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No tempo dos escravos, havia um estancieiro muito ruim, que levava tudo por diante,
a grito e a relho. Naqueles fins de mundo, fazia o que bem entendia, sem dar satisfação a
ninguém.
Entre os escravos da estância, havia um negrinho, encarregado do pastoreio de
alguns animais, coisa muito comum nos tempos em que os campos de estância não conheciam
cerca de arame; quando muito alguma cerca de pedra erguida pelos próprios escravos, que
não podiam ficar parados, para não pensar bobagem... No mais, os limites dos campos eram
aqueles colocados por Deus Nosso Senhor: rios, cerros, lagoas.
Pois de uma feita o pobre negrinho, que já vivia as maiores judiarias às mãos do
patrão perdeu um animal no pastoreio. Prá quê! Apanhou uma barbaridade atado a um
palanque e depois, cai-caindo, ainda foi mandado procurar o animal extraviado. Como a noite
vinha chegando, ele agarrou um toquinho de vela e uns avios de fogo, com fumo e tudo e saiu
campeando. Mas nada! O toquinho acabou, o dia veio chegando e ele teve que voltar para a
estância.
Então foi outra vez atado ao palanque e desta vez apanhou tanto que morreu, ou
pareceu morrer. Vai daí, o patrão mandou abrir a "panela" de um formigueiro e atirar lá dentro,
de qualquer jeito, o pequeno corpo do negrinho, todo lanhado de laçaço e banhando em
sangue.
No outro dia, o patrão foi com a peonada e os escravos ver o formigueiro. Qual não é
a sua surpresa ao ver o negrinho do pastoreio vivo e contente, ao lado do animal perdido.
Desde aí o Negrinho do Pastoreio ficou sendo o achador das coisas extraviadas. E
não cobra muito: basta acender um toquinho de vela ou atirar num cano qualquer naco de
fumo.
Lenda da mandioca
Em épocas remotas, a filha de um poderoso tuxaua foi expulsa de sua tribo e foi viver
em uma velha cabana distante por ter engravidado misteriosamente. Parentes longínquos iam
levar-lhe comida para seu sustento e assim a índia viveu até dar a luz a um lindo menino, muito
branco o qual chamou de Mani.
A notícia do nascimento se espalhou por todas as aldeias e fez o grande chefe tuxaua
esquecer as dores e rancores e cruzar os rios para ver sua filha. O novo avô se rendeu aos
encantos da linda criança a qual se tornou muito amada por todos.
No entanto, ao completar três anos, Mani morreu de forma também misteriosa, sem
nunca ter adoecido. A mãe ficou desolada e enterrou o filho perto da cabana onde vivia e sobre
ele derramou seu pranto por horas. Mesmo com os olhos cansados e cheios de lágrimas ela
viu brotar de lá uma planta que cresceu rápida e fresca. Todos vieram ver a planta miraculosa
que mostrava raízes grossas e brancas em forma de chifre, e todos queriam prová-la em honra
daquela criança que tanto amavam. Desde então a mandioca passou a ser um excelente
alimento para os índios e se tornou um importante alimento em toda a região.
A lenda do curupira
Lenda do saci
Lenda da sereia
As Sereias são as mulheres-pássaros segundo as fontes gregas, e as mulheres-
peixes segundo as fontes nórdicas, que simbolizam principalmente os perigos do oceano e a
morte no mar. Narrações posteriores tornaram-nas mulheres jovens vivendo no mar, sem a
conformação de peixe (é o caso da "Siren" inglesa, diferente da "Mermaid", que tem cauda de
peixe), como as Mulheres do mar das lendas bretãs, que são uma espécie de fadas marinhas.
Para a mitologia grega, elas viviam em uma ilha do Ponnant, perto da ilha da feiticeira
Circe; mas o cadáver de uma delas, Partênope, foi encontrado na Campânia e deu seu nome à
cidade que hoje se chama Nápoles (antes, Partênope).
Na antiguidade, as sereias eram também invocadas no momento da morte, por isso,
muitas estátuas que as representavam eram encontradas nos sepulcros.
Deve-se acrescentar que se acreditava realmente na existência das sereias, sendo
conhecidas várias histórias de sereias vivas.
A obra literária mais antiga que existe sobre elas se encontra na "Odisséia" de
Homero, escrita no ano 850 a. C., na qual o herói, Ulisses, alertado pela feiticeira Circe, não cai
prisioneiro de seus encantos, ao passar próximo da ilha onde habitam, tapando os ouvidos dos
marinheiros e fazendo-se atar no mastro do navio. Desde então, as sereias passaram a ser um
símbolo mitológico das artes da sedução e da atração feminina.
Lenda da mula-sem-cabeça
A Mula-sem-cabeça é uma antiga lenda dos povos da Península Ibérica, que foi trazida
para a América pelos espanhóis e portugueses. Esta história também faz parte do folclore
mexicano (conhecida como "Malora") e argentino (com o nome de Mula Anima). Pressupõem-
se que este mito tenha nascido no século doze, época em que as mulas serviam de transporte
para os padres.
No Brasil, a lenda disseminou-se por toda a região canavieira do Nordeste e em todo o
interior do Sudeste. A Mula-sem-cabeça, representa uma espécie de lobisomem feminino, que
assombra povoados onde existam casas rodeando uma igreja.
Segundo esta lenda, toda a mulher que mantivesse estreitas ligações amorosas com
um padre, em castigo ao seu pecado (aos costumes e princípios da Igreja Católica), tornar-se-
ia uma Mula-sem-cabeça. Esta história tem cunho moral religioso, ou seja, é uma repreensão
sutil ao envolvimento amoroso com sacerdotes e também com compadres. Os compadres,
eram tidos como pessoas da família, e qualquer tipo de relação mantida entre eles, era
considerada incestuosa.
A metamorfose ocorreria na noite de quinta para sexta-feira, quando a mulher, em
corpo de mula-sem-cabeça, corre veloz e desenfreadamente até o terceiro cantar do galo,
quando, encontrando-se exaurida e, algumas vezes ferida, retorna a sua normalidade. Homens
ou animais que ficarem em seu trajeto seriam despedaçados pelas violentas patas. Ao
visualizar a Mula-sem-cabeça, deve-se deitar de bruços no chão e esconde-se "unhas e
dentes" para não ser atacado.
Dizem também, que se alguém passar correndo diante de uma cruz à meia-noite, ela
aparece.
A mula-sem-cabeça também é conhecida como a burrinha-do-padre, ou simplesmente
burrinha.
Lenda da Iara
Também conhecida como a “mãe das águas”, Iara é uma personagem do folclore
brasileiro. De acordo com a lenda, de origem indígena, Iara é uma sereia (corpo de mulher da
cintura para cima e de peixe da cintura para baixo) morena de cabelos negros e olhos
castanhos.
A lenda conta que a linda sereia fica nos rios do norte do país, onde costuma viver.
Nas pedras das encostas, costuma atrair os homens com seu belo e irresistível canto. As
vítimas costumam seguir Iara até o fundo dos rios, local de onde nunca mais voltam. Os
poucos que conseguem voltar acabam ficando loucos em função dos encantamentos da sereia.
Neste caso, conta a lenda, somente um ritual realizado por um pajé (chefe religioso indígena,
curandeiro) pode livrar o homem do feitiço.
Contam os índios da região amazônica que Iara era uma excelente índia guerreira.
Os irmãos tinham ciúmes dela, pois o pai a elogiava muito. Certo dia, os irmãos resolveram
matar Iara. Porém, ela ouviu o plano e resolveu matar os irmãos, como forma de defesa. Após
ter feito isso, Iara fugiu para as matas. Porém, o pai a perseguiu e conseguiu capturá-la. Como
punição, Iara foi jogada no rio Solimões (região amazônica). Os peixes que ali estavam a
salvaram e, como era noite de lua cheia, ela foi transformada numa linda sereia.