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A Notícia do Dia

Pai de criança deficiente acusa Estado de faltar à sua palavra

SUSANA PINHEIRO

Menino é portador da síndrome de Morsier. Escola onde está deveria ser solução
provisória
O pai de uma criança de seis anos, portadora da síndrome de Morsier, acusa a
Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) de não cumprir a promessa de
transferir o filho de uma escola onde estava provisoriamente com mais sete alunos
deficientes para outra com melhores condições. Tudo porque, explicou Luís
Barbosa, "chumbou as obras de adaptação daquela primária e mandou fazer outras
na escola provisória". A Câmara de Barcelos já avisou que "não pode andar ao
sabor da indefinição da DREN, nem continuar a investir dinheiros públicos em
desperdícios."

Luís Barbosa está "revoltado com a falta de palavra da DREN, que prometeu que o
Diogo iria mudar em Dezembro passado para a escola de Vila Boa", mais perto de
casa. Desde Setembro que o menino, com autismo, baixa visão e que, segundo o
pai, "precisa de muito espaço", frequenta a EB1 da freguesia urbana de Vila
Frescainha S. Pedro, a sete quilómetros da sua residência. "Faço cerca de 30
quilómetros diários nas viagens de ida e volta para a escola", queixa-se,
acrescentando que as instalações não estão adaptadas às necessidades do Diogo.

O encarregado de educação só aceitou que o menino frequentasse aquela escola


porque "a DREN prometeu" que seria até concluírem as obras de adaptação na EB1
Vila Boa, perto do Estádio Municipal de Barcelos. Segundo Luís Barbosa, esta escola
é muito melhor. Foi inaugurada este ano lectivo, adiantou, e "tem mais espaço para
o Diogo, porque ele não consegue estar 15 minutos fechado numa sala".

O pai do menino não compreende como é que, com as obras no exterior da EB1
Vila Boa concluídas e a faltar apenas finalizar o interior", a DREN "chumbou os
trabalhos por causa de uma inclinação perigosa para as crianças".

O presidente da Câmara de Barcelos, Fernando Reis, protesta: "A autarquia foi


surpreendida por informações de que a DREN considera que o edifício não reuniria
as condições que eles tinham perspectivado, pelo que remete de novo obras para
Vila Frescainha S. Pedro." Reuniram-se com os pais das crianças e o agrupamento
de escolas e decidiram avançar com os trabalhos de adaptação na escola de Vila
Frescainha S. Pedro, onde o pai do Diogo se recusa a ter o filho. Segundo o autarca
de Barcelos, as obras decorrerão nas férias da Páscoa e contemplam a instalação
de casa de banho, fraldário e zona de descanso. Fernando Reis tinha avisado que só
faria nova intervenção perante uma "solução acordada entre pais, agrupamento e
DREN, já que não podem andar ao sabor da indefinição da DREN, nem continuar a
investir dinheiros públicos que, no fim, se traduzem em desperdício de recursos".

O DN tentou contactar a DREN, no Porto e em Braga, mas os responsáveis estavam


indisponíveis.

A escola de Vila Boa não foi a primeira escolha dos pais do Diogo, mas é a mais
viável face aos custos. "Queríamos que o Diogo frequentasse a Associação de Pais e
Amigos das Crianças Inadaptadas, em Barcelos, para ser estimulado, porque tem
fraca visão, autismo e precisa de terapias", disse Luís Barbosa. E garante que o
filho tem vaga nessa instituição, onde acredita que estaria muito melhor. Só que,
lamenta: "Não vai, porque o Estado não paga. Mas desconto para a Segurança
Social e deveria ter alguns direitos." Desde então, a criança está integrada no
ensino regular, "mas não é o melhor, porque precisa de uma professora de ensino
especial" só para ela. E concluiu. "O senhor ministro desconhece a patologia do
meu filho. Há que vir ao terreno ver a situação."
In DN, 2/03/08

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