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Índice

Página
Introdução…………………………………………………………………. 3
Anatomia da Articulação de um Equino………………………………...… 3
Claudicação em Equinos………………………………………………….. 7
Tratamentos Ortopédicos Não Cirúrgicos………………………………… 10
Acupuntura: Abordagem Diagnóstica….…………………………………. 10
Hidroterapia: Como Funciona?…………………………………………… 12
Desenvolvimento da Inflamação………………………………………….. 13
Anti-Inflamatórios Não Esteróides: AINEs…………………………...….. 14
Efeitos Farmacológicos………………………………………………........ 17
COX-2 Selectivos…………………………………………………………. 22
Duplos Inibidores…………………………………………………………. 23
Glucocorticóides…………………………………………………………... 24
Hialuronato de Sódio……………………………………………………… 25
Glicosaminoglicanos Polissulfatados……………………………………... 26
Pentosan Polissulfatado…………………………………………………… 27
Glucosamina e Condroitina……………………………………………….. 27
Conclusão…………………………………………………………………. 28
Bibliografia………………………………………………………………... 29

Introdução

A doença articular em equinos é uma patologia relativamente frequente, causando


grandes alterações no comportamento e hábitos dos cavalos e alterando a sua
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produtividade.
Neste trabalho, propomo-nos descrever as articulações dos cavalos, a patologia
que afecta as articulações e os tratamentos mais usuais.

Anatomia da Articulação de um
Equino
São as articulações do tipo diartrose e sinovial do cavalo que permitem o
movimento entre os ossos e são responsáveis pela transferência de carga e
amortecimento de forças.
A maioria das diartroses envolve a interacção entre dois extremos ósseos opostos,
que são cobertos por uma fina camada de cartilagem articular. O conjunto é fechado por
múltiplas camadas que constituem a cápsula articular que contêm líquido sinovial
lubrificante. Estas articulações são normalmente apoiadas por estruturas ligamentosas e
cartilaginosas.

Estrutura Comum das Articulações dos Equinos


A estrutura comum das
articulações dos equinos consiste na
articulação da superfície de grandes
ossos cobertos por cartilagem articular,
membrana sinovial, cápsula fibrosa
comum, cavidade contendo líquido
sinovial, e ligamentos associados.

A cápsula articular é composta


por duas partes: a camada fibrosa
exterior e a membrana sinovial interior.
A presença de ligamentos articulares
fortes que rodeiam e ligam a

terminação do osso, proporcionam

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estabilidade e protecção para a articulação. Os ligamentos também contribuem para


manter flexão e extensão da articulação, dentro de certos limites.
A cápsula apresenta terminações nervosas sensoriais e, na maioria dos casos, a dor
associada à inflamação articular resulta da activação destas terminações. Os nutrientes
exigidos pelos tecidos comuns são fornecidos pelos vasos sanguíneos que se encontram
em estreita associação com a membrana sinovial.
O líquido sinovial (fluido articular) preenche completamente a cavidade articular.
As suas funções são a de lubrificar as superfícies articulares, lavar o local dos resíduos
tóxicos, bem como nutrir a cartilagem articular.

Inflamação nas Articulações


Repetidos traumas ou stress nas
articulações, efectuados durante o uso diário, por
atletas profissionais ou de desempenho, são
muitas vezes a causa inicial para inflamações nos
joelhos dos equinos. Os sintomas familiares de
claudicação, inchaço, edema e calor, são
normalmente o resultado de inflamação na
membrana sinovial e cápsula articular.

A inflamação inicial geralmente


envolve apenas os tecidos moles das
estruturas articulares (membrana sinovial
/ cápsula articular), e os danos na
cartilagem não estão normalmente
presentes nesta fase inicial. A membrana
sinovial responde à lesão tornando-se
inflamada, uma condição denominada de
sinovite. Esta inflamação permite aos
leucócitos, que normalmente estão mantidos fora da articulação, por filtração, invadir o
espaço articular. A membrana sinovial inflamada e os leucócitos libertam enzimas
destrutivas, como radicais livres, citocinas e prostaglandinas, as quais são
potencialmente prejudiciais para a cartilagem articular. Sem tratamento, estes

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mediadores inflamatórios produzidos pela articulação inflamada terão, assim, um efeito


nocivo sobre a cartilagem.

Degradação da Cartilagem

As doenças articulares são um


processo progressivo. A activação
de leucócitos e a inflamação da
membrana sinovial resultam na
libertação de enzimas dentro da
cavidade comum, provocando a
deterioração da cartilagem e,
eventualmente, na fase final da
osteoartrite, evoluindo para danos
significativos na cartilagem
articular.
Uma vez danificada, a cartilagem articular não se corrige a si própria. Em vez
disso, o dano progride para Doença Articular Degenerativa (DAD) ou osteoartrite. A
DAD não pode ser corrigida, apenas gerida e, muitas vezes, leva à reforma ou sacrifício
do cavalo. Os objectivos terapêuticos incluem, assim, limitar a inflamação e bloquear a
libertação de mediadores inflamatórios destrutivos no início da doença, antes das lesões
articulares progredirem para uma irreparável destruição da cartilagem. Em suma, é
necessário tratar precocemente a cartilagem antes de ocorrerem os danos.

Diagnóstico da Doença Articular em Equinos


Os sinais clínicos comuns da doença das articulações
incluem claudicação, edema excessivo do líquido sinovial,
inchaço, dor na flexão e calor. No entanto, esses sinais
isoladamente não desvendam quais as estruturas comuns que
são afectadas ou quão danificadas se encontram. É necessário
um exame pormenorizado para determinar o problema exacto
do cavalo, o regime de tratamento, e o prognóstico para um
saudável futuro atlético.

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A palpação do sistema musculoesquelético irá detectar os sinais de doenças mais


comuns, tais como calor, inchaço e dor. O exame físico é geralmente seguido por um
exame de claudicação, a fim de identificar qual o membro ou membros afectados. Testes
de flexão às articulações podem ser realizados numa tentativa de localizar a dor.
Quando existe um défice no andamento do cavalo, a anestesia regional é
frequentemente realizada para identificar o local exacto da claudicação. A anestesia
regional consiste em injectar um anestésico local numa articulação ou nos seus nervos
circundantes. Se o défice no andamento ou a claudicação desaparecerem, então a
localização definitiva do problema está determinada. Por exemplo, se a claudicação na
parte da pata esquerda desaparecer após a injecção de anestésico local na articulação
metacárpico-falângica desse membro, então essa é a articulação que se encontra lesada.

Claudicação em Equinos
A claudicação é uma anomalia no andamento do cavalo e é causada pela dor e/ou
restrição de circulação. A claudicação pode ter as mais variadas causas, podendo ser
degenerativas, de desenvolvimento, alérgicas, autoimunes, metabólicas, mecânicas,
neoplásicas (tumores), nutricionais, infecciosas, inflamatórias, imuno-mediadas,
isquémicas (baixo fluxo sanguíneo), iatrogénicas (provocadas pelo Homem), idiopáticas
(desconhecidas), traumáticas e tóxicas.
A maioria das causas de claudicação apresenta as seguintes categorias:
• Degenerativas, por exemplo, DAD (osteoartrite)
• Desenvolvimento, por exemplo, Osteocondrose, fisite (epifisite)
• Metabólica, por exemplo, Laminites, rabdomiólise exercicional
• Mecânica, isto é, sobrecarga de uma estrutura ou súbita com
sobrecarga maciça ou repetida, com sobrecarga marginal (desgaste e
rasgo)
• Infecciosas, por exemplo, abcesso, infecção da ferida, celulite,
infecções comuns
• Inflamatórias, uma vez que a maioria das causas específicas de
claudicação apresenta um componente inflamatório
• Traumática ou lesão (traumatismo externo)

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Localizar a área específica envolvida


exige duas ferramentas básicas: os olhos e as
mãos. As três competências exigidas são a
observação, a palpação, e a manipulação.
Relativamente à observação, é essencial
procurar a simetria entre as pernas esquerda e
direita, e entre o interior e o exterior de uma
estrutura normalmente simétrica. Quando a assimetria é encontrada, ela é causada pelo
alargamento (por exemplo, inchaço) ou redução no tecido da massa. Quanto à
palpação, é fundamental procurar uma sensação de calor, inchaço, dor, e mudanças de
textura de um tecido, caracterizando qualquer inchaço como duro, firme, suave,
carregado de fluidos. No que concerna à manipulação, é necessário mover a estrutura
ou tecidos normais através da amplitude de movimentos, verificando se há dor e se há
alteração da amplitude do movimento (aumento ou diminuição). Estas habilidades são
usadas para identificar os cinco sinais básicos de inflamação: Dor, Calor, Inchaço,
Rubor e Perda de função.
Também são de considerar outras fontes possíveis de claudicação, como, a pele e
o sistema nervoso (cérebro, espinal-medula, nervos).
De modo a interpretar estes sintomas, torna-se fundamental adoptar o seguinte
processo: primeiro, a resposta à dor tem de ser repetitiva para ser válida; segundo,
assumindo que a perna ipsilateral é normal, deve-se utilizá-la como termo de
comparação para assegurar que o diagnóstico está correcto; terceiro, a maioria dos
problemas de claudicação envolvem uma estrutura dentro ou abaixo do joelho. E, por
último, ter consciência que, por vezes, não é possível um diagnóstico específico sem
exame veterinário e diagnóstico imagiológico.

Exame Veterinário da Claudicação


Os Veterinários usam os seguintes procedimentos para avaliar a claudicação e
determinar a sua causa:
 Exame físico (observação, palpação, manipulação).
 Avaliação do andamento.
 Testes de flexão (da articulação).
 Diagnóstico com anestesia: bloqueios regionais e bloqueios articulares.

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 Imagiologia diagnóstica, onde o método escolhido depende das


suspeitas do veterinário:
 Radiografia (raio-x) – aos ossos e articulações.
 Ultrassonografia – a tecidos moles com problemas, como tendões
e lesões ligamentares, e às superfícies das articulações.
 Termografia – imagiologia da temperatura da superfície corporal,
procurando áreas de inflamação (aumento da temperatura) ou
redução do fluxo sanguíneo (diminuição da temperatura).
 Cintilografia Nuclear (varredura do osso) – fase de tecidos moles
para uma inflamação de tecidos moles; fase óssea para problemas
no osso ou problemas articulares.
 Tomografia axial computadorizada – a qualquer tecido, mas
principalmente utilizado para problemas ósseos.
 Ressonância magnética – na maior parte dos tecidos moles e nas
superfícies das articulações.
 Terapêutica experimental – presumidos diagnósticos baseados em
resposta ao tratamento.

Tratamentos Ortopédicos Não


Cirúrgicos
 Tratamento sistémico (AINEs, AIEs, PSGAG, tiludronato, hialoronato,
suplementos orais, condroprotectores – glucosamina e sulfato de condroitina);
 Tratamentos locais;
 Tratamentos intrassinoviais;
 Tratamento por ondas de choque;
 Repouso e programa de exercícios;
 Ferração ortopédica;

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 Crioterapia;
 Outras modalidades terapêuticas, tais como quiroprática, fisioterapia,
hidroterapia e acupunctura, sendo estas duas últimas aprofundadas neste
trabalho.

Acupunctura: Abordagem
Diagnóstica
A Acupunctura é principalmente uma abordagem diagnóstica, sendo uma
excelente ajuda como um complemento ao nosso convencional exame da claudicação.
Pode não indicar exactamente onde é claudicação ou qual é a causa, mas indica que algo
está reactivo naquela região.
A Acupunctura pode ser uma valiosa ferramenta num exame de claudicação num
equino, o qual inclui testes de flexão, bloqueios nervosos, radiografias, ressonâncias e
fluoroscopia. É tradicionalmente realizada com agulhas finas de aço inoxidável
esterilizadas, e, contrariamente ao que muitas pessoas pensam, os procedimentos
envolvem uma mínima sensibilidade. Normalmente, os tratamentos duram entre cinco a
trinta minutos, sendo os pacientes muitas vezes tratados uma a duas vezes por semana.
É de salientar que a estimulação de pontos fundamentais da lesão é o meio de
tratamento utilizado na acupunctura.
Existem, realmente, muitos modos de exercer a acupunctura para além do método
tradicional da agulha seca para estimular os pontos de acupunctura. Esses métodos
alternativos incluem electroacupunctura, aquapunctura, “moxibustion” (utilização de
calor e combustão) e estimulação a laser. Vulgarmente, a acupunctura é confundida com
outras formas de terapia alternativa. A quiroterapia, por exemplo, é baseada na relação
entre o corpo do animal, coluna vertebral e do sistema nervoso, não envolvendo
estimulação através de pontos de acupunctura.
O Dr. Vonderwell (Presidente da Associação Internacional de Acupunctura
Veterinária) raramente pede ao proprietário para lhe dizer qual é o problema com o
cavalo e na maioria das vezes ele não pede para ver o cavalo em movimento antes do
seu exame. Ele simplesmente palpa os pontos de acupunctura e a reacção do cavalo

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fornece informações suficientes para que diagnostique o problema.


De acordo com a sua teoria, é importante lembrar que os cavalos apresentam
frequentemente sinais de mais do que um problema, e, a acupunctura vai ajudar a
determinar quais os problemas que estão presentes. Com o objectivo de chegar a um
diagnóstico, o Dr. Vonderwell defende que a acupunctura é útil para mapear onde o
problema está localizado. A maior parte das situações anormais do corpo, tais como dor,
inflamação, o diminuir ou aumentar em circulação, entre outras, já estão mapeadas pelo
sistema nervoso central. O sistema nervoso central reflecte este mapa para a superfície
do corpo, por meio dos meridianos e pontos de acupunctura. Por palpação dos
meridianos e dos pontos, percebendo o aumento ou diminuição de reflexos e diferenças
na qualidade dos tecidos (firme, macio, cedendo à pressão, endurecimento sob pressão,
quente, frio, entre outros), o acupuncturista pode, figurativamente, ler o mapa reflectido.
Isto não só ajuda a localizar as áreas problemáticas, mas também ajuda na diferenciação
entre claudicação primária e secundária.
Dr. Vonderwell explicou como as anomalias nas articulações podem causar claudicação
em cavalos. A articulação com todas as suas estruturas associadas é denominada de
unidade motora. Estas unidades motoras podem ser hipomóveis ou hipermóveis. As
hipomóveis, unidades motoras fixas, vão resultar numa diminuição da amplitude de
movimento. Isto provoca rigidez, dor e contractura dos tecidos moles associados. A
curto prazo esta situação provoca alguns espasmos musculares devido aos danos e stress
sobre o sistema nervoso. A longo prazo, provoca atrofia muscular devido aos constantes
prejuízos para os nervos ou por causa do desuso pela dor.
Muitos proprietários de cavalos apreciam a naturalidade e segurança da
acupunctura, os efeitos laterais são raros e os fármacos ou substâncias químicas nunca
entram no corpo do animal. No mundo ocidental, é utilizada principalmente quando a
cirurgia não é viável ou quando os medicamentos não estão a funcionar ou não podem
ser utilizados devido aos possíveis efeitos adversos.

Hidroterapia: Como Funciona?


Durante séculos, a utilização da água do mar tem sido reconhecida como um
auxílio ao tratamento e prevenção de problemas nas pernas de cavalos – talassoterapia.
Um banho de água fria, uma modalidade comum, esfria a superfície da pele, mas

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a temperatura da água não é controlada e pode não ser fria o suficiente para afectar as
estruturas mais frequentemente envolvidas em lesões articulares.
A água fria do mar, em especial, tem um efeito anti-inflamatório, que facilita a
cura e ajuda a proteger contra lesões. Por conseguinte, ao longo dos últimos 150 anos,
aproximadamente, os inventores têm patenteado diversos dispositivos para replicar os
benefícios da exposição ao frio da água do mar de uma forma controlada.

Terapia com Água Fria


O uso de Hidroterapia a frio despoleta três reacções básicas. A um nível celular, a
resposta metabólica das células é reduzida, de modo que as células necessitam de menos
oxigénio para funcionar e, assim, sofrem menos lesões hipóxicas. É diminuída a
permeabilidade dos endotélios, reduzindo assim a quantidade de líquido que se acumula
na área lesada. E em terceiro lugar, o frio adormece a área até um certo grau, agindo
como um analgésico tópico.
O banho de água fria é uma das formas mais simples de hidroterapia e uma lesão
recente pode beneficiar de estar a ser molhada durante cerca de vinte minutos a uma
hora, tantas vezes por dia quanto possível. Períodos mais curtos não são tão benéficos,
uma vez que não dão aos vasos sanguíneos tempo suficiente para reagir.
Uma das melhores coisas sobre o frio é que, ao contrário de outros métodos, como
a quimioterapia, ele não anula os efeitos benéficos do processo de cura. Calor e
inflamação podem ser reduzidos por corticosteróides, por exemplo, mas fazem-no
encerrando todo o processo de cura, enquanto a terapia do frio apenas a controla e
regula.

Spas de Água Fria para Equinos


Ao longo dos últimos vinte anos grandes avanços na concepção de Spas para
Equinos foram feitos. No entanto, ainda é difícil convencer uma céptica parte da
comunidade veterinária relativamente à eficácia das hidroterapias de banho frio no
tratamento de claudicação e lesões na perna dos cavalos.
Actualmente, Spas terapêuticos para equinos têm-se propagado pela Europa e
América do Norte com muito bons resultados em toda uma série de lesões que causam
claudicação em cavalos.

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Desenvolvimento da Inflamação
Qualquer tecido vascularizado pode sofrer processos de inflamação. Esta
desenvolve-se de acordo com a sequência de cinco sinais: rubor, calor, inchaço ou
edema, dor e perda de função. A resposta vascular inicial é a vasoconstrição de
pequenos vasos à volta do local lesado, que é o mecanismo de controlo hemorrágico.
Após 5 a 10 minutos, ocorre vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular. Os
leucócitos, plaquetas e hemácias dos vasos danificados tornam-se aderentes ao
endotélio. A fuga de células e de fluidos derivados do plasma e ricos em proteína é
seguida de agregação plaquetária e formação de fibrina.
Inicialmente, os tipos celulares predominantes são os polimorfonucleares (PMNs),
devido ao seu maior predomínio na circulação. Devido ao seu curto tempo de vida, são
rapidamente substituídos por macrófagos. A migração e a concentração de PMNs
ocorrem por acção de quimiotácticos libertados no local danificado. À medida que
morrem os PMNs, o conteúdo das células lisadas acumula-se, formando um exsudado
inflamatório, também conhecido como pus.
Os mediadores da inflamação (quimiotácticos) são responsáveis pela resposta
inflamatória e provocam dor e febre. Estes mediadores são derivados tanto de células
como do fluído que atingem o local do tecido danificado, através do sangue. Os
leucócitos são os principais libertadores de quimiotácticos. Entre os factores libertados,
pelas células que lisam e que estão inflamados, destacam-se a histamina, serotonina,
eicosanóides (produtos do metabolismo do ácido ariquidónico: prostaglandinas,
leucotrienos e outros relacionados), factor activante das plaquetas, radicais de oxigénio
e citocinas. O papel de cada um destes mediadores da inflamação depende da fase da
inflamação no qual o mediador é libertado.
Existem ainda mediadores da inflamação derivados do plasma e incluem as
quininas, os factores do complemento e seus derivados, e fibrinopéptideos, libertados
durante a conversão do fibrinogénio e fibrina durante o processo de coagulação e
subsequente proteólise da fibrina em plasmina.
O controlo farmacológico da inflamação é feito pela prevenção da libertação de
vários quimiotácticos ou mediadores plasmáticos, inibindo as suas acções e/ou tratando
das respostas provocadas por elas.

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O uso de anti-inflamatórios não esteróides (AINEs) está entre os fármacos mais


utilizados entre os agentes terapêuticos, no mundo. Os AINEs têm uma variedade de
agentes e de diferentes composições químicas. Os seus efeitos são principalmente acção
anti-inflamatória (alterando a reacção inflamatória), acção analgésica (atenuação de
determinadas dores) e efeitos anti-piréticos (diminuindo as temperaturas altas).
Estas reacções – efeitos primários, estão relacionadas com a inibição da
ciclooxigenase do ácido araquidónico e por consequência da produção de
prostaglandinas e tromboxanos (eicosanóides), apesar de haver aspectos de acção
individual que podem ocorrer por diferentes mecanismos. Por outro lado, existem
AINEs que possuem outras acções para além daquelas na inflamação.

Anti-Inflamatórios Não Esteróides –


AINEs
Existem três tipos de enzimas ciclooxigenase, nomeadas COX-1, COX-2 e COX-
3. A COX-1 é uma enzima expressa em muitos tecidos, e até as plaquetas sanguíneas a
expressam, sendo comummente designada por constitutiva. Tem um efeito de equilíbrio
estando envolvido na hemostase tecidular. A COX-2 é induzida pelas células
inflamatórias quando são activadas, sendo a IL-1 e o TNF-α muito importantes (para
além destes efeitos, a COX-2 desempenha outros efeitos não relacionados com a
inflamação). Logo, a COX-2 é responsável pela produção de mediadores da inflamação
do tipo prostanóides. A COX-3 é uma variante da COX-1, e está presente no cérebro de
cães, possuindo uma menor actividade na síntese de prostaglandinas, sendo facilmente
inactivadas por antipiréticos e analgésicos.
Os eicosanóides, como as prostaglandinas e os leucotrienos, são ácidos gordos
com cadeias de 20 carbonos. Estes compostos são produzidos quando o oxigénio reage
com os ácidos polinsaturados dos fosfolipidos membranares. O ácido gordo mais
importante é o ácido araquidónico (AA) que é libertado para a célula a partir das
membranas celulares danificadas. Uma vez no interior da célula, o AA age como
substrato para enzimas que produzem produtos terminais e intermédios dos

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eicosanóides. As COX, localizadas em todas as células excepto hemácias maduras,


adicionam oxigénio ao AA, gerando prostaglandinas instáveis, os endoperóxidos
(PGG2). Reacções subsequentes de peroxidase convertem PGG2 em PGH2, o precursor
de todas as outras prostaglandinas e tromboxanos.
A acção dos AINEs no bloqueio do primeiro passo da síntese de prostaglandinas,
ligando-se e inibindo as COX, é tanto dose dependente como dependente do fármaco. O
local exacto onde as COX são inibidas continua desconhecido. Existem investigadores
que demonstraram que existem AINEs que reduzem a formação de prostaglandina E2 no
exsudado inflamatório em doses terapêuticas.
Em sistemas in vitro, alguns estudos demonstraram que os AINEs alteram a
resposta inflamatória pela inibição da activação de neutrófilos e da consequente
libertação de enzimas inflamatórias como as colagenases, elastases e hialurinidases,
entre outros. Os AINEs interferem com vários aspectos da função dos neutrófilos,
incluindo aderência. A extensão da inibição da activação neutrófila varia com o fármaco
individual e todos os AINEs parecem inibir a adesão. Muitos AINEs como a
fenilbutazona, oxifenilbutazona e fluxinina inibem o movimento dos leucócitos. Destas,
a fluxinina é o inibidor in vitro mais potente.
Os AINEs são também capazes de imunomodelação. Os AINEs influenciam
indirectamente a actividade linfocítica através da formação de prostaglandinas
modificadas. Alguns AINEs parecem aumentar a imunidade celular ao inibir a
prostaglandina E2, um mediador que “tampona” a resposta imune. Este efeito parece ser
muito importante nos animais imunossuprimidos.
Os AINEs parecem inibir a síntese de proteoglicanos in vitro, e para os salicilatos,
confirma-se in vivo. Este efeito tem sido atribuído à inibição da desidrogenase uridina
difosfatoglicose, uma enzima importante na síntese de proteoglicanos. Contudo, a
síntese do ácido hialurónico depende desta enzima, apesar de não parecer ser afectado.
Os efeitos dos AINEs nas cartilagens são controversos. Evidências recentes
indicam que elas podem modificar positivamente o metabolismo de proteoglicanos, do
colagénio e da componente da matriz, e podem ainda diminuir a libertação de proteases
tóxicas, resultantes dos metabolitos do oxigénio. Existem um determinado número de
AINEs que afectam o anabolismo das cartilagens, para além de modularem a cascata
inflamatória. Sabe-se que os salicilatos provocam uma supressão da síntese de
proteoglicanos nas cartilagens osteoartríticas, quando comparado com as cartilagens não
afectadas. Por outro lado AINEs mais recentes, como o ácido tiaprofénico, piroxicam e

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sulindac, parecem não afectar o metabolismo da cartilagem articular, enquanto a


fenilbutazona aparenta não exercer qualquer efeito na cartilagem equina (Cambridge H,
Lees P, informações não publicadas).
Os AINEs partilham muitas propriedades farmacocinéticas. Enquanto ácidos
fracos, tendem a ser bem absorvidos quando administrados via oral. Ao fornecer com a
comida pode-se aumentar a sua absorção de alguns AINEs, ou contribuir para a
interacção com outros fármacos, como a fenilbutazona no cavalo. As soluções de
preparações injectáveis tendem a ser alcalinas e podem causar necrose ou dor se ocorrer
fuga perivascular. Os fármacos são lipossolúveis mas são caracterizadas por um
pequeno volume de distribuição devido à ligação com a albumina sérica, que pode
exceder os 99% em algumas espécies. A porção não ligada é distribuída pelo fluido
extracelular, e assim, apenas uma pequena porção de fármacos farmacologicamente
activas chegam aos tecidos periféricos.
A clearence de AINEs é variável, diferindo com o fármaco e espécie. As
diferenças nas taxas de clearence são grandemente responsáveis pelas diferenças nos
tempos de semi-vida dos fármacos entre espécies animais. A maior parte dos AINEs são
eliminados maioritariamente pelo metabolismo hepático. Os metabolitos conjugados são
predominantemente eliminados através da urina, apesar de várias fármacos sofrerem
circulação enterohepática extensiva. Para alguns fármacos, uma porção pode ser
eliminada pelos rins por secreção activa tubular. As diferenças na idade e na espécie
devem ser tidas em conta quando são extrapoladas as doses.

Efeitos Farmacológicos
Os efeitos dos AINEs incluem analgesia, antipiréxia e controlo da inflamação. O
mecanismo pela qual os AINEs inibem as COX é responsável, em parte, pela variação
do efeito anti-inflamatório. O ácido acetilsalicílico liga-se irreversivelmente ao local de
actividade da COX na sintetase da prostaglandina H e depois inactiva as enzimas ao
acetilar o resíduo de serina. Nas plaquetas, a acção da aspirina permanece para a vida da
plaqueta, pois as plaquetas não conseguem produzir mais enzima sintetase do
tromboxano. Por outro lado, as células endoteliais são capazes de sintetizar mais
sintetase prostaciclina e são menos susceptíveis de efeitos inibitórios de doses baixas de
aspirina.

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Ao contrário dos ligandos irreversíveis, o ibuprofeno liga-se reversivelmente com


a COX e por isso compete com o AA. A potência dos AINEs está definida, no cavalo,
como: fluxinina meglumina > ácido meclofenamico > fenilbutazona > naproxeno >
ácido acetilsalicílico. Contudo, a potência não significa necessariamente vantagens
terapêuticas, pois poderão ser efectivamente equivalentes ajustando as doses
apropriadamente.
Juntamente com a inibição das prostalgandinas, a interrupção de sinais celulares é
responsável pelos efeitos farmacológicos dos AINEs. Os efeitos são dose e fármaco
dependente e são antitrombóticos, ocorrendo a doses baixas; analgesia e antipiréxia;
controlo da inflamação, que ocorre a doses elevadas. Apesar de vários AINEs serem
caracterizados por uma eliminação do plasma rápida, a resposta pode durar pelas 24
horas seguintes à administração de uma dose individual até 72 horas quando em
múltiplas doses. A ligação irreversível das COX foi postulada como a explicação para as
diferenças entre a semi-vida plasmática e a resposta biológica. A eliminação dos AINEs
dos exsudados inflamatórios, por sua vez, é prolongada.
Os AINEs podem estar envolvidos em várias interacções medicamentosas durante
qualquer fase da disposição do fármaco. O deslocamento de uma pequena percentagem
de fármaco ligado à albumina pode aumentar a concentração de fármaco activo nos
tecidos. Poucas, se nenhuma, reacções adversas foram constatadas, em parte devido ao
aumento da actividade do fármaco ser temporária, já que a clearence renal e hepática
aumenta para a porção de fármaco não ligada. Muitos AINEs podem inibir ou induzir as
enzimas metabolizadoras dos fármacos.
Os efeitos adversos, resultantes de intoxicação são geralmente vómito, diarreia,
depressão e manifestações do sistema circulatório. O tracto gastrointestinal (GI),
hematopoiese e sistemas renais também podem ser afectados. Efeitos laterais incluem
hepatotoxicidade, meningite asséptica, diarreia e depressão. Os efeitos no tracto GI são
os mais comuns e o mais sério problema do uso de AINEs, resultando em ulceração e
erosão duodenal, devido a inibição da prostaglandina E2 mediadora do bicarbonato e da
secreção mucosa, epitelização e do fluxo sanguíneo. Em caso de alterações no tracto GI,
devido ao uso de AINEs, deve ser administrada prostaglandina (como o misoprostol) e
citoprotectores, como o sucralfato.
Todos os AINEs são capazes de alterar a actividade plaquetária pelo facto da
síntese de tromboxano estar interferida. Em doses farmacológicas, o ácido
acetilsalicílico acetila selectivamente e irreversivelmente o resíduo de serina da COX

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plaquetária, sendo esta COX 250x mais sensível a acetilação por ácido acetilsalicílico
que as COX nas células endoteliais. Os efeitos de agregação plaquetária podem durar
cerca de uma semana.
Os efeitos anti-inflamatórios e aliviadores da dor dependem da capacidade dos
AINEs em bloquear a COX-2, que é induzida em resposta a citocinas pró-inflamatórias,
enquanto a toxicidade (renal e GI) está relacionada com a inibição da COX-1. Em
detrimento deste conhecimento, surgiram os fármacos COX-2 selectivas, que parecem
possuir ainda uma eficácia no tratamento e prevenção de cancro em muitos órgãos,
incluindo o cólon, cavidade oral, mama e bexiga. Os AINEs COX-2 selectivos devem
inibir a prostaciclina mas não o tromboxano B2, e por isso, apenas o etoricoxib e o
celecoxib são COX-2 selectivas, não existindo fármacos COX-2 específicos. Todos os
AINEs usados no tratamento da dor e da inflamação nos cavalos, entre eles a
fenilbutazona, o naproxeno, a meglumina fluxinina, o carprofeno, o ácido
acetilsalicílico e o ketoprofeno, são considerados inibidores COX inespecíficos e inibem
igualmente as enzimas COX-1 e COX-2.

Fenilbutazona: É um ácido fraco e lipofílico, sendo um AINE aprovado pela


FDA. A inibição da cascata do AA ocorre após a conversão de intermediários reactivos
na síntese de prostaglandina H e da sintetase prostaciclina. O aumento da produção de
PGE2 tem sido verificado nas doenças articulares do cavalo. A PGE 2 possui ainda
capacidade de aumentar as propriedades da histamina e bradicinina na indução de dor. A
fenilbutazona exerce o seu efeito analgésico, parcialmente, ao inibir a produção de
PGE2 nos sítios periféricos à inflamação. Devido ainda ao acumular de leucócitos e de
fluído rico em proteína (que provocam inchaço, eritema, dor e edema), “chamados” pelo
mediador PGE2, é fácil perceber como é que um fármaco ao inibir a actividade da PGE 2
diminui a inflamação, pois diminui a infiltração leucocitária.
Devido a precipitação a pH neutro, como no músculo, a biodisponibilidade
intramuscular (IM) é menor que na administração oral. Este fármaco é metabolizado
pelo fígado, e menos de 2% é excretado como metabolitos na urina. Os seus metabolitos
principais são a oxifenilbutazona e γ-hydroxifenilbutazona inactiva. Os efeitos adversos
da fenilbutazona são hemorragias, hepatopatia e nefropatia.
O tempo de semi-vida está entre as 4 e as 8 horas, e no exsudado inflamatório de
24 horas.

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No cavalo o uso aprovado é sob as formas de pastilha oral, pasta ou gel ou como
preparação IV. Dentro das formas orais, a pasta oral providencia maior
biodisponibilidade que a solução em pó. A inclusão de comida faz reduzir os picos de
concentração no plasma e do tempo para atingir concentrações máximas. A adsorção do
fármaco no feno no tracto GI contribui para a menor biodisponibilidade e atraso na
adsorção. Esta é libertada por processos fermentativos no cólon e ceco, causando um
segundo pico de concentração plasmática. A ulceração do cólon e ceco pode ocorrer.
Quando administrada IV, a eliminação pode levar entre 3 a 10 horas, sendo dose
dependente. A segurança terapêutica é reduzida, nos cavalos, sendo a concentração
terapêutica recomendada de 5-20 ug/mL, cerca de 4,4 mg/kg/dia. Esta concentração
pode explicar a menor ligação plasmática e a maior proporção de fármaco activo, e o
prolongar do fármaco do tecido exsudativo.
Quando a dose é excedida, lesões podem ocorrer e podem mesmo levar a morte.
Entre as lesões, no tracto GI destacam-se as pequenas erosões a ulcerações massivas no
ceco e cólon. De entre os sinais clínicos de toxicidade no tracto GI, destacam-se a
inapetência, depressão, perda de peso. Com o progredir da situação, poderão ainda
aparecer sinais de choque hipovolémico. Este fármaco é recomendado para o tratamento
de osteoartrites e osteoporose.

Fluxinina Meglumina: é um derivado de ácido nicotínico, de uso aprovado em


cavalos. Descrito como um potente analgésico, tem sido usado para o controlo da dor,
em substituição de opióides. Tem uma grande importância no controlo da dor visceral.
Existem estudos que indicam que melhora a claudicação nos cavalos em 55% e no
inchaço em 34%, comparado com os 52% e 23% da fenilbutazona. A dose recomendada
é de 0,25-1,1 mg/kg/dia IV ou PO. O seu ínicio de acção ocorre após 2 horas e
permanece pelas 30 horas seguintes. O tempo de semi-vida estimado é de 1,6 a 2,5
horas. Possui uma grande ligação com as proteínas plasmáticas, cerca de 90%. Devido à
sua maior margem de segurança quando comparada com a fenilbutazona, este é o anti-
inflamatório músculo-esquelético “perfeito”, não existindo efeitos adversos conhecidos,
excepto em póneis e poldros, mas por razões económicas, a fenilbutazona é preferida,
sempre que aplicável.

Carprofeno: Possui uma semi-vida maior que os restantes AINEs, sendo a dose
recomendada para cavalos de 0,7 mg/kg/dia IV. Foi testado em cavalos pelas

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capacidades anti-inflamatórias e analgésicas, possuindo um desempenho modesto na


redução da produção de eicosanóides mas bom desempenho na redução da concentração
de PGE2 e de exsudado inflamatório, bem como na redução do volume e área inchada
nos pescoços de póneis (experimentalmente).

Naproxeno: Está aprovado pela FDA para uso em cavalos, em preparação oral
granular. Enquanto grânulos, a biodisponibilidade do naproxeno é de 50% nos cavalos.
Os picos plasmáticos de 25 ug/mL ocorrem nas 2-3 horas seguintes à administração de
10 mg/kg/dia (dose recomendada). A eliminação do plasma decorre em 46 horas. É
facilmente detectada na urina, tendo uma semi-vida na urina de 6 horas. Aparenta ter
uma grande margem de segurança terapêutica. A sua eficácia está provada no tratamento
da miosite, sendo preferencial a fenilbutazona nestas situações. Aparenta ainda ser
muito eficaz no tratamento da inflamação dos tecidos moles. Em casos clínicos de
azotúria, o naproxeno produziu uma resposta favorável em 90% dos cavalos num
tratamento em cinco dias.

Ácido Meclofenâmico: existe pouca informação relativamente a margem de


segurança e eficácia clínica no cavalo. Tem um ínicio de acção lento, necessitando 36 a
48 horas para atingir o pleno. Não foram detectados efeitos adversos nos 2 meses após a
administração de 2,2 mg/kg/dia em garanhões e éguas. Os sintomas de toxicidade, se
ocorrerem, são semelhantes aos da toxicidade por fenilbutazona, sendo eles anorexia,
depressão, perda de peso, edema, diarreia, ulcerações orais e diminuição do
hematócrito. A eficácia clínica recomenda um tratamento por 2-4 dias. O tratamento da
laminite aguda e crónica e de condições do esqueleto é muito efectivo com este
fármaco. Um ensaio clínico verificou que existe 78% de eficácia no tratamento da
doença do navicular, de 76% nas laminites e de 61% em osteoartrites.

Ketoprofeno ou Ketofeno: ácido propiónico aprovado para uso no Homem e no


cavalo. É um potente inibidor da COX, possuindo um grande poder anti-inflamatório,
analgésico e antipirético. A sua eficácia tem sido atribuída à capacidade de inibir
algumas lipoxigenases e da formação de leucotrienos. É ainda um potente inibidor da
bradicinina. É rapidamente absorvido no tracto GI, tendo uma ligação plasmática de
99% (à albumina principalmente). Os efeitos adversos são a erosão e ulceração da

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língua, do tecido glandular e não glandular estomacal. A administração IV é


recomendada nos cavalos, na dose de 2,2 mg/kg/dia.

Ácido Acetilsalicílico: éster de ácido salicílico do ácido acético. Sendo um ácido


fraco, é pouco ionizado no ambiente ácido do estômago e por isso a sua absorção é
facilitada. A maior parte da sua absorção ocorre no íleo, devido à sua maior área de
absorção através da microvilosidades. O ácido acetilsalicílico é hidrolisado por esterases
do plasma e dos tecidos, resultando em salicilatos, principalmente. Cerca de 25 % dos
salicilatos é oxidado, outra porção é conjugada dando ácido glucorónico antes da
excreção, e 25 % é excretado na forma original. A taxa de excreção é tanto maior quanto
o pH da urina.
Inibe a actividade das COX, da formação e libertação de cininas, estabiliza os
lisossomas e remove energia necessária para a inflamação ao desacoplar a fosforilação
oxidativa. Está disponível sobre várias formas, desde cápsulas a supositórios, passando
pelas soluções hidrossolúveis. A biodisponibilidade, quando administrada oralmente
varia, devido a diferenças na desintegração, formulação do fármaco, conteúdos
estomacais e pH gástricos. A excreção é mais rápida nas urinas alcalinas, daí
aumentarem-se o pH das urinas para o tratamento agudo da toxicidade por ácido
acetilsalicílico.
Possui uma grande margem de segurança terapêutica, e desempenha funções
como anti-inflamatório, antipirético, analgésico, antiplaquetário, entre outras. A
overdose é manifestada por depressão, vómito, hipertermia, desequilíbrios electrólitos,
convulsões, coma e morte. A toxicidade aguda inclui sério desequilíbrios ácido-base,
devido ao desamparelhamento da fosforilação oxidativa.
Nos cavalos, possui uma curta semi-vida, cerca de 1 hora, devido, em parte, à
urina ser alcalina. As doses efectivas devem ser muito maiores e administradas
frequentemente. A detecção terapêutica é dificultada devido aos salicilatos serem
produtos naturalmente excretados na urina do cavalo.
A dose habitual é de 25 a 35 mg/kg PO, apesar de ter uso limitado no cavalo.
Através de um uso racional de baixas doses, é recomendado para o tratamento da
síndrome do navicular, laminite crónica e cólica tromboembólica. O doseamento diário
ou a cada dois dias deve reduzir a coagulação e formação de trombos no cavalo.

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COX-2 Selectivos
São efectivos enquanto agentes anti-artríticos, e possuem uma eficácia analgésica
grande tanto na cólica menstrual como nas cirurgias ortopédica e dental. São
metabolizados no fígado, tendo uma biodisponibilidade entre os 92% e 36% e a
eliminação de 12 horas, aproximadamente. Aumentam a pressão sanguínea, se dadas
com fármacos anti-hipertensivos. Reduzem as taxas de filtração glomerular em
pacientes geriátricos e modificam a agregação plaquetária podendo haver maior
incidência de complicações trombóticas com o seu uso. São conhecidos os celecoxib,
etoricoxib, lumaricoxib, parecoxib, rofecoxib e valdecoxib. O celecoxib e o etoricoxib
estão aprovados para utilização na terapêutica sintomática da artrose e para terapêutica
da dor e inflamação na artrite reumatóide (na medicina humana).

Duplos Inibidores
A alternativa da via metabólica do AA é a via dos leucotrienos. A enzima 5-
lipoxigenase (5-LOX) transforma o AA em leucotrienos, que são quimiotácticos
potentes envolvidos na inflamação. Os inibidores duplos, isto é, inibidores da COX e 5-
LOX são uma alternativa valiosa aos AINEs normais e aos COX-2 selectivos. Ainda
não existe informação sobre se a inibição equilibrada da COX e 5-LOX providencia
melhores efeitos e menores efeitos secundários, que os AINEs COX-2 selectivos. A
tepoxalina é o único duplo inibidor disponível na medicina veterinária.

Tepoxolina: está aprovada para uso nos cães, no controlo da dor e inflamação
associadas à osteoartite. A segurança e eficácia da tepoxolina não foi avaliada para
gatos, e desconhece-se o seu uso nos cavalos. Está disponível numa forma oral que se

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dissolve rapidamente e deve ser administrada juntamente com a comida. A dose a


administrar depende da resposta verificada e da tolerância do sujeito ao fármaco.
A dupla acção da tepoxolina foi verificada em ensaios in vitro. A selectividade
contra as isoformas de COX e 5-LOX foi ainda verificada in vivo. Em cães adultos sem
raça definida com artrite crónica unilateral na articulação equivalente ao joelho, no
homem, foi-lhes administrado ou um placebo, ou meloxicam, ou tepoxolina, durante 10
dias em doses recomendadas. A tepoxolina foi consistente com a dupla inibição, pois
diminuiu as concentrações de leucotrieno B4 no sangue e mucosa gástrica, e de PGE2 no
fluído sinovial. A tepoxolina inibiu ainda a TBX B2 no sangue, que é consistente com
inibição de COX-1, um efeito não verificado nos cães tratados com meloxicam nem
com placebo. Portanto, apesar da tepoxolina ser um duplo inibidor, pode inibir a COX-1
em tecidos dependentes da COX-1.
A eficácia no controlo da dor e inflamação associadas à osteoartrite foi
demonstrada nos cães. Quanto aos efeitos secundários, num estudo de campo verificou-
se diarreia, vómito e inapetência.
Apesar de não estar aprovada para uso na dor pós-operatória, a tepoxolina já foi
testada em modelos experimentais, dos quais concluíram que é de uso seguro nas
cirurgias de tecidos moles.

Glucocorticóides
A modificação das respostas inflamatórias e imunitárias pelos glucocorticóides é
complexa, pela natureza dos processos em causa e pela variedade de acções fisiológicas
e farmacológicas destes esteróides.
Os glucocorticóides ligam-se a receptores citoplasmáticos específicos que depois
são transferidos para o núcleo modificando a transcrição do RNA mensageiro,
resultando na modificação de proteínas específicas. Alguns dos aspectos anti-
inflamatórios resultam destas acções. Os glucocorticóides inibem ainda a fosfolipase A,
ao induzir a síntese de macrocortina, impedindo a formação de AA a partir dos
fosfolípidos das membranas celulares. Inibe assim a síntese de prostaglandinas pela via
das COX e de leucotrienos pelas lipoxogenases, pela falta de AA, seu precursor.

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Condicionam a transcrição de numerosas citocinas (interleucinas 1α, 4, 6, 10), de


interferão e da expressão membranar de alguns dos seus receptores.
Exercem influência no movimento e função leucocitária, bem como sobre os
factores humorais, pois inibe o recrutamento de neutrófilos e macrófagos e monócitos
para o local de inflamação.
Reacções indesejáveis, resultantes do tratamento com glucocorticóides são:
manifestações de Cushing iatrogénicas, alteração do eixo hipotálamo-hipófise-supra-
renal, supressão de respostas imunitárias e inflamatórias de forma inespecífica, atraso na
cicatrização, osteoporose, entre outros.
Utilização terapêutica: acção inflamatória e imunossupresora: tratamento da artrite
reumatóide, formas graves de vasculite, lúpus eritematoso sistémico, entre outros.
Regulação neuroendócrina da inflamação: as interações entre o sistema nervoso, o
eixo hipotálámo-hipófise-supra-renal e componentes do sistema imune inato e
adaptativo desempenham um papel central na regulação da inflamação e imunidade.
Mecanismos de sinalização anti-inflamatória: Os glicocorticóides e os receptores
dos glicocorticóides têm um lugar no topo de uma rede reguladora que bloqueia várias
vias de inflamação. A inibição da produção de prostaglandinas ocorre através de três
mecanismos independentes:
• indução e activação da anexina-1 -> proteína anti-inflamatória que
interage fisicamente com e inibe a fosfolipase A2 a citosólica, que requer
níveis elevados de cálcio.
• indução de MAPK fosfatase-1 -> activadas pelas citocinas, infecções
bacterianas e víricas e a radiação ultra violeta, que por sua vez farão com
que a MAPK fosfatase 1 induza a transcrição de genes inflamatórios e
imunes.
• repressão da transcrição de COX-2.

Hialuronato de Sódio
O ácido hialurónico (hialurano - HA) é um dissacárido linear e um
glicosaminoglicano não sulfatado. Em condições fisiológicas este composto é aniónico
associado a catiões monovalentes. Quando o catião não é conhecido o composto é

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designado hialurano. O peso molecular do HA no fluido sinovial vai de 2 a 6 milhões


daltons e a sua concentração no mesmo fluido varia entre 0.33 e 1.5mg/mL.

Síntese e função do hialurano endógeno:


O hialurano (HA) é um componente integral do líquido sinovial e da cartilagem
articular numa articulação normal. A componente do líquido sinovial é sintetizada pelas
células da membrana sinovial enquanto que a parte que é incorporada na matriz
extracelular é sintetizada localmente pelos condrócitos. A sua remoção da articulação é
feita pelo sistema linfático sendo posteriormente degradado no fígado.
O HA confere visco-elasticidade ao líquido sinovial proporcionalmente à sua
concentração e ao seu grau de polimerização no líquido, estando por isso ligada à
lubrificação da membrana sinovial e da cartilagem articular. As soluções contendo o HA
podem também modular as respostas quimiotácticas dos fluidos extracelulares do tecido
conjuntivo através da redução da migração celular e da taxa de perfusão e fluxo de
solutos.

Possíveis mecanismos de acção do hialuronato de sódio exógeno:


Os mecanismos de acção através dos quais o HA é associado à melhoria das
doenças articulares têm sido estudados, porém as conclusões a que têm chegado variam
entre si. Ainda não foi determinada a concentração nem o grau de polimerização
necessários de HA para uma eficaz lubrificação intra-articular. Observou-se que a semi-
vida do HA intra-articular exógeno diminui quando se compara articulações de animais
saudáveis (96h) com as de animais com doenças articulares. Porém, uma porção do HA
exógeno e dos seus produtos de degradação permanecem no espaço extracelular das
células sinoviais influenciando a sua actividade metabólics. Estes incluem a inibição da
quimiotaxia de granulócitos, macrófagos, a migração de linfócitos, assim como a
redução da fagocitose por macrófagos e granulócitos. Pensa-se que os efeitos anti-
inflamatórios do HA exógeno são o resultado da redução da interacção de enzimas,
antigénios ou citocinas com as células-alvo. Pensa-se que a diminuição da quimiotaxia e
fagocitose de neutrófilos activados é feita pela interacção do HA com os receptores
CD44 de diversas células inibindo a expressão de diversas citocinas. Esta interacção,
ainda que dependente da concentração e do peso molecular, mostrou-se eficaz na
redução da produção de prostaglandina E2 e no aumento dos níveis de AMP cíclico. Em
suma, os efeitos anti-inflamatórios desta substância devem-se à sua capacidade para

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reduzir a produção de mediadores inflamatórios solúveis e ao aumento das vias de


transdução de sinal. Ainda não foram demonstrados efeitos directos do HA exógeno na
cartilagem articular intacta. Porém, estudos in vitro mostraram que altas concentrações
de HA suprimem a libertação de proteoglicanos SO4 pelos condrócitos induzida pela IL-
1α e TNFα. Foi também reconhecido um efeito positivo do HA na degeneração articular
induzida.

Glicosaminoglicanos Polissulfatados
Os glicosaminoglicanos polisulfatados (PSGAG) pertencem ao grupo dos
polissacáridos polissulfatados. A terapia com estes fármacos destina-se a prevenir,
retardar ou reverter as lesões cartilagíneas morfológicas da osteoartrite.

Mecanismos de acção: os PSGAG mostraram inibir os efeitos de várias enzimas


associadas à degradação cartilagínea, incluindo as metaloproteínases (colagenase e
estromalisina), proteínases, assim como elastases lisossomais e catepsina G. Estes
compostos provocam também um efeito directo na inibição da síntese de PGE2 e na
produção de interleucina-1. Para além dos efeitos anti-degenerativos, os PSGAG
parecem estimular a síntese de hialurano. Os diferentes estudos realizados in vivo
mostraram que estes fármacos apresentaram bons resultados tanto na inibição da
degeneração da cartilagem como na regeneração da mesma. Porém, os mecanismos de
acção exactos ainda não são certos e a interacção destes fármacos com as citocinas
envolvidas na doença articular ainda não estão bem estudados.

Vias de administração: a infecção intra-articular por Staphylococcus aureus após


administração intra-articular é sempre um risco, porém, recentemente, demonstrou-se
que esse risco era significantemente diminuído pela administração de 125mg de
amikacin. Devido aos PSGSG serem classificados como heparinóides, devem-se esperar
alguns efeitos nos mecanismos hemostáticos com hematomas locais. Mas estes
fenómenos não causam grandes complicações a longo prazo. A maior parte dos PSGAG
são utilizados intra-muscularmente pois está provado que esta via de administração
permite manter um nível anti-inflamatório na articulação. O uso principal dos PSGAG é
pós-cirúrgico, quando houve uma perda significativa de cartilagem articular. A dose

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recomendada é de 500mg via intramuscular cada 3 a 5 dias por um mínimo de cinco


tratamentos.

Pentosan Polissulfatado
Este fármaco, apesar de ter vindo a ser usado como agente anti-trombótico, foi-lhe
reconhecido o seu potencial para o tratamento das doenças articulares. Os seus efeitos
incluem a estimulação da síntese do hialurano, a inibição da degeneração cartilagínea e
a modulação da ligação de citocinas mediadas por receptores. Apesar destes efeitos, não
há ainda trabalhos publicados sobre a acção deste composto nas doenças articulares nos
equinos. Porém este fármaco tem sido usado na Austrália apresentando bons resultados.

Glucosamina e Condroitina
O sulfato de glucosamina é um amino-monossacárido e um precursor das
unidades dissacáridas dos glicosaminoglicanos cartilagíneos articulares. O sulfato de
condroitina está presente nas cartilagens como cadeias laterais dos grandes agregados
proteoglicanos. Como ambos são necessários para a síntese dos agregados, são
comummente denominados de “blocos de construção”. In vitro estas substâncias
mostraram estimular a síntese de proteoglicano e a inibição do catabolismo da
cartilagem. É recomendável o uso de produtos que contenham estas duas substâncias em
simultâneo uma vez que, de acordo com os dados existentes, os resultados obtidos são
melhores do que quando usados individualmente. A administração de glucosamina pode
ser oral ou intra-muscular, enquanto que a condroitina só deve ser administrada por via
oral.

Conclusão

Existem vários tratamentos da doença articular nos equinos. A melhor solução é


sem dúvida a prevenção. Desde os tratamentos cirúrgicos aos menos convencionais, a
recuperação da lesão nunca é total.

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A detecção precoce de doença articular é crucial para iniciar o tratamento, de


forma a se obterem os melhores resultados. Quanto ao tratamento farmacológico, o uso
de anti-inflamatórios não esteróides (AINEs) aumenta as possibilidades de recuperação,
quer sejam selectivos ou não das ciclooxigenases. É certo que existem muitos efeitos
secundários associados ao uso de AINEs, daí terem surgido os fármacos selectivos das
COX-2 que vieram minimizar estes efeitos.
Desenvolveram-se ainda muitos outros grupos de fármacos, com o intuito de
evitar o uso de AINEs, pelas imensas reacções adversas que provocam.
A abordagem não medicamentosa está actualmente a ser desenvolvida, e por isso,
a terapia com fármacos é, na nossa opinião, a mais importante forma de tratamento de
doenças articulares em equinos.

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