A Morte é a experiência mais dolorosa para um individuo, tanto para quem a
experimenta quanto para quem a acompanha ou a observa. Ela gera um conjunto de
respostas que provem de uma perda irrevogável, um rompimento irreversível de um vínculo que resulta em uma série de sentimentos e manifestações somáticas e psíquicas (SANTOS, 2008). A elaboração do luto é algo que se faz necessário em alguns casos para facilitar a re-significação de sentidos e a rearticulação de planos, é o “perceber que a vida continua”, porém não é um trabalho fácil e muitas vezes necessitam-se de um acompanhamento para facilitar a elaboração (SANTOS, 2008). Geralmente o câncer é diagnosticado em suas fases avançadas acarretando mudanças drásticas na vida do enfermo e da família que resultam da abrupta noticia, consciência da evolução da doença, ameaça de perda e morte propriamente dita. A antecipação da perda de um familiar pode ser tão dolorosa quanto à própria morte. Diante do impacto que a confirmação da doença causa, a família e o enfermo necessitam de um equilíbrio para uma reorganização do cotidiano familiar para assegurar a execução das tarefas e necessidades do enfermo. É a primeira percepção da gravidade da situação que incita uma redistribuição dos papéis na dinâmica familiar. A família deve estar ciente que há pela frente um árduo trabalho em relação aos cuidados que serão dirigidos ao enfermo, como por exemplo, idas ao médico, internações, higiene intima, entre outros (CAMPOS, 2009). A elaboração do luto consiste em uma adaptação, tanto por parte do paciente como por parte da família, cognitiva e emocional para os próximos acontecimentos. A possibilidade de morte causa um desequilíbrio, além de uma intensa angústia e desorganização psicológica no convívio familiar, sendo a percepção e os sentimentos em relação a essa possibilidade diferentes para cada um que vivência a situação, a pessoa perdida é única, entretanto cada um perde uma pessoa diferente com uma dor diferente (CAMPOS, 2009). É necessária uma integração familiar, uma união para tornar a situação amena. Em alguns casos, os membros se dispersam, vivendo as dores isoladamente e dificultando o processo de elaboração do luto. As famílias que conseguem expressar suas dores e sentimentos se adaptam com mais facilidade as perdas. O papel dos grupos sociais de apoio ou da psicoterapia é de favorecer a percepção de perda ajudando a família a expressar de maneira não-prejudicial suas emoções e sentimentos (CAMPOS, 2009). Segundo Pereira e Dias (2007), o psicólogo primeiramente tem o papel de escuta especializada, com a finalidade de possibilitar a expressão de sentimentos e duvidas para facilitar uma comunicação franca por parte do enfermo e da família, se acontece o contrário, ou seja, o não estabelecimento de um diálogo franco poderia ser prejudicial a todos os envolvidos, visto que a falta de diálogo não estabeleceria um esclarecimento de sentimentos e uma resolução de conflitos anteriores que gera preocupação, desconfiança e medo. O psicólogo auxilia a família e o enfermo para estabelecerem uma comunicação saudável, a fim de preparar ambos para uma “despedida”, um morrer com dignidade. O profissional que lida com casos terminais esta sujeito a situações dolorosas e difíceis que exigem um olhar sensível e estar disponível ao outro, flexibilidade e equilíbrio, além de maturidade teórica para auxiliar o trabalho com o paciente terminal.