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contra
povo
da
mercadoria,
para
utilizarmos
expresso
provavelmente
matamos.
diferOna
como
conceito
dissemos, antropofagia aqui deve ser lida como autofagia. com esse trmite
que ela pode relatar: era a primeira pessoa realmente exterior de cujo olhar eu
tomava conscincia (p.40). A autofagia clariciana aspecto motivador para
abertura ou a mudana de perspectiva que G.H realiza quando se coloca no
ponto de vista de Janair sobre a prpria G.H. De acordo com Viveiros de
Castro a subjetivao do ponto de vista do Outro tem efeito transformador
sobre o meu prprio ponto de vista. Um elemento a mais torna essa relao no
romance mais complexa: o aparecimento da barata no quarto escuro da
empregada Janair.
nesse encontro que a dimenso daquilo que Lacan denominou de
angstia aparece enquanto embate radical com a Alteridade, fechei os olhos,
esperando que a estranheza passasse (p.57). G.H encontra-se presa no quarto
diante da presena onipotente e amedrontadora da barata. No obstante, esse
meandro de medo, horror, asco permite a G.H adentrar num devir animal que,
enquanto metfora, aponta para aquilo que Bataille (2001) magistralmente
chamou de parte maldita de ns mesmos. Eu, corpo neutro da barata, eu com
uma vida que finalmente no me escapa pois enfim a vejo fora de min eu sou
a barata (p.64).
nesse contexto, portanto, que Rosa e Lispector se conectam
antropofagicamente como variaes e no como similaridade. Viveiros de
Castro insere esse tema como maneira de sincronizar a herana antropofgica
oswaldiana como um espectro que percorre a literatura brasileira o que levanta
outras questes que excedem o atual texto: Os romances contemporneos
podem ser interpretados via hiptese antropofgica? Se a resposta se
conformar com um sim seria possvel estabelecer quais so as variaes que
as mesmas determinam? O quo possvel apreender a herana dos
modernistas hoje? Nesse sentido, captar as variaes e transformaes, sua
plausibilidade, tambm compreender que tipo de discurso a literatura
engendra.
Vejamos portanto o balano de nossa proposta: 1) uma teoria literria
agenciada pela nova antropologia brasileira; 2) Esse vis pode ser descrito
como um deslocamento pragmtico, uma toro ou translao de perspectiva
que afeta os valores e as funes de sujeito e de objeto, de meio e de
fim, de si e de outrem (VIVEIROS DE CASTRO, 2015, p. 159); 3) um