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A técnica do Resumo

Lê atentamente o texto que se segue e elabora com cuidado o seu


resumo em cerca de 150 palavras.

Torna-se difícil compreender


a evolução e a transformação
de um conto ou a sua
persistência numa dada
forma relativamente
imutável, se ignorarmos os
contextos sócio-históricos a
que teve sucessivamente de
se adaptar para sobreviver.
Não poderá isolar-se a
significação de um conto num
determinado tempo e lugar.
Só através de um estudo
comparativo com as formas
que esse mesmo conto
assumiu noutros tempos e
noutros lugares será possível desvendar os seus "segredos". A
aproximação diacrónica descreve o como das transformações, a
aproximação sincrónica elucida o seu porquê.
O Conto é veículo transmissor de conhecimento e de valores culturais, é
uma "palavra" (parábola) cujo fio não deve ser cortado ao passar de
geração para geração, sob pena de pôr em perigo a coesão social e a
sobrevivência do grupo. O ouvinte ou o leitor encontram, nas personagens
imaginárias que povoam a narrativa, personagens e situações bem reais
com que se defrontam no seu dia-a-dia. É todo o universo social e familiar
que aparece em cena, com os seus conflitos latentes e os fantasmas que
os engendram.
O conto levanta questões com as quais todo o indivíduo se vê confrontado:
rivalidade de gerações, integração dos mais novos no mundo adulto, tabu
do incesto, antagonismo dos sexos. Lida com aspectos da vida social e do
comportamento humano, com as etapas fundamentais da vida como o
nascimento, o namoro, o casamento, a velhice e a morte, com episódios
característicos da vida da maior parte das pessoas. Do campo emocional
fazem parte o amor e o ódio, a desconfiança, a alegria, a perseguição, a
felicidade, a rivalidade, a amizade. Muitas vezes, o mesmo conto refere-se
a estes fenómenos em pares contrastantes: o bem contra o mal, o êxito
contra o fracasso, a benevolência contra a malevolência, a pobreza contra
a riqueza, a fortuna contra a desgraça, a vitória contra a derrota, a
modéstia
contra a vaidade, ou seja, o branco contra o preto.
Os velhos contos de outrora nunca são gratuitos; fornecem uma explicação
do mundo, são a expressão de terrores e esperanças muito profundos, são
uma escola de sabedoria, um magma primordial em que cada povo foi
depositando os seus medos, as suas angústias, os seus protestos, a sua
crença num mundo melhor.
Poder-se-á reduzir o conto a um objecto unívoco? Não será, bem pelo
contrário, profundamente aberto, equívoco, para lá da sua mobilidade no
espaço e no tempo?
Basta olhá-lo (amá-lo) um pouco mais de perto para nos darmos conta de
como cada olhar que sobre ele é pousado tende a constituí-lo num objecto
diferente (tantos os objectos quantos os olhares). Como se a sua liberdade
lhe viesse da possibilidade mitológica de mostrar sem cessar um novo
rosto.

In “A evolução dos contos”, Contos infantis

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