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XV SIMPEP 2008 Estilos de Aprendizagem
XV SIMPEP 2008 Estilos de Aprendizagem
1. Introdução
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2. Construção do conhecimento
O conhecimento é uma “mistura fluída de experiência estruturada, valores, informações
contextuais e discernimento técnico que proporciona uma referência para avaliar e incorporar
novas experiências e informações”. (LACOMBE, 2003, P. 491).
Nas organizações contemporâneas, o conhecimento vem se tornando uma das principais
vantagens competitivas. Porém, saber administrar esse conhecimento não é uma tarefa fácil,
porque a maior parte do conhecimento está na mente das pessoas que formam as
organizações. (LACOMBE, 2003).
Devido a essa nova postura, o compartilhamento, o armazenamento e a utilização do
conhecimento, vêm sendo cada vez mais valorizados, difundidos e aplicados nas
organizações. Não adianta dispor de conhecimento se não é promovida sua partilha. A
organização só se beneficia quando o conhecimento é difundido, partilhado, transferido e
trabalhado, ou seja, quando há efetivos fluxos de conhecimento, que são mais conhecidos
como canais de rede de comunicação, que promovem uma rápida difusão de conhecimento e
experiências (GROTTO, 2003).
Segundo Choo (2003) a construção do conhecimento é reconhecida quando existe o
relacionamento sinérgico entre o conhecimento tácito, (pessoal de difícil comunicação e
formalização), o conhecimento explícito (é formal e sintético e pode ser facilmente
compartilhado) e o conhecimento cultural (estruturas efetivas e cognitivas utilizadas
habitualmente) dentro de uma organização. Conhecimentos considerados interdependentes,
porém complementares.
Na construção do conhecimento, à medida que a interação entre o conhecimento tácito e
conhecimento explícito cresce, os níveis da organização se estendem. Para a criação do
conhecimento organizacional é necessário a conversão de conhecimento tácito em explícito e
vice-versa. Além de gerar ambientes significativos, gera inovações e competências (CHOO,
2003).
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4. Estilos de aprendizagem
Com a evolução da sociedade e da era do conhecimento, para suprir a necessidade de
administrar o conhecimento, as organizações foram levadas a adotarem novos modelos
gerenciais, ou seja, gestores dispostos a aprender e desenvolver competências que auxiliam a
organização identificar, processar e reter as novas informações e aplicá-las para melhorar as
tomadas de decisões e a capacidade competitiva. (BASTOS et al. 2004).
A criatividade de um gestor significa a geração de idéias novas, uma nova solução para se
resolver um problema. Um gestor precisa usar as vantagens da participação das pessoas, como
estímulo para a criatividade individual e grupal. A criatividade é base para que haja uma
mudança de forma construtiva. Desenvolver novos ambientes de trabalho nas organizações,
voltados para o estímulo da criatividade e o surgimento de novas idéias, estão sendo
requisitos cruciais para a função de um gestor (SCHERMERHORN, 1999).
Modelos gerenciais demandam de gestores e colaboradores com disposição em aprender. O
papel de um gestor é suprir seus colaboradores com uma estrutura conceitual que os auxilie
extrair informações e consequentemente novos conhecimentos (STARKEY, 1997). De acordo
com Moresi (2001), várias ações devem ser executadas em atividades de gestão do
conhecimento: descobrir conhecimentos, de modo que todo membro possa usá-los; assegurar
que o conhecimento esteja disponível sempre; facilitar o desenvolvimento efetivo e eficiente
de novos conhecimentos; assegurar que os novos conhecimentos sejam distribuídos a todos os
envolvidos em sua utilização; assegurar que todos os funcionários saibam onde os
conhecimentos estão disponíveis e como acessá-los. Os novos tempos têm trazido clara ênfase
sobre a importância do aprendizado organizacional, que é um processo de adquirir
conhecimento e aplicá-lo no desenvolvimento organizacional. As organizações devem estar
comprometidas com a geração de novas idéias e consequentemente a oportunidade de
aprendizagem e aperfeiçoamento. Para que isso se torne realidade, cada membro da
organização precisa se esforçar para ter um desenvolvimento pessoal contínuo
(SCHERMERHORN, 1999).
Através das interações com o ambiente e de suas escolhas de como se relacionar com ele, as
organizações aprendem e desenvolvem diferentes estilos de aprendizagem, semelhando-se as
pessoas. Partindo do pressuposto de que muitas organizações são grandes e complexas, o
ambiente com que se relacionam torna-se diversificado e diferenciado (MORESI, 2001).
O termo aprendizagem desloca o eixo central do papel de quem ensina para quem aprende;
nesse sentido, é que reside a diferença entre o termo “ensino” e “aprendizagem”. Bíscaro
(1994) nota que a aprendizagem pode se dar de diversas formas, inclusive pela chamada
aprendizagem vivencial. A aprendizagem vivencial considera que a pessoa, além de vivenciar
uma dada situação, tem a oportunidade de analisar o processo de forma crítica, extrair algo
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Aprendizado Individual
Reações do ambiente
Memória
Ação Tomada
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De acordo com Kim (1996) o grande desafio para as organizações é entender como se
processa a transferência pelo qual o conhecimento e o aprendizado individual são
incorporados na organização, uma vez que as bases de dados mentais individuais não
possuem cópia de segurança.
5. Metodologia
A presente pesquisa se caracteriza como exploratória e descritiva quanto aos fins. Quanto aos
meios a pesquisa classifica-se como bibliográfica e pesquisa de campo (VERGARA, 2004).
Como instrumento de pesquisa, aplicou-se o LSI (Learning Style Inventory), através de uma
amostra não-probabilística por acessibilidade, nos meses de julho a agosto de 2007 em 61
gestores de empresas de pequeno e médio porte na região de Londrina/PR. Após a aplicação
do LSI, os resultados foram quantificados e transcritos para planilhas do aplicativo MSExcel®
para apuração dos estilos de aprendizagem dos gestores entrevistados. Embora o tratamento
dos dados tenha sido predominantemente qualitativo, as questões foram tabuladas através da
categorização das respostas.
Para melhor compreensão, o Quadro 1 representa o modelo utilizado para a identificação dos
estilos de aprendizagem, conforme o modelo de Kolb (1978) somatória das colunas, para
identificação dos estágios e estilos de aprendizagem.
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Estilo de aprendizagem %
Divergente (EC/OR) 4,92
Assimilador (OR/CA) 14,75
Convergente (CA/EA) 21,31
Acomodador (EC/EA) 32,79
TABELA 3 - Estilos encontrados nos gestores entrevistados, em percentual. Fonte: pesquisa
dos autores.
7. Considerações finais
A aprendizagem organizacional interessa-se pela descrição de como a organização aprendem
as habilidades e os processos na geração e utilização do conhecimento obtido, favorecendo a
construção da aprendizagem que é ferramenta importante no desenvolvimento organizacional.
A maioria dos entrevistados desenvolve estilos de aprendizagem que priorizam determinadas
habilidades em detrimento de outras. Os gerentes possuidores de diferentes estilos de
aprendizagem lidam com a tomada de decisão e solução de problemas de maneiras diferentes.
Os estilos de aprendizagem individual de gestores estão associados às habilidades com que
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cada indivíduo lida com as novas experiências quando estas não se encaixam com teorias ou
planos existentes.
O LSI tem como objetivo medir as forças e as fraquezas de gestores no processo de
aprendizado, a experiência concreta imediata é à base da observação e da reflexão. A
observação é assimilada na forma de uma teoria, a partir da qual se podem deduzir novas
implicações sobre a ação. As hipóteses servem então de guias durante a ação para criar novas
experiências. Para o efetivo aprendizado, os aprendizes necessitam de quatro tipos diferentes
de habilidades, bem como das quatro habilidades geradas, as quatro combinações dominantes
de estilos de aprendizagem: convergente, divergente, assimilador e o acomodador.
Neste processo o aprendizado pode ocorrer tanto de forma ativa quanto passiva. Cada estilo
provoca uma preferência para o aprendizado. Ao descobrir os estilos de aprendizagem, o
gestor cria capacidade de gerar conhecimento a partir da compreensão, postura, entendimento
dos processos humanos de aprendizados individual e coletivo. É um processo contínuo e
envolvente, com o objetivo da transformação da organização em um ambiente favorável às
novas idéias, ao aprendizado e à atualização de objetivos estratégicos e sistêmicos da
empresa.
Conclui-se que para o efetivo aprendizado, os aprendizes necessitam dos quatro tipos
diferentes de habilidades, desenvolvendo os estilos de aprendizagem: convergente,
divergente, assimilador e o acomodador. Neste processo de aprendizagem o gestor gera, a
partir de sua experiência, conceitos, regras e princípios que irão conduzir seu comportamento
em novas situações, e simultaneamente modifica estes conceitos a fim de aumentar a sua
eficiência. A experiência concreta é seguida por observação e reflexão que levam a formação
de conceitos abstratos e generalizações que levam as hipóteses a serem tratadas em ações
futuras as quais, por sua vez, levarão as novas experiências.
Na atualidade e de extrema importância a adaptação das organizações às constantes
mudanças, na geração de novos conhecimentos nos níveis individual, grupal e organizacional
e a contribuição do aprendizado individual para o aprendizado organizacional. Os estilos
individuais de aprendizagem afetam a educação gerencial, o processo de decisão e a geração
de conhecimento a partir da resolução de problemas. Na contribuição dos estilos individuais
de aprendizagem, cada um desenvolve aspectos diferentes processo gerencial, contribuindo de
forma única para o desenvolvimento organizacional. As habilidades pessoais vêm se tornando
cada vez mais importantes nas organizações. Os recursos humanos será sempre uma das
principais vantagens competitivas das organizações.
Um bom ensino gerencial deve mesclar o exame reflexivo da experiência com a aplicação do
conhecimento para a ação, integrando a teoria e a prática. Assim sendo, ao descobrir os estilos
de aprendizagem, o gestor cria capacidade de gerar conhecimento a partir da compreensão,
postura, entendimento dos processos humanos de aprendizados individual e coletivo. Para o
efetivo aprendizado, os aprendizes necessitam dos quatro tipos diferentes de habilidades.
Neste processo, a experiência concreta é seguida por observação e reflexão que levam a
formação de conceitos abstratos e generalizações que levam as hipóteses a serem tratadas em
ações futuras as quais, por sua vez, levarão as novas experiências. Um processo contínuo e
envolvente, com o objetivo de transformar a organização em um ambiente favorável ao
aprendizado.
REFERÊNCIAS
ANGELONI, M.T. (Coord.) Organizações do Conhecimento: infra-estrutura, pessoas e tecnologias. São Paulo:
Saraiva, 2003.
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BASTOS, A. V. B.; et. Al. Aprendizagem Organizacional versus organizações que aprendem características e
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03/08/2008.
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construir conhecimento e tomar decisões. São Paulo: Senac, 2003.
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1997.
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