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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO professores.

Essa auscultação permitiu


Decreto Regulamentar n.º 669/2008 identificar três problemas principais: a
de 16 de Dezembro existência de avaliadores de áreas
Uma avaliação dos professores justa, disciplinares diferentes dos avaliados, a
séria e credível, que seja realmente burocracia dos procedimentos previstos e a
capaz de distinguir de estimular e sobrecarga de trabalho inerente ao
premiar o bom desempenho, constitui, processo de avaliação.
na perspectiva do Governo, um Os problemas identificados têm,
instrumento essencial para a valorização naturalmente, solução. Para os resolver, o
da profissão docente e um contributo Governo decidiu adoptar sete importantes
decisivo para a qualificação da escola medidas que, no seu conjunto, permitem
pública. que o procedimento de avaliação seja
Assim, sendo reconhecidamente aperfeiçoado e consideravelmente
insatisfatória a situação anterior, que se simplificado. Essas medidas são as
arrastou por demasiados anos, tornou-se seguintes:
necessário instituir um novo modelo de • Garantir que os professores são avaliados
avaliação dos professores. O novo por avaliadores da mesma área disciplinar;
modelo assenta em três pilares • Dispensar, neste ano lectivo, o critério
essenciais: i) uma avaliação interna, que dos resultados escolares e das taxas de
é realizada pelos pares, conhecedores abandono, considerando as dificuldades
da realidade das escolas e do respectivo identificadas pelo Conselho Científico da
nível de ensino; ii) uma avaliação Avaliação dos Professores;
integral, que valoriza a plenitude do • Dispensar as reuniões entre avaliadores e
desempenho dos docentes e não apenas avaliados (quer sobre os objectivos
o grau de cumprimento dos seus individuais, quer sobre a classificação
deveres funcionais; e iii) uma avaliação proposta) sempre que exista acordo tácito;
com consequências, quer no aspecto • Tornar a avaliação a cargo dos
formativo, quer no desenvolvimento da coordenadores de departamento curricular
carreira e na atribuição de prémios de (incluindo a observação de aulas),
desempenho. dependente de requerimento dos
Se os grandes movimentos de mudança interessados e condição necessária para a
apresentam sempre dificuldades, é obtenção da classificação de Muito Bom ou
natural que tais dificuldades sejam Excelente;
acrescidas neste domínio tão complexo • Reduzir de três para duas o número das
e tão sensível da avaliação do aulas a observar, ficando a terceira
desempenho profissional das pessoas, dependente de requerimento do professor
área em que quase não existiam, até há avaliado;
bem pouco, experiências de sucesso na • Dispensar da avaliação os professores
administração pública portuguesa. que reúnam condições de aposentação até
Por isso, é facilmente compreensível que final do ano escolar de 2010/2011;
a experiência prática de implementação • Dispensar de avaliação os docentes
do modelo de avaliação dos professores contratados em áreas profissionais,
revele a necessidade de introduzir vocacionais, tecnológicas e artísticas, não
algumas correcções, nalguns casos integradas em grupos de recrutamento;
mesmo correcções importantes, que • Simplificar o regime de avaliação dos
permitam superar os problemas professores avaliadores e compensar a sua
identificados pelos professores, ainda sobrecarga de trabalho.
que tais problemas não tenham O presente decreto regulamentar, que
expressão idêntica em todas as escolas. complementa a regulamentação do
Para o Governo, o essencial é que tais processo de avaliação até ao final deste
alterações contribuam, de facto, para primeiro ciclo de avaliação, em Dezembro
melhorar os termos da aplicação do de 2009, visa, concretizar, medidas
processo de avaliação e para favorecer adoptadas pelo Governo, sem prejuízo do
as condições de funcionamento das que deva ser objecto dos despachos
escolas. competentes.
Neste espírito, o Governo promoveu, Foram observados os procedimentos
mais uma vez, um processo de decorrentes da Lei n.º 23/98, de 26 de
auscultação das escolas, dos sindicatos, Maio.
dos pais e de outros agentes do sistema Assim:
educativo tendo em vista identificar os Ao abrigo do disposto nos n.ºs 4 e 5 do
problemas a resolver na avaliação dos artigo 40.º do Estatuto da Carreira dos
Educadores de Infância e dos agrupamento de escolas ou escola não
Professores dos Ensinos Básico e agrupada proceder à sua aprovação.
Secundário, e nos termos da alínea c) do Artigo 3.º
artigo 199.º da Constituição, o Governo Âmbito da avaliação
decreta o seguinte: 1 - Na avaliação a efectuar pelo órgão de
Capítulo I direcção executiva, a que se refere o artigo
Disposições gerais 18.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2008,
Artigo 1.º de 10 de Janeiro, não se aplicam os
Objecto e âmbito indicadores de classificação constantes da
1 - O presente decreto regulamentar alínea c) do n.º 1 daquele artigo, relativos
define o regime transitório de avaliação aos resultados escolares e ao abandono
de desempenho do pessoal docente de escolar.
educação pré-escolar e dos ensinos 2 - A avaliação a cargo dos coordenadores
básico e secundário. de departamento curricular, a que se refere
2 - A aplicação do presente decreto o artigo 17.º do Decreto Regulamentar n.º
regulamentar não prejudica a aplicação 2/2008, de 10 de Janeiro, incluindo a
do disposto nos Decretos observação de aulas, depende de
Regulamentares n.ºs 2/2008, de 10 de requerimento dos interessados e constitui
Janeiro, e 11/2008, de 23 de Maio, condição necessária para a atribuição das
naquilo que não for contrário ao disposto menções de Muito Bom e de Excelente.
no presente decreto regulamentar. Artigo 4.º
Artigo 2.º Avaliadores
Calendarização do processo e O despacho a que se refere o n.º 2 do artigo
aprovação dos instrumentos 12.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2008,
necessários à avaliação de 10 de Janeiro, adopta as providências
1 - O calendário anual de necessárias com vista a assegurar, sempre
desenvolvimento do processo de que tal seja requerido pelo avaliado, que a
avaliação, a que se refere o n.º 2 do avaliação a cargo do coordenador de
artigo 14.º do Decreto Regulamentar n.º departamento curricular é efectivamente
2/2008, de 10 de Janeiro, é fixado pelo confiada a avaliador do mesmo grupo de
presidente do conselho executivo ou recrutamento do docente avaliado.
director do agrupamento de escolas ou Artigo 5.º
escola não agrupada. Fixação dos objectivos individuais
2 - Para efeitos da calendarização a que 1 - Na formulação e na fixação dos
se refere o número anterior, deve ser objectivos individuais, a que se refere o
determinado um prazo limite, quer para artigo 9.º do Decreto Regulamentar n.º
a apresentação e fixação dos objectivos 2/2008, de 10 de Janeiro, não são
individuais, quer para cada uma das considerados os itens previstos nas alíneas
fases sequenciais previstas no artigo a) e b) do n.º 2 daquele artigo.
15.º do Decreto Regulamentar n.º 2 - A proposta de objectivos individuais a
2/2008, de 10 de Janeiro. formular pelo avaliado é exclusivamente
3 - O procedimento de calendarização a dirigida ao presidente do conselho
que se referem os números anteriores executivo ou ao director, ou ao membro da
deve ser estabelecido no prazo de cinco direcção executiva em quem aquela
dias úteis a contar da data da entrada competência tenha sido delegada.
em vigor do presente decreto 3 - Os objectivos propostos pelo avaliado
regulamentar. consideram-se tacitamente aceites pelo
4 - Sem prejuízo do disposto nos avaliador referido no número anterior, salvo
números anteriores, o presidente do indicação em contrário por parte deste no
conselho executivo ou director pode prazo de 15 dias úteis.
confirmar no todo ou em parte a 4 - Nas situações em que os avaliados já
calendarização já estabelecida para o tenham procedido à entrega dos seus
desenvolvimento do procedimento de objectivos e os pretendam actualizar de
avaliação. acordo com o disposto no presente decreto
5 - Não estando aprovados os regulamentar, deve essa actualização ser
instrumentos necessários à efectuada no decurso do prazo referido no
concretização do processo de avaliação número anterior.
até à data da entrada em vigor do Artigo 6.º
presente decreto regulamentar, Formação
compete igualmente ao presidente do Para efeitos do disposto no presente
conselho executivo ou director do decreto regulamentar e
independentemente do ano em que Artigo 10.º
tenham sido realizadas são Avaliação dos coordenadores de
contabilizadas todas as acções de departamento curricular e dos
formação contínua acreditadas, desde avaliadores com competência por eles
que não tenham sido tomadas em delegada
consideração em anteriores avaliações. 1 - Os coordenadores de departamento
Artigo 7.º curricular e os professores titulares,
Observação de aulas providos em concurso ou nomeados em
Quando, a pedido dos interessados, haja comissão de serviço, em quem aqueles
lugar a avaliação a cargo do tenham delegado competências de
coordenador do departamento avaliação, são exclusivamente sujeitos à
curricular, nos termos do n.º 2 do artigo avaliação a cargo da direcção executiva,
3.º, é calendarizada, pelo avaliador, a nos termos do artigo 18.º do Decreto
observação de duas aulas leccionadas Regulamentar n.º 2/2008, de 10 de Janeiro,
pelo avaliado, podendo este requerer a com excepção da alínea c) do n.º 1 daquele
observação de uma terceira aula. artigo, sem prejuízo do disposto no número
Artigo 8.º seguinte.
Adaptação do sistema de 2 - Os coordenadores de departamento
classificação curricular e os avaliadores com
1 - Tendo em conta o disposto no n.º 1 competência por eles delegada a que se
do artigo 5.º, na ficha de avaliação deve refere o número anterior são avaliados nos
ser feita a reconversão da escala da termos do disposto no artigo 6.º do Decreto
classificação, nos termos do n.º 3 do Regulamentar n.º 11/2008, de 23 de Maio,
artigo 20.º do Decreto Regulamentar n.º com as necessárias adaptações decorrentes
2/2008, de 10 de Janeiro. do presente decreto regulamentar.
2 - Quando o avaliado não requeira a Artigo 11.º
avaliação efectuada pelo coordenador Avaliação dos membros das direcções
de departamento curricular, a executivas
classificação final da sua avaliação 1 - Os membros das direcções executivas
corresponde apenas à classificação são avaliados nos termos do regime que
obtida na ficha de avaliação preenchida estabelece o sistema integrado de gestão e
pela direcção executiva, expressa nos avaliação de desempenho do pessoal
termos do n.º 2 do artigo 21.º do dirigente intermédio da Administração
Decreto Regulamentar n.º 2/2008, de 10 Pública, fixado pela Lei n.º 66-B/2007, de 28
de Janeiro, com a limitação decorrente de Dezembro.
da parte final do n.º 2 do artigo 3.º do 2 - Os presidentes dos conselhos executivos
presente decreto regulamentar. e os directores são avaliados pelo director
Artigo 9.º regional da educação.
Entrevista individual 3 - Os restantes membros das direcções
1 - A realização da entrevista individual, executivas são avaliados pelo respectivo
a que se referem a alínea d) do artigo presidente ou director.
15.º e o artigo 23.º do Decreto 4 - Os directores dos centros de formação
Regulamentar n.º 2/2008, de 10 de das associações de escolas são avaliados
Janeiro, só tem lugar desde que haja nos termos dos n.ºs 1 e 2.
requerimento do avaliado nesse sentido. Artigo 12.º
2 - A proposta de classificação final a Avaliação dos docentes que reúnam
que se refere o número anterior é condições para a aposentação
comunicada por escrito ao professor Para efeitos do disposto no presente
avaliado. decreto regulamentar e mediante a
3 - O requerimento a que se refere o n.º apresentação de requerimento nesse
1 deve ser apresentado no prazo sentido ao presidente do conselho
máximo de cinco dias úteis a contar da executivo ou director, podem ser
comunicação referida no número dispensados da avaliação, todos os
anterior. docentes que até ao final do ano escolar
4 - No caso de não ser requerida a 2010/2011 reúnam os requisitos legais para
entrevista individual ou de o avaliado a requerer a aposentação.
esta não comparecer sem motivo Artigo 13.º
justificado, considera-se a classificação Avaliação dos docentes contratados
proposta como tacitamente aceite. para a leccionação das disciplinas das
Capítulo II áreas profissionais, tecnológicas,
Regimes especiais vocacionais ou artísticas
São dispensados da avaliação de
desempenho, a menos que a requeiram,
os docentes contratados para as
actividades de leccionação das
disciplinas das áreas profissionais,
tecnológicas, vocacionais, ou artísticas a
que se refere a alínea b) do artigo 3.º do
Decreto-Lei n.º 35/2007, de 15 de
Fevereiro, não incluídas em qualquer dos
grupos de recrutamento previstos no
Decreto-Lei n.º 27/2006, de 10 de
Fevereiro, e nas Portarias n.ºs 693/98,
de 3 de Setembro, e 803/2007, de 24 de
Julho.
Artigo 14.º
Disposição transitória
O presente decreto regulamentar é
apenas aplicável no 1.º ciclo de
avaliação de desempenho que se conclui
no final do ano civil de 2009, devendo
ser revisto até ao início do 2.º ciclo de
avaliação.
Artigo 15.º
Entrada em vigor
O presente decreto regulamentar entra
em vigor no dia seguinte ao da sua
publicação.
Visto e aprovado em Conselho de
Ministros de 25 de Outubro de 2007. —
José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa —
Fernando Teixeira dos Santos — Jorge
Miguel de Melo Viana Pedreira.
Promulgado em 6 de Dezembro de 2007.
Publique -se.
O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO
SILVA.
Referendado em 7 de Dezembro de
2007.
O Primeiro-Ministro, José Sócrates
Carvalho Pinto de Sousa.

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