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Publicado no D. O. E.

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02174/06

Objeto: Recurso de Reconsideração


Relator: Auditor Renato Sérgio Santiago Melo
Impetrante: José William Madruga
Advogado: Dr. José Marcílio Batista
Procuradora: Dra. Hélida Cavalcanti de Brito

EMENTA: PODER EXECUTIVO MUNICIPAL - ADMINISTRAÇÃO


DIRETA - PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAIS - PREFEITO - AGENTE
POLÍTICO - EMISSÃO DE PARECERCONTRÁRIO - ORDENADOR DE
DESPESAS- JULGAMENTO IRREGULAR - IMPUTAÇÃO DE DÉBITO-
ASSINAÇÃO DE LAPSO TEMPORAL PARA RECOLHIMENTO -
APLICAÇÃO DE PENALIDADE - FIXAÇÃO DE PRAZO PARA
PAGAMENTO RECOMENDAÇÕES REPRESENTAÇÃO-
INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO - REMÉDIO
JURÍDICO ESTABELECIDO NO ART. 31, INCISO 11, C/C O ART. 33,
AMBOS DA LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL N.o 18/93 - Elementos
probatórios capazes de elidir as irregularidades concernentes à
carência de publicação do REO do 6° bimestre e do RGF do
2° semestre do período, à utilização indevida de recursos do
FUNDEF, bem com aos saldos bancários não comprovados -
Permanência das demais máculas - Eivas remanescentes que, no
presente caso, comprometem apenas parcialmente o equilíbrio das
contas do ordenador de despesas. Conhecimento e provimento
parcial do recurso. Reforma das decisões originais. Emissão de
parecer prévio favorável. Julgamento regular com ressalvas das
contas do administrador. Exclusão da imputação de débito.
Manutenção dos demais itens da decisão vergastada. Remessa dos
autos à Corregedoria da Corte.

Vistos, relatados e discutidos os autos do RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO interposto pelo


Prefeito do Município de Emas/PB, Sr. José William Madruga, em face das decisões desta
Corte de Contas, consubstanciadas no PARECER PPL - TC - 238/07 e no ACÓRDÃO
APL - TC - 1.030/07, ambos de 19 de dezembro de 2007, publicados no Diário Oficial do
Estado de 15 de janeiro de 2008, acordam os Conselheiros integrantes do TRIBUNAL DE
CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA, por unanimidade, em sessão plenária realizada nesta
data, na conformidade da proposta de decisão do relator a seguir, em tomar conhecimento
do recurso, diante da legitimidade do recorrente e da tempestividade de sua apresentação,
e, no mérito, pelo seu provimento parcial para:

1) TORNAR INSUBSISTENTE o PARECERPPL - TC - 238/07 e emitir outro, agora favorável à


aprovação das contas, encaminhando a nova decisão à consideração da ego Câmar de
Vereadores do Município para julgamento político da referida autorid\ade. \ ~ r:
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02174/06

2) JULGAR REGULARES COM RESSALVAS as contas do ordenador de despesa, Sr. José


William Madruga, excluindo do aresto a imputação de débito no montante de R$ 80.099,87
(oitenta mil, noventa e nove reais e oitenta e sete centavos), sendo R$ 8.634,32, referentes
à existência de saldos contábeis registrados inicialmente em BANCOS sem comprovação, e
R$ 71.465,55, concernentes à utilização de recursos do FUNDEF anteriormente sem
demonstração de sua destinação.

3) INFORMAR ao Chefe do Poder Executivo de EmasjPB, Sr. José William Madruga, que as
supracitadas decisões decorreram do exame dos fatos e provas constantes dos autos, sendo
suscetíveis de revisão se novos fatos ou provas, inclusive mediante diligências especiais do
Tribunal, vierem a interferir de modo fundamental nas conclusões alcançadas.

4) MANTER os demais itens da decisão vergastada, remetendo os autos do presente


processo à Corregedoria deste Tribunal para as providências que se fizerem necessárias.

Presente ao julgamento o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas


Publique-se, registre-se e intime-se.
TCE - Plenário Ministro João Agripino

João Pessoa, 22 de outubro de 2008

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Represent mte do Ministério Público Especi~
PROCESSOTC N.o 02174/06

o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, em sessão plenária realizada no dia 19 de


dezembro 2007, através do PARECER PPL - TC - 238/07, fls. 1.487/1.488, e do ACÓRDÃO
APL - TC - 1.030/07, fls. 1.489/1.503, ambos publicados no Diário Oficial do Estado - DOE
datado de 15 de janeiro de 2008, fi. 1.504, ao analisar as contas do exercício financeiro de
2005 do Município de Emas/PB,decidiu: a) emitir parecer contrário à aprovação das contas
do Prefeito, Sr. José William Madruga; b) julgar irregulares as contas do Ordenador de
Despesasda Comuna, Sr. José William Madruga; c) imputar-lhe o débito no montante de
R$ 80.099,87, sendo R$ 8.634,32, referentes à existência de saldos contábeis registrados em
BANCOSsem comprovação, e R$ 71.465,55, concernentes à utilização de recursos do
FUNDEFsem demonstração de sua destinação; d) fixar prazo para recolhimento da dívida;
e) aplicar multa ao gestor municipal, no valor de R$ 2.805,10; f) assinar lapso temporal para
recolhimento da penalidade; g) fazer recomendações ao Alcaide; e h) remeter cópia de
peças dos autos à Procuradoria Geral de Justiça do Estado.

As supracitadas decisões tiveram como base as seguintes irregularidades remanescentes:


a) inexistência de equilíbrio entre receitas e despesas da Comuna; b) carência de
comprovação das publicações dos Relatórios de ExecuçãoOrçamentária do 6° bimestre e de
Gestão Fiscal do 20 semestre do período; c) inconformidades na Lei Orçamentária Anual;
d) falhas na Lei de Diretrizes Orçamentárias; e) saldos bancários não comprovados na
quantia de R$ 8.634,32; f) utilização indevida de recursos do FUNDEF na soma de
R$ 71.465,55; g) ausência de realização de procedimentos de licitação no montante de
R$ 164.558,22; h) irregularidades em licitações; e i) contratação de profissional para
serviços típicos da administração pública sem a efetivação de concurso público.

Não resignado, o Chefe do Poder Executivo, Sr. José William Madruga, interpôs, em 29 de
janeiro de 2008, recurso de reconsideração. A referida peça processual está encartada às
fls. 1.506/1.827, onde o interessado alega, sumariamente, que: a) o baixo percentual
apontado como déficit orçamentário não pode ser utilizado como paradigma para fomentar
um desequilíbrio entre receita e despesa; b) as publicações dos Relatórios de Execução
Orçamentária do 60 bimestre e de Gestão Fiscal do 2° semestre do período ocorreram na
Edição nO 347-A do Diário Oficial do Município; c) a Lei Orçamentária Anual pode conter
autorização para o Poder Executivo abrir créditos suplementares e realizar operações de
crédito, inclusive por antecipação da receita; d) não existe legislação que proíba a
autorização para suplementação de 100% do valor do orçamento; e) a Lei de Diretrizes
Orçamentária possui dispositivos de controle de custos e avaliação de resultados; f) o
demonstrativo das despesas de capital foi acostado aos autos; g) os extratos bancários
comprovam o saldo existente em 31 de dezembro de 2005; h) os recursos do FUNDEFforam
utilizados para o pagamento de folhas dos servidores municipais e a quantia de
R$ 71.465,55 foi devolvida à conta específica do FUNDEB;e i) com exceção das despesas
com aquisiçõesde medicamentos, as demais foram devidamente licitadas.

Ato contínuo, o álbum processual foi encaminhado aos peritos da DiViS'J-


o de Auditori
Gestão Municipal 11 - DIAGM 11, que emitiram o relatório de fls. ~ 830/1.833

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PROCESSOTC N.o 02174/06

consideraram elididas as eivas concernentes aos saldos bancários não comprovados na


quantia de R$ 8.634,32 e à utilização indevida de recursos do FUNDEF na soma de
R$ 71.465,55. Em seguida, os técnicos da DIAGM 11 mantiveram in tatum as demais
irregularidades que subsidiaram o conteúdo das decisões vergastadas.

Instado a se pronunciar, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, através do parecer


de fls. 1.835/1.841, pugnou pelo conhecimento e provimento parcial do recurso para que
seja emitido parecer favorável à aprovação das contas e desconstituída a imputação de
débito, mantendo-se a multa em razão da subsistência de falhas em despesas com ou sem
licitação e carência na divulgação de documentos.

Solicitação de pauta, conforme fls. 1.843/1.844 dos autos.

É o relatório.

Recurso de reconsideração contra decisão do Tribunal de Contas é remédio


jurídico - remedium júris - que tem sua aplicação própria, indicada no art. 31, inciso Il,
c/c o art. 33, ambos da Lei Complementar Estadual n. o 18/93 - Lei Orgânica do TCE/PB -,
sendo o meio pelo qual o responsável ou interessado, ou o Ministério Público junto ao
Tribunal, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, interpõe pedido, a fim de obter a reforma ou
a anulação da decisão que refuta ofensiva a seus direitos, e será apreciado por quem houver
proferido o aresto recorrido.

In radice, evidencia-se que o recurso interposto pelo Chefe do Poder Executivo de Emas/PB,
Sr. José William Madruga, atende aos pressupostos processuais de legitimidade e
tempestividade, sendo, portanto, passível de conhecimento por este ego Tribunal.
Entrementes, quanto ao aspecto material, consoante destacado pelos peritos da Corte,
constata-se que os argumentos e documentos apresentados pelo recorrente eliminam as
irregularidades concernentes aos saldos bancários não comprovados na quantia de
R$ 8.634,32 e à utilização indevida de recursos do FUNDEF na soma de R$ 71.465,55, diante
dos seguintes motivos.

Os extratos bancários acostados aos autos demonstraram quase todos os saldos


anteriormente detectados como não comprovados, exceto o da Conta Corrente
n.O 503686 - MDE, na quantia de R$ 95,68. Contudo, diante do ínfimo valor remanescente,
os analistas da DIAGM 11 entenderam que a irregularidade deveria ser desconstituída,
sugestão acatada pelo relator.

Em relação à utilização indevida de recursos do FUNDEF, os especialistas do Tribunal


consideraram que os dispêndios foram empregados no pagamento dos servidores da LJrbe
de Emas/PB, razão pela qual acataram o depósito na conta corrente do Fun o de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização s Profissio ais da
Educação - FUNDEB, ocorrido no dia 28 de janeiro de 2008, fi. 1.548, e do como te o

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PROCESSO TC N.O 02174/06

recursos do próprio Município. Assim, em consonância com o entendimento técnico, o relator


considera repostos os valores pertencentes ao fundo específico acima citado.

No que diz respeito à carência de comprovação das publicações do REO do 6° bimestre e do


RGF do 2° semestre do exercício financeiro de 2006, em que pese o posicionamento dos
técnicos deste Pretório, evidencia-se que o recorrente apresentou as publicações feitas no
JORNAL OFICIAL DO MUNICÍPIO, criado pela Lei Municipal n.o 60, de 30 de setembro de
1985, fls. 1.520/1.546, consoante Edição de n.O 347-A, datada de 31 de janeiro de 2006,
sanando a eiva anteriormente detectada.

Por outro lado, em relação às demais irregularidades, quais sejam: ausência de manutenção
do equilíbrio entre receitas e despesas, inconformidades na Lei Orçamentária Anual - LOA,
falhas na Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO e falta de realização de procedimentos
Iicitatórios no montante de R$ 165.558,22, o interessado limitou-se a ressuscitar
justificativas já utilizadas na peça inicial de defesa, que foram devidamente rechaçadas por
este ego Tribunal Pleno quando da emissão da decisão guerreada.

Quanto às irregularidades em licitações realizadas no ano de 2004, mas que acobertaram


despesas com aquisições de veículos durante o exercício financeiro de 2005, na soma de
R$ 122.950,00, bem como a contratação de profissional de contabilidade para serviços
típicos da administração pública, sem a efetivação de concurso público, o recorrente não se
manifestou acerca destes tópicos.

Destarte, após o processamento do recurso, verifica-se que as impropriedades


remanescentes, inclusive o pequeno percentual das despesas não licitadas, correspondendo
a 4,50% da despesa orçamentária realizada no exercício - R$ 3.650.264,84, comprometem
apenas parcialmente a regularidade das contas do ordenador de despesas. Na verdade, as
incorreções observadas nos autos demonstraram, em sua maioria, falhas de natureza formal,
sem evidenciar dolo ou má-fé do administrador, o que enseja, além do envio de
recomendações, o julgamento regular com ressalvas, nos termos do art. 16, inciso Il, da Lei
Complementar Estadual n.° 18/93, in verbis.

Art. 16. As contas serão julgadas:

1-( ...)

II - regulares com ressalva, quando evidenciarem impropriedade ou


qualquer outra falta de natureza formal de que não resulte dano ao Erário;

Ante o exposto, proponho que o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba


conhecimento do recurso, diante da legitimidade do recorrente e da tempestividade
apresentação, e, no mérito, pelo seu provimento parcial para:
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02174/06

1) TORNAR INSUBSISTENTE o PARECER PPL - TC - 238/07 e emitir outro, agora favorável à


aprovação das contas, encaminhando a nova decisão à consideração da ego Câmara de
Vereadores do Município para julgamento político da referida autoridade.

2) JULGAR REGULARES COM RESSAL VAS as contas do ordenador de despesa, Sr. José
William Madruga, excluindo do aresto a imputação de débito no montante de R$ 80.099,87
(oitenta mil, noventa e nove reais e oitenta e sete centavos), sendo R$ 8.634,32, referentes
à existência de saldos contábeis registrados inicialmente em BANCOS sem comprovação, e
R$ 71.465,55, concernentes à utilização de recursos do FUNDEF anteriormente sem
demonstração de sua destinação.

3) INFORMAR ao Chefe do Poder Executivo de Emas/PB, Sr. José William Madruga, que as
supracitadas decisões decorreram do exame dos fatos e provas constantes dos autos, sendo
suscetíveis de revisão se novos fatos ou provas, inclusive mediante diligências especiais do
Tribunal, vierem a interferir de modo fundamental nas conclusões alcançadas.

4) MANTER demais itens da decisão vergastada, remetendo os autos do presente


processo à _orregedÔ\,ia deste Tribunal para as providências que se fizerem necessárias.

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