuroprotetor da formulação foram
dade apropriada à aplicação desejada. físico-químicas da substância nele in- avaliados. Os resultados mostraram que

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a formulação de nanopartículas promo- tas de quitosano, ácido poli-glutâmico poly(epsilon-caprolactone) nanocapsules
veu uma maior concentração do peptí- e pelo menos uma substância ativa e stabilized by poly(vinyl alcohol): formu-
deo no cérebro de camundongos quan- que apresentam uma superfície carre- lation and process aotimization. Interna-
do comparado à formulação na forma gada positivamente (SUNG et al 2007). tional Journal of Pharmaceutics, v. 309,
de solução. De acordo com os pesqui- As nanopartículas desenvolvidas são p. 178-188, 2006.
sadores, as nanopartículas desenvolvi- capazes de aumentar a permeabilidade
das podem ser carreadores promisso- da proteína encapsulada por meio do Browne SM, Al-Rubeai M. Selection me-
res para peptídeos e proteínas. transporte pela via paracelular. thods for high-producing mammalian cell
Reis e colaboradores (2007) avaliaram - patente US 20070009605 intitulada “En- lines. Trends in Biotechnology, v. 25, p.
nanoesferas de alginato-dextrano con- capsulamento de peptídeos hidrossolú- 425-32, 2007.
tendo insulina. As nanoesferas foram veis” descreve um processo de preparo
caracterizadas quanto ao tamanho e sua de microesferas ou nanoesferas biode- Buckel, P. Recombinant proteins for the-
distribuição e quanto à forma. A efici- gradáveis por meio da técnica de emul- rapy. Trends in Pharmacological Scien-
ência de encapsulamento e a liberação sificação óleo em água (IGNATIOUS, ces, v. 17, p. 450-6, 1996.
in vitro da insulina também foram de- 2007). Estas formulações são adequa-
terminadas. A bioatividade da proteína das para a liberação controlada de pep- Carey NH. Production and use of thera-
foi avaliada in vitro e em ratos diabéti- tídeos bioativos. peutic agents. British medical journal (Cli-
cos. Os resultados mostraram que as na- nical research ed.), v. 10, n. 295, p. 907-8.
noesferas desenvolvidas, de 267 nm a 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 1987.
2760 nm, apresentaram uma eficiência
de encapsulamento de 82,5 %. As na- Os gastos com pesquisa e desenvolvi- Castor TP. Polymer microspheres/nanos-
nopartículas impediram a liberação da mento na área biofarmacêutica estão em pheres and encapsulating therapeutic pro-
insulina no meio ácido e permitiram torno de 19 a 20 bilhões de dólares nos teins therein. United States Patent
uma liberação sustentada do peptídeo últimos três ou quatro anos. Estima-se 20060033224. Feb 2006.
em meio neutro. A insulina encapsula- que aproximadamente 2.500 fármacos
da foi bioativa, como demonstrado pe- de base biotecnológica estejam em fase Cleland JL, Daugherty A, Mrsny R. Emer-
los estudos in vitro e in vivo. de descoberta, 900 em triagem pré-cli- ging protein delivery methods. Current
Algumas patentes também descrevem a nica e 1.600 em testes clínicos (WALSH, Opinion in Biotechnology, v. 12, p. 212-
utilização de nanopartículas para admi- 2006). Do ponto de vista técnico, avan- 9, 2001.
nistração de peptídeos e proteínas: ços na engenharia de proteínas e nos
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posições farmacêuticas de nanocápsu- aprovação de um número ainda maior to da biotecnologia. Biotecnologia Ciên-
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cêutica na forma de suspensão coloi- ção controlada.
dal de nanocápsulas preparadas com o A eficiência e a segurança da adminis- Dash AK, Cudworth II GC. Therapeutic
polímero polialquilcianoacrilato (VRAN- tração de proteínas terapêuticas são a applications of implantable drug delivery
CKX et al., 1996). Esta formulação é chave do sucesso comercial e, em al- systems. Journal of pharmacological and
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polipeptídeos e polissacarídeos. cia nos atuais e futuros produtos bio-
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cêutica de liberação controlada conten- ções, cada método deve ser considera- 06/12/2007
do ciclosporina encapsulada em micro- do em termos de quão fácil ele pode
esferas ou nanoesferas biodegradáveis ser para a produção, para o impacto na Emerich DF, Thanos CG. The pinpoint pro-
(RAMTOOLA, 1997). A formulação apre- qualidade da proteína, para a biodis- mise of nanoparticle-based drug delivery
senta propriedades de liberação lenta ponibilidade e para a toxicidade. Em and molecular diagnosis. Biomolecular
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transporte do peptídeo para o intestino teínas evoluíram muito nos últimos
quando administrada pela via oral. anos, mas, um grande esforço em pes- Farokhzad OC, Langer R. Nanomedicine:
- patente US 20060033224 intitulada “Mi- quisa e desenvolvimento ainda é neces- developing smarter therapeutic and diag-
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ve um processo de formulação de mi- sistemas nanoparticulados são uma
croesferas e nanoesferas e o encapsu- oportunidade para melhorar a adesão Fattal E, Vauthier C. Nanoparticle as Drug
lamento de proteínas com atividade te- do paciente ao tratamento e sua quali- Delivery Systems, Encyclopedia of Phar-
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