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Índice

Enquadramento Teórico.................................................................................................4

Pequena definição de Telejornalismo..........................................................4

Nascimento do Telejornalismo....................................................................5

Evolução do Telejornalismo.........................................................................7

Linguagem Telejornalística.......................................................................11

Preparação e Alinhamento do Telejornal...................................................13

Enquadramento Prático................................................................................................17

Conclusão.......................................................................................................................20

Bibliografia.....................................................................................................................21
Enquadramento Teórico

Pequena definição de Telejornalismo

Jornalismo exige além de técnica, a ciência, pois pode ser considerado, por uma
arte. Esta arte requer a capacidade para apurar, reunir, seleccionar e disponibilizar a toda
a sociedade não somente notícias, mas também ideias e acontecimentos, de modo exacto
e claro, o mais rápido possível.

O telejornalismo que também pode ser denomiado jornalismo audiovisual é,


como o próprio nome indica, o jornalismo realizado através de meios televisivos. Os
telejornais são programas que constam na grelha de programação dos vários canais de
televisão e possuem geralmente horários fixos mas, no caso de um jogo de futebol por
exemplo, pode o seu horário ser alterado. Existem também por vezes espaços
informativos semanais, de carácter geral ou específico, como é o caso do desporto,
economia ou cultura entre outros, que procuram complementar a informação difundida
pelos telejornais.

Os telejornais são coordenados por um director e apresentados geralmente por


um pivot (embora em alguns casos sejam apresentados por dois pivots), que se assume
como elemento vital, pois é ele que dá a cara ao telespectador e por conseguinte é ele
quem confere credibilidade ao telejornal. O jornalismo audiovisual recorre à conjugação
da imagem com o som, para assim enriquecer as notícias que pretende transmitir.

A informação transmitida pelos telejornais é, sem dúvida, para a maior parte da


sociedade a única a que ela tem acesso acerca do que se passa não só no seu país, como
também no resto do globo. Por isso pode considera-se o jornalismo televisivo como um
“bem público”.

Muitos são os que afirmam que “o telejornalismo é uma janela para o mundo”.
Esta expressão consegue demonstrar a importância dos telejornais ao transmitirem tudo
que de mais importante acontece no mundo.

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Nascimento do Telejornalismo

O jornalismo audiovisual tem por base o jornalismo impresso, pois quando


surgiu, este já se tinha imposto na sociedade. Muitos afirmam que os primeiros passos
para o telejornalismo foram dados através do cinema, visto que a partir de 1910 o
cinema começou a ganhar alguma força, principalmente sob a forma de documentários.
E o que são documentários, senão parte integrante do jornalismo televisivo?

O telejornalismo possui portanto uma forte ligação com o jornalismo impresso,


pois este é a sua base. Mas apresenta por outro lado um grande distanciamento e
evolução em relação aos jornais – não apenas nos meios utilizados, mas também em
diversos aspectos como é o caso da linguagem. O jornalismo televisivo representa pois,
mais uma arma forte do jornalismo em busca da tão desejada objectividade.

Na altura em que a televisão surgiu, os telejornais não constaram imediatamente


da programação das emissoras. Apesar das pressões do Governo, elas não queriam
transmitir informação noticiosa, pois acreditavam que isso lhes retirava audiência.
Demorou então algum tempo para que os telejornais conquistassem o tempo de antena
no horário nobre das várias emissoras e se afirmassem, como os hoje os conhecemos,
como ponto vital de informação na nossa sociedade.

Foi nos Estados Unidos, no longínquo ano de 1928, que pela primeira vez uma
transmissão televisiva teve como conteúdo principal um acontecimento jornalístico. A
transmissão foi da responsabilidade da emissora WGY e baseou-se na transmissão da
proclamação de um pré-candidato à presidência pelo Partido Democrata que dava pelo
nome de Al Smith. Nos anos que se seguiram a esta data marcante para o jornalismo,
entraram no ar as três primeiras emissoras de televisão: a WGY, a W2BS e ainda a
W2XAB.

O telejornalismo começou nessa altura a ganhar nome, força e importância na


sociedade. O primeiro grande evento coberto pelas emissoras televisivas foi as eleições
presidenciais dos Estados Unidos no ano de 1932.

A televisão, e consequentemente o telejornalismo, começou a expandir-se e no


ano de 1935, 3 anos depois da primeira transmissão nos Estados Unidos, ocorreram as
primeiras transmissões na Europa Ocidental. Na Inglaterra por exemplo, o canal BBC,

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iniciou de forma regular as suas transmissões e no ano seguinte com a coroação do seu
rei George VI atingiu audiências deveras significativas. Sofreu um revés com a Segunda
Guerra Mundial, que obrigou à paragem das transmissões, que apenas voltaram no ano
de 1946, após o término da guerra.

Reúne também consenso a ideia, de que os novos meios, incluindo os telejornais,


foram utilizados naquela altura como mais uma arma poderosa para os estabelecer
ideais nacionais em vários países, e por isso os meios televisivos tenham reunido apoios
e conquistado tanta importância naquele tempo.

O jornalismo televisivo foi conquistando audiências e o ano de 1941 afirma-se


como mais uma data importante nesta área. A CBS colocou na sua programação diária a
transmissão de dois telejornais, de aproximadamente 15 minutos. Estes telejornais eram
transmitidos apenas de Segunda a Sexta num horário próximo à hora de almoço e outro
próximo à hora de jantar, tal como acontece hoje em dia nos nossos canais generalistas.
Estes telejornais eram, segundo vários testemunhos, “ uma espécie de noticiário
radiofónico televisionado”. Estas opiniões devem-se talvez ao facto de os pivots
responsáveis pela condução do telejornal, apenas lerem as notícias escritas diante da
câmara. Facto que foi posteriormente alterado, pois rapidamente se notou a importância
da forma como as notícias eram transmitidas ao público.

No ano de 1947 as emissoras televisivas NBC, CBS e a ABC já eram


responsáveis pela produção dos filmes que transmitiam na sua programação. A televisão
tinha vantagem, pois conseguia transmitir de forma mais fácil e rápida os filmes do que
as salas de cinema.

O telejornalismo utilizou o imediatismo como grande arma para conquistar


audiências. A possibilidade de visualizar as imagens dos locais em que decorria o
evento que estava a ser noticiado, era algo que cativava as pessoas. Aliado a este
aspecto, está o facto de ser possível transmitir notícias no dia, sem ter que se esperar
pelo dia seguinte até sair para a rua o jornal impresso. Estes são alguns dos aspectos,
pelos quais o jornalismo televisivo ganhou tanto ascendente, em relação ao impresso e
ao radiofónico.

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Evolução do Telejornalismo

A revolução tecnológica colocou o mundo a girar. A evolução da tecnologia


provocou também a mudança em todas as áreas de trabalho, por isso o telejornalismo
não é excepção. Com a evolução dos meios audiovisuais, o telejornalismo foi também
ele melhorando as suas qualidades de transmissão e de apresentação, não querendo com
isto dizer que o “jornalismo” melhorou de qualidade. Os telejornais possuem hoje em
dia condições que há meio século atrás não eram possíveis. O mundo evoluiu e o
telejornalismo adaptou-se e acompanhou essa evolução. Como tal, são várias as
diferenças quando comparamos o telejornal de hoje com o primeiro telejornal
transmitido.

No seu nascimento, estipulava-se que o telejornalismo deveria ser financiado


pelos seus telespectadores, ou seja, seria o publico a despender uma certa quantidade de
dinheiro anualmente, para que fosse possível transmitir os telejornais diariamente.

O telejornalismo regia-se por uma “ética de abrangência”, ou seja, tinha o


objectivo de responder às exigências de todo o “espectro público”. A televisão e o
telejornalismo pretendiam essencialmente três coisas: educar, informar e entreter.
Actualmente estas três pretensões, com todas as alterações que têm ocorrido na
sociedade, também foram alteradas, pois neste momento as pretensões da televisão são:
distrair, convencer e vender. O telejornalismo visava igualmente a “pluralidade” e a
“alta polarização” da informação, com o objectivo de satisfazer toda a sociedade e
difundir todo o tipo de informação. Por fim, procurava a todo o custo afastar-se
completamente do mercado, pois os aspectos financeiros são sempre capazes de
influenciar e era algo que o telejornalismo não pretendia.

Quando surgiu este tipo de jornalismo, ele seguiu alguns padrões não só do
jornalismo impresso, como também da rádio. Nessa altura as notícias eram lidas em
frente à câmara. Mas rapidamente se notou a relevância do pivot do telejornal, pois foi
constatado que os aspectos como a aparência, as expressões e a maneira como este
apresentava as notícias, produziam diferentes efeitos e reacções por parte dos
telespectadores. Sem capacidade para transmitir imagens, os telejornais tinham todas as
suas esperanças no sucesso do jornal concentradas no “locutor”, pois nesta altura ainda
não se apelidava de “pivot” o apresentador do telejornal.

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Passado algum tempo surgiram então as imagens, pois sem a utilização destas,
os telejornais não eram mais que jornais radiofónicos. A transmissão das imagens
através de satélites veio também permitir que o ritmo a que se transmitiam fossem
acelerados.

Começou então o afastamento em relação ao jornalismo impresso, pois a


conjunção do som com as imagens, permitia ao telejornalismo difundir as notícias de
uma maneira diferente, apesar de continuar sempre na procura da tão desejada
objectividade.

A linguagem nos telejornais foi também sofrendo alterações, visto que


inicialmente ela se baseava na linguagem utilizada nos jornais impressos. O
telejornalismo procurou rapidamente interligar a referida linguagem do jornalismo
impresso com a linguagem utilizada nas produções cinematográficas, tornando por isso
a sua linguagem mais específica, complexa e adequada aos meios que utilizava.

Alem dos aspectos já referidos, muitos outros foram sendo melhorados, para que
o telejornal tenha a apresentação que hoje todos nos conhecemos. Um deles foi a
preocupação com a melhoria dos cenários, conjugando formas e cor para que a
harmonia no ambiente de apresentação do telejornal fosse maior.

O pivot deixou de ser apenas aquela pessoa que lia as noticias, para se tornar na
figura central do telejornal e por isso foi necessário melhorar também os aspectos
relacionados com o mesmo. Tornou-se necessário que o pivot fosse uma pessoa de boa
apresentação, que possuísse uma boa e linda voz, e começou a ser vestido de forma
elegante. Os pivots dos telejornais passaram também e desempenhar uma função activa
na organização do telejornal. Juntamente com os editores e chefes de redacção,
começaram a dar também a sua opinião sobre o que deveria ou não ser noticiado no
telejornal. Os pivots começaram ainda a acompanhar o processo de produção das
reportagens para se encontrarem dentro dos temas quando as apresentassem no
telejornal. A função destes tornou-se crucial para o êxito dos telejornais nas diversas
estações televisivas em todo o mundo.

A qualidade da transmissão das imagens e dos textos foi também um aspecto


sobre o qual recaiu imensa atenção por parte das emissoras. À medida que os anos
foram avançando e os meios técnicos disponíveis foram evoluindo, as emissoras

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procuraram sempre transmitir as imagens com a melhor qualidade possível, situaçao
que exigiu aos técnicos de imagem uma concentração enorme na realização das suas
tarefas.

A selecção e das notícias também sofreu alterações, pois o objectivo é que estas
sejam vistas integralmente pelo telespectador. Para isso foi necessário atingir uma maior
coerência, organização e coesão nas notícias, sob pena de as notícias se tornarem pouco
credíveis e desinteressantes para o telespectador, o que poderia provocar a diminuição
de audiências à medida que o telejornal ia decorrendo.

Não se pode portanto deixar de referir, que os critérios de noticiabilidade


também foram alterados à medida que os anos foram decorrendo. Aquilo que em certa
altura era interessante para o telespectador, actualmente pode já não possuir nenhum
interesse. Este é um aspecto que se encontra em constante modificação, pois a
população, também sente interesse pelo inédito, pelo novo, e por isso é necessário
manter sempre o público cativado. Pode-se aqui referir a relação valores/noticia, que se
afirma como componente da noticiabilidade, visto que era e continua a ser também
desta relação que resultava e resulta a decisão sobre quais as notícias que eram e são
transmitidas.

Os telejornais procuraram também conferir um tratamento mais aprofundado às


notícias que difundem, porque antigamente esse tratamento era feito de forma pouco
profunda, com a justificação da falta de tempo para exibir as respectivas reportagens.
Com o passar dos anos, até à actualidade, procurou-se sempre completar o mais possível
a notícia que se pretende transmitir.

Já na década de 1960 eram muitos os que defendiam que o jornalismo de


televisão teria como principal função atrair através da mente e das emoções a atenção do
telespectador, para o colocar em interactividade com o resto do mundo. Dar-lhe a
conhecer todas as notícias do mundo, pois vivemos em sociedade e os assuntos dizem
respeito a toda a população.

Actualmente já se fala de um formato de um telejornarlismo alternativo, que se


baseia na “vídeorreportagem”. Este tipo de jornalismo está a cargo do “videojornalista”.
Resumidamente podemos afirmar que a diferença entre a vídeorreportagem e a
reportagem normal reside no facto de neste novo formato o jornalista ser inteiramente

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responsável pela produção da reportagem que vai ser transmitida, até mesmo pela
recolha de imagens através de uma câmara digital, enquanto no formato antigo, o
jornalista dispunha de um técnico responsável pela recolha das imagens. A edição da
reportagem poderá ser feita por um editor, mas em algumas situações poderá mesmo ter
que ser o jornalista a efectuar a edição da mesma. Neste novo formato é necessário um
jornalista muito mais capacitado para conseguir desenvolver todo um conjunto de
funções. Esta situação têm também efeitos negativos, pois funções específicas que antes
existiam, deixam de existir, porque se os jornalistas são responsáveis por essas tarefas,
as emissoras aproveitam para poupar algum dinheiro em ordenados e extinguem
algumas funções dos seus quadros técnicos.

Abordando as reportagens, também elas sofreram algumas alterações ao longo


do tempo, visto que actualmente por exemplo a qualidade do som e imagem é muito
superior e é possível adicionar efeitos, quer visuais, quer sonoros.

Como já foi referido anteriormente, o jornalismo, neste caso o televisivo, é a


porta aberta para a sociedade. Com isto pretende-se dizer que o jornalismo é
responsável por dar a conhecer o mundo a todas as pessoas indiscriminadamente. Além
disso os telejornais são uma grande arma para o poder político, pois é constatável que o
jornalismo televisivo consegue exercer uma forte influência na sociedade. E por isso
mesmo, tem que reger-se por algumas regras e valores que consigam evitar que a notícia
se transforme em espectáculo. Esta é a luta que se trava actualmente, pois a “fome”
pelas audiências, muitas vezes leva ao empobrecimento desta “arte” que é o jornalismo.

Existe também uma grande questão relativa aos telejornais: são os telejornais o
espelho da realidade social ou serão eles por outro lado, os construtores da realidade?
Esta questão tem provocado a opinião de vários analistas e ainda não foi reunido
consenso. Correcto é afirmar que o jornalismo como “4º Grande Poder” tem realmente
capacidades para modificar e até mesmo construir uma sociedade.

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Linguagem Telejornalística

Com a sedimentação do jornalismo televisivo e devido à constante evolução da


sociedade, tornou-se necessário padronizar uma linguagem específica para que as
notícias fossem mais facilmente transmitidas ao telespectador.

A coloquialidade, a clareza, a precisão, a simplicidade e a concisão na


linguagem tornaram-se indispensáveis aos telejornais. No jornalismo televisivo, devido
também à instantaneidade, é necessário que o telespectador capte a informação no
momento, pois não poderá voltar atrás, tal como no jornalismo impresso, para perceber
melhor a notícia. Tal facto motivou a supressão de informação e de texto desnecessário,
visando evitar a redundância. Por isso, porque os textos telejornarlísticos geralmente
também são menores, a linguagem utilizada no telejornalismo deve ser mais curta e
ainda mais sintética e objectiva do que a linguagem utilizada no jornalismo impresso,
pois este último usufrui de maior “espaço”, para poder colocar a informação “menos
importante”.

O texto também era e é necessário nas imagens que são transmitidas pelos
telejornais, pois estas necessitavam e continuarão a necessitar do acompanhamento de
texto, para que todos os aspectos em relação a essas imagens sejam esclarecidos. A
linguagem utilizada nestes textos não precisa ser muito detalhada, pois o objectivo é
acompanhar as imagens e/ou conduzir o telespectador e não, descrever tudo que é
possível ver nelas. O texto precisa por isso estar adequado às imagens, senão perde o
sentido, pois existe a função de complementaridade entre imagem e texto.

A história contada pelas imagens nas reportagens deve ser integralmente


respeitada, ou seja, não se pode entrar em contradição/conflito com elas. Os
comentários efectuados às imagens que estão a ser transmitidas devem ser efectuados de
forma apropriada e no momento exacto, pois estes só farão sentido quando interligados
com as respectivas imagens.

Além dos aspectos atrás referidos, é necessária a utilização de frases curtas e de


pontuação correcta. A compreensão não só do telespectador, mas também do pivot
quando lê o guião ou teleponto, torna-se mais fácil quanto mais curtas forem as frases.
A pontuação deve ser correcta, pois é ela que permite ao pivot do jornal respirar

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enquanto fala. É também aconselhável pelos padrões da linguagem telejornalística que o
tamanho das frases seja variado, pois é indispensável que os textos tenham ritmo, caso
contrário, podem tornar-se monótonos e o telespectador poderá perder o interesse.

O jornalismo televisivo difunde notícias, por isso deve ser “escrito para
ser falado”, pois o telejornalismo não se limita à leitura de textos.

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Preparação e Alinhamento do Telejornal

O telejornal é algo muito mais complexo do que aquilo que o telespectador pode
pensar ao visioná-lo no conforto do seu lar. Engloba todo um conjunto de funções,
técnicas e acima de tudo, trabalho intenso dos responsáveis, para que nenhum aspecto
seja descurado. Isto acontece sempre com o objectivo de que nada falhe durante o
tempo em que ele é transmitido. É necessário que nenhum erro desde as reportagens,
passando pela edição das mesmas, pelos técnicos informáticos e pela apresentação a
cargo do pivot, seja cometido, porque isso distingue o êxito de um fracasso no
telejornal.

“As transmissões em directo dos acontecimentos estabelecem uma “poética”


própria da televisão: captar e pôr no ar um acontecimento no mesmo instante em que
ele acontece coloca-nos diante de uma montagem [...] improvisada e simultânea ao
facto captado e montado. [...] Disso deriva a já citada identificação de tempo real e
tempo televisional sem que nenhum expediente narrativo possa reduzir a duração
temporal, que é a do acontecimento transmitido”.

Humberto Eco

Para que o telejornal possa ir para o ar nas condições desejadas, é necessário que
uma enorme equipa trabalhe em conjunto, de forma organizada e solidária. Caso isto
não sucedesse tornar-se-ia impossível recebermos o telejornal em directo, com a
informação que nele esta contida, diariamente em nossas casas da forma que o
recebemos.

O telejornal envolve portanto várias pessoas que desempenham diversas funções


específicas, para que tudo se mantenha organizado. Uma das funções é a de pivot, que
tem um papel essencial para que o telejornal atinja as expectativas. Ele é a “cara” do
telejornal. Se a sua função não for cumprida com distinção, o telejornal perde
credibilidade e todo o trabalho dos demais, cai no esquecimento. Além do pivot,

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existem várias funções indispensáveis para a transmissão do telejornal. Os jornalistas
desempenham também um papel indispensável, pois sem notícias e reportagens não
existiria telejornal. São eles quem realiza as reportagens que posteriormente são
transmitidas. Muitas vezes são destacados para cobrirem acontecimentos fora do país,
por isso esta função requer muita dedicação e gosto, para que por um lado eles atinjam o
sucesso, e por outro para que as reportagens tenham a qualidade que os produtores
desejam. Pode afirmar-se que os produtores realizam uma tarefa mais administrativa.
Há ainda funções como os editores, que são responsáveis pela organização do telejornal
e têm que garantir que não faltam notícias para compor o telejornal. Recai sobre eles
também a função de controlar a entrada de imagens, por isso definem o ritmo do
telejornal. Os editores desempenham cargos específicos, como chefe de redacção por
exemplo. Por fim pode destacar-se os técnicos de imagem e som, que são responsáveis
por estes aspectos indispensáveis para a transmissão do telejornal. Estas são talvez as
funções mais importantes na redacção de um telejornal, mas existem outras, que sem
elas, não seria possível às estações transmitir os telejornais em directo diariamente.

A grande parte da população talvez pense que o telejornal demora pouco tempo
a preparar e que não exige muito esforço. Mas a preparação e a organização de um
telejornal começa no momento em que termina o anterior. No final do telejornal, os
editores, juntamente com os produtores reúnem-se para decidir quais as notícias que
deverão ser transmitidas no dia seguinte. Em algumas estações, alguns dos responsáveis
têm que organizar o telejornal da manhã e o telejornal da noite. Nestes casos tudo tem
que ser feito com mais rapidez e pressão, pois o tempo não é muito e tudo tem que
correr conforme o estabelecido. Na manhã do dia seguinte, realiza-se outra reunião para
confirmar as definições determinadas na reunião do dia anterior. Neste momento
algumas reportagens já estão a ser realizadas pelos jornalistas. A partir deste momento
começam também a edição das VTs e as gravações dos offs, pois o objectivo é que
todas as peças estejam prontas quando o telejornal entrar para o ar. Por vezes algumas
não estão e aí os nervos aumentam, pois tem que se procurar editá-las a tempo de serem
transmitidas ou então cortá-las do guião. Neste momento apesar de já existir agitação,
não se compara com os últimos momentos que antecedem a transmissão do telejornal.

À medida que o tempo vai passando, a adrenalina vai aumentando e o ambiente


torna-se mais frenético. A pressão começa a aumentar e apenas há tempo para os

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últimos pormenores. É facilmente visível no ambiente da redacção quando o telejornal
está prestes a ser transmitido.

Existe um padrão estabelecido, através do qual se organiza o telejornal.


Generalizou-se um esquema para a apresentação dos telejornais, visto que a
apresentação destes não pode ser efectuada sem ordem e/ou organização. Então os
telejornais começaram a seguir uma linha, um alinhamento que foi adoptado pela
maioria, para não dizer totalidade, das estações que transmitiam e transmitem
diariamente o telejornal.

Segundo o alinhamento que foi atrás referido, o telejornal deve iniciar com um
sumário, que supostamente deve conter as notícias mais importantes que irão ser
transmitidas. Este sumário deve ser apresentado pelo pivot, que em seguida apresenta o
telejornal.

Em seguida os responsáveis técnicos pela transmissão deverão colocar no ar o


genérico do telejornal, que corresponde a uma serie de imagens específicas de cada
emissora que servem para demarcar a abertura do telejornal.

Posteriormente ao genérico, o pivot entra em directo e deve proceder à abertura


do telejornal, acompanhada de uma saudação breve mas agradável aos telespectadores.

Após a abertura, os telejornais começam geralmente por uma notícia que se


destaca, algo forte, usualmente uma notícia do próprio dia, capaz de produzir impacto e
de captar logo naquele momento a atenção da audiência. Terminada a apresentação do
destaque, procede-se à difusão das restantes notícias. Elas não são transmitidas ao
acaso, pois seguem uma ordem específica. Primeiramente devem ser apresentadas as
notícias de carácter nacional, ou seja, as notícias sobre os acontecimentos no país onde
a estação televisiva se encontra, pois para o telespectador são mais importantes as
notícias do seu próprio país, pois afectam-no mais directamente. Seguidamente às
notícias nacionais, são transmitidas as notícias de carácter internacional, pois vivemos
em sociedade e interessa ao telespectador tudo que de mais importante acontece fora do
seu país. Se a estação televisiva for local, deve existir ainda um espaço para a difusão de
notícias locais. Para a parte final estão reservadas as notícias mais leves, de forma a
tornar o telejornal mais agradável, estabelecendo um contraponto com o impacto que as
notícias anteriores podem produzir. Essas notícias geralmente são culturais e por vezes

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são mesmo apresentadas separadamente do telejornal. Se for o caso transmite-se a
cobertura ou faz-se o anúncio de eventos/espectáculos. Por norma, esta parte contém
ainda as notícias desportivas, também estas partindo das nacionais para as de carácter
internacional.

O pivot procede seguidamente ao fecho do telejornal, por vezes através de um


conselho ou de uma mensagem de esperança, se se justificar, acompanhado mais uma
vez pela saudação ao telespectador em jeito de agradecimento por ter seguido o
noticiário.

É apenas quando o(s) pivot(s) diz(em) até amanhã e o directo termina, que se
começa a notar um certo alívio em todas as pessoas responsáveis por fazer com que a
transmissão do telejornal ocorra sem nenhuma falha. Apenas na momento em que os
créditos passam no ecrã e a imagem do(s) pivot(s) já não está mais em directo, é que a
emissão termina. Até lá, a pressão, o receio, a preocupação e o stress mantém-se.

No final da transmissão, após as “conversas de bastidores” para descomprimir,


segue-se uma reunião que envolve os produtores, os editores e os técnicos de
reportagem, que visa não só, avaliar o desempenho no telejornal que foi transmitido,
como também iniciar a preparação para a transmissão do dia seguinte. Nesta reunião são
feitas sugestões e ficam já várias questões estabelecidas para o dia seguinte.

Apenas no final desta reunião, é possível ter algum descanso, se é que o


jornalista pode estar descansado, pois este deve estar sempre à procura de mais
informação que possa ser útil. Mas é apenas neste momento que finalmente se pode
visualizar o alívio e a sensação de tarefa cumprida nas expressões das pessoas.

Como é facilmente constatável, o dia-a-dia do jornalista de televisão, que é o


caso que se está a analisar, é muito intenso e stressante. Todo este ambiente em que o
jornalista está envolvido, tem também consequências no seu corpo, pois as horas de
descanso e a alimentação por exemplo, não são respeitas. Derivado a tudo isso, já foram
revelados estudos afirmando que “as doenças cardiovasculares, as doenças do aparelho
digestivo e as neuroses são doenças frequentes encontradas em jornalistas”.

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Enquadramento Prático

Para dar continuidade aos aspectos teóricos do trabalho, foi necessário


desenvolver uma parte mais prática, onde se pudesse verificar a teoria exposta
anteriormente. Para tal, decidiu-se analisar a transmissão do Telejornal da RTP1, visto
esta estação televisiva ser considerada como o canal público do nosso país. Além disso,
este telejornal mantém ainda algum distanciamento do sensacionalismo e espectáculo,
quando comparado com o Jornal Nacional da TVI, pois procura transmitir as suas
notícias com mais sobriedade e relatar os factos imparcialmente.

A análise consiste em verificar se os padrões de alinhamento são seguidos e


também referir em algumas situações determinados aspectos que sejam relevantes para
comparar o telejornal actual com aquele que era transmitido há décadas atrás.

A emissão do Telejornal eleita para análise foi a do dia 17 de Abril de 2009,


derivado ao facto de nos dias anteriores terem sido transmitidos jogos de futebol das
competições europeias e por isso o Telejornal, situação que provocou a divisão deste e
por isso o seu horário não foi o habitual. Como no fim-de-semana o alinhamento sofre
alterações, decidiu-se portanto analisar o jornal de sexta-feira, pois é aquele que se
identifica com formato habitual do telejornal desta estação televisiva.

Às 20 horas exactamente começa o Telejornal com a


entrada do genérico, pois um pequeno atraso é uma falha
enorme que pode comprometer toda a transmissão. Este
genérico dura apenas alguns segundos e é mais uma marca
distintiva em relação aos telejornais de outras estações de
televisão. Logo a seguir é focalizado o pivot que é
responsável pela condução do noticiário. Nesta emissão, a
apresentação do Telejornal esteve a cargo de José Rodrigues
dos Santos, jornalista que já se encontra a trabalhar há vários
anos para esta estação televisiva. O pivot procede então à abertura do telejornal através
da saudação ao público.

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Neste momento já são visíveis diversas evoluções técnicas que têm ocorrido
desde o surgimento do telejornalismo, como por exemplo a qualidade da imagem.

Começa então a difusão das várias notícias. O Telejornal abre com a notícia
forte, com o destaque, tal como havia sido referido no esquema apresentado na
componente teórica deste trabalho, para captar desde logo a atenção dos telespectadores.
A notícia é nacional e afecta a população portuguesa, por isso desde logo, há uma
grande probabilidade de o telespectador dedicar muita atenção à notícia.

As notícias transmitidas duram em média 2 minutos, pois tem que existir um


tempo limite, caso contrário o telejornal demoraria várias horas. As notícias podem ser
exclusivamente apresentadas pelo pivot, acompanhadas sempre de imagens relativas a
essa notícia, ou então pela voz off de um jornalista, sendo que nestes casos o pivot tem
que apenas fazer o lançamento da reportagem, e em algumas situações fornecer
informação adicional no final da mesma. Quando são transmitidas as reportagens, além
da conjugação entre o som e imagem, estas são acompanhadas de um pequeno texto,
apenas com algumas palavras-chave que procuram complementar ou destacar a
informação mais importante da reportagem.

A transmissão do bloco das notícias nacionais durou cerca de 29 minutos, facto


que nos permite deduzir qual o carácter preferencial das notícias para o telejornal.
Segue-se, tal como estipulado no alinhamento atrás referido, as notícias internacionais,
que nesta emissão ocuparam o total de 6 minutos. Estas notícias resultam de uma
selecção entre os acontecimentos mais relevantes que estão a ocorrer nesse dia no resto
do mundo. Este bloco noticioso antecede o intervalo habitual do Telejornal.

Após o intervalo, o telejornal retoma com um conjunto de notícias, que nesta


transmissão possuíam apenas carácter nacional. Esta situação não é regra, pois depende
do que ocorre no resto do mundo, depende da quantidade de notícias internacionais que
o telejornal tem para difundir. Nesta emissão, este bloco de notícias, ocupou cerca de 9
minutos, sendo que este tempo também varia de telejornal para telejornal.

Contrariamente ao alinhamento que havia sido referido como padrão na parte


teórica do trabalho, seguem-se neste telejornal as notícias desportivas e só depois as
notícias de carácter cultural. Esta pequena troca não provoca consequências relevantes

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para o telejornal. As notícias desportivas podem conter por vezes resumos de jogos de
futebol ou acontecimentos desportivos, caso sejam muito importantes para os
telespectadores. Este bloco noticioso, que ocupa 4 minutos desta transmissão, começa
também por difundir a informação de cariz nacional, para terminar com as notícias
internacionais. Este facto pode ser alterado quando existe um acontecimento de nível
mundial, como os Jogos Olímpicos ou o Mundial de futebol por exemplo.

Como já havia sido referido, seguem-se as notícias culturais que servem para
fechar o telejornal. Este tipo de notícias, que nesta emissão apenas foi uma, possui
menor importância no telejornal e por isso o tempo reservado para estas (menos de 3
minutos de um total de 52 minutos que este Telejornal ocupou) é inferior ao tempo
ocupado pelas demais notícias.

Após toda a informação ser transmitida, o pivot do telejornal dá por terminada a


emissão. Neste caso não foi uma despedida, mas sim um até já, porque ele estaria
presente no programa que sucedeu ao Telejornal. É nesta altura que os técnicos
informáticos começam a colocar os créditos no ar e é apenas neste momento que os
nervos e stress começam a desaparecer.

No fim da análise a este telejornal, é fácil concluir que este segue o alinhamento-
padrão, que havia sido exposto anteriormente na parte teórica deste trabalho, apesar de
uma ou outra alteração, pois como não é uma televisão local, por exemplo não pode
dedicar um “espaço” apenas a uma determinada zona ou região.

Para que a transmissão seja feita de acordo com as expectativas é necessário um


enorme “trabalho de bastidores” de todos os profissionais envolvidos, porque uma
pequena falha pode mesmo “manchar” completamente o telejornal.

Aqui ficam as hiperligações para que o telejornal possa ser visualizado on-line:

1º Parte - http://ww1.rtp.pt/blogs/programas/telejornal/index.php?k=1-parte-do-
Telejornal-de-2009-04-17.rtp&post=1462

2º Parte - http://ww1.rtp.pt/blogs/programas/telejornal/index.php?k=2-parte-do-
Telejornal-de-2009-04-17.rtp&post=1463

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Conclusão

Como profissional de comunicação que pretendo ser num futuro próximo,


perseguindo o sonho de ser jornalista profissional, torna-se necessário para mim ter
conhecimento de todos os aspectos relativos a todas às variantes desta profissão.

Num momento em que tive a oportunidade de exercer jornalismo televisivo, este


tema não poderia ser mais indicado, pois através de diversas pesquisas, fiquei a
conhecer muito mais este “mundo” tão complexo que é a televisão e mais
especificamente o telejornalismo. Antes de experimentar, confesso que o meu
pensamento correspondia ao da maior parte da população, pois desconhecia todo o
trabalho, organização e empenho que é necessário para a realização de um telejornal.
Neste momento, e após ter adquirido estes conhecimentos, sinto-me deveras mais apto
para continuar a perseguir os meus objectivos pessoais. É por isso possível afirmar que
a elaboração deste trabalho, além de contribuir para o meu futuro, exercerá uma
influência nas minhas atitudes como pessoa e como profissional que aspiro a ser.

Quanto aos objectivos propostos no momento da escolha do tema, que seriam


conhecer e transmitir um pouco sobre a história telejornalismo, analisar a evolução que
o mesmo teve através das diferenças entre o passado e o presente, conhecer um pouco
mais a linguagem específica do jornalismo televisivo e finalmente dar a conhecer um
pouco o dia-a-dia numa redacção telejornalística, penso que foram conseguidos, visto
que depois da elaboração deste trabalho me encontro muito mais esclarecido sobre o
tema.

Após uma reflexão sobre a realização deste trabalho, constatei que esta profissão
não é um mar de rosas como muitas pessoas pensam. Ser jornalista exige gosto pela
actividade, mas exige também muito suor, esforço e dedicação para que os resultados
correspondam às expectativas.

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Bibliografia

• Brandão, N. G. (2002), O Espectáculo das Notícias. A televisão generalista e a


abertura dos telejornais, Lisboa, Editorial Notícias.
• Santos, J. Rodrigues dos (2001), Comunicação, Lisboa, Prefácio.
• Kovach, Bill e Rosenstiel (2004): Os Elementos do Jornalismo. O que os
profissionais de jornalismo devem saber e o público deve exigir. Porto: Porto
Editora.
• Neveu, Erik (2005): Sociologia do Jornalismo. Porto: Porto Editora.
• Costa, Tatiana Alves de Carvalho (2005): O espelho e o bisturi: o jornalismo
audiovisual nas reportagens especiais televisivas, Universidade Federal de
Minas Gerais.
• Tilburg, João Luís van: A Televisão e o Mundo do Trabalho - o poder de
barganha do cidadão-telespectador, Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro.
• Vizeu, Alfredo: Telejornalismo, audiência e ética.

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