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Tempo da História
O romance inicia-se em 1875 quando os Maias vêm morar para Lisboa, abrindo Afonso de novo
as portas do Ramalhete para receber o seu neto Carlos. Há, contudo, um recuo (analepse) ao
passado da família. Assim, temos:
- Intriga secundária:
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➢ Consciência da degradação moral em
que se colocou.
➢ Encontro com o avô – Afonso mudo,
como um fantasma, constata que o neto
vem da casa e do leito daquela que sabe
ser sua irmã.
➢ A desonra abate-se sobre Carlos e o
desespero acentua-se com a morte do
avô que não pudera suportar tão rude
golpe - a tragédia concretiza-se.
Deste modo:
• Pedro da Maia
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Pedro da Maia é uma personagem construída segundo os modelos do
naturalismo, ou seja, o seu comportamento foi determinado por três factores:
- a raça( a carga “genética” que herdou da mãe – a sua fragilidade, o carácter
temeroso);
- a educação (foi educado segundo o modelo tradicional português, assente na
memorização da cartilha e do catecismo, sem desenvolver o espírito crítico; muito
protegido pela mãe, tornou-se fraco, tímido, “mole” de carácter);
- o meio ( cresceu num ambiente super-protegido, beato, sedentário, sem
contacto com o mundo exterior.
Assim, apesar de pertencer a um meio economicamente confortável, Pedro da
Maia desenvolve uma personalidade adulta instável: - ora tristonho, fechado, ora
eufórico, entregando-se a uma vida boémia.
Desta forma, o meio que frequenta na juventude ou é beato ou é dissoluto,
degradado, o que não contribui para o desenvolvimento de uma firmeza de
carácter.
Em síntese, os três aspectos referidos pelo naturalismo como determinantes
( raça, educação e meio) no sucesso ou insucesso da vida de alguém, conjugam-
se negativamente na vida de Pedro, tornando inevitável que o seu percurso
biográfico culmine numa tragédia :
traído pela mulher, Pedro suicida-se
- tendo sido criada pelo pai que fora um «negreiro» e a quem ela trata com muito
desdém, Maria surge-nos como o resultado de uma educação deficiente que acentua
a sua negativa carga hereditária ( raça) e o meio em que cresceu e vive ( com poder
económico mas sem valores morais).
Assim sendo, o carácter volúvel de Maria, o desejo de ser cortejada por outros
homens, para além do marido, a traição, o abandono do filho e a sua vida posterior
(decadente, primeiramente dona de um bordel, depois na maior miséria e doença) são
uma consequência inevitável.