Você está na página 1de 2

A loira da estrada

De Ju
s vezes acordo de noite sonhando com algo que aconteceu h quinze anos, justamente quando tinha apenas dez anos de idade. Algo absurdo e inacreditvel, mas que foi real Acordamos cedo, minha me, eu e minha irm pequena e samos casa de minha av. Brincamos muito, comemos coisas gostosas, chorei a hora de ir embora. Eu queria ficar, mas mudei de ideia quando minha disse que se eu no a obedecesse, algo ia vir me assustar, um monstro ia vir me pegar. Comeamos a caminhada com a lua cheia no cu a iluminar o caminho. Foi quando olhei para trs e vi uma mulher loira, bonita. Ela estava andando pelo caminho, cinco metros atrs de ns. Achei aquilo estranho, nunca a vi por ali. Comecei a sentir algo ruim, assustador, que gelava minha espinha e me arrepiava. Minha me estava inquieta, olhava s para frente e ia cada vez mais rpido. O vento frio ia soprando em nossos rostos e sombras pareciam nos rodear. Rapidamente chegamos. Parei na porta de casa e perguntei a minha me se no iria chamar a moa loira pra entrar. Ela me deu um tapa na boca e me mandou entrar e fechamos a porta logo atrs de ns. Nesse momento, olhei para trs, para ela que me deu um sorriso de deboche e que logo em seguida se virou. O que vi assustou at a minha alma. Segurei um grito de terror ao ver que a mulher no tinha nada alm de uma casca. Suas costelas a vista, carne vida, nada de rgos, nada de sangue. Corri e foi um alvio entrar em casa, meus tios estavam l e 1

havia luz acesa da velha lamparina. Tudo parecia calmo, quando de repente, escutamos o p de goiaba chacoalhar. Olhamos pela janela, no havia ningum l, mas as goiabas continuavam caindo. Do nada, os nossos ces comearam a gritar, e gritar e correr pelo terreiro. Foi uma noite terrvel, me lembro de no ter dormido um nico minuto se quer. Tudo acabou quando amanheceu. Abrimos a casa e samos. Pensei nas goiabas que eu tanto gostava, cadas no cho, mas quando olhamos embaixo da goiabeira, todas elas estavam no p de novo. Alm de no haver nenhuma no cho, os ces estavam bem e no tinha sobrado um nico rastro de tudo aquilo que acontecera, havia somente as lembranas em nossas mentes

This work is licensed under the Creative Commons AtribuioNoComercial-SemDerivados 3.0 No Adaptada License. To view a copy of this license, visit http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/. 2

Você também pode gostar