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Resistencia dos materiais

Ano lictivo 2006/2007


Ensaio de tracção realizado no L.R.E.C.

Introdução

O conhecimento das propriedades mecânicas dos materias é de


primordial importancia para a sua selecção e aplicaçao nos varios
campos da engenharia.
As propriedades mecanicas permitem caracterizar o
comportamente de um dado material quando submetido a esforços de
naturaza mecanica.
Os ensaios mecanicos visam dar a conhecer como os materias se
comportam e determinar as suas propriedades mecanicas quando lhes
sao aplicados esforços tipo como a tracçao, a compressao, a flexao, a
torçao ou o corte, mas tambem comparar as mesmas em diversos
materias, constatar a influencia das condiçoes de fabrico e determinar
qual o que melhor se adapta as condiçoes de serviço. Geralmente,
provocam a inutilizaçao do material ensaiado e, por isso, sao
classificados como ensaios destrutivos.
O fabrico de qualquer produto obedece geralmente a um
conjunto de normas, nas quais constam os ensaios mecanicos a
realizar para comprovar que possui as caracteristicas desejadas para o
fim pretendido. Com esse objectivo e para que o resultados dos
ensaios possa ser mais significativo possivel deveriam realizar-se na
propria peça. Como isso muitas vezes nao é possivel e ainda por
razoes de natureza economica, utiliza-se uma amostra do material com
forma e dimensoes normalizadas. A essa amostra dá-se o nome de
corpo de prova ou provete.
Por outro lado, para que os resultados de um ensaio possam ser
comparáveis é necessario realizá-los de acordo com normas rigorosas.
Existem entao para cada tipo de ensaio, normas e metodos assim
como especificaçoes relativas aos materiais a elaboraçao das quais
esta a cargo de associaçoes Tecnicas de Normalizaçao.
Ensaio de Tracção

A facilidade de execuçao assim como a reprodutibilidade dos


resultados, tornam este ensaio mais universal.
Consite basicamente em solicitar um provete com uma força
tractiva uniaxial continuamente crescente, efectuando
simultaneamente o registo do alongamento sofrido pelo provete
atraves de instrumentaçao adequada. O ensaio é realizado numa
maquina de tracçao fixando o corpo de prova com dispositivo de
fixaçao apropriados e sendo levado até à ruptura.
Neste tipo de ensaios é importante manter a axialidade da carga
aplicada, pois so assim se consegue uma distribuiçao uniforme das
tensoes na secção transversal do provete, pelo menos ate atingir a
carga maxima proxima do ponto final. A nao axialidade da carga
introduz componentes de flexao, deixando o estado de tensao de ser
tracçao e conduzindo a resultados errados.
A velocidade da aplicaçao da carga deve ser controlada durante
o ensaio, ja que é uma variavel que influencia o tipo de curva tensão-
deformação. O proceso de variaçao da velocidade do ensaio depende
do tipo de maquina e, em geral, é conseguido por movimentaçao de
um travessao movel que se desloca por meio de um sistema mecanico,
hidraulico ou servo-hidraulico.
As maquinas de ensaio de tracçao sao prensas que dispoem de
dois travessoes, sendo um deles fixo e o outro movel, aos quais
solidarizados os provetes por meio de dispositivos apropriados dos
quais se destacam, porque mais vulgares, os sistemas de maxilas. A
força desenvolvida é medida nas maquinas mais recentes por uma
celula de carga em serie com o provete e as deformaçoes ou
extensoes sao medidas, preferivelmente de extensometros indutivos
ou resistivos montados directamente no provete. Existe tambem uma
alternativa mais recente e evoluida, que é utilizaçao de uma camara
de video de alta resoluçao, que atraves de deslocamento de pixeis
previamente marcados facilita a mediçao das extensoes. Esta ultima
tecnologia possibilita a execuçao do ensaio ate a ruptura sem danificar
extensometros tradicionais. Como um estra importante no ensaio
pode-se usar uma câmera sensível ao calor para munitorizar a
temperatura ao longo da tracção.
Modos de ruptura

A classificação dos modos de ruptura está condicionada pela


capacidade de absorção de energia de deformação plastica do material
até ao final do ensaio. Sao considerados dois tipos de ruptura – a
ruptura ductil e a ruptura fragil. Uma ruptura ductil inicia-se,
geralmente, no centro do provete com a formaçao de microcavidades
que coalescem e conduzem a uma zona fibrosa,, perpendicular ao eixo
do provete, que propaga gradualmente e que apresenta uma
configuração tipo “taça”. Quando a fissura se aproxima se aproxima da
periferia do provete, a propagaçao passa a ocorrer unma direcção de
45º relativamente ao eixo do provete, por influencia das tensoes de
corte geradas, cujo o aspecto se aproxima de um “cone”. Este tipo de
ruptura é desiganda por “taça-cone”. Uma outra ruptura do tipo dúctil
é a que ocorre em metais muito macios, que apresentam uma grande
deformaçao plastica. Neste caso a ruptura ocorre por corte ao longo
dos planos de deslizamento, levando a que as duas partes do provete
sejam separadas por uma regiao muito pequena – um ponto ou um
gume. São exemplos as rupturas que ocorrem no chumbo ou ouro que
sao materiais de enorme ductilidade.
Quando o material exibe uma zona de deformaçao plastica
extremamente reduzida, o provete rompe com uma estricção muito
pequena ou nula logo apos atingie a força maxima. A superficie de
ruptura apresenta uma aparencia granular e brilhante e a fractura é
designada por fragil.
A classificação ductil ou fragil é muito relativa porque, de facto, a
maior parte das fracturas apresentam caracteristicas intermédias.
Alem disso, as temperaturas baixas, as velocidades de ensaio elevadas
ou a presença de entalhes condicionam o comportamento do material
levando, por exemplo, um material ductil a apresentar um fragil.
Alguns inclusoes ao longo provete podem ocasionar uma fractura
do tipo axial – tambem conhecida por fractura em roseta. A presença
das inclusoes leva a capacidade de encruamento e a ruptura ocorre

por um processo dito de “corte aparente”.


Figura representa alguns tipos de ruptura.

Estrutura do Aço

O aço, como os demais metais, solidifica-se pela formação de


cristais, que vão crescendo a diferentes direcções, formando os
denominados eixos de cristalização. A partir de um eixo principal,
crescem eixos secundários, que por sua vez se desdobram em novos
eixos e assim por diante até que toda a massa do metal se torne
sólida. O conjunto formado pelo eixo principal e secundários de um
cristal é denominado dendrita. Quando duas dendritas se encontram,
origina-se uma superfície de contacto e ao término do processo de
cristalização, formam cada uma os grãos que compõem o metal, de
modo que todos os metais, após sua solidificação completa, são
constituídos de inúmeros grãos, justapostos e unidos.
Constituição do Aço

O aço é uma liga de natureza relativamente complexa e sua


definição não é simples, visto que, a rigor, os aços comerciais não são
ligas binárias. De facto, apesar dos seus principais elementos de liga
serem o ferro e o carbono, eles contêm sempre outros elementos
secundários, presentes devido aos processos de fabricação. Nestas
condições, podemos definir o aço como sendo uma liga Ferro-Carbono,
contendo geralmente de 0,008% até aproximadamente 2,11% de
carbono, além de certos elementos secundários (como Silício,
Manganês, Fósforo e Enxofre), presentes devido aos processos de
fabricação”.
Propriedades do Aço

Nos processos de montagem, todas as medidas são milimetricamente


controladas.

As propriedades do aço são de fundamental importância,


especificamente no campo de estruturas metálicas, cujo projecto e
execução nelas se baseiam. Não são exclusivas dos aços, mas, de
forma semelhante, servem a todos os metais. Em um teste de
resistência, ao submeter uma barra metálica a um esforço de tracção
crescente, ela irá apresentar uma deformação progressiva de
extensão, ou seja, um aumento de comprimento. Através da análise
deste alongamento, pode-se chegar a alguns conceitos e propriedades
dos aços:

A elasticidade é a propriedade do metal de retornar à forma


original, uma vez removida a força externa actuante. Deste modo, a
deformação segue a Lei de Hooke, sendo proporcional ao esforço
aplicado:

Ao maior valor de tensão para o qual vale a Lei de Hooke,


denomina-se limite de proporcionalidade. Ao ultrapassar este limite,
surge a fase plástica, onde ocorrem deformações crescentes mesmo
sem a variação da tensão: é o denominado patamar de escoamento.
Alguns materiais – como o ferro fundido ou o aço liga tratado
termicamente – não deformam plasticamente antes da ruptura, sendo
considerados materiais frágeis. Estes materiais não apresentam o
patamar de escoamento.

A plasticidade é a propriedade inversa à da elasticidade, ou


seja, do material não voltar à sua forma inicial após a remoção da
carga externa, obtendo-se deformações permanentes. A deformação
plástica altera a estrutura de um metal, aumentando sua dureza.
Ductilidade é a capacidade do material de se deformar sob a
acção de cargas antes de se romper, daí sua grande importância, já
que estas deformações constituem um aviso prévio à ruptura final do
material, o que é de extrema importância para prevenir acidentes em
uma construção, por exemplo.
A fragilidade, oposto à ductilidade, é a característica dos
materiais que rompem bruscamente, sem aviso prévio (um dos
principais factores responsáveis por diversos tipos de acidentes
ocorridos em pontes e navios).
A resiliência é a capacidade de absorver energia mecânica em
regime elástico, ou seja, a capacidade de restituir a energia mecânica
absorvida.
Já a tenacidade é a energia total, plástica ou elástica, que o
material pode absorver até a ruptura. Assim, um material dúctil com a
mesma resistência de um material frágil irá requerer maior energia
para ser rompido, portanto é mais tenaz.
A fluência é mais uma outra propriedade apresentada pelo aço
e metais em geral. Ela acontece em função de ajustes plásticos que
podem ocorrer em pontos de tensão, ao longo dos contornos dos grãos
do material. Estes pontos de tensão aparecem logo após o metal ser
solicitado por uma carga constante, e sofrer a deformação elástica.
Após esta fluência ocorre a deformação continua, levando a uma
redução da área do perfil transversal da peça (denominada estricção).
Tem relação com a temperatura a qual o material está submetido:
quanto mais alta, maior ela será, porque facilita o início e fim da
deformação plástica. Nos aços, é significativa para temperaturas
superiores a 350° C, ou seja, em caso de incêndios.
É importante citar ainda a fadiga, sendo a ruptura de um
material sob esforços repetidos ou cíclicos. A ruptura por fadiga é
sempre uma ruptura frágil, mesmo para materiais dúcteis.
Por fim, temos a dureza, que é a resistência ao risco ou
abrasão: a resistência que a superfície do material oferece à
penetração de uma peça de maior dureza. Sua análise é de
fundamental importância nas operações de estampagem de chapas de
aços.

Influência da temperatura de ensaio

A deformação plástica dos metais justifica-se através da


movimentação das deslocações no interior da rede cristalinda e à
movimentação das juntas de grão. Com a subida de temperatura esses
movimentaçoes tornam-se mais intensas devido à maior facilidade das
deslocaçoes em ultrapassarem os obstáculos que se interpõem,
diminuindo assim a capacidade de encruamento do metal e
aumentando a area da zona plastica da curva tensao-extensao. A
referida curva achata-se provocando assim que o expoente de
encruamento diminua para temperaturas elevadas. Este
comportamento depende tambem do sistema de cristalização do metal
ou liga.
Grafico retrata a diminuiçao da resistencia dos materiais ao longo do
aumento da temperatura.
Diagrama de tensão-extensão de um aço

Desde o ponto 0 até ao ponto de cedencia, há um ligeiro desvio


da lei de Hooke, no ponto A antes de se atingir o ponto limite de
elasticidade.
O ponto A é o limite de proporcionalidade, visto que de 0 a A se
verifica a lei de Hooke. A inclinação deste troço inicial da curva mede o
módulo de elasticidade. O limite elastico é a maior extenção que o
material é capaz de suportar sem se produzir uma deformação
permanente, quando a carga é retirada. O simples ensaio de tracção
não dá o valor do limite elastico. Este só pode ser determinado
carregando e descarregando sucessivamente o espécime.
Nos materias dúctieis, o limite de elasticidade está muito
proximo do limite de proporcionalidade, A, praticamente pode-se
considerar coincidentes. São ambos muito dificeis de detectar com
precisão.
O ponto B é o limite superior de cedencia, e o ponto B’’ é o limite
inferior de cendencia. A porção do diagrama tensão-extensão B’’CD,
além do ponto de cedencia inferior, representa o dominio plástico em
que a deformação aumenta mais rapidamente que a tensão.
Em C temos a tensão máxima e, em D, a ruptura do corpo de
prova.
Aço A400 NR

Tipo de aço utilizado no ensaio A400 NR nervurado.

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