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Assuntos tratados

1ª Horário

 Mandado de Segurança (continuação)


 Legitimidade
 Competência
 Cabimento

2º Horário

 Cabimento (continuação)
 Procedimento
 Prazo
 Mandado de Segurança Coletivo

1º HORÁRIO

MANDADO DE SEGURANÇA

Legitimidade

Passiva: é contra quem vai ser proposto o mandado de segurança.

Pode ser proposto contra:

- a autoridade coatora ou a pessoa jurídica que autoridade coatora faz parte ou represente.

Não é legitimado passivo o mero executor do ato (ex. fiscal da ANATEL).

OBS.: É necessário distinguir quem será o legitimado passivo no caso de autoridade delegante e
autoridade delegada. Para isso é preciso verificar qual tipo delegação:

- Delegação de poder→ a autoridade delegante, delega poderes para a autoridade delegada,


esta receberá o bônus e ônus do poder, portanto, será responsável pelo ato administrativo, não
será apenas mera executora. Legitimado passivo autoridade delegada.
- Delegação de Assinatura a autoridade delegante, outorga apenas matéria de representação, o
bônus e ônus do poder continua com ela. Legitimado passivo autoridade delegante.

OBS.: Quanto ao erro na indicação da autoridade coatora em relação à pessoa jurídica:

Deveria ser impetrado contra o diretor da pessoa jurídica e impetrou contra o superintendente. Se
o superintendente responder o MS, apesar de alegar não ser autoridade coatora, temos, segundo
o entendimento do STJ, os efeitos da teoria da Encampação.

Mas se o superintendente apenas alegar que não é autoridade coatora e não responder quanto ao
mérito, o STJ tem entendido que por questão de instrumentalidade e economia processual pode
substituir de ofício o sujeito passivo.

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Se o erro de legitimidade passiva for à relação à outra pessoa jurídica, o STF entende que se
deve julgar extinto o MS, sem resolução do mérito pela ilegitimidade passiva, por se tratar de um
erro grosseiro.

Competência

Temos que observar duas regras para definirmos quem será o responsável em apreciar o
mandado de segurança:
1. Definição Constitucional→ observar se autoridade coatora tem prerrogativa de foro:
I. art. 102, I, “d” da CF→ competência do STF;
II. art.105, I, “b”da CF→competência do STJ;
III. art.108, I, “c”da CF→competência do TRF;
IV. art. 109, VIII da CF→competência da JF
V. art. 114, VI da CF→competência da JT.

2. No caso de ato lesivo praticado pela CPI (Comissões Parlamentares de Inquérito), deve-se
fazer uma interpretação de acordo com a Constituição Federal sendo julgado pelo STF.

3. Análise Infraconstitucional (Lei 1533/51)→ no caso de não ter prerrogativa de foro pela função,
segundo a lei, será a sede da autoridade coatora.

Ex: Prefeito pratica um ato passível de MS, a Constituição Federal e Constituição Estadual
não estabelecem foro privilegiado para julgamento de MS, portanto, segundo a legislação
infraconstitucional, será na sede da autoridade coatora, ou seja, na comarca deste.

OBS.: Se o ato passível de MS for praticado pelo Tribunal de Justiça, o órgão competente para
julgar, segundo entendimento do STF e STJ, será o próprio Tribunal.

Súmula 41 do STJ: O superior tribunal de justiça não tem competência para


processar e julgar, originariamente, mandado de segurança contra ato de outros
tribunais ou dos respectivos órgãos.

Súmula 330 do STF: O supremo tribunal federal não é competente para conhecer
de mandado de segurança contra atos dos tribunais de justiça dos estados.

Súmula 624 do STF: Não compete ao supremo tribunal federal conhecer


originariamente de mandado de segurança contra atos de outros tribunais.

OBS.: Mandado de Segurança contra ato do Presidente do Tribunal do TRT será julgado pelo
próprio TRT.

Súmula 433 do STF: É competente o tribunal regional do trabalho para julgar


mandado de segurança contra ato de seu presidente em execução de sentença
trabalhista.

A competência para conhecer o MS em face de ato de juiz do juizado Especial, será a Turma
Recursal. O MS de ato da Turma Recursal do Juizado Especial é da própria Turma (MS 24691/03
do STF).

OBS.: A doutrina e a jurisprudência entendem que quando se tratar de órgãos colegiados, o


presidente deste será a autoridade coatora. Se olhássemos pela lógica constitucional

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pensaríamos que a competência é do STJ, quando presidente do órgão colegiado fosse Ministro
de Estado. Entretanto, não é esse o entendimento do STJ.

Súmula 177 do STJ: Superior tribunal de justiça é incompetente para processar e


julgar, originariamente, mandado de segurança contra ato de órgão colegiado
presidido por ministro de estado.

OBS.: Quanto ao procedimento de indicação de magistrados, se ocorre alguma irregularidade


passível de MS, a autoridade coatora será o Presidente da República, portanto, será competente
para julgá-lo o STF.

Súmula 627 do STF: No mandado de segurança contra a nomeação de


magistrado da competência do presidente da república, este é considerado
autoridade coatora, ainda que o fundamento da impetração seja nulidade ocorrida
em fase anterior do procedimento.

CABIMENTO

Caberá MS quando preenchidos os seguintes requisitos:

- Ato comissivo ou omissivo;


- Ilegalidade ou abuso de poder;
- Lesão ou ameaça de lesão a direito líquido e certo;
- Subsidiariedade (não amparado por HC ou HD).

Entretanto, haverá casos legais e jurisprudenciais que mesmo preenchidos os requisitos não
caberá Mandado de Segurança.

Casos que não cabe MS:

1. Legais

A lei diz expressamente que não cabe, art. 5º da lei 1.533/51:

a) I - de ato de que caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independente de caução;

Esta possibilidade esta relativizada pelo art. 5º da CF, inciso XXXV, segundo o mesmo não há
necessidade do esgotamento da via administrativa, para exercer o direito de pedir prestação
jurisdicional do Estado. A Constituição, no art. 217, prevê a única exceção (passar primeiro pelo
crivo administrativo), trata-se da Justiça Desportiva, mesmo assim, a mesma tem prazo de 60 dias
para analisar.

Devemos atentar para: no caso do indivíduo optar pela via administrativa e interpor o recurso
administrativo e este ser recebido com efeito suspensivo, não caberá MS, porque não haverá
lesão ou ameaça de lesão.

OBS.: Se a autoridade administrativa for omissa em analisar o recurso, volta a ter cabimento MS.

Súmula 429 do STF: A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo


não impede o uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade.

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b) II - de despacho ou decisão judicial, quando haja recurso previsto nas leis processuais ou
possa ser modificado por via de correição;

O motivo de tal previsão é impedir MS contra decisões judiciais.

Súmula 267 do STF: Não cabe mandado de segurança contra ato judicial
passível de recurso ou correição.

Está possibilidade é a regra, mas esta relativizada, porque existem exceções.

Excepcionalmente caberá MS:

- Se a decisão judicial for uma decisão o qual o recurso não tenha efeito suspensivo e esta
causar dano ao direito líquido e certo

- Quando tiver decisões absurdas (teratológicas).

OBS.: Mandado de Segurança não é substitutivo de Recurso.

Súmula 268 do STF: Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial
com trânsito em julgado.

OBS.: Há uma exceção, onde caberá MS de decisão transitada em julgado se esta for
manifestamente ilegal ou nula.

OBS.: Figura do terceiro no processo, no tange ao cabimento de MS esta sumulado pelo STJ.

Súmula 202 do STJ: A impetração de segurança por terceiro, contra ato judicial,
não se condiciona a interposição de recurso.

c) III - de ato disciplinar, salvo quando praticado por autoridade incompetente ou com inobservância de
formalidade essencial.

Esta possibilidade também está relativizada, porque o STF vem entendo, que mesmo que o ato
disciplinar tenha sido praticado por autoridade competente e tenha cumprindo as formalidades, o
MS poderá ter cabimento se este ato for investido de manifesta ilegalidade. Neste sentido, o STF
entende que o MS poderá ser analisado nos elementos do ato administrativo (sujeito, forma,
motivo, finalidade). Conclusão, não se pode confundir discricionariedade com arbitrariedade.

2. Jurisprudenciais

Súmula 266 do STF: Não cabe mandado de segurança contra lei em tese.

OBS.: Há uma exceção, onde caberá MS contra Lei, se esta for de efeito concreto, ou seja, auto-
executável. A lei em si já causa dano, não necessita de um ato com base nela para causar dano.
São leis apenas em sentido formal, mas na essência é um ato administrativo. Ex.: Leis que criam
municípios ou suprem distrito, lei de Planificação urbana, Lei de Execução fiscal, Lei Proibitiva,
Decretos de Nomeação, desapropriação, Exoneração.

2º HORÁRIO

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B) Não cabe MS contra matéria interna corpores do poder legislativo, ou seja, matéria de cunho
privado das Casas (Câmara, Senado, Congresso Nacional).
Ex.: Interpretação de Regimento Interno→ entendimento do STF.

OBS.: Entretanto caberá MS se ocorre contrariedade as regras do processo legislativo (arts. 59 e


69 da CF). São legitimados para impetrar o MS: os deputados e Senadores, pois, eles têm direito
líquido e certo ao devido processo legislativo.

PROCEDIMENTO

Legitimado ativo impetra MS → recebida a petição→ legitimado passivo 10 dias para informações
→ Ministério Público (custos legis) 5 dias para parecer→ conclusão para decisão → decisão.
OBS.: Cabe medida liminar em mandado de Segurança → art. 7º, II da Lei 1.533/51. Porém,
existem algumas situações que mesmos preenchidos os requisitos não caberá liminar em MS.
São elas:

- Lei 2770/56 → mercadorias apreendidas advindas do exterior;


- Lei 4348/64 → servidor público;
- Lei 5021/66 → servidor público;
- Súmula 212 do STJ→ compensação tributária.

Concedida a liminar temos as seguintes possibilidades recursais:

- Agravo.
- Pedido de suspensão da liminar (a rigor não é um recurso) → pede-se para o Presidente do
Tribunal, este pedido deve ser fundamentado na ordem, segurança, Saúde e Economia
Pública.

A decisão do Presidente do tribunal, em relação a este pedido, pode ser:

- Concede a suspensão→ cabe agravo.


- Não concede a suspensão→ também cabe agravo (porque as súmulas 217 do STJ e 506 do
STF foram canceladas).

A decisão do Mandado de Segurança pode ser:

- Concessiva.
- Não concessiva.

Possibilidade recursais:

-Apelação;
-R. O. C. para STF (102, II, “a” da CF);
-R. O. C. para STJ (105, II da CF);
-R. Extraordinário para STF (102, III da CF);
-R. Especial para STJ (105, III da CF).

Súmula 169 do STJ: São inadmissíveis embargos infringentes no processo de


mandado de segurança.

Súmula 597 do STF: Não cabem embargos infringentes de acórdão que, em


mandado de segurança decidiu, por maioria de votos, a apelação.

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OBS.: Os efeitos da decisão concessiva são de execução imediata da sentença. O recurso em
regra só é recebido no efeito devolutivo, porém há exceções: art. 5º e art.7º da lei 4.348/64.

OBS.: Os efeitos patrimoniais da decisão concessiva em MS não alcançam período pretérito


(antes da impetração do MS).

Súmula 271 do STF: concessão de mandado de segurança não produz efeitos


patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados
administrativamente ou pela via judicial própria.
Súmula 269 do STF: o mandado de segurança não é substitutivo de ação de
cobrança.

OBS.: O prazo para interposição de recurso do MS começa a contar da publicação oficial da


decisão.

Súmula 392 do STF: O prazo para recorrer de acórdão concessivo de


segurança conta-se da publicação oficial de suas conclusões, e não da anterior
ciência à autoridade para cumprimento da decisão.

OBS.: Coisa julgada em MS→ art. 16 da lei 1533/51.


- Coisa julgada formal (não enfrentou o mérito)→ o pedido do MS pode ser renovado, porém,
deve-se ficar atento ao prazo de 120 dias. Também é passível de outra ação.
- Coisa julgada material→ não cabe outro mandado de segurança e nem outra ação.

Súmula 304 do STF: Decisão denegatória de mandado de segurança, não


fazendo coisa julgada contra o impetrante, não impede o uso da ação própria.

OBS.: Decisão do Relator em MS que concede ou indefere liminar, não cabe agravo regimental.
Uma possibilidade de recurso desta decisão é o pedido para Presidente do Tribunal de
Suspensão da liminar.

PRAZO

O prazo para interposição é de 120 dias, conforme art. 18 da lei 1533/51, contados do
conhecimento oficial do ato, ou seja, quando este passa a ser exeqüível.

Este prazo é decadencial, não se interrompe e não se suspende.

Súmula 430 do STF: Pedido de reconsideração na via administrativa não


interrompe o prazo para o mandado de segurança.

Segundo o entendimento do STF este prazo é constitucional.

Súmula 632 do STF: É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a
impetração de mandado de segurança.

OBS.: Nos atos de trato sucessivo, o prazo de 120 dias se renova a cada ato.
Nos atos omissivos temos duas possibilidades:

- A autoridade tinha prazo para cumprir o ato e ficou omissa→ passado este prazo, é que começa
a contar o prazo para interposição do MS (120 dias);

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- autoridade não estava sujeita a prazo para cumprir um ato, o não fazer por parte desta é
contínuo→ o MS não estará sujeito ao prazo de 120 dias para sua interposição, pois, a lesão será
contínua.

MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO (ART. 5º, LXX DA CF)

O conceito é o mesmo de mandado de segurança individual.

Visa proteger direito líquido e certo da coletividade, ou seja, interesses e direitos coletivos de uma
classe, categoria, profissão, família, da sociedade.

São estes: direitos Coletivos, difusos, transindividuais, meta-individuais, individuais homogêneo.

Finalidades

- Evitar acúmulo de demandas idênticas,


- Facilitar o acesso à justiça;
- Fortalecer as entidades de classe.

A diferença básica entre mandado de segurança individual e coletivo está na legitimidade ativa.

No Mandado de Segurança coletivo são legitimados ativos os partidos políticos com


representação no Congresso Nacional, sindicato, entidade de classe, associações.
Associações devem estar ha um ano, legalmente constituídas, conforme o informativo 154 do
STF.

Para STF, o impetrante atua como substituto processual dos associados, ou seja, age em nome
próprio na defesa de interesse de terceiro, trata-se de uma legitimação extraordinária.

Conclusões

Súmula 629 do STF: A impetração de mandado de segurança coletivo por


entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes.

Súmula 630 do STF: A entidade de classe tem legitimação para o mandado de


segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da
respectiva categoria.

Decisão em Mandado de Segurança Coletivo

Os atingidos pelo mandado de segurança coletivo serão aqueles que se encontram na entidade
no momento da execução da sentença→ esta é a regra. Pode haver exceções→ o professor não
adentrou no mérito por não ser importante para prova da CESPE.

A decisão concessiva em Mandado de Segurança coletivo faz coisa julgada material.

A decisão não concessiva em Mandado de Segurança Coletivo faz coisa julgada formal, portanto,
não impede a interposição de Mandado de Segurança Individual, deste que se respeite o prazo de
120 dias.

Pode interpor Mandado de Segurança Individual e Coletivo não havendo litispendência.

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