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Prefácio
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Rosa Cristalizada: Livro Um
Não pude deixar de fazer uma ‘carinha desanimada’ e um longo bico “Ok,
tudo bem...” Fiz aquela cara de choro, a qual sempre fazia quando queria
realizar meus desejos, sabendo que assim ela não discordaria.
“Ok... Falarei com seu pai, mas terá de arrumar tudo para a chegada delas”
Minha mãe rendeu-se. Perfeito, conquistando minha mãe todo o resto seria
facilitado.
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Mostrei um largo sorriso e dei-lhe um longo abraço sussurrando em seu
ouvido: “Te amo mamãe”.
Ela me encarou com seus profundos olhos azuis e deu um sorriso materno,
enrugando um pouco a testa e apertando-me também contra ela no abraço “Eu
também te amo” Ela devolveu aos meus ouvidos como o canto de uma rainha.
Saí da cozinha com um sorriso vitorioso, foi quando percebi o preço a pagar:
Arrumar meu quarto. Nem conseguia pensar no tamanho do meu quarto, como
arrumaria aquilo tudo??? Ah, sim...
“Richard?” Eu disse numa voz baixa e doce para não assustar meu irmãozinho
de 10 anos.
“Que Rose?” Ele já sabia que eu queria algo, ele sempre sabia, apenas pelo
meu tom de voz.
“Sabe aqueles doces que você queria e aqueles outros brinquedos?” Perguntei
com ar de desinteresse; isto porque doces não me fascinavam, e com 14 anos
brinquedinhos não interessam mais.
“Você ainda quer?” Já sabia a resposta, mas escondi meu sorriso de vitória.
“Claro que sim... mas... o que você quer em troca?” Ele fez uma cara de choro.
Como se eu fosse querer algum brinquedo dele.
“Ok... Arrumo agora mesmo” Ele começou a correr pela casa com seu cabelo
castanho-claro voando e começou a gritar: “Philly, vem aqui... Você não
sabe...”.
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a varanda para sentir novamente o aroma floral, enquanto aguardava a
chegada de papai, apenas para ter certeza de que tudo sairia perfeitamente
bem. Deslumbrei o céu límpido e radiante, as nuvens encontravam-se em
movimentos constantes, além de cativantes. O azul do céu combinava
perfeitamente com meus olhos, exceto pela íris que mais lembravam o sol, foi
quando percebi que meus olhos eram um céu; um céu com um sol! Após
algum tempo de meditação, o azul começou a mesclar-se, demonstrando o
resultado das combinações de cores, mudando para vermelho, roxo e enfim
chegando ao rosa.
Assim que surgiu o crepúsculo, meu pai apareceu; preparei-me para envolvê-
lo em um abraço, isto até perceber o humor pesaroso dele.
“Papai? Tudo bem?” Era óbvio que não pela expressão dele, e eu sabia que ele
não diria; mas não custava nada tentar...
“Hã... Tudo bem então... Sabe papai... Eu estava pensando e...” Comecei o
assunto que tanto queria falar.
“Rose agora não... Depois nós conversamos...” Ao terminar a frase ele me deu
um beijo na bochecha, levantou-se, tirou o casaco e foi pra sala conversar com
a mamãe. Fiquei paralisada, meu pai jamais deixava de me ouvir. Precisava
saber o que me deixaria como segundo plano para ele. Fiquei atrás da porta
enquanto eles conversavam.
“Muitos acionistas perderam TUDO hoje, meus melhores amigos tinham tudo
em ações, agora terão de vender a casa e mudar-se... Porém, essa crise passará
logo, mas os bancos estão entrando numa situação difícil também... Se
continuar assim, não sei quanto tempo terei no meu trabalho...” Ele não
conseguiu continuar devido ao nervosismo.
“Estamos tão mal assim? Nós podemos vender algumas coisas e...” Nunca vi
meus pais tão assustados. Isso queria dizer que eu ficaria sem dinheiro? Seria
como aquelas pessoas na rua que o papai sempre dizia ter o que mereciam?
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“Não... Nós não temos ações. Não confio nesse tipo de mercado, não temos
nenhum problema; mas isso não quer dizer que não teremos depois...”.
“Entendi... Bom, então devo informar Rosalie que não será possível ela trazer
as coleguinhas aqui em casa no fim de semana” Congelei com essas palavras.
“Porque não? Rose não precisa ser punida por nossos problemas, deixe-a fazer
o que bem entender” Era por isso que amava tanto meu pai, ele conseguia
pensar na minha felicidade mesmo nos momentos de desespero. Ele era o
alivio em pleno precipício.
Depois de ver meu domínio total, resolvi ir para o meu quarto, para ter certeza
de que tudo estava arrumado. Eram só alguns degraus. Adorava contá-los
enquanto subia.
“Um, dois, três, quatro... dezoito, dezenove, vinte!” Meu quarto estava
perfeito. Tudo seria maravilhoso, já conseguia imaginar a inveja das minhas
amigas ao ver minha casa, meu quarto, meu poder...
Os dias nunca foram tão demorados, tão arrastados, tão monótonos para mim e
tão agitados para meus pais, mas finalmente o sábado chegou.
Coloquei meu melhor vestido, feito por um tecido leve que lembrava muito a
seda, na cor azul bebê para combinar com o contraste dos meus olhos e
coloquei uma de minhas jóias mais cintilantes.
“Mamãe? Podemos ir agora?” Já estava impaciente, levei três horas para ficar
impecável e minha mãe levava muito mais tempo somente para me
acompanhar.
“Claro querida, já pegou tudo?” Ela perguntou indecisa, será que era um modo
de me fazer desistir? Se fosse ela não venceria.
O ar gelado fez meus cachos voarem, mas não me importei, eu sabia muito
bem que hoje todos os olhos estariam em mim. E tudo foi sendo confirmado
durante o caminho, quando todos os homens quebravam o pescoço ao me ver.
Talvez fosse a maquiagem, ou a roupa que estivesse me deixando mais velha.
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Finalmente chegamos numa das casas mais belas da cidade. Sophie era filha
do prefeito e uma das garotas mais cobiçadas (depois de mim).
“Querida estou voltando, me ligue para buscá-la, já arrumei tudo para as suas
coleguinhas, cuide-se minha Rose” Mamãe disse beijando de leve meu rosto e
foi desfilando pela rua até desaparecer.
“Olá Senhorita Hale, entre, dê-me o casaco, as meninas estão ali” Helene me
informou.
“Obrigada Suzan, você também está divina, não faço nada, a natureza faz por
mim! Olá Vera, como está? Cadê a Sophie?” Vera era minha melhor amiga,
não era tão bem sucedida, mas tinha um ótimo coração.
“Estou bem Rose, realmente você está estupenda, Sophie ainda está lá em
cima, com os ‘Amigos’ do pai dela, logo descerá”.
“Rosalie Hale, estou feliz em vê-la” Ela me cumprimentou num tom estranho,
poderia ser despeito.
“Obrigada pelo presente, logo abrirei, vamos subir meninas?”. Ela lançou-me
um último olhar venenoso com seus olhos verde-esmeralda antes de virar-se e
sair.
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Minha raiva apareceu quando ela menosprezou o presente, mas nem por isso
deixei-me abater, caminhei ao seu lado, ainda ciente dos olhares.
A noite surgiu e Sophie ficava cada vez mais atirada e irritante, mas ela era a
aniversariante, então não podia fazer muita coisa, e chamar atenção na festa
dela já era uma vingança razoável.
O salão era muito belo, o lustre parecia feito de diamante, a música era
clássica e relevante. O piso de madeira estava tão bem encerado que brilhava,
e as bebidas estavam organizadas de forma tão deslumbrante que tudo refletia
notavelmente. Todas dançamos por horas, rodopiando, girando... Eu estava tão
leve que parecia flutuar. O efeito em geral foi maravilhoso, diversos vestidos
de cores variadas rodopiando no salão, parecia um festival de flores em pleno
jardim, a diferença era que a madeira representava o gramado, e cada garota
possuía certa semelhança com cada flor. Vera era a violeta, uma beleza natural
perceptiva, mas que não clamava por atenção. Suzan era um girassol, radiava
luz na parte do dia. Entre tantas se encontrava tulipas, damas-da-noite,
margaridas, orquídeas, flores do campo, hortênsias e muitas outras, os cravos
simbolizavam os garotos. Sophie com seu vestido branco lembrava um
esplendoroso lírio, e por fim, mesmo sendo num tom azul bebê não pude
deixar de me sentir como a flor principal, a flor dominante, ou melhor, eu era
uma Rosa Dominante.
“Você é Rosalie Lillian Hale não é? Filha de John Hale?” Um garoto alto de
cabelos lisos negros caídos na testa e olhos brilhantes perguntou.
“Sim sou, e você é?” Se ele sabia de mim, podia no mínimo saber dele.
“Há sim, me recordo agora...” Como pude me esquecer de um dos nomes mais
conhecidos da região.
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“Sabia que lembraria. Quantos anos têm? Dezessete também?” Fabrício
perguntou admirando meu corpo com um olhar desejoso.
“Não, não, perdoe-me, mas você parece bem mulher para ter quatorze anos”
Ele analisou outra vez meu corpo para comprovar o que disse.
“Alô mamãe, pode mandar o papai vir, já está no final da festa... Certo...
Quinze minutos... Também te amo... tchau”.
“Claro que sim, estamos loucas para ver sua casa Rosalie” Obviamente era o
desejo de Suzan.
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“Vamos sim” Finalmente Mandy manifestou-se.
“Sendo assim... Sophie foi uma festa muito agradável, espero vê-la logo”
Pronunciei da maneira mais amável possível.
Por fim virei-me aos garotos para deixá-la nervosa uma última vez, e disse
num tom sedutor: “Até breve garotos, foi um prazer”.
“Aqui estão seus casacos Senhoritas, obrigada por virem, tenham uma boa
noite” Desejou a empregada prestativa de Sophie.
Coloquei meu casaco e caminhamos pela rua. Eram apenas quinze minutos de
caminhada, todas estavam ansiosas para conhecer meu lar e papai continuava
com um ar preocupado. Em um tempo bem menor – Devido à ansiedade –
chegamos.
“Meninas, podem entrar, sintam-se em casa, Rose será uma excelente anfitriã”
Papai disse.
Dei meu primeiro passo rumo a glória de maneira graciosa, assim como a
minha expressão. Essa seria a minha hora. Não foi surpresa alguma quando as
meninas morreram de inveja da minha casa, do meu quarto, da minha família.
Era exatamente o que eu esperava.
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“Meu Deus, é até melhor que a da Sophie” Mandy anunciou.
“Que bom que gostaram garotas, vou descer um minuto e já volto” Disse com
um sorriso encantador e corri degraus abaixo.
Outra vez meu pai discutindo, com certeza era algo muito, muito sério. Se já
escutei uma vez, poderia muito bem escutar outra. Fiquei escondida num
canto para prestar atenção na conversa.
“Rosalie? Tudo bem?” Vera percebeu meu estado de choque. Ela sem dúvida
me conhecia melhor do que ninguém.
Coloquei uma máscara para esconder meu pânico. “Tudo ótimo querida,
apenas fui ver se meus irmãozinhos estavam bem, pensei ter escutado algo...”
Disfarcei.
“Estão bem?” Rachel preocupou-se. Não havia notado seu interesse por meus
irmãos.
“Há, sim! Não foi nada, coisas de crianças...” Respondi atônita, ressaltando a
palavra crianças para que ela nem chegasse perto de meus irmãos.
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“Fabrício?” Perguntei.
“Lembrei-me, mas, não foi nada sério. Ele apenas estava conversando
comigo” Falei inocentemente.
“Se todo garoto que falasse comigo me olhasse daquele jeito... Nem sei”
Mandy informou e todas rimos durante algum tempo.
“Por isso Sophie ficou com tanto ódio de você. Ela já está praticamente
prometida pra ele desde quando nasceu” Suzan que sempre sabia de tudo
informou, quebrando o profundo silêncio que havia.
“Ela estava conversando com tantos garotos que não imaginei que fosse isso”
Defendi-me.
A noite foi longa entre risos, conversas, brincadeiras e fofocas. Durante todo o
mês minha casa foi comentada, nem a festa e Sophie adquiriu o mesmo
prestigio. Finalmente perceberam que eu estava no topo. E permaneci nesse
encanto nos dois anos seguintes, os mesmos que deixavam meu pai cada vez
pior, os mesmos que como ele dissera, deixara metade das minhas colegas
vivendo de favor. Minha família conseguiu manter-se, e o colégio já estava no
fim, isto porque 16 anos é uma fase quase adulta na Inglaterra.
Sophie assumiu o ódio que tinha por mim e depois de muita luta conseguiu
noivar com Fabrício. Suzan, Mandy e Rachel estavam a ponto de perder tudo,
mas já investiam nos riquinhos da cidade e Vera continuava ao meu lado
como sempre. Eu dava à ela alguns vestidos, porque mesmo na tempestade
que ocorria – na questão comercial – meu pai não deixava de me mimar com
vestidos caríssimos e outras coisas de pouca importância, mas de grande valor.
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Capítulo 2 – Rosa e Violeta
Em uma de minhas conversas com Vera, vi pela primeira vez as pessoas mais
lindas que já havia visto na vida. Percebi que ao lado delas, parecia ser eu o
patinho feio da história.
Eram três ao todo: uma mulher que aparentava ter uns 25 anos, rosto no
formato de coração e cabelos impecáveis na cor de caramelo, um homem loiro
aparentando ter 23 anos, mas muito belo e um outro garoto de cabelo bronze,
olhar sedutor e forma juvenil. O estranho nisso é que todos eram muito
pálidos, então a cor de pele também se destacava entre a multidão.
‘Não acredito que eles são mais belos que eu, quem são eles?’ Pensei.
No mesmo instante o garoto pálido que aparentava ter 17 anos, o de cabelo
bronze olhou para mim e lançou-me um olhar de desprezo.
‘Desprezo? Por mim? Nunca fui desprezada, ao contrário, sempre desprezei e
jamais era ignorada, quem era esse garoto?’ Minha raiva apenas aumentava.
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Com o tempo comecei a esquecê-los, porque já não apareciam em público,
portanto, não havia o que temer.
Para minha surpresa Vera ficou noiva de Thomas – um mero carpinteiro – e
estava muito feliz.
“Rosalie, você é minha melhor amiga, Tom e eu queremos que você seja
nossa madrinha de casamento” Ela informou-me certo dia, sua alegria era
contagiante e percebi como seus olhos pareciam estrelas cintilantes.
“Claro que serei Vera, será um enorme prazer, mas... Você não acha muito
recíproco? Ele é um carpinteiro e para conquistar uma casa própria não está
muito fácil...” Tentei fazê-la ver melhor.
“Sei disso, mas eu o amo tanto, ele é a pessoa mais amável e carinhosa que
conheci, e também é muito trabalhador...” Ela defendeu o noivo.
Nesse momento notei que não existiam palavras para contrapor o amor, o
sentimento era mais forte do que a razão. Se isso a fazia feliz eu também
ficava feliz.
Vera estava deslumbrante. Senti orgulho ao vê-la, e pude certificar nos olhos
de Thomas que o amor de ambos era deposto de forma incondicional. Foi
nesse instante que tive vontade de amar e ser amada, mas também ser
desejada. Queria um casamento imenso e cheio de flores – de preferência
coberto de rosas - onde todos pensassem que eu era a pessoa mais linda que
veriam pelo resto da vida, assim como a reação que tive ao ver os Cullens. E
outra vez lembrei-me dos humanos distintos e belos, em minha comparação,
no jardim que é o mundo, eles seriam as únicas flores silvestres de espécime
diferente, espécime que atraia as demais flores como se fossem meras presas.
E apenas por um momento desejei ser uma Cullen.
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Certa vez, durante a noite meu pai estava aos cochichos com minha mãe, pude
apenas pegar alguns trechos da conversa.
‘Royce King II irá assumir o banco esta semana, com certeza o momento não
poderia ser mais oportuno... E Rosalie...’.
Pelo que percebi papai tinha um novo chefe – que por sinal era filho do antigo
– e ele estava feliz por isso. Apenas não compreendi onde meu nome
encaixava-se, pois não o conhecia e nesse ponto da conversa a voz estava tão
baixa que não fui capaz de escutar.
Deveria ser algo não muito importante, então caminhei até meu quarto e
pouco tempo depois me vi presa na ilusão do mundo dos sonhos.
“Perfeitamente bem, o que lhe faz pensar que não?” Perguntei de forma
amigável.
“E você não é?... Não é isso bobinho, apenas vejo como você cresceu!”
Brinquei com ele.
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“Papai diz que eu serei um ótimo soldado, o que você acha?” Ele retraiu os
pequenos músculos recém-formados esperando resposta.
“Com certeza será, assim que tiver forças para levantar pelo menos um jarro
de flores” Desatei uma risada ao ver a irritação dele.
“Eu consigo levantar você. Quer ver?” Philipe correu na minha direção e
puxou-me com uma força incrível, me manteve no ar durante alguns segundos
com certo esforço.
Ao dizer isso, ele se desequilibrou e nós caímos, eu por cima dele. O baque
foi forte, mas nem por isso deixamos de gargalhar. Ao analisar seu rosto
encontrei alguns traços meus, e vi seu olhar de desafio. Sem dúvida, ele
conquistaria o que quisesse. Foi um momento bastante materno para mim,
como se fosse o último que desfrutaria com meu quase grande irmão.
Ele mostrou a língua e prosseguiu. “Eu disse que te levantava, não disse que
ficaria horas assim!”.
Assim, segui para a cozinha para ajudar minha mãe nos afazeres, enquanto ele
corria para fazer alguma competição com Rich. A minha casa era enorme,
adorava arrumá-la, mas meu quarto com certeza estava fora disso, acredito
que ele correspondia à metade da casa, e a cozinha era um lugar interessante,
minha mãe estava tão radiante que tive de perguntar-lhe o motivo de tanta
felicidade.
“O que houve mamãe? Você e o papai estão tão felizes que isso até me
espanta”.
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“Há Rose, uma mãe não pode ficar feliz ao ver sua menininha se tornar a mais
linda mulher...?” Ela apontou pra mim ainda sorridente.
O rubor que transcorreu em minhas bochechas foi bem caloroso, minha mãe
não falava assim de mim, achava que aos olhos dela eu ainda era sua pequena
Rose, ou melhor, pequena Rosa, como ela gostava de chamar.
“Seu pai tem um novo patrão, Royce King II, e essa semana ele está no banco
para verificar a competência de seus funcionários, e seu pai irá receber um
destaque imenso...” Ela tagarelou cortando distraidamente as batatas para o
jantar.
“Legal, já posso sair ou ainda precisa da minha ajuda aqui?” Já estava cansada
de ouvir sobre esse cara.
“Pode sim minha pequena Rosa, descanse bem minha princesa...” Respondeu
ela com a cabeça nas nuvens.
“Feliz aniversário minha princesinha, você é o orgulho que todo pai deseja, a
garota mais especial que o mundo possuirá em sua existência. Rosalie queria
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apenas dizer-lhe que te amo demasiadamente. Quando vejo seu sorriso, sinto-
me o pai mais feliz do mundo, você consegue me deixar forte para enfrentar
qualquer desafio. Sempre te amei, e sempre a amarei minha filha”. Ele
pronunciou lentamente ao meu ouvido enquanto permanecíamos unidos em
um envolvente abraço familiar.
“Que lindo papai...” Não soube mais o que dizer, tamanha maravilha que era.
O outro não poderia ser muita coisa, pois o embrulho era muito menor, mas
pela maneira que ele falou, a curiosidade venceu-me. Peguei a caixinha tirei o
laço vermelho e abri-a lentamente.
Um cordão de ouro com um pingente divino gravado em letras curvilíneas
“Para a minha doce Rosalie Hale”. Sentia-me muito estranha, por mais que eu
tentasse não conseguia conter as lágrimas novamente.
Abri o fecho e de um lado havia uma foto minha recém tirada, não me
lembrava de ter feito essa pose, então papai certamente havia me flagrado em
um momento de brincadeiras com meus irmãos.
No outro lado estava a foto de toda a minha família, comigo no centro. Era o
melhor presente que já havia ganhado, não pelo ouro, isso pouco importava no
momento, mas sim pelo conteúdo.
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“Espero que tenha gostado, não sabia que presente uma filha-mulher gostaria
de ganhar” Ele desculpou-se.
“Você sabe que sempre me dá o melhor, e por incrível que pareça, desta vez
você se superou...” Abracei-o outra vez, e para minha surpresa o sono estava
me atacando novamente, soltei um longo bocejo e verifiquei que era de
madrugada.
“Vai dormir minha princesa, o dia apenas está começando, seu aniversário
ainda vai estar presente quando acordar” Ele riu e beijou minha testa.
“Também, para saber o quanto lhe amo, multiplique as estrelas do céu pelas
gotas do oceano”.
O sol surgiu e lançou seus raios de luz ao meu redor, ao abrir os olhos deparei-
me com Richard e Philipe juntos quase em cima de mim.
“Hã... Acho que tudo bem... Esperaremos lá fora” Philipe precipitou-se porta
afora com Richard ao lado.
Procurei no espelho algum indicio de minha nova idade, mas eu estava com o
mesmo rosto que tinha aos dezessete anos. A escova apenas acariciava meus
cachos levemente, e a pasta tinha gosto de hortelã. Por mais que eu procurasse
alguma diferença, a única coisa que encontrava era um sorriso diferente; mais
alegre; todo o resto permanecia igual.
Saí do banheiro e coloquei uma roupa leve, apenas para ficar em casa e fui ao
encontro de meus irmãos que já haviam esperado bastante tempo.
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“Você não disse que iria demorar uma hora” Richard começou.
Abri com cautela para não quebrar nada que ele tenha feito, e vi um alabastro
em forma de coração, era uma pedra branca tão bonita.
“Como você conseguiu esta pedra?” Duvidei de que não gastaram dinheiro.
“Foi numa das brincadeiras de caça ao tesouro que achei essa pedrinha
enterrada...” Disse Rich num tom travesso.
“Há sim! Agora vejamos o de Philly...” Abri o presente de meu outro irmão,
era um cubo cristalino com uma rosa transparente dentro.
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“Excelentes, estou grávida...” Ela não conseguiu esperar para anunciar e
apontou para o volume alto em sua barriga, pela aparência parecia estar com
exatos nove meses de gravidez, nem acreditei, calculei o tempo e deduzi que
havia mesmo esse espaço de tempo que eu não a visitava... Seu bebê era
enorme, considerando o tamanho de sua barriga.
“Mas não vim falar de mim, vim desejar felicidades a minha melhor amiga”
Ela me entregou uma pulseira com dois pequenos detalhes desenhados: ‘Uma
Rosa e uma violeta’.
“Desculpe a pressa Rosalie, mas tenho que ir; vim apenas desejar-lhe
felicidades nesta data tão importante pra você” Vera revelou.
“Tudo bem Vera, logo irei te visitar, obrigada pela pulseira é linda” Respondi.
“Minha pequena Rosa, como fico feliz ao ver que se tornou uma bela mulher”
Minha mãe iniciou.
“É que o seu pai esqueceu o almoço hoje, você pode levar pra ele?” Ela
mostrou a marmita em cima da mesa.
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“Vou sim, mais alguma coisa?” Era algo muito simples.
“Sim... Você não vai querer aparecer assim no banco não é? Suba e coloque
uma bela roupa” Mamãe disse como se eu estivesse num estado deplorável.
“Mas mamãe o banco não é muito longe, e não estou mal vestida”.
“Não discuta com a sua mãe mocinha, você sabe que só quero o seu bem” Ela
anunciou a famosa frase materna “Ponha aquele vestido que seu pai lhe deu...”
Ela disse ansiosa.
“Mas eu só vou ao banco, porque usá-lo pra isso?” Ela já queria demais.
“Rosalie você está encantadora, agora sim pode ir...” Ela disse alegre e
sonhadora.
“Já vou indo então...” Abracei-lhe e me virei para a saída para não atrapalhá-lo
em seu trabalho.
Foi nesse momento que vi um sedutor rapaz de olhos azuis mais claros que os
meus - claros como um calmo oceano - e cabelos loiros mais claros que os
meus também e tão lisos que lhe escorriam pela face. Sem dúvida deveria ser
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estupidamente rico, percebia-se pelas roupas que trajava. Seus olhos não
saiam de mim e ouvi meu pai dizer seu nome: “Royce King II”.
“E então filha? Como foi no banco?” Ela disse correndo ao meu encontro.
“Mamãe, eu apenas fui levar marmita para o papai, não fui para nenhuma festa
de gala!” Tentei cortá-la antes de qualquer coisa.
“Seu pai acabou de ligar sabe...” Ela tentava arrancar alguma coisa de mim
com certeza.
“Que você saiu de lá meio estranha, e você continua assim, o que houve?” Ela
perguntou sem preocupação alguma.
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“Não foi nada, estou perfeitamente bem, será que posso ficar um pouco
sozinha agora? Ainda é meu aniversário não é?” Era o que eu mais queria
neste momento.
“Claro minha pequena Rosa, mas se precisar conversar sobre qualquer coisa,
qualquer coisa mesmo estarei aqui” Ela se candidatou para auxilio.
“Tudo bem mãe...” Sai rapidamente para evitar qualquer outra argumentação.
O azul do céu era imensamente glorioso, assim como os olhos que há pouco
tempo eu havia penetrado, os olhos de Royce eram o azul que eu queria
mergulhar... Seu corpo era o que estava me envolvendo, até seu perfume
chamava por mim. Nunca havia sentido tal coisa por homem algum, eu
precisava dele, ou melhor, eu precisava ser dele.
“Rosalie?” Minha mãe apareceu na fresta da porta que dava acesso à varanda.
“Achei que gostaria de saber que chegou um presente para você agora
mesmo” Ela não se agüentava de ansiedade.
“Presente?” Achei que já tivesse recebido todos por hoje “De quem?”.
“Desça e veja!” Ao dizer isso ela virou-se e saiu dançando rumo a porta.
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Resolvi descer para ver qual o presente que ainda me aguardava no final do
meu aniversário. No caminho senti um forte cheiro de flores, mas não sabia
dizer quais; cheguei à porta e olhei para o mensageiro.
“Entrega para você, pode assinar aqui?” Ele mostrou um pequeno papel.
“Prontinho”.
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Nunca havia visto algo tão lindo, tão espetacular, tão maravilhoso... Se antes
eu só pensava nele, agora seria difícil esquecê-lo. Um homem elegante,
charmoso e ainda por cima, sedutor.
Não sabia dizer quem estava mais admirada, se era eu ou minha mãe.
“Que lindo Rosalie, este rapaz está mesmo apaixonado por você...”.
“Mamãe, acabei de conhecê-lo, isso não é verdade...” Tentei ser racional, mas
tudo indicava que o que ela dizia era verdade, porém, não queria me iludir.
Antes de dormir, tive de ler o bilhete pelo menos quinze vezes, já sabia cada
palavra contida nele e mesmo assim me questionava se Royce realmente me
amava. Isso era improvável, pois ele só havia me visto uma única vez. Royce
realmente achava que meus olhos transbordavam calor?
Como um único dia podia mudar tanto uma vida? Meu aniversário trouxe
inúmeras mudanças: meu vínculo familiar, o bebê de Vera... Meu primeiro
amor...
Existirá algum conto de fadas melhor do que a minha história real?
O que eu mais desejava era entrar no mundo dos sonhos, então fechei meus
olhos para não abri-los tão cedo. Neste sonho, eu era uma linda princesa de
vestido violeta e Royce, meu príncipe encantado montado em seu alazão, era
perceptível seu enorme amor por mim. Permaneci durante horas neste
pensamento encantador, até que a claridade me puxou para a realidade.
Abri vagarosamente os olhos e não consegui distinguir nada em meu quarto,
pisquei algumas vezes e notei uma silhueta próxima a cama. Subitamente me
recolhi, mas relaxei ao ver quem era, típico de Dona Vivian vigiar-me durante
minha sonolência.
“Uma mãe não pode verificar se a filha está dormindo bem?” Ela fingiu-se de
inocente.
“Pode ver que estou em perfeitas condições, então...” Tentei fazê-la sair.
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“Rosalie, acredito que esteja na hora de falarmos sobre relacionamentos” Ela
iniciou seu discurso.
“Mamãe, por favor, não é necessário” Foi o que disse, quando na verdade
queria gritar ‘NÃO QUERO FALAR DE SEXO COM VOCÊ’.
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Levei um susto ao deparar-me com as rosas, estas não eram o que eu
imaginava, não existia violeta ali, apenas o vermelho. Rapidamente me
recompus e minha mente captou a informação: Vermelho – cor da paixão.
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“Então Rosalie, o que eu queria dizer aquele dia era que...”.
“Mamãe, acredito que essa não seja uma boa hora para o que tem a me dizer”
Indiquei Philly e Rich com a cabeça, para mostrar-lhe que eles estavam
atentos.
“Estamos com fome mamãe, o jantar está demorando muito” Philly fez uma
cara de dor tão exagerada que meu riso foi automático.
“Podemos comer o bolo então?” Rich entregou a razão real para eles estarem
ali.
“Não disse pra você...” Philly saiu resmungando atrás de Rich por ele ter
estragado seu ‘maravilhoso’ plano.
“Pronto, estamos livres para conversar agora” Ela disse com um sorriso
malvado.
“Eu não diria isso...” Disse pegando distraidamente uma maçã e apontando
para o papai.
“Rosalie, esta maçã é para a torta” Minha mãe percebeu que eu ia mordê-la.
“Mas mamãe têm muitas na mesa e você sabe como gosto de...”
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Devolvi a fruta, fiz um beicinho e cruzei os braços. Não tinha percebido que a
massa da torta já estava pronta, só faltavam os pedaços de maçã.
“Deixe que eu te ajudo a cortá-las” Ofereci-me.
Ele estava ainda mais belo do que da última vez em que o havia visto. Estava
com um terno preto e os cabelos loiros penteados de forma elegante, seus
olhos mostravam simpatia, assim como o seu sorriso. Poderia ficar horas
olhando para Royce, mas me lembrei que deveria respondê-lo antes que ele
achasse que eu tinha algum problema mental.
“Bem, seus pais me convidaram para jantar, será que posso entrar?” Ele
perguntou olhando pelo espaço da porta para verificar se havia mais alguém.
Sendo assim, Royce entrou e caminhou até a cozinha atrás de mim. Fuzilei
meus pais com os olhos assim que eles entraram em meu campo de visão.
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Meu pai deu um sorrisinho de desculpas – o que minha mãe nem se deu ao
trabalho de fazer.
“Boa noite Royce” Os dois responderam. “Que bom que você veio” Mamãe
acrescentou.
“Não perderia esse jantar por nada” Ele respondeu olhando para mim.
Rich e Philly sentaram-se à mesa, mamãe ficou do meu lado esquerdo, Royce
do lado direito e o papai do outro lado. O braço de Royce sempre tocava no
meu quando ele queria pegar algo na mesa, e isso me arrepiava inteira, ele
sorria como resposta.
O jantar estava fabuloso, o vinho esquentava minha garganta, a torta de maçã
me deixou entorpecida. Era o melhor sabor do mundo. E todo o tempo Royce
me olhava.
Passaram-se algumas horas e enfim Royce teve de sair, levei-o até a porta.
“Não foi nada...” Nem fui eu que fiz – mas ele não precisava saber disso.
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“Até logo Senhor King” Respondi para liberá-lo.
“Ok... Royce” Tentei impedir o nervosismo que vinha. Sua mão contornou
meus traços e ele se aproximou um pouco mais.
“Tenha bons sonhos minha Rose” Não pude deixar de perceber o ‘minha’ na
frase, e em questão de segundos seus lábios aproximaram-se mais, apenas
centímetros nos separavam, e cansada de esperar, acabei com o espaço.
Seus lábios eram macios e quentes, enquanto os meus estavam frios, o choque
apoderou-se de todo meu corpo, mas não era ruim, ao contrário, era o melhor
sentimento da minha vida, o gosto dele era doce e marcante, e sua língua
brincava com a minha gentilmente, por mim esse beijo duraria horas, porém,
não queria que ele pensasse mal de mim, então afastei delicadamente os meus
lábios para não magoá-lo e admirei sua expressão de desejo.
“Tenha bons sonhos também” Sorri para ele, e fechei a porta enquanto Royce
se afastava.
Foi ali, atrás da porta, encarando sua silhueta no escuro que me senti inteira,
uma mulher amada, enfim dei meu primeiro beijo no meu príncipe e era algo
tão glorioso que passei os dedos na boca para sentir a maciez e percebi que
seu gosto ainda estava em mim.
Nesta noite, meu sono foi leve, calmo e alegre, não tive sonhos como pensei
que teria, mas já estava extremamente feliz.
Sexta-feira, a véspera de meu encontro, com certeza era hora de ver Vera.
Arrumei-me rapidamente, coloquei as primeiras jóias que encontrei e corri
escada abaixo. Minha mãe se assustou com a correria. Expliquei que iria ver
minha amiga, comi algumas frutas, dei-lhe um beijo e corri novamente para
fora de casa.
Ainda era inverno, faltavam alguns dias para o seu término, então voltei para
pegar um casaco mais quente e encarei o frio congelante.
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A casa de Vera não era muito longe da minha, apenas algumas ruas, segui-as
ligeiramente – devido à ansiedade – e enfim cheguei na modesta casa de
minha melhor amiga.
“Rosalie, minha amiga, estou tão feliz em vê-la, entre... Esse é meu filhinho
Henry...” Ela disse o nome com muito amor apontando para o lindo bebê em
seu colo e me puxando pelo braço para entrar com ela.
“Precisava ver como estava minha melhor amiga e o filhinho dela” Falei com
uma voz meiga gesticulando de forma infantil para o bebê.
“Estamos todos bem e você? Alguma novidade?” Vera perguntou ao ver meu
sorriso.
“Na verdade sim...” Empolguei-me e logo lhe contei cada detalhe sobre
Royce, desde as primeiras rosas até o último beijo, ela sorria nos momentos
certos e juntas suspirávamos para o amor – porque ela entendia
completamente sobre ele.
Nossa conversa durou horas, falamos sobre seu marido Thomas, seu filho,
minha família, nossas antigas amigas, não havia mais o que dizer, assim,
resolvi ir embora e prometi voltar o mais breve possível, ela me levou até a
porta com Henry no colo, analisei mais uma vez o lindo bebê e senti algo
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estranho dentro do meu peito. Resolvi sair antes de ter alguma vertigem, ou
coisa do gênero.
Esse aperto em meu peito foi crescendo enquanto pensava em Henry, e foi
quando notei que estava com inveja. Eu queria ser mãe também, queria ter um
filhinho lindo, ou melhor, filhos lindos e louros assim como eu e Royce, estas
seriam as crianças mais belas do mundo. Com esse pensamento o aperto foi se
afrouxando.
Olhei ao redor e verifiquei que já estava em casa, decidi arrumar a roupa que
iria à festa com Royce.
Abri meu guarda-roupa e fiz uma pequena seleção, tirei apenas algumas.
Escolher foi um trabalho doloroso, fiquei em duvida entre um vestido carmim
com babados e fitas – nada infantil, um vermelho aberto nas costas e um preto
que valorizava meu quadril.
Após inúmeros minutos, decidi que usaria o vermelho, porque ele tinha
alguma coisa que me deixava sexy.
Não deixei que nada me abalasse nesta festa, todos me notaram, sem dúvida
Royce ficou orgulhoso. E esta foi a primeira festa de inúmeras que fomos
durante o mês de março. No final de uma delas Royce chamou-me num canto
para revelar algo.
“Você gostaria de...” Ele pausou, pegou uma caixinha de veludo preta, sorriu,
abriu-a e continuou: “... Casar-se comigo?” Finalizou, mostrando o enorme
diamante que brilhava sobre o anel de ouro.
Obviamente aceitei, meu conto de fadas finalmente teria o seu ‘Felizes Para
Sempre’, agora podia sonhar com meus filhos loiros e lindos num imenso
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gramado verde, com uma enorme casa branca, a casa dos King, porque em
breve eu seria uma King.
Mamãe e Papai adoraram a noticia e aprovaram na mesma hora, assim, todos
nos empenhamos para organizar o casamento mais pródigo de todos os
tempos. Seria em menos de um mês. Vera seria minha madrinha, assim como
fui a dela.
Procuramos em toda a cidade pelo melhor vestido de noiva, haviam vestidos
de todos os tamanhos, formatos, cores, enfim, era um verdadeiro festival de
tecidos aos meus olhos, contudo, nenhum deles conseguiu ser tão chamativo
quanto eu queria, então desisti de procurá-lo.
Em um dos passeios que fazia ao banco, numa vitrine simples, vi o mais belo
e formoso vestido, era branco-pérola, com rendas, leve, muitos e tinha
algumas ondas embaixo da cintura. Conseguia me ver dentro dele, porém
estava sem dinheiro naquele momento, decidi buscá-lo o mais breve possível
com medo de perdê-lo. Fui para casa com o passo acelerado, todos tinham
saído exceto Philly.
“Claro, vamos... Mas... Está chovendo Rose...” Ele apontou para a janela,
para mostrar as gotas que escorriam no vidro.
“Você está com medo de derreter?” Desafiei, enfrentaria qualquer coisa para
comprar meu vestido.
“Não mesmo... Vamos então” Ele saiu correndo abrindo seu guarda-chuva
preto.
As gotas quase congelavam minha pele, mas por hoje eu não me importaria.
Philly andava rápido demais, tentei acompanhá-lo, e lembrei da maneira de
fazê-lo parar.
“Philly... Você não sabe onde é, esqueceu que eu não lhe disse?”.
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A chuva ficou mais forte e revirou seu guarda-chuva, molhando-o todo,
ficamos ambos rindo até que houve o mesmo comigo, sendo assim, largamos
os objetos inválidos e corremos pela tempestade. Meu cabelo voava e pesava
com a água que continha e minha roupa parecia ter quilos a mais.
Conseguimos chegar à loja e comprei finalmente o pedaço de pano que me
fez enfrentar uma tremenda aventura. Certifiquei-me de que era do meu
tamanho e também se estava bem embrulhado para não molhar. E outra vez
enfrentei a chuvarada com meu irmão.
Foi um momento sublime, Philly parecia-se comigo em muitos aspectos e
levamos menos tempo para chegar em casa.
“Agora que chegamos parou de chover!” Ele disse com uma careta, torcendo
as roupas e correndo pra janela.
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do outro era as pessoas que habitavam meu coração. Continuei examinado
meus pertences, dessa vez uma pequena pedra no formato de coração atraiu
minha atenção... Minha família, como eu amo cada pessoa desta família...
Minha atenção se desviou para a Rosa Cristalizada, o pedaço de cristal que
continha minha representação.
Depois de alguns minutos encontrei o presentinho ideal, nada mais justo do
que dar a minha madrinha um anel que ela gostava, um que ela sempre
admirava quando éramos crianças, ele era pequeno e continha uma pequena
pedra ametista. A cor favorita de Vera.
O clima primaveril do final de abril não foi o suficiente para acabar com o
frio, coloquei um casaco branco que Royce me dera de presente, com muitos
botões de metal cor de bronze, um chapéu que era da mesma cor do casaco,
um vestido longo e preto, prendi a pulseira que ganhei de Vera contendo uma
rosa e uma violeta que gostava de usar e desci pra sair logo.
Papai ainda estava trabalhando, mamãe arrumava a casa e meus irmãos
estavam jogando algum novo jogo.
“Mamãe vou à casa de Vera, como disse antes, e assim que voltar te ajudo a
fazer o jantar” Não podia esquecer minhas obrigações.
“Tudo bem minha Rosa, só não demore muito, seu pai chegará logo” Ela
alertou.
“Está bem... Não irei demorar, em algumas horas estarei de volta” Dei-lhe um
abraço e fui passar pela sala para ter acesso à saída.
“Estou com pressa, outro dia levo vocês...” Realmente, eles nunca saiam de
casa.
Dei-lhe um abraço para mostrar que eu não estava nervosa com ele e envolvi
Philly no abraço também, encarei seus rostinhos de anjo e sorri largamente.
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“Amo vocês irmãozinhos mais loucos” Revelei.
“Rose... Não vai... Fica com a gente só hoje, você nunca mais brincou com a
gente...” Rich pedia enquanto meu coração se apertava.
“Desculpe meninos, sinto muito mesmo, mas... vocês vão ver só, aguardem...
Assim que eu voltar vou detonar vocês nesse joguinho, sempre ganhei não
foi?” Tentei recuperar a compaixão de meus irmãos.
“É verdade... Você sempre ganha em todos... Pensando bem, acho melhor não
deixarmos ela jogar...” Philly dizia fingindo pensar com a mão no queixo.
“Ei... Eu vou jogar sim!” Sorri pra eles e me levantei “Não demoro... Vou
correndo...” Tentei animá-los.
“Ok. Já vou preparar suas peças, então volta logo! Corre!” Rich incentivou.
Fiz uma careta para eles, amos mostraram o sorriso que eu amava, brilhante,
presunçoso e amável, virei-me para a porta e saí para ver minha amiga.
Não demorei muito para chegar na casa de Vera, ela já me esperava com o
lindo Henry no colo, ele sorria e exibia as lindas covinhas que me deixaram
apaixonada. Seu cabelo já havia crescido e era todo cacheado. Fiquei olhando
o bebê durante toda a conversa, ele se sentava sozinho, o que me deixou com a
antiga inveja, ficamos horas falando sobre o que deveria ter na cerimônia.
Thomas chegou e decidi partir, não havia notado que já estava tarde. Porém,
recordei-me do presentinho de Vera.
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“Sim... Sim... Lembro, por isso decidi dá-lo para você!” Ajudei-a a colocar no
dedo, a pedra se destacou na sua pele bronzeada.
“Bom... é melhor eu ir, meus irmãos estão me esperando pra jogar algum
joguinho e tenho que ajudar minha mãe... Te vejo amanhã...” Isso porque,
como madrinha ela tinha que participar de todos os preparativos.
“Deixe que nós lhe acompanhamos até a porta, Rosalie” Vera disse, pegando
Henry no colo e com Thomas ao lado, com a mãe em sua cintura.
Fomos até a saída e verifiquei se estava chovendo, percebi que durante esse
momento de distração, Thomas deu-lhe um beijo na testa. Isso me incomodou
demais, esse beijo tinha tanto amor, era tão doce, Royce não era assim. Não,
não, meus pensamentos outra vez me confundiam, Royce era meu príncipe e
isso bastava, pois, brevemente eu seria princesa, e depois rainha!
Passando pela saída acariciei uma rosa no pequeno jardim de Vera, isso não
foi uma idéia muito boa, o espinho foi cruel com o meu dedo sensível, puxei
para ver o estrago e uma gota de sangue manchou a perfeição do branco
casaco que Royce me deu.
“Ai...” Fiquei nervosa por ter sido tão tola a ponto de manchar o casaco.
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Uma gritaria perturbou meu silêncio, automaticamente desviei minha atenção
para o local de onde os sons vinham. Era um grupo de bêbados rindo alto em
cima de um poste quebrado. O medo tomou conta de mim, havia um telefone
público próximo, mais eram apenas três ruas que me afastavam de meu lar,
não queria preocupar meu pai, até porque de qualquer forma, se ele viesse eu
teria de esperar, então decidi seguir o caminho. Meu passo era um pouco mais
acelerado por causa do pânico. Um único som me fez parar, o som do meu
nome.
Observei melhor os bêbados e percebi que estavam muito bem vestidos, eram
uns homens de linhagem real e o meu próprio Royce. Pavor tomou meu rosto
ao ver meu príncipe neste estado.
“Esta é a minha Rose!” Ele gritou rindo de forma idiota, e continuou: “Está
atrasada. Estamos com frio, você nos deixou esperando tempo demais”.
Fiquei abismada, Royce nunca bebia, nas festas ele apenas dançava comigo.
Notei que ele estava com um homem vindo de Atlanta, um sujeito suspeito
que me encarava de forma maliciosa, tinha cabelos escuros, era bronzeado e
muito arrogante.
“O que foi que lhe disse, John?” Royce gritou se aproximando de mim e
agarrando meu braço com muita força “Não é a coisa mais adorável de todas
as belezinhas da Geórgia?” Ele me virava de um lado para o outro, para me
exibir como um troféu.
“É difícil dizer...” Ele disse lentamente, olhando meu vestido “... Ela ainda
está completamente vestida”.
Todos os homens riram durante algum tempo, comecei a tremer, mas desta
vez não era de frio. John sorria para mim com um olhar negro, Royce seguia
seus passos, e os outros observavam esperando o espetáculo.
Royce me apertou um pouco mais forte, pressionou meu corpo para trás e
rasgou brutamente meu casaco, fazendo todos os botões voarem pela rua e
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meu frágil vestido não agüentou a crueldade e deslizou até meus pés, eu estava
quase nua, e para piorar as coisas, os flocos de neve começaram a preencher a
rua.
“Mostre-lhe como você é, Rose!” Royce disse rasgando o resto de roupa que
me protegia da neve e tirando meu chapéu. Os grampos que o prendia
arrancavam ferozmente meus cabelos pela raiz.
Dor... Essa era a palavra exata para o que meu corpo sentia, isso foi
facilmente demonstrado pelo grito que eu dei. Todos riram da minha dor, cai
no chão sem forças, enquanto o branco da neve manchava-se de vermelho-
sangue. Pensei que eles me deixariam morre, mas Royce e John se
aproximaram mais e desenharam meu corpo com suas mãos, os outros vieram
desfrutar do momento... Todos se divertiam usando meu corpo, riam alto
enquanto eu gritava, estava sentindo nojo de mim mesma e não tinha força
nem mesmo para enfrentá-los, perdia muito sangue...
Suas mãos ficavam cada vez mais agressivas e meu corpo é que recebia essa
outra dor, lágrimas deslizavam pelo meu rosto de marfim e transbordavam
também em meu interior ferido... Ferido pela mágoa.
O peso do corpo dos cinco homens me deixava mais dolorida e eles me
machucavam mais ao tentar receber prazer.
Finalmente todos ficaram satisfeitos e começaram a se afastar, trôpegos, eu
suspeitei de que eles pararam ao pensar que eu estava morta quando parei de
reagir.
“Terá de encontrar outra noivinha hein King” John falava e todos riam de
Royce...
Não consegui mais vê-los nem ouvi-los, sabia que agora só me restava
esperar pela morte... Morte! Como ela seria bem-vinda...
Meu sangue escorria quente na minha pele petrificada. Gelo sangrento... Meu
corpo doía inteiro, minha decepção era tudo o que dominava na questão
sentimental.
Nunca mais veria minha família... Minha mãe, meu pai, Philly, Rich, Vera...
Pessoas amadas que já não faziam parte da minha vida, ou melhor, que
deixariam de fazer em questão de minutos... Apenas minutos me separavam de
morrer. Minha respiração dizia isso enquanto ficava cada vez mais difícil.
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Meu conto de fadas nunca fora uma historia feliz, foi apenas mais um fio
ilusório num mundo de máscaras.
Todos os sonhos no final se tornaram o mesmo pesadelo horripilante, Royce
era o único homem que eu pensei que fosse diferente, mas era igual a todos os
homens inescrupulosos e sem limites, se por algum milagre eu continuasse
viva, jamais algum homem me tocaria.
Dois pecados andavam de mãos dadas no meu caminho pela morte: A
vaidade de uma mulher e a Luxúria de um homem.
Eu era simplesmente algo que ele queria mais não precisava; apenas alguma
coisa para expor à todos, como uma pintura, para ele eu era uma tela rara, um
mero capricho.
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Sorri ao saber que pelo menos sabia meu destino... Sorri, e meu sorriso
permaneceu congelado em minha face.
Meu corpo continuava imóvel, mas pude perceber que a neve já tinha
cessado, percebi também que alguém se aproximava, entrei em choque, não
queria que ninguém me visse assim, queria morrer em paz.
Eu fui capaz de distinguir quem era, o que me deixou com raiva, era o
maravilhoso Dr. Cullen, mas ele era um médico, talvez eu tivesse esperanças
ao final de tudo.
Ele começou a analisar meu estado e depois de segundos pensando, levantou-
me sem problema algum e começou a correr comigo nos braços. Correr não
era a palavra apropriada, parecia que ele voava... Voava tão rápido, o vento no
meu rosto fez a dor ficar maior, e soltei alguns gemidos inconscientemente.
Talvez ele estivesse me levando para minha casa, ou um hospital...
Em questão de minutos eu estava em um ambiente aconchegante e acolhedor,
era uma casa iluminada e quente, enfim, a dor começou a amenizar
novamente.
Deduzi que felicidade não dura muito, a dor voltou como uma navalha, algo
me cortava, penetrava minha garganta, meus pulsos, meus tornozelos.
Um grito saiu de minha garganta, quando eu não sabia ser capaz de fazê-lo.
Não conseguia acreditar que esse homem me levara para sua casa para se
aproveitar de mim, outro homem que abusava de meu corpo, contudo, essa
impressão era incorreta.
O moço tentava falar comigo, mas minha mente não era capaz de capturar
suas palavras. E então o fogo surgiu...
Como era possível queimar daquele jeito, quando há pouco tempo eu
congelava?
O fogo penetrava minhas veias e deteriorava cada partícula do meu corpo,
apenas conseguia pensar nas chamas que me queimavam viva.
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Tentei levantar as mãos para apagar a fogueira alojada em mim, mas meus
membros pesavam toneladas, eu não era capaz de me erguer, tudo o que
conseguia fazer era gritar, e gritei, gritei, mas a dor, o fogo apenas piorou.
O que esse homem estava fazendo? Porque ele queimava-me viva? Não me
lembrava de ter feito mal a ele.
Estava começando a entender as palavras do homem, mesmo com o fogo
cruciante.
A cozinha agora não era só minha e do Doutor, sua mulher e seu irmão agora
olhavam minha agonia no fogo interminável. O Doutor segurava minha mãe
enquanto falava.
Aos poucos fui ficando capaz de controlar os gritos – não todos – mas alguns,
e fiquei mais atenta sobre o que ocorria ao meu redor.
“Me desculpe, Rosalie, eu sinto muito por isso, vai passar logo... Calma, já
está acabando...” Ele não parava de se lamentar, e eu me perguntava o que ele
havia feito.
“Em que você está pensando, Carlisle?... Rosalie Hale?” Edward disse
nervoso, não gostei do jeito que ele pronunciou meu nome, com certa
repugnância.
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“Eu sei...” Edward atacou, mas pausou – Pensei que ele continuava falando,
mas não verbalizava as palavras.
“Morre gente o tempo todo” Edward dizia asperamente “Mas não acha que
ela é um pouco fácil de reconhecer? Os King proporão uma busca imensa...”
Ele pausou no momento em que eu lembrava de Royce e dos amigos e seus
atos cruéis. Porque Royce havia feito isso comigo? “... E é claro que ninguém
suspeitará do demônio” Edward continuou, depois grunhiu, do jeito que Ele
falava, era óbvio que eles sabiam quem eram os causadores da minha tragédia.
O fogo amenizou nas pontas de meus dedos, mas aumentou nos demais
pontos.
Não conseguia agüentar a dor, mas não tinha forças o suficiente para mandá-
la embora. Meus dedos arranhavam friamente a mesa embaixo de mim,
minhas unhas cravavam-se na madeira.
“Cabe a ela decidir, é claro. Ela pode seguir seu próprio caminho” O doutor
respondeu a pergunta do irmão.
As palavras dele me deixaram sem vida, eu sabia que não teria esperanças
nem se vivesse... Minha vida tinha terminado e já não havia volta, eu ficaria
sozinha, sozinha pela eternidade.
Dois dias? 48 horas que o fogo me queimava? A dor não cessava em dois
dias? Quanto tempo mais eu teria de esperar?
“Descanse Carlisle” Edward disse calmo “Vá caçar. Eu ficarei com ela”.
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Carlisle saiu com a esposa e Edward tomou seu lugar, segurando minha mão
enquanto eu continuava gritando.
Memórias Humanas? O que ele quis dizer com isso? Eu não era mais
humana? Que tipo de idiotice ele estava falando? Em breve que esqueceria?
Esquecer? Eu não podia me dar ao luxo do esquecimento, faria de tudo para
prender-me a isso.
Edward abriu minha mão a guardou alguma coisa enquanto a dor saiu de
meus braços e pernas, liberando quase todo meu corpo. Minha respiração
ficava pior quando meu corpo ficava melhor.
Que ótimo, então isso tinha um fim... Isso tinha se tornado inacreditavel para
mim, era tão doloroso, era como uma faca afiada que penetra o coração, uma
faca em chamas, uma faca flamejante. A dor ficou apenas no meu órgão
soberano e enfim, meu coração deu sua última lufada e parou para não mais
bater.
“Você está bem?” Ele perguntou olhando estranhamente para os meus olhos.
Percebi que ele não era tão belo quanto eu imaginava, ele realmente era
bonito, mas era normal, enquanto ele perguntava Esme e Carlisle entravam
com a mesma expressão estranha no rosto.
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“Eu estou muito bem” Menti para os três, a cara que Edward fez não me
passou despercebida, como se soubesse a mentira assim que dita. Não queria
explicar minhas condições, só queria saber o que eu era agora.
“Nós vamos lhe explicar o que você é...” Edward respondeu meus
pensamentos, isso não era possível, esse garoto devia ter lido minha expressão
e detectado a pergunta. O que eles esperavam? Porque não explicavam logo?
“Explicaremos assim que você permitir” Outra vez Edward respondia meus
pensamentos, e vi o que ele era capaz de fazer, algo que me deixava
totalmente sem privacidade.
“Rosalie, todos nós somos... Diferentes, aos olhos humanos somos mais
pálidos, bonitos e atraentes em vários aspectos...” Carlisle explicava.
Verifiquei a cor de minha pele antes branca, e sem dúvida ela era quase
translúcida de tão pálida, gostei da idéia de ser atraente.
“... Minha família, todos nós nos alimentamos de forma diferente do que a
maioria de nossa espécie... Nós nos alimentamos de animais para manter o que
nos resta da humanidade...”.
“O que Carlisle quer dizer é que somos Vampiros, e esse clã não se alimenta
de sangue humano, você certamente deve estar sentindo sede agora, e essa
sede é de sangue” Edward foi mais direto.
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Esme e Carlisle se aproximaram de mim, para me dar um abraço, suponho,
mas me afastei prontamente. Não queria criar vínculos levianos, pois era
perceptível que eles não me queriam ali, principalmente Edward Cullen.
“Acho melhor caçarmos esta noite, há um parque aqui por perto com muitos
cervos...” Carlisle comentou.
A noite foi longa, devorei cinco cervos, mas ainda me sentia insatisfeita,
queria mais e mais... Carlisle me fez parar, disse que já era o bastante e que
com o tempo eu me acostumaria, assim, voltamos para o lar do Doutor.
“Rosalie, há outras coisas que deve saber sobre o que somos... Como já
percebeu, somos mais velozes, fortes, somos venenosos, nossa pele é
indestrutível... Somos claramente imortais, e não comemos nenhuma comida
humana, não temos partículas humanas, na transformação tudo se perdeu, o
que existe em você agora são apenas células vampiricas. E como não
necessitamos de coisas assim, o sono nos é privado...” Explicava o Doutor
cautelosamente.
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“Exato, jamais dormimos... Fora tudo o que disse ainda existem mais algumas
informações que com o tempo você descobrirá” Finalizou ele.
“Mas é claro que pode ficar aqui, você faz parte da família agora... Se quiser
permanecer conosco, é claro...” Carlisle dizia de forma paternal.
“Obrigada, acho que ficarei até entender melhor sobre essas coisas novas”
Não conseguia pensar na palavra que descrevia o que eu era.
O quarto era enorme, havia uma cama e eu ri comigo mesma sabendo que
jamais a usaria, as cortinas eram carmim, a janela dava acesso a uma rua
deserta. Haviam diversos enfeites humanos e percebi que esse era o pedaço da
humanidade de Esme, enquanto salvar vidas era a de Carlisle. Não podia
confiar neles ainda, porque, ao contrário de Edward eu não podia ler mentes.
Comecei a lembrar do que Carlisle havia dito há pouco tempo, sobre sermos
velozes, fortes, indestrutíveis e outras coisas. Isso seria perfeito para eu passar
despercebida por qualquer lugar, por qualquer um, para fazer o que bem
entendesse... Contudo, teria que suavizar meus instintos que só pensavam em
sangue, e eu tentava combatê-los em meus pensamentos. Sem dúvida, assim
que eu aprendesse a usar minhas habilidades, Royce e seus amigos não se
safariam tão cedo por terem feito tal coisa comigo. Só em pensar nessa
vingança meus lábios se repuxavam em um enorme sorriso, essa inútil
imortalidade teria algo bom para oferecer no final das contas, e fiquei
satisfeita observando por essa perspectiva.
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Cada vez que eu andava um piso era destruído, por vezes tentei ser mais
delicada, mas a força era descomunal em meu novo corpo. Edward ficava
irritado com a situação, mas não me importei muito com ele.
Esme tentava me tratar como uma filha, porém, eu não sabia quanto tempo
esse afeto duraria, então decidi não me render.
Carlisle era o mais tranqüilo, ele aceitava tudo o que eu queria ou dizia, ele
era um homem maravilhoso, contudo, homem é uma espécie que não se pode
confiar, sendo humano ou vampiro.
Minha garganta não estava satisfeita, ela queria algo que todos eles também
queriam... Sangue. Eu não entendia como Esme, Carlisle e Edward
conseguiam resistir tanto tempo sem sangue, era algo impossível, fazia apenas
algum tempo que eu não me alimentava e mesmo assim estava inteiramente
insatisfeita. Esme concordou em caçar comigo novamente, após Carlisle ir
fazer seu plantão no hospital de Rochester.
Fomos ao mesmo parque, numa velocidade maior, desta vez meus instintos
foram muito mais controlados, consegui derrubar dois cervos de uma vez e
enquanto eles se debatiam, meus caninos venenosos penetravam sua pele
sugando toda sua força vital.
Esme estava satisfeita, apenas me olhava caçar, podia jurar que ela mantinha
um olhar materno sobre mim.
Dei-me conta de que depois da transformação eu ainda não havia visto meu
reflexo, só havia me preocupado com sangue, contudo, mudaria este quadro ao
chegar em casa.
Minha roupa estava arruinada, Esme tranqüilizou-me dizendo que todos
faziam isso na primeira vez... Acho que ela não tinha notado que já era minha
segunda vez.
Estava de noite e mesmo assim minha visão estava intacta, eu podia distinguir
tudo o que estava nas sombras tão claramente que diria estar de manhã.
Percebi que era outra habilidade ‘vampírica’. Esme me acompanhava sem
dizer nada, era bom ter uma companhia assim, deixava-me livre para pensar.
Minha cabeça girava tentando organizar todas as novidades em minha nova
vida. Minha maior preocupação era o que fazer após passar o desejo constante
de matança... O que fazer com a família Cullen? Eu não queria que eles se
incomodassem em ser minhas babás, mas também não queria ficar sozinha.
Usaria o tempo que antes era para dormir, para ponderar sobre o assunto.
Outra questão era Royce e seus quatro amiguinhos...
Pareceu-me que ao me tornar vampira todos os meus sentimentos se
intensificaram, tudo ficou mais forte, mais resignado, mais decidido, só faltava
eu iniciar algo e tudo estaria finalizado. Enfim chegamos a casa luxuosa da
família Cullen.
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Capítulo 6 – Adeus ao azul
Não queria conversar com Edward, subi rapidamente as escadas em direção
ao meu imenso quarto branco com cortinas carmim, eu sabia que não era
necessário um banho, já que minhas células humanas não funcionavam, o odor
era atrativo para as presas de qualquer maneira, contudo, havia hábitos que eu
não queria deixar... Liguei o chuveiro e deixei a água quente cair suavemente
pelo meu corpo novo e sensual.
Fiquei embaixo da água durante uma hora refletindo sobre os passos que eu
daria daqui para frente. Enrolei-me em uma toalha e peguei a escova para
pentear meus cachos imortais.
Caminhei até o espelho enorme que era para o meu corpo inteiro e fiquei
boquiaberta com a imagem refletida.
A mulher pálida e loira do espelho era uma divindade, sem dúvida, a mulher
mais bonita que eu já havia visto na vida... Seus cachos eram longos e
impecáveis descendo pelas costas em ondas, eram um loiro-dourado
maravilhoso, ela era alta, esbelta, e seguia todos os meus movimentos. Minha
mente confundia-se pensando nessa Deusa como eu... Um detalhe foi
fundamental para essa confusão... Seus olhos...
Seus olhos calorosos e expressivos eram formosos e belos, mas não havia o
antigo azul neles e muito menos o violeta, era como se o vermelho em torno
do azul estivesse transbordado e preenchido todo o espaço, não era mais o céu
de antes, o azul extinguiu-se, tingindo-se de sangue, como o mar vermelho.
Seus olhos era um rubi forte, era como se todo o sangue de meu corpo se
juntasse apenas nas janelas da alma – olhos – Se é que eu tinha alguma alma
depois disso.
Fiquei com alguma inveja por meus olhos não serem dourados, mas naquele
momento agradeci aos céus por ter essa nova vida, eu era a mulher mais bela
do mundo, meu corpo, meu cheiro, minha voz... Era tudo o que eu sempre
quis, e todo o gelo, todo o fogo, tudo... No final valeu a pena, isso porque, eu
agora era simplesmente a melhor.
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Sorri tanto, minha imagem percebia a adoração e continuava a sorrir, passei
horas olhando o anjo que eu havia me tornado... Uma beldade que jamais teria
sonhado existir. Pensei comigo mesma, se antes eu me achava bela, agora,
com certeza não havia palavra para descrever o que eu era, e o que eu seria
eternamente.
A única coisa que eu podia me permitir fazer naquele momento era dar adeus
ao azul, e acolher de bom-grado o vermelho-sangue que dominou meu mundo.
Minha sede não era nada perto da adoração que me deslumbrava.
Esme tinha me dado algumas roupas, alguns vestidos, casacos e outros
tecidos que faziam humanos acreditarem sermos um deles.
Arrumei-me vagarosamente usando a velocidade humana para desfrutar cada
momento, pensei que não seria possível, mas depois de algumas horas eu
estava muito mais perfeita do que a garota do espelho, meu humor aumentou
sem dúvida e todos perceberam isso. Carlisle já havia terminado seu turno e
Esme estava com ele ouvindo Edward tocar piano, uma música muito bela, a
que ele dedicava para Esme, a ‘Favorita de Esme’. Todos me olharam
orgulhosos e senti-me a melhor pessoa existente no universo.
“Pode perguntar filh... Rosalie” Não deixei passar a palavras ‘Filha’, mas
continuei mesmo assim.
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“Isso é resultado da sua transformação... No primeiro ano seus olhos ficarão
dessa cor e com o tempo serão dourados também, a não ser...” Ele não
conseguiu continuar.
Aquela foi a única noite tranqüila que se seguiu, eu ainda lutava para decidir
meu destino, e por fim resolvi que o melhor para mim era viver sozinha, sem
dúvida, mesmo com o afeto que os Cullen demonstravam, eu não queria ser
um peso para eles. Se eu fugisse eles não perceberiam, esses sentidos
vampíricos ajudavam bastante.
Abri a janela devagar, calculei a distância e deduzi que não faria nenhum
barulho, pois o baque seria mudo, inclinei-me para o vento que já não me
deixava com frio e preparei-me para pular e fugir dali o mais rápido possível.
Um rosnado saiu de minha garganta ao sentir um braço sob meu ombro
tentando me deter. Esse toque me trouxe a lembrança que eu jamais
esquecera: Royce e seus amigos.
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Carlisle tinha razão, fugir não resolveria nada. Vingança sim, era a única
coisa que me deixaria livre de tudo.
Sim... Vingança... Meu subconsciente planejava isso, eu iria atrás de todos os
homens que me fizeram mal e daria o mesmo sofrimento a eles. Eu poderia
fazer isso sem esforço algum, já que eles eram os frágeis agora. Eu mataria um
a um para que aos poucos todos percebessem o que os perseguia, e pouparia
Royce para o final, ele merecia o pior castigo por ter me iludido
profundamente.
Meu plano já estava armado, só faltava pensar em um dia para executá-lo, eu
os mataria e depois ponderava se fugiria ou permaneceria com os Cullen.
Estava no banheiro vendo meus olhos penetrantes desenharem o perigo
chamativo que em breve iria acontecer, meus ouvidos captaram o som de
passos e me virei automaticamente. Obviamente: Edward Cullen.
Ele olhava para o chão e andava devagar para não me assustar, como havia
feito seu irmão.
Olhei seu rosto com os olhos inundados de ódio e respondi numa voz áspera
“Você é um homem. Não pode entender nada”.
Ele ficou sem palavras e observou o chão durante muito tempo murmurou
“Meu sexo tem muito pouco a ver com isso... Entendo a vontade de vingança
pelos atos cometidos a você” Edward continuava fitando o chão sem nada ver.
Ele fechou os olhos por tempo indeterminado, sua expressão era de dor
quando voltou a falar “Já passei por isso... Você precisa achar um jeito de
superar isso, Rosalie...” Meus lábios tremiam de ódio “... Você não pode fazer
isso sozinha, o que está planejando. Alguém tem que cuidar de você”.
Definitivamente ele estava me deixando confusa, como ele passara por algo
assim? E o que ele dizia com eu não poder fazer isso sozinha? Eu ofegava ao
responder.
54
“Não, como eu disse, eu entendo” A resposta dele me deixou chocada, o
garoto certinho estava disposto a me ajudar. Ele colocou a mão no bolso e
tirou algo para me mostrar.
“Rosalie, entendo o que você quer fazer, mas deve tomar muito cuidado, você
é uma recém-nascida, quando se prova sangue humano é impossível parar no
primeiro, isso se torna um vicio e...” Ele me explicava o que sem dúvida
deveria ter sido um desafio para ele, entendi um pouco do que ele falava sobre
ter passado por isso.
Eu jamais beberia sangue de violadores, seu sangue deveria ser podre, eu não
queria dar uma morte tão fácil para eles e sabia que não conseguiria resistir ao
cheiro de sangue humano. Eles apenas sofreriam a ponto de implorar pela
morte.
“Tudo bem, eu irei ajudá-la, mas é melhor não contarmos para Esme e
Carlisle ou eles tentarão impedi-la” Ele me apoiou e por um momento senti
compaixão por Edward.
Ele se retirou para me deixar livre, recolhi uma folha de papel e com minha
letra elegante e formosa desabafei em algumas letras o que estava sentindo. Eu
escrevia rapidamente e parei para ler o que meus pensamentos descreviam,
não era um poema, era um desabafo, mas foi bastante profundo para me deixar
abalada com as palavras:
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Nada Restou...
O mundo inteiro já me destruiu
Cada pessoa já me apunhalou
Foi nessa fria noite de abriu
Que o meu coração enfim parou.
A morte então foi quem me consumiu
Nem mesmo o amor me consagrou
Cada detalhe que foi meu sumiu
E nada do meu ser restou...
Esse pequeno texto exibia tudo o que eu pensava, o que eu era, Rosalie
Lillian Hale já não existia, não havia nenhum pigmento dela em mim.
Como se fosse para reafirmar isso, olhei ao redor e vi o pequeno medalhão de
ouro, abri-o para recordar minhas memórias apagadas após a transformação. A
foto me deixou ressentida, aquela garota bonita – Não tanto quanto agora –
com seus impecáveis olhos-cor-de-céu. Por dentro meu corpo ficou rígido e
lagrimas transbordaram, mas não foram capazes de deslizar, já que outra
negação nessa minha vida foram as glândulas lacrimais.
Os olhos azuis mais belos, com violetas em seu contorno, o céu azul que foi
vetado para mim, a vida que me foi arrancada e jamais seria devolvida, tudo o
que me era permitido fazer era lamentar e outra vez dizer adeus ao azul, a
melhor parte que existia em mim.
Isso me lembrou que era hora de organizar meu plano. Saltei da sacada e corri
velozmente pelas ruas até a casa que em lembranças foscas eu lembrava ser de
Rosalie Lillian Hale.
Uma sensação nova me dominou, tive medo de continuar, mas iria até o fim.
Escalei a lateral da enorme casa e deslizei em direção ao quarto enorme que
um dia foi meu.
Nada havia mudado, tudo estava igual ao dia em que a morte se apoderou de
mim. O cheiro doce da humanidade inflamou minha garganta, me senti
novamente como uma leoa em caça, contudo, esta era a família que um dia foi
minha e eu não queria ser um monstro, não queria ser vampira e negaria ao
máximo essa vida, iria relutar até que não resistisse mais, cortei o fluxo de
meus pulmões para me concentrar melhor e delicadamente procurei sem fazer
barulho pelo quarto, meu vestido de noiva, levei algum tempo para recordar o
local em que eu o deixara, enfim encontrei-o.
O vestido era maravilhoso, mesmo aos meus novos olhos, me virei para sair e
percebi um pequeno objeto refletindo para mim, um cubo de cristal
armazenando uma pequena e aparentemente frágil rosa. A Rosa Cristalizada.
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Mais do que nunca eu me sentia dessa maneira, essa pequena rosa era muito
bela e nunca mudaria, assim, eu também nunca teria mudanças. Eu estava
congelada no tempo, Cristalizada nessa vida nova. Peguei o cubo e guardei-o
para ter mais lembranças, também recolhi o coraçãozinho de alabastro.
Meu coração se dilacerou dentro de mim, essa poderia ser a ultima vez que
veria cada membro de minha antiga família, queria saber se todos estavam
bem, e a lua enorme no céu azul-escuro me dizia que era a melhor hora para
fazer isso, já que os humanos dormiam...
Tentei ser o mais cautelosa possível, meus passos pareciam almofadados e
leves, passei pelo corredor e encontrei o quarto de meus pais: John e Vivian
Hale. Eles dormiam, mas suas expressões não eram tranqüilas, aproximei-me
deles e vi o tom arroxeado em torno de seus olhos, devia fazer dias que eles
não dormiam, por palpite eu diria que não dormiam desde o dia que eu fui
impedida de dormir. Tremi por dento com esse pensamento, o mais claro, o da
dor de minha transformação, algo que eu tinha certeza que era impossível de
esquecer, mesmo que vivesse milhões de anos.
Vislumbrei pela última vez as pessoas que me trouxeram ao antigo mundo e
caminhei em direção ao outro quarto.
Meus dois irmãos dormiam feito anjos, eles eram anjos, Richard e Philipe, os
melhores irmãos do mundo, ambos com uma determinação e alegria
contagiante, algo que sem dúvida me faria uma falta eterna.
Eles eram pedaços de uma vida que eu me prenderia sempre, a vida em que
fui feliz e não percebi, a vida que agora; daria tudo para ter...
Philly tremeu um pouco e me assustei com o movimento, ele virou o rosto
sonolento em minha direção e soltou um longo bocejo. Observei sua face bela
e um pouco mais madura – após perder a irmã mais velha – Suponho.
Permaneci assim por mais alguns minutos e decidi deixá-los, pois era o certo
a se fazer. Ouvi uma respiração mais alta e um coração acelerado, em choque
e relutância girei e percebi as pálpebras abertas de Philly. Pelo olhar dele, ele
parecia estar vendo um fantasma ou imaginar estar vivendo em um sonho
muito real, aproveitei-me disso para ter uma última conversa, sabendo que
pela manhã ele esqueceria tudo, ou se acharia um louco.
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A Rosalie que pensei estar morta dentro de mim se manifestou, ela gritou por
entre meu ser, e derramou-se em lágrimas ainda dentro de mim, a Rosalie
Hale morria dentro de mim ao ver seu lindo irmãozinho lamentar, eu sentia
cada pedaço dela se desfazer, sentia a dor que ela sentia, eu queria poder
chorar junto com ela, mas estava proibida. Ela gritava enquanto seu coração
era fragmentado e depois arrancado, os gritos mudos eram tudo o que eu
exibia, porém, por dentro tudo era dor.
Ela me condenava também, e eu sabia que ela estava certa, a culpa era minha,
eu que tinha acabado com sua vida ao escolher um homem falso. Eu faria
Royce implorar para morrer, assim como eu fiz...
A Rosalie dentro de mim cansou de gritar e quis dominar o corpo por
completo, eu me afastei e deixei ela ter seus últimos minutos em família.
Todos esses pensamentos duraram o tempo de dois batimentos cardíacos...
“Philly não diga isso, você é um rapaz maravilhoso, eu o amo demais também,
mais do que imaginas, quero que cuide de nossa família, você é forte, acredito
em você, eu confio em você... Por favor, seja muito feliz meu irmão, todos
seus desejos se realizarão, eu sei disso, você é um belo príncipe e terá em
breve seu trono...” A Rosalie dentro de mim dizia sem pensar, apenas tentando
curar a dor do irmão, e expressando tudo o que ela sentia de humano.
“Eu queria estar no seu lugar... Eu queria ter estado com você sempre... Não
consigo continuar sem você...” Ele se atrapalhava com as palavras.
“Nunca... Jamais diga isso... Você está exatamente aonde deveria estar, e
quero que você seja forte... Por mim... Você é forte, e será um soldado
exemplar” Eu sabia que esse era o sonho dele. Philly sorriu por alguns
segundos enquanto as lágrimas deslizavam em sua face, brilhando como
estrelas na escuridão do quarto azul.
“Obrigado Rosalie... Mas... Por favor,... Fique! Não se vá...” Ele implorava.
“Eu queria muito... Mas não posso... Lembre-se sempre que eu te amo
demais... Sempre que olhar o crepúsculo, lembre-se de mim com meus olhos
azuis-avermelhados” Eu dizia para ele segurando os pedaços que se desfaziam
dentro de mim.
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“É... Estando em seu sonho, você me imagina assim?” Tentei rir um pouco e
ele me acompanhou.
“Sendo um sonho, seu toque não deve ser real...” Ele deduziu.
Envolvi meu frágil irmão num abraço e senti o calor de sua pele no gelo da
minha. Ele tremeu. Olhei meus antigos olhos azuis na minha frente, no rosto
dele e sorri por ter essa lembrança clara, ele retornou o sorriso e sussurrou
uma última vez antes de cair no sono real: Eu te amo.
“Eu também o amo” Cantei para ele e saí do local onde cresci.
“Eu deveria ter dito isso antes, mas... Há algumas regras sobre o nosso mundo
que você deve se conscientizar” Carlisle preparou-se para outro discurso e eu
estava preparada para ouvir as ‘regras’.
“Tudo se resumi a uma regra especificamente: Não expor o que somos” Ele
disse brevemente.
“Existe uma família em nosso mundo que domina toda nossa espécie, algo
como uma realeza. Eles se certificam de que não estamos expostos, pois,
muitos humanos iriam querer acabar conosco, como ocorreu 300 anos atrás.
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São chamados Volturi, e são três ao trono: Aro, Caius e Marcus... O restante é
sua guarda...” Ele explicava rapidamente e tremi ao ouvir os nomes.
“... Portanto, tendo um pouco de cuidado com suas novas habilidades perto
dos humanos, poderemos viver em paz sempre” Ele sorriu e finalizou.
“Entendi Carlisle, eu não deixarei que ninguém saiba sobre nós...” Até porque
eu já havia cometido esse erro alguns minutos antes, sorte minha que Philly
pensasse estar sonhando.
Ele contentou-se com minha resposta e foi para seu escritório, seguido por
Esme. Edward aproximou-se de mim e pelos seus olhos percebi que ele tinha
visto tudo o que ocorrera através de minha mente, isso me revoltou... E ele
notou.
“Esse será um segredo nosso... Não contarei para ninguém” Edward prometeu.
“Sinto muito por não ser capaz de ler sua mente para sentir muito sobre
alguma coisa...” Ele gargalhou com as palavras que pronunciei e
permanecemos num segundo de harmonia.
“Pode dizer que sente muito por eu ser tão estúpido às vezes...” Ele continuou.
“Há... Isso sim!” Gargalhamos outra vez e continuei “Eu diria que às vezes é
muito pouco, que tal ‘freqüentemente’?”.
“Eu topo!”.
“Ok. Agora, por favor, preciso de privacidade total... Tente ao máximo não ler
meus pensamentos daqui para frente” Eu implorava.
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Capítulo 7 – Pétalas de Sangue
61
Deixei este pensamento, eu não tocaria no sangue deles, eu resistiria com
todas as forças. Tê-los dentro de mim era algo fora de cogitação.
Armei meus planos durante os dias que se seguiram, Edward não ficava por
perto, acredito que minhas idéias eram fortes demais para ele. Esme e Carlisle
nem suspeitavam o que ocorria, isso se devia ao fato de uma doença que se
espalhara pela cidade e que deixara Carlisle com um turno duplo, e Esme
passava muito tempo fora procurando por detalhes para organizar a casa:
Pisos, novas tintas, móveis...
Minha estratégia já estava pronta, só estava aguardando a aprovação de
Edward.
Ele decidiu que a melhor hora para fazer isso era na sexta-feira depois das
21:00 horas. Segundo ele – que era meu fiel espião – Royce iria para um clube
com os amigos e seria mais fácil atacá-los na saída. Como só faltavam dois
dias assenti, sentindo a adrenalina fervendo no meu interior.
Voltei para meus devaneios e decidi atacar os quatro amigos de Royce na
sexta, e atacá-lo alguns dias depois com o visual que eu escolhera, para que
ele possa ser informado das mortes e para que ele saiba com antecedência da
minha aproximação.
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“Ao primeiro sinal de qualquer frenesi, estou tirando você de lá. Não importa
se matou a todos ou não!” Ele alertou autoritário.
“Eu sei!” Não consegui conter a irritação “Já falamos disso mil vezes”
Lembrei-o.
“Você gosta de hipérboles, não gosta?” Ele disse secamente com um olhar
severo.
“Certo...” Soltei um último suspiro “Vamos revisar mais uma vez. Mas é a
ÚLTIMA” Falei balançando o dedo seriamente.
Ele riu brevemente, mudando sua expressão para a mesma que a minha de
seriedade “Você intercepta os homens enquanto eles andam em direção a
residência dos King. Mate-os rapidamente, quebre seus pescoços, mas não
cause nenhuma ferida aberta. Eu estarei por perto. Vou sussurrar alto o
bastante para que você escute e mais ninguém. Você pode falar comigo em
sua mente” Ele me lembrou e assenti novamente sentindo a adrenalina.
Royce entrou e despediu-se dos amigos; perfeito! Eles seguiram para ruas
diferentes, tudo seria mais fácil do que eu imaginava. O primeiro na lista seria
sem dúvida ‘John Flotnary’ Segui-o como se fosse uma sombra e o momento
exato surgiu, assim como num filme de terror: Um beco sombrio e deserto.
63
Deixei que ele notasse que algo estava diferente, usei meus movimentos ágeis
para acertar diversos lugares, utilizando o barulho como fonte de pavor. Deu
certo... John sobressaltou-se e correu pela rua olhando para trás.
Ele percebeu um tecido branco voar pelo escuro e viu-se sem escapatória.
“Rosalie... Eu... Não... Queria... Fazer... Aquilo...” Não era o frio que o fazia
tremer, era o medo!
Percebi seu desejo por mim, mas ele continuava alerta do perigo. Uma
expressão confusa passou por seu rosto e ele aproximou-se.
“Você esta muito bela, se Royce soubesse disso me mataria...” Ele disse com
passos lentos e estendeu a mão para minha perna. O choque transcorreu seu
rosto ao sentir o gelo de meu corpo, pior do que a neve.
Apertei meu corpo contra o seu na parede e deslizei minha mão para junto da
dele em minha perna exposta. Seu desejo ficou mais explicito no volume que
aparecia na parte debaixo de seu terno. Enfim, a hora havia chegado!
Levantei sua mão calmamente enquanto ele observava cada movimento. E
transformei em pó todos os ossos de sua frágil carne em contato com a minha.
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Seu grito apenas estimulou meu prazer, deixei que minhas mãos tocassem
seus braços e quebrei cada osso que existiam ali.
“Eu sou o seu pior pesadelo! Adeus John...” Sussurrei ao seu ouvido e minhas
mãos tocaram seu rosto, desenhando-o lentamente. Suas veias pulsavam,
gritando para mim, mas eu proibi esses pensamentos. Desenhei seu queixo e
parei em seu pescoço, que com um único movimento, soltou um estalo e fez
sua cabeça cair de lado, seu corpo ficou imóvel e morto nos meus braços.
Sem perder tempo, utilizei minhas habilidades e fui atrás de dois amigos que
estavam para oeste: Gabriel Widnear e Francesco Pollifort. A neve continuava
a cair em pequenos flocos, eles gargalhavam nas ruas desertas sem saber do
perigo que em breve os envolveria.
Esperei até que eles estivessem juntos e aguardei sua aproximação; ao fazer a
curva para a direita a surpresa surgiu em suas faces.
“Sim... Foi por aqui que perdi algo... e acho que vocês também perderão”
Falei calma e inocentemente.
Deslizei pela neve novamente como a dama do gelo e fui atrás do ultimo
amiguinho. Ele deveria estar longe, pelo tempo que gastei, então voei ao vento
e fui para leste encontrando Mathews Merini na porta de casa. Não havia
tempo a perder.
“Está com frio senhorita?” Ele tirava o casaco, muito cavalheiro, nem parecia
a mesma pessoa, mas eu sabia o que se escondia por trás dos bons modos.
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“Estou precisando acabar com a dor...” Ele me olhou abobalhado e aos poucos
se deu conta de quem era “... E ela só ira embora quando eu acabar com quem
a causou!”.
Abafei o grito que ele dava e meus dedos brincaram com sua face, e como se
fosse um bonequinho de porcelana, ele quebrou-se ao ser tocado com um
pouquinho de força.
Meu prazer cresceu demasiadamente, Royce saberia quem era o causador das
mortes e agora o jogo estava iniciado.
Claro que não havia terminado, isso era apenas o começo, Royce era o ponto-
chave do jogo.
Sentia-me fortemente uma criança por fazer um joguinho desses, ainda mais
com o vestido de noiva, mas foi inevitável o pensamento que me ocorreu, eu
estava feliz com o sofrimento que ele enfrentaria ‘Estou chegando para te
pegar, Royce, farei você sofrer... Estou chegando para te pegar, Royce, farei
você sofrer...’.
Que pergunta era essa? Ele mesmo entrava em minha mente, não estava claro
ainda?
66
“Eu apenas quero causar a ele tanta dor quanto ele me causou” Desabafei,
apertando minha mandíbula.
“Ótimo...” Ele sorriu “... Porque apenas estou ajudando você para que esse
assunto se encerre. Do contrário...” Disse apontando a rua à frente “... Tudo
isso não tem sentido” Edward finalizou.
“Pela última vez, Edward Cullen, eu sei o que estou fazendo” Levantei meu
queixo e marchei adiante atrás de Royce King II.
Foi fácil encontrar Royce, seu cheiro ainda estava na minha mente, eu apenas
segui o aroma. Ele estava em um minúsculo quartinho sombrio sem janelas,
percebi que havia mais humanos. Eram dois guardas armados, na frente na
grossa e única porta que protegia seu líder.
Voei para eles sem barulho algum e Edward sussurrou baixo, porém, mesmo
de longe, sua voz era clara.
“Por favor, não me mate! Eu estava bêbado, ainda podemos ficar juntos...” Ele
implorava.
Eu dava um passo cada vez que ele pronunciava uma palavra e ele percebeu
isso, ficando mudo.
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“Sabe Royce... Só queria lhe agradecer... Por não ter se casado comigo, eu não
suportaria ter um marido assim. E você não faz idéia do quanto eu sofreria se
isso acontecesse, acho que seria pior do que ser violada, humilhada, deixada
na rua como um animal para congelar no frio e apodrecer até morrer... É acho
que casar com você seria pior do que isso, contudo, sinto que estou lhe
devendo alguma coisa por ter me feito tudo isso” Percebi seus dentes
rangerem e suas pernas tremerem.
Ele sentou-se no chão, pois sabia que não haveria escapatória e sentei-me ao
seu lado. Peguei sua mão e olhei fundo em seus olhos.
“Eu só não entendo como você pôde mentir tão bem. Fez teatro ou algo
assim? Porque os seus bilhetes eram o oposto de você e a atitude de dar rosas,
o anel... Tudo muito romântico para um ser desprezível e inescrupuloso como
você!” Falava baixo em seu ouvido.
Sua loucura começou a afetar. Royce começou a rir e devolveu meu olhar,
suponho que ele não temia mais morrer, no entanto, eu inverteria esse quadro.
“Uma garota egoísta como você, inocente, idiota e gananciosa era muito fácil
de conseguir. Você era a mais bela da cidade, era disso que eu precisava para
ser notado e conseguir prestigio. Tudo o que precisei para te conquistar, além
do óbvio como dinheiro e beleza, foi um otário apaixonado... Fabrício Steiner,
mesmo que você o tenha negado, ele ainda a ama, ou melhor, amava! Ele
queria ter sido seu e escreveu os bilhetes com as palavras que queria lhe dizer,
as rosas também foram sua idéia e, sem dúvida, o anel...” Royce esclareceu
todas as minhas dúvidas.
Ele ainda gargalhava, encostei meus lábios gelados no seu rosto e seu pavor
retornou. Soltei o ar em e acariciei cada detalhe perfeito de sua face, os olhos,
o nariz, as maçãs do rosto... Os lábios.
“Calma Royce... A morte não é tão horrível quanto você pensa, esqueceu que
eu morri? E olha como estou...” Lembrei a ele.
Passei a mão pelo seu lindo e macio cabelo loiro e seus olhos cor-de-mar
desaguavam sem parar. Levantei-o e juntei meu corpo ao seu delicadamente.
O veneno inflava em minha garganta, minha satisfação estava quase completa.
68
O ar nos envolvia inteiramente e ele tremia com o vento agressivo, seus
braços tentavam emanar calor.
“Está com frio Royce? Relaxa... Vai ser bem quentinho no lugar pra onde
você vai... Boa sorte no Inferno!” Falei sedutoramente e torci seus braços.
Seus olhos azuis estavam abertos quando saíram de foco e deixei o ladrão de
vidas morto no destino que ele mesmo espalhava.
“Tome cuidado para que Carlisle e Esme não descubram sobre isso” Edward
falava preocupado.
Ao chegar em casa fui direto para o quarto calmo e guardei meu ajudante no
guarda-roupa (O maravilhoso vestido branco-pérola).
Finalmente eu poderia começar a sonhar, minha vida não estava totalmente
acabada, eu ainda poderia casar-me, caso encontrasse um bom vampiro.
Minha mente desenhou Edward, mas recusei-me a pensar nele, e também
poderia ficar feliz como Carlisle e Esme, poderia ter filhos e tudo se
resolveria, era apenas uma questão de tempo, e meus filhos seriam lindos e
indestrutíveis... Meu sonho ainda era possível!
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Desci as escadas e outra vez Edward estava ao piano tocando uma música
com notas um tanto dramáticas, ele percebeu meu pensamento e vi seus lábios
formarem um discreto sorriso como confirmação. Carlisle e Esme observavam
admirados.
Edward parou de tocar, e junto com Esme e Carlisle, todos começaram a rir.
Fiquei com uma bela cara de palhaça enquanto eles me observavam.
“Edward não é meu irmão, Rosalie. Usamos isso apenas para que os humanos
não se assustem e nos vejam como humanos. Na verdade, encontrei Edward
em 1918, morrendo de gripe espanhola, naquela época eu estava sozinho e a
mãe dele me pediu esse último favor, então, o transformei e me encantei com
Edward e suas habilidades, hoje o vejo como um filho. Já faz 15 anos que
estamos juntos” Carlisle explicou brevemente a história de seu ‘filho’.
“Edward para mim é um filho, e você também pode ser uma filha para mim,
Rosalie, já que sou seu ‘pai de transformação’...” Todos riram durante algum
tempo com o termo que Carlisle usou.
“Muito obrigada, estou satisfeita em fazer parte desta família, contudo, há algo
que eu gostaria de pedir...” Eu realmente estava grata, agora que poderia
realizar meus sonhos e ter uma família.
“Gostei muito de ser considerada da família, mas quero manter meu nome
como Rosalie Hale... Já que é toda a humanidade que posso ter” Expliquei.
70
Capítulo 8 – Esme, a mãe de Ouro
Eu não sabia como tratá-los, então decidi ser agradável quando eles viessem a
minha procura.
Edward não fazia nada além de tocar seu piano e para provar-lhes que eu
podia ser realmente parte da família, observei-o tocar com muita atenção,
decorando cada nota da melodia maravilhosa que Esme adorava.
“Posso tentar tocar?” Estava curiosa para ver se conseguia tocar piano.
“Na verdade não... Mas acho que consigo...” Observei-o atentamente para
decorar cada tática e movimento.
Tremi um pouco com os três me avaliando e sem mais nem menos, minhas
mãos deslizaram pelo piano. No começo o som foi confuso, porém, a imitação
da ‘Favorita de Esme’ estava quase perfeita. As notas eram quase todas iguais,
me atrapalhei um pouco no final, mas todos pareceram gostar e cheguei a ver
os olhos de Esme brilhar no seu rosto de coração.
“Tem certeza que não sabia tocar piano?” Carlisle perguntou com um sorriso
orgulhoso.
“Parece que Edward não é o único que tem um talento aqui...” Esme sorriu e
me abraçou fortemente.
71
Esme, minha boa e nova mãe, eu sei que seria assim como ela, assim que
tivesse um bebê.
Quando tive esse pensamento, Edward me olhou de forma diferente, com uma
certa angustia e de repente todos se voltavam para mim.
“Ela não compreendeu certos detalhes... Sobre como funciona nosso corpo e
que não podemos desenvolver funções humanas... Como hormônios e tudo
mais...” Edward explicou.
“Há... Bem...” Carlisle olhou-me preocupado “Acho que não esclareci tudo da
maneira correta, você deve estar pensando algumas coisas erradas. Pois bem, o
que quero dizer, Rosalie, é que o corpo dos vampiros é totalmente diferente,
nosso odor, alimentação e pequenos detalhes como o funcionamento dos
nossos sistemas. E nosso corpo será eternamente da maneira que fomos
transformados, ou seja, não haverá modificações, portanto, uma mulher da
nossa espécie não pode ter o corpo mudado, e nem um ciclo menstrual, já que
não é necessário, e assim... Vampiros não podem conceber filhos...” A voz
dele morreu ao terminar a explicação.
“Não poderei ser... Mãe?” Meu coração que não batia se apertou e
transformou-se em pedra.
“Sinto muito, mas isso também é contra as regras do que somos. E você se
lembra da dor da transformação, como acha que uma criança enfrentaria
isso?” Realmente a transformação era uma experiência inesquecível.
72
“Uma criança que esteja em estado terminal em algum hospital, você deve
conhecer alguma Carlisle e não terá problema, é uma nova vida saudável não
é?” Ele jamais mudaria alguém que tivesse outra chance, então segui as
opções.
73
provavelmente cem metros de distância. Girei meu corpo em movimento de
defesa, pronta para aniquilar qualquer um que ameaçasse minha paz.
Foi então, que junto com o vento, surgiu uma silhueta. No escuro tudo o que
pude perceber eram os olhos ouro, o dourado liquido existente, e com isso o
entendimento de que fui seguida por um Cullen.
Relaxei meus músculos e sentei-me no chão, esperando algumas palavras sem
valor que viriam a seguir para tentar me fazer uma pessoa melhor.
De quem seriam os olhos amarelados? Carlisle querendo ter uma conversa de
Doutor para paciente inconsolável? Edward, para dizer que já passara por isso
e me entendia?
Errado! Esme... Os cachos caramelados em torno do amável rosto em formato
de coração. Era perceptível que ela estava tão sem palavras quanto eu. Ela
aproximou-se e chegou a distância de dois metros para me olhar
profundamente.
“Nada que você diga irá curar a dor que sinto” Fui direta, para evitar
embromações.
“Queria que soubesse que para min, você é uma garota maravilhosa, e lhe
considero uma filha adolescente e... Rebelde” Ela sorriu.
“Sei que não quer voltar para casa agora, entendo o que sente, já perdi um
filho” Ela olhava as estrelas com brilho nos olhos.
“Já perdeu?” Por essa eu não esperava. A mulher forte em minha frente tinha
um ponto fraco.
“Vou lhe contar a minha história... Se você quiser ouvir é claro” Esme me
avaliou.
“Eu nasci em 1895, Em Columbus (Ohio), morava com meus pais em uma
pequena fazenda, meu nome era Esme Anne Platt. Lembro-me de ser uma
garota muito agitada e brincalhona” Esme sorria com as lembranças “Quando
tinha 16 anos eu escalei uma árvore muito alta, apostando com minhas amigas
74
e acabei caindo e quebrando a perna. Estava muito tarde, o céu já estava
escuro, o médico da cidade não estava no hospital, ele havia sido chamado em
outro local mais afastado. Foi então que conheci o Doutor Cullen, era um
médico muito pálido e extremamente bonito, já estava indo embora da cidade
e cuidou da minha perna muito bem, ele me distraia durante a operação e eu
via em seus olhos cor de ouro o quanto ele gostava deste trabalho. Ele saiu
depois de alguns dias e sempre me lembrava dele, me apegava às memórias
quase esquecidas” Ela pausou e me fitou, eu sorri para ela e então prosseguiu
“Meu sonho era mudar para o Oeste e ser professora em uma escola nobre
dali, porém, meu pai dizia que uma moça decente não podia morar sozinha no
meio da floresta. Todas as minhas amigas haviam se casado e meu pai me
pressionava para fazer o mesmo. Depois de alguns dias, apareceu o filho de
um amigo da família – Charles Evenson – E queria casar-se comigo, meu pai
me forçou a aceitar, assim, em 1917, com 22 anos casei-me com esse homem,
adotando o nome de Esme Anne Evenson” Ela parou e respirou fundo.
“Não, tudo bem minha querida...” Esme apertou minha mão e continuou
“Depois do casamento, notei que Charles era diferente, ele me tratava muito
bem em público, contudo, em casa ele me batia e me forçava a muitas coisas.
Pedi a ajuda de meus pais e eles me aconselharam a ser uma boa esposa e não
contar nada a ninguém. Segui o conselho deles e depois, Charles foi
convocado para a Primeira Guerra Mundial e me senti completamente
aliviada. Alivio que durou menos de dois anos, porque ele voltou mais
violento; alguns meses depois, além das dores que ele me causava, comecei a
passar muito mal, e descobri que estava grávida, eu não poderia deixar que
meu filho nascesse num lugar assim, por esse motivo, em 1920, fugi de casa e
fui morar com um primo de segundo grau que vivia em Milwaukee. Meus pais
me encontraram, e novamente escapei, indo para o norte. Foi muito fácil me
disfarçar de viúva, já que a guerra tinha deixado muitas mulheres daquela
cidade assim. Consegui me tornar professora e ensinava as crianças em uma
pequena comunidade em Ashland. Enfim, meu bebê nasceu, era a criança mais
linda, mas tinha muitos problemas de saúde e vivia internado, isso tudo
ocorreu em 1921, meu filho pegou uma infecção pulmonar com apenas três
dias de vida e não resistiu, ele acabou morrendo e eu me sentia morta junto
com ele” Seu olhar era de dor, seus olhos incapazes de chorar demonstravam o
sofrimento dela.
75
“Sem família, amigos e sem meu bebê, eu já não tinha mais nada a perder,
minha desilusão dominou minha mente e pulei de um precipício em busca da
morte. Fui levada para o hospital da cidade com o coração quase parando, e
não podendo me recuperar, levaram-me diretamente ao necrotério. Pensei que
morreria, mas meu corpo começou a queimar tanto, que o fogo era
insuportável. Quando o fogo cessou, abri os olhos e vi Carlisle, com a mesma
aparência que tinha dez anos antes, senti novamente um alivio e percebi as
diferenças da minha nova vida. Carlisle me explicou tudo o que sabia e fiquei
feliz em saber que passaria a eternidade com o homem que sonhei durante
uma década. No entanto, Carlisle tinha criado Edward, e eles pareciam Pai e
filho. Edward foi meio difícil no começo, e quando nos mudamos para cá, em
Rochester, ele viveu um tempo sozinho, era muito rebelde, mas voltou. Ele me
aceitou como mãe e eu fiquei feliz em tê-lo como filho, mas ele era tão triste
que pensei que fosse a falta de uma companheira, ao final, encontramos você,
ou melhor, Carlisle encontrou e essa é toda a história. Agora, peço que me
aceite como sua verdadeira mãe...” Esme sorriu amigavelmente e percebi toda
a dor que era para ela não ter um bebê verdadeiro, e sua vontade de ter filhos
era tão grande quanto a minha.
“Serei sempre sua adolescente rebelde” Sorri e abracei-a com todo amor que
pude reunir por essa mãe de ouro.
“Sinto muito minha menina, mas não quero vê-la triste por isso” Ela
sussurrava para mim.
“Já estou bem melhor mãe...” Seu rosto iluminou-se ao ouvir essas palavras.
“Rosalie, sei que é muito cedo, mas eu realmente a amo como se fosse minha
verdadeira filha” Ela explicava.
Esme era muito mais do que uma mãe; era uma mulher incrível e admirável,
prometi a mim mesma que jamais desapontaria ela de novo e decidi aceitar
Carlisle como pai, contudo, recordei-me da explicação dela sobre Edward ser
sozinho e não sabia a maneira certa de aceitá-lo, como um irmão, devido aos
pais, ou como um companheiro. Eu tinha certeza que o tempo me daria a
resposta, e tempo eu tinha de sobra.
Chegamos em casa e notei as expressões de preocupação dos dois Cullen.
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“Relaxem garotos, está tudo bem” avisei.
“Tudo bem, estou do seu lado, mas acho melhor resolvermos isso de forma
pacifica” Ela colocou a mão em minha cintura e descemos para a pequena
reunião.
Fomos para a sala de estar, sentei-me perto de Esme, ela começou a acariciar
meus cabelos e me senti como uma garota mimada enquanto aguardava a ira
do pai.
“Sem dúvida” Concordei encarando Edward; era obvio que não se podia
esconder nada dele. Ele leu meus pensamentos e soltou um suave sorriso.
77
“Estou apenas dizendo que não podemos ter esse tipo de segredos. Algum
aviso teria sido melhor, já que agora teremos que nos mudar”.
A reunião terminou e notei que não existiam mágoas pelo que aconteceu, nos
mudaríamos e resolveríamos nossas vidas novamente. Despedi-me de
Rochester, sabendo que tudo de ruim estaria para trás junto com a cidade,
agora seria a vida nova, com minha nova família e novo lar.
Empacotei todos os meus pertences rapidamente, enquanto os outros também
o faziam.
Demorei-me em alguns objetos: um cordão de ouro com um lindo pingente,
uma pedra em forma de coração e uma Rosa Cristalizada. Tudo o que ainda
existia da antiga Rosalie, e agora, oficialmente seria tudo lembranças, as
melhores lembranças de uma antiga vida.
Guardei os pequenos objetos e me concentrei em outro maior, um vestido
branco maravilhoso, um verdadeiro sonho destruído, uma ilusão vingada, um
companheiro de guerra. O único tecido que me deixou esplendorosa, como
uma rainha do gelo. Agachei-me num canto e abracei o frágil símbolo de
união, afaguei-o lentamente e continuei ao ver Edward entrando no quarto e se
agachando ao meu lado.
“Você entende que não pode ficar com isso?” Ele perguntou com certa aflição.
Suspirei “Oh, eu sei, mas foi tão adorável enquanto durou” Olhei para ele
“Você não acha que eu fiquei linda nesse vestido?”.
Ele demorou a responder, mas enfim falou “Sim, é um vestido muito bonito”
Não pude deixar de perceber que sua resposta foi sobre o vestido e não sobre
mim.
Edward Cullen não me achava bonita e não me achava digna de ser uma
companheira. Sorri falsamente por seu comentário.
“Venha” Ele ofereceu a mão para me levantar “Eles estão esperando lá fora”.
Levantei com seu apoio, peguei minhas coisas também com sua ajuda e
descemos as escadas observando nossos pais. Fiquei observando Carlisle
cobrir os pisos de querosene e retirar os pertences de casa. Esme e Edward me
levaram para fora, e consegui ouvir o riscar do fósforo que incendiou uma
formosa casa branca. As chamas eram uma combinação de cores, havia azul,
amarelo, laranja, vermelho entre outras... Era um festival flamejante.
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Olhei para Edward e sussurrei “Eu deixei o vestido lá... Mas fiquei com isso!”
Mostrei o pequeno botão de metal que certa vez ele havia me entregado. Era
uma outra lembrança. Que descrevia a superação de um sofrimento e o fim de
um pesadelo.
“Podemos dizer que Carlisle e Esme são marido e mulher e que nos adotaram
como filhos” Edward expunha sua idéia.
“Sendo adotada, posso usar meu sobrenome, já que não sou uma filha
autêntica” Sorri por permanecer com minha pequena humanidade.
“Se todos concordam, por mim tudo bem” Esme finalizou a classificação
familiar.
Incrivelmente, Carlisle havia arranjado uma casa enorme e isolada, era com
dois andares também e sua frente era antiga na cor azul, as janelas eram
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grandes e havia um pequeno jardim com uma fonte que mantinha a estátua de
um anjo com asas enormes derrubando água de seu jarro para as rosas abaixo.
Era uma casa deslumbrante e notei a vontade de Esme de arrumá-la à sua
maneira.
“Como conseguiu essa casa?” Minha pergunta era boba, mas tinha que saber a
resposta.
O cheiro dos animais desse local era melhor, mais apetitoso, acredito que era
por serem carnívoros. O vento trouxe o melhor aroma de todos e meus olhos
focaram-se no felino distante e perigoso que também caçava.
Observei que o animal movimentava-se da mesma forma que eu, cauteloso e
decidido. Enquanto o felino se dirigia ao enorme alce, eu me aproximava sem
chamar a atenção.
Depois de esperar tanto afundei meus caninos na formosa pantera negra e seu
sangue era o melhor que eu já provara. Deslizava graciosamente para o meu
interior.
A pantera se debateu, rasgando minha roupa, mas no fim a vitória era minha.
E o prêmio foi realmente gratificante. Essa simples pantera conseguiu me
deixar extasiada e satisfeita.
Esme, Carlisle e Edward me encontraram e observaram meu prazer.
“Acho que encontramos seu animal favorito no fim das contas” Edward
brincou.
“Um enorme leão das montanhas!!!” Ele disse mostrando os braços fortes.
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Capítulo 9 – Entre o Amor e a Morte
Como era previsto, Esme reformou toda a casa à sua maneira. Carlisle virou o
melhor médico da região, Edward continuou sendo um músico solitário e eu
me tornei a garota mais bonita da pequena cidade.
Não aparecíamos muito em público – exceto Carlisle – para não levantar
suspeitas, nosso disfarce estava esplendido.
As pessoas dessa cidade eram muito calmas e não se preocupavam com nada,
assim como a própria cidade, que também era muito tranqüila. Não havia nada
para fazer, então, basicamente meu passatempo era caçar.
Permanecemos nessa monotonia por alguns meses, até que Edward e eu
encontramos algo para nos ocupar, algo que até então nunca havia despertado
minha atenção: Carros!
Carlisle estava recebendo um salário muito alto, pois, trabalhava em três
hospitais diferentes salvando vidas, já que ele não precisava dormir. Como ele
sentia-se culpado por sua ausência nos presenteou com automóveis. Edward
ficou com um modelo mais sofisticado, um Landau enorme na cor preta, e eu
com um carro acolhedor, um Doger da mesma cor, era espantoso o quanto
aprendíamos rápido. Com o manual e duas tentativas já dirigíamos de forma
encantadora. Nós dois aprendemos o prazer da velocidade em quatro rodas.
Passávamos a maior parte do tempo em corridas pelos campos de Apalaches.
Outra habilidade que descobri foi a de consertar carros. Nenhum defeito me
passava despercebido, eu havia nascido para isso. Era muito fácil usar as peças
e deixá-las em harmonia com o automóvel.
Nossa família agora era formada por diversos profissionais: Carlisle (Médico),
Esme (Arquiteta e Engenheira), Edward (Músico) e Eu (Mecânica). Éramos a
‘família modelo’.
Durante esses meses outra coisa havia mudado em minha imortalidade. Os
olhos rubis agora mantinham o mesmo ouro líquido que se percebia nos
Cullen. Minha beleza era algo magnífico, compensador e penetrante.
O ano passou maravilhosamente bem e ainda sem suspeitas sobre nossa
verdadeira identidade.
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Outro ano surgiu com mudanças perceptíveis, sendo no clima, na atmosfera,
na fauna e na flora. A terra era uma constante mudança, que não se percebia
com olhos humanos.
Mesmo com todas as boas mudanças, havia uma coisa que nunca mudava: A
solidão. A falta de um companheiro.
Edward ainda não exibia interesse por mim e eu me sentia insegura para
tentar algo. Preferi continuar esperando...
Dias se passaram e nada ocorreu. Carlisle estava de folga e resolvi falar um
pouco com ele, sobre coisas comuns, pois sentia sua falta.
Caminhei até seu escritório e percebi que ele falava com Edward, permaneci
em silêncio e me atentei na conversa.
“Como você está se dando com Rosalie esses dias?” Carlisle perguntava, e era
a justa pergunta que eu ansiava pela resposta.
“Quando encontrei Esme pela primeira vez, ela tinha dezesseis anos. Apenas
uma criança... Realmente não sabíamos que nos amávamos até que eu a
encontrasse naquele dia no necrotério” Eu já conhecia essa história.
“O meu ponto é, às vezes leva tempo...” Senti que faltava algo na frase,
porém, permaneci imóvel.
Meu petrificado coração sentiu o impacto das palavras com uma pressão
esmagadora, os pedaços foram se afastando lentamente e eu já não sabia se
seria capaz de recompor meu ser.
“É por isso que você a acolheu?” Essa era uma excelente pergunta.
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“Você esperou mal... Não preciso de uma companheira, não interfira
novamente” Edward falou de forma rápida e nervosa e saiu do escritório.
Encostei-me na parede com a mão sobre meu coração, tentando parar a dor da
rejeição. O vento soprou revelando Edward ao meu lado. Não queria ver seus
olhos dourados e frios, suspirei com dificuldade e encontrei as palavras.
“Você não me acha linda?” Minha voz era tão fraca que tudo não passou de
um sussurro.
“Rosalie... Claro que você é linda, do seu próprio jeito. Eu teria de ser cego
para não ver o quão linda você é. Mas não a amo. Sinto muito” Ele respondeu
e saiu em direção ao quarto.
Tudo o que restava do meu coração transformou-se em pó. Eu não era digna
de amor, de que adiantava a beleza então? Royce não me amou também... A
maldição da minha beleza... Ela não permite nem que Edward me ache
atraente... Eu era a beleza imortal que afastava o amor.
Minha mágoa não me deixava fazer muita coisa, o automóvel tornou-se outro
objeto inválido. Eu precisava caçar e esquecer um pouco do mundo.
Esme e Edward quiseram me acompanhar na caçada, mas eu precisava me
isolar um pouco, precisava de um tempo de privacidade para refletir, sendo
assim, resolvi caçar no campo oposto ao deles.
Três panteras já não faziam mais parte desse mundo quando terminei minha
caçada, sentei-me ao lado das carcaças e depois me deitei no gramado.
O sol tocava minha pele, revelando pontos brilhosos de diamante que não
chamavam mais minha atenção.
Não havia mais tempo para adiar, estava na hora de voltar... Tentei fazer um
outro caminho, um que era longínquo e me daria mais tempo. As árvores
passavam lentamente por mim, os pássaros se encolhiam com a minha
presença, eles sabiam que o predador passeava pela floresta.
A brisa forte levou meus cachos para trás e trouxe consigo um aroma doce e
chamativo; pensei que o aroma da pantera era o melhor, mas sem dúvida, esse
animal deveria ser o mais apetitoso. Mesmo tendo me alimentado bem, o
cheiro que surgiu chamava por mim. Segui seu rastro com passadas longas e
um sorriso se formava enquanto o cheiro ficava mais forte e mais convidativo.
De longe, percebi que o cheiro vinha de um urso pardo enorme que eu
visualizava de costas. Isso era estranho, porque todas as vezes que eu via
ursos, não sentia o cheiro deles tão apelativo desse jeito, esse urso era
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diferente. Mas, sendo um animal, era hora de agir, preparei-me para a
investida, passei a língua nos lábios ressecados e encarei minha presa.
Meu fascínio virou pânico quando meu olhar captou toda a cena.
O cheiro convidativo não vinha do urso, vinha da presa do urso, e essa presa
era proibida para mim. O Urso atacava um homem, um humano, o único
sangue que me era vetado, e clamava meu nome, fluía fortemente pelas feridas
e caia na grama enquanto o homem se contorcia em dor. Ele era forte, com
muitos músculos, cabelo cacheado, e cheirava muito, muito, muito bem. Virei-
me de costas, era necessário sair dali, eu não conseguiria agüentar mais tempo.
Dei um passo e o urso ouviu o ruído, virando-se para mim e arreganhando os
dentes. Isso era um desafio, usei minha velocidade sobrenatural e o urso
perdeu todo seu sangue quando meus dentes encontraram seu flanco.
Sem perceber eu havia salvado o homem, mas era necessário sair, ou eu seria
o pior predador em seu caminho. Outra vez preparei-me para partir, ouvi um
gemido e olhei em seu rosto.
O céu tornou-se azul, o ar me queimava. Foi quando senti um calor imenso no
local onde deveria existir o órgão soberano. O pó fundiu-se e formou
novamente meu coração, que quase batia ao analisar o rosto do homem. Ele
era lindo, seu cabelo era escuro, seus olhos exalavam adoração e seu rosto se
contorcia em dor revelando lindas covinhas nas bochechas, as mesmas
covinhas que um dia eu invejei. As mesmas covinhas que se encontrava no
rosto de Henry, filho de Vera. As covinhas que faziam o mundo girar de forma
diferente. Não sei dizer o que houve, mas minha vida imortal passou a
depender desse estranho. Era necessário que ele vivesse, eu precisava ver seu
rosto saudável para afastar meus temores.
Um laço invisível passou por meu corpo, unindo-me à ele, e essa laço era tão
forte que eu sabia que era a eternidade. Se ele morresse eu morreria, eu não
queria ser a responsável pela morte desse homem com rostinho de bebê.
O que estava acontecendo comigo? Eu estava congelada, sem conseguir me
mover. Era amor? Não sei dizer, nenhum homem havia feito isso... E o único
que conseguiu deixar minhas pernas bambas estava morrendo. Era agora ou
nunca. Eu estava entre o amor e a morte.
O crepúsculo dizia que era o fim do dia, e também seria o fim de uma vida.
Uma vida que ainda não me era permitido viver.
Minha razão brigava com meu coração, pela briga parecia que tudo terminava
em empate, contudo, o homem ainda fazia caretas de dor, e seu coração fraco
dizia que faltava pouco tempo para tudo acabar. Havia pouco tempo para ele
ainda existir, e pouco tempo para o meu amor se extinguir.
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O homem gemeu alto com a dor e abriu seus olhos por um longo segundo e
verifiquei seus maravilhosos olhos, que demonstravam dor, agonia e...
Adoração?
Eu prometi a mim mesma que não seria um monstro, eu não iria transformar
esse homem apenas para o meu bem estar, era algo totalmente fora de
cogitação. Encarei seu rosto lindo pela última vez e me voltei para a floresta.
Dei um passo forçado para tentar ficar longe do maravilhoso homem de
covinhas, e logo dei outro... Seria difícil, mas eu poderia esquecê-lo. Com essa
idéia em mente, preparei-me para correr.
Um anjo? Esse homem perguntara se eu era um anjo? Como ele podia pensar
algo assim quando eu estava a ponto de matá-lo... Como ele podia confundir o
monstro que sou com uma figura angelical?
Mais do que nunca, senti a necessidade de tê-lo para mim e ficou claro que eu
faria tudo por isso.
Ele uniu suas últimas forças para dizer mais alguma coisa, coloquei meu dedo
em seus lábios para impedi-lo.
“Shh... Tudo vai ficar bem, apenas agüente firme” Disse sentindo o calor dos
seus lábios.
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madeira. Carlisle era o único que estava na sala e me encarou de maneira
desconcertante. Sem dúvida, ele já sabia o motivo da minha chegada.
“Carlisle, não me culpe, mas, por favor, faça isso” Eu sussurrava já sem
forças, mostrando o enorme homem nos meus braços.
“Por favor, Carlisle! Eu imploro a você!” Supliquei para poder manter o amor
da minha vida ainda vivo.
“Por favor” Implorei novamente para o doutor “Nunca pedi nada a você
Carlisle. Agora peço esta única coisa. Por favor, o transforme” Eu sentia meus
olhos queimarem lutando para poder chorar. Meus pensamentos não se
controlavam e eu repetia para mim mesma “Ele é quem eu estive
procurando... Seu cabelo encaracolado... Suas covinhas... Não posso deixá-lo
ir...”.
Carlisle me encarava sem saber o que fazer, ainda refletindo e Edward parecia
estar meditando, olhando para o horizonte. Será que eles não percebiam que
enquanto faziam isso o meu amor morria? O que eu precisava fazer para
acordá-los? Encarei o rosto do homem em meus braços e deitei-o no chão,
preparando-me para lutar, caso fosse necessário.
Que tipo de pergunta era essa nesse momento? “Não, juro que nunca o vi na
minha vida... Nem ao menos sei seu nome...” Informei-lhe.
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“Esse é o nome que ele continua repetindo em sua mente: Emmett McCarty.
Agora você realmente conseguiu. Você foi trazido a Deus por um anjo para
ser julgado... Parece que ele pensa que somos divindades” Edward passou o
relatório e sorriu.
“Ele pensa que sou um anjo...” Isso era algo maravilhoso, encarei o doutor
outra vez com os olhos selvagens “Você têm de transformá-lo agora. Por
favor, farei qualquer coisa, apenas o transforme!”.
Carlisle ainda relutava e visualizei Edward revirar os olhos e enfim, fez algo
inimaginável.
Percebi que a dor estava consumindo-o pouco a pouco, como fizera comigo.
Eu sabia exatamente como ele se sentia, o fogo ardendo em suas veias, a
queimação real em seu corpo, os pulmões explodindo, mesmo assim, ele
aceitava a dor e não demonstrava. Apenas olhava para mim e forçava um
sorriso. Ele era um homem muito forte, batalhador, adorável, amável e
bonito... E... Era melhor abandonar esses pensamentos, pois, eu não sabia se
após a transformação ele me aceitaria por ter feito algo tão cruel, por ter
transformado sua vida em um poço obscuro de imortalidade inútil.
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que seus olhos castanhos ficaram mais escuros e o contorno avermelhado se
aproximava da retina. Percebi seus lábios grandes e cheios curvando-se em
sorrisos ao me olhar.
Esme surgiu com algumas peças de roupa e me encarou com a familiar
compaixão.
“Sei que não quer sair de perto dele, então preparei essas roupas para você
minha querida. Logo vai passar, resista firme, tudo vai dar certo. Estarei lá em
cima, caso precise de mim” Ela sorria e desfilava pela casa.
“Obrigada mãe” Sussurrei e soube que ela havia escutado, pois me lançou um
outro olhar antes de subir as escadas.
Durante quatro dias observei meu Emmett sofrer, durante quatro dias sofri
com ele e minha família compartilhou minha dor. Durante 96 horas não fiz
nada além de cuidar do meu salvador. Salvador porque fez essa minha
imortalidade fazer sentido. Enfim, toda a dor havia acabado. E eu já não
estava entre o amor e a morte. Agora eu me encontrava entre o amor e a
incerteza, isso porque, eu já o amava, mas não sabia dizer se ele sentia o
mesmo por mim.
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Edward tocava como sempre seu piano de calda. Carlisle e Esme olhavam
para nós esperando as apresentações.
“Emmett, esses são Carlisle e Esme Cullen, meus pais... Pai, mãe... Esse é
Emmett McCarty”.
“É claro que quero ficar com a família da minha anja, obrigado sogrinhos” ele
respondeu sorrindo.
“Tratarei você como um filho” Esme irradiou-se com seu novo ‘filhinho’.
Caminhamos para a sala, que estava com o som maravilhoso causado pelos
dedos de Edward em contato com as teclas do piano.
“Emmett, querido... Aquele é Edward. Seja cuidadoso perto dele, ele pode
ouvir sua mente”.
“Ah, é?” Emmett sorriu “Que número eu estou pensando?” Ele perguntou e
enrugou a testa, obviamente tentando confundir Edward.
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“Bem-vindo à família, Emmett. Vinte e cinco. Você terá muito o que
aprender, dezesseis. Há regras que você precisa seguir, quarenta e três. Se
você pisar fora da linha, irei forçá-lo a lidar com as conseqüências. Sete, trinta
e oito e o último número foi dezessete” Edward sorriu ao terminar de saldar o
novo inquilino e dizer todos os números que se passou pela cabeça de Emmett.
Emmett gargalhou “Digam-me irmão, acha que agüenta uma queda de braço?”
Desafiou.
Fiquei feliz por Edward ter aceitado tão bem, e um pouco nervosa, isso
deixava claro que Edward nunca pensara em mim como companheira,
contudo, tendo meu próprio companheiro, Edward já não era necessário.
Emmett conseguiu se destacar e se familiarizar com todos na casa de forma
surpreendente.
Depois de inúmeras disputas com Edward, as quais ele ganhou quase todas
por ser um recém-criado poderoso, a noite surgiu e o luar banhou todo o
campo com luzes noturnas e fascinantes.
“Antes... Eu queria saber um pouco sobre você... Sobre o que você era quando
humano” Revelei minha curiosidade.
“Não me lembro muito bem, pareceu que está tudo meio embaçado, mas...
Basicamente, filho do meio, ótimo caçador, brincalhão...” Ele não conseguia
se descrever.
“E...?” Incentivei.
“Para que falar de mim se temos a eternidade toda para pensar em nós?” Ele
perguntou e aproximou-se, pegando meus cabelos “Minha anja” Ele
sussurrou.
Fiquei maravilhada com sua resposta e senti seus lábios cheios contornando os
meus em um intenso e vigoroso beijo. Sua língua quente dançava com a minha
e me perdi no paraíso da noite nos braços de Emmett... Meu Emmett... Meu
maravilhoso e eterno amor... As estrelas cintilaram em concordância enquanto
a lua iluminava seu rosto de homem com traços de bebê.
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Capítulo 10 – A Lua de Mel
Emmett era tudo o que eu havia pedido e ao mesmo tempo tudo o que eu
nunca havia sonhado, pois sonho algum seria tão magnífico como o fato real
sucedido.
“Curiosidade, eu tinha dezoito anos quando fui transformada e tenho dois anos
de imortalidade” Contei-lhe minha idade.
“Não gosto muito de festas anjinha” Ele informou com um sorriso simples.
“Mas... Nesse caso, irei gostar muito” Emmett esforçou-se e me fez rir.
“Ok, deixe tudo comigo, vá caçar com Edward e passe algumas horas fora”
Alertei-o.
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“Mas... Vou ter que ficar longe de você?” Ele fez uma carinha de choro que o
deixou com mais cara de criança ainda, combinado com as covinhas.
“Seu bobo, só por algumas horas” Tinha certeza que poderia corar se fosse
humana.
“Claro filha, o que você quiser...” Consegui ver o brilho em seus olhos, essa
seria nossa primeira festinha.
Quando a noite caiu pedi para Edward levar Emmett para caçar bem longe e
enquanto isso eu e Esme organizávamos toda a casa, com bexigas coloridas,
enfeites, serpentinas e tudo o que havia em uma festa infantil, porque Emmett
era uma verdadeira criança, e com seu amor inocente me completava.
Tudo estava organizado, até um urso estava preso – este seria um dos meus
presentes – e havia muitos joguinhos, Emmett adoraria competir com todos.
Ao alvorecer, ele chegou com os olhos vendados e foi guiado por Edward.
A sala estava bem iluminada pelos raios de sol, e quando a venda caiu todos
preenchemos o silêncio com o famoso ‘Parabéns pra você’.
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“Emmett... Ainda não acabou, faltam os presentes” Informei.
“Filho, este presente é meu e de Esme, esperamos que goste” Carlisle disse
com Esme ao lado sorrindo e entregou um grande embrulho azul.
“Uou... Valeu pai, valeu mãe” Ele sorria marotamente, estava certa de que ele
aprontaria, pela cara de travesso.
“Sem mais enrolação... Esse é o meu” Edward estendeu uma outra caixa.
“Valeu mano” Ele sorriu e mais uma vez sorriu travesso, imerso em
pensamentos.
“E por fim o meu! Está lá fora” Eu apontei para o quintal dos fundos e ele
correu em direção ao caminho indicado.
O urso era enorme e estava com uma fitinha vermelha ao pescoço com os
dizeres: Feliz Aniversário Emmett.
“Caracas... Isso é... Uau!” Ele gritou e soltou o urso preparando-se para a
perseguição vitoriosa.
Fiquei feliz por poder ter proporcionado um dia como esse para ele, depois de
tudo o que lhe tirei, era incrível que ele não me odiasse por isso; ele sem
dúvida era o melhor pedaço de mim. E eu faria o possível para retribuir na
mesma medida. Era estranho, mas meus sentimentos estavam muito intensos
em relação à ele, como se meu mundo fosse completo apenas com sua
presença. Ele era meu ar, e por ele, apenas ele, eu viveria.
Uma outra coisa que me fazia pensar era a relação de Edward e Emmett,
parecia que Edward não gostava muito do meu... Companheiro! Será que era
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ciúme? Isso me deixava confusa, mas Emmett apagava esta dúvida quando
ficava ao meu lado.
A única coisa que ele poderia querer perguntar ao Edward era como terminar
comigo, eu não iria prendê-lo por toda a eternidade, e se ele quisesse outra
vida, eu o libertaria, contudo, como eu ficaria? Meu coração que se encontrava
regenerado agüentaria outro destroço?
O relógio prosseguia alongando meu sofrimento, eu não queria me martirizar
desse jeito, porém, se ele não me quisesse eu não teria ninguém. Emmett era
minha razão de vida, meu homem-bebê, meu paraíso particular. Será que ele
seria capaz de deixar minha vida seca, meus dias solitários e com um inferno
próprio?
“Você esta bem filha?” Esme percebeu minha aflição e alisava meus cachos
em consolo.
“Sabe que pode contar comigo para tudo Rosalie” Ela levantou os cantos do
lábio.
“Há minha filha...” Ela apertou ainda mais o abraço “... Ele ama muito você, e
no amor existem muitos riscos, nós sempre temos que nos contentar com a
melhor parte, mas nem tudo na vida são rosas... Às vezes aparecem espinhos...
Mas acredito que entre vocês existe algo mais sério do que amor; e ele seria
um cego se não visse isso” Ela me confortou.
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“Obrigada mãe... Me ajudou muito” Eu respondi com um fraco sorriso.
“Estou aqui para quando precisar... Melhor eu ir, pois parece que você irá
resolver essa situação agora” Ela apontou para a porta, onde Emmett e Edward
entravam gargalhando.
“Rosalie, Emmett quer falar sério com você” Edward disse friamente.
Isso deixava claro que eu estava totalmente certa, o amor renegado, o coração
destroçado, o vínculo quebrado e o mundo acabado...
Caminhei até meu quarto e fui incapaz de olhar nos olhos de Emmett, ele
ajoelhou-se para me fazer encará-lo, ou assim pensei, e tirou algo do bolso.
“Eu estava pensando e... você sabe que gosto muito de você minha anja, mas
não da pra continuar desse jeito...” Ele se atrapalhava com as palavras.
Na mosca, as palavras que um homem usa para abandonar uma mulher e não
ser responsabilizado pelo ato.
O que? Eu não era boa o bastante para ele também? Ele queria mais do que
isso? Que tipo de pessoa eu pensei que ele fosse? Meu coração já começava a
se fragmentar enquanto ouvia a explicação desleixada que ele dava.
Ele pensa que quero outra pessoa? Será que ele pensava que eu queria
Edward?
Ele sorriu e prosseguiu “Então acertei, você também quer isso, então... Você,
Rosalie Hale, gostaria de se casar comigo?” Ele abriu uma caixinha aveludada
com uma jóia reluzente num anel de ouro.
O choque percorreu todo meu corpo e a sensação era muito estranha, suas
palavras era confusas, eu não compreendia o que ouvira. Ele era louco? Dizia
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que não me queria e pedia-me em casamento? Tudo parecia pequenas peças e
lentamente fui juntando uma a uma até chegar à conclusão correta: Ele me
amava e eu me enganara em relação ao amor renegado. Tudo isso ocorreu em
questão de segundos, enquanto ele aguardava minha resposta ainda ansioso.
Era o casamento dos meus sonhos, rosas por todos os lados, meu vestido era o
mais caro e com detalhes que não eram visíveis para olhos humanos. Era uma
obra de arte feita por algum vampiro. Esme empenhou-se durante dias na
arrumação da cerimônia e tudo estava impecavelmente perfeito.
Depois de muitas horas de encantamento eu me vi casada, me tornara Rosalie
Hale Cullen, isso porque Emmett abandonou o sobrenome McCarty ao tornar-
se membro da família, eu não me importei muito, pois no fundo eu sabia que
queria ser uma Cullen.
O melhor veio a seguir quando Esme, Carlisle e Edward uniram-se para nos
parabenizar.
“Rosalie, esse é um outro presente de todos nós para que sua felicidade seja
completa” Carlisle me entregou um envelope.
Sorri com profunda vontade ao ver duas passagens para Londres, e um cartão
escrito: Para a sua Lua de mel.
96
Emmett conseguia se controlar muito bem perto dos humanos, pensei que ele
causaria problemas, porque o aroma era realmente muito atrativo, e ele de
certo modo ainda era um recém-criado.
Carlisle pensara em cada detalhe. Havia uma casa em Londres para a nossa
noite de núpcias. Um hotel seria uma péssima idéia, contendo humanos
demais. A casa era grande, com muitos móveis antigos e conservava quadros
mais antigos. Era de uma cor clara, bege, ou alguma outra parecida.
E a cama ocupava quase todo o quarto. Percebi tudo isso depois de ser levada
ao quarto através dos braços de Emmett.
“Mas vampiros não precisam de banho amor” Ele arqueou uma sombrancelha
surpreso.
“Eu sei, mas eu quero aproveitar tudo dessa casa” Menti. Eu estava nervosa
demais, e talvez, apenas talvez, a água conseguisse me acalmar.
“Tudo bem, te esperarei daquele jeito” Ele gargalhou e me senti uma virgem
tímida.
A água escorreu pelo meu corpo, mas não foi capaz de me distrair. Eu nunca
havia feito algo – pelo menos não por minha vontade – Fiquei nervosa ao
lembrar de Royce e dos amigos usando meu corpo, o quão ruim foi, o quanto
doeu. Mas eu sabia que desta vez seria diferente, porque eu amava Emmett e
ele me amava.
97
“Você está perfeita anja, se bem que de anja acho que hoje você não tem
nada... Se é que você me entende” Ele ria com sua piadinha.
Ele me puxou com força e seus lábios calorosos se encaixaram nos meus. Sua
língua explorava minha boca e dançava junto com a minha com muita
intensidade. O calor dominava e enquanto o beijo esquentava sua mão descia
pelas minhas costas e segurava minhas coxas com uma certa força. Seu desejo
era perceptível.
Ele freou o beijo por alguns instantes e livrou-se da camisa, meus olhos
contornaram seu corpo musculoso e me perdi admirando seu peitoral. Ele
acompanhou meu olhar e sorriu com a dedução. Depois tirou a calça, ficando
apenas com uma Boxer branca e notei suas coxas grossas e seu corpo imenso e
desenvolvido, depois desviei o olhar ao perceber o volume que estava por trás
da Boxer.
Voltamos ao beijo caloroso e suas mãos agora eram mais fogosas. Ele
desenhou meu corpo e soltou as ligas da lingerie com os dentes. Seus lábios
passaram pelo meu pescoço, marcando o local calorosamente, e continuou
descendo, deixando-me com leves tremores onde sua língua tocava. Emmett
parecia saber exatamente o que fazer. Beijou minha barriga e voltou aos lábios
novamente.
“Acho que chegou a hora” Ele falou e retirou o último tecido que seu corpo
mantinha.
Não consegui olhar para seu membro e observei seus olhos desejosos. Ele
chegou mais perto e retirou a parte de cima da minha peça intima, liberando
meus seios. Assim, ele passou a língua lentamente, marcando os mamilos e
dando leves mordidas, ele fazia voltas e voltas me levando à loucura. Gemidos
saíram pela minha boca ao sentir seus dentes em mim, meu corpo voltou-se
para trás e ele me despiu por completa.
98
“Eu te amo” Ele murmurou.
Ele continuou brincando com meus seios e sua língua travessa ainda formava
círculos por todo o meu corpo, assim como as suas mãos. Logo ele estava
rígido novamente. E eu usei minhas próprias mãos para lhe proporcionar
prazer. Massageando lentamente seu membro e vendo-o gemer. Aumentei o
ritmo da ‘massagem’ e ele foi ficando sem fôlego.
Eu massageava todo o membro dele, de cima a baixo e em locais diferentes,
isso fez com que ele logo ficasse satisfeito. Senti-me maravilhada por
conseguir fazer isso.
99
Algumas horas depois voltamos com a mesma brincadeira e meu corpo voltou
a ser todo dele, assim como ele tornou-se todo meu...
“Tudo isso foi saudade de mim? Eu não sabia que fazia tanta falta” Emmett
disse rindo.
100
Capítulo 11 – Malditos Lobos
“Um andar só para você?” Quem ele achava que era? Um principezinho?
“Rosalie, não discuta com o seu irmão, ele tem o direito” Esme tentou parar a
discussão.
“Porque Edward pode ter tudo o que quer?” Senti-me uma criança, mas era a
verdade.
101
“Pra você é só um andar, mas é só isso por hoje, e amanhã? Uma casa nova? E
além do mais você sempre escolhe a ‘história da nossa família’ e o lugar
aonde iremos morar, você sempre quer fazer tudo, você me irrita Edward
Cullen!” Eu estava irritada ao extremo, aquilo havia sido a gota d’água.
“Amorzinho, deixe ele com o andar, imagine como você se sentiria se ouvisse
vozes durante o dia todo na sua cabeça, pensando coisas malucas e diferentes.
Até você ia querer um andar inteiro para não ficar louca” Ele explicava.
“Tudo bem Edward, hoje você venceu” Retardado, ele só poderia ser louco
mesmo para ser tão débil-mental desse jeito.
“Que bom que todos se entenderam, agora acredito que seja melhor irmos
caçar, pois já faz muito tempo que nenhum de nós caça” Carlisle ressaltou.
Seguimos floresta adentro e notei que era o melhor lugar, comparando-se com
todos em que já estive. A caça era bem fácil e todos conseguimos nos
alimentar bem. Emmett estava com os olhos cor de ônix, não demoraria tanto
e estaria dourado também. Eu me perdi ao encarar seu rosto de bebê.
Percebi o que ele falava quando um cheiro horrível invadiu o ar, era parecido
com enxofre, carniça e mantimentos apodrecidos.
102
O lobo de pelo marrom avermelhado avançou para atacar Edward, meu irmão
estendeu a mão e agarrou seu pescoço, ambos permaneceram por um longo
tempo se encarando, o olhar era intenso e duradouro.
“Eu poderia matá-lo com um estalar de dedos, diga a eles para se afastarem”
Edward falou apertando o animal. Os outros dois lobos pararam de avançar e
ele prosseguiu “Mas eu não vou te matar. Não significamos perigo para
vocês”.
“Nada de problemas agora, Ephraim Black” Ele disse recuando três passos.
“Esse é meu pai, e líder da nossa família” Ele informou apontando para
Carlisle.
“Obrigado Edward” Carlisle parou para olhar Edward e acredito que dizer-lhe
algo silenciosamente e continuou “Meu nome é Carlisle Cullen. Entendo que
vocês pensam em nós como inimigos naturais, mas posso garantir que somos
diferentes” Ele anunciava em voz alta.
“Minha família e eu não somos como outros vampiros. Nós não bebemos
sangue humano, só nos alimentamos de sangue de animais”.
Outra vez os lobos trocaram olhares e saíram para correr pela floresta.
103
“Claramente” Edward gabou-se.
Carlisle analisou o rosto de Edward e percebi que era uma conversa mental.
Edward sorriu e depois fechou a mandíbula, balançando a cabeça.
“Eu sou Ephraim Black, chefe da tribo e protetor do povo Quileute” O líder
alertou de forma educada.
“Nós não queremos lutar. Nós pedimos à vocês que deixem minha mãe e
minha irmã voltarem para casa em segurança” Edward respondeu aos
pensamentos do líder.
“De acordo, como eu disse, nós não tocamos em humanos” Carlisle revelou e
virou-se para mim e Esme “Esme, Rosalie, por favor, voltem para casa.
Iremos encontrá-las brevemente”.
Encarei Carlisle abobalhada, ele não poderia me pedir isso, eu precisava ficar
ao lado do meu marido, ele ainda era novo nessa coisa de vampiro, não saberia
existir sem Emmett. Olhei de um para o outro.
104
“Não vou deixá-lo aqui, você não pode esperar que eu...”.
“O tratado está firmado, eles não pisarão em nossas terras se não nos
alimentarmos de humanos, o que jamais acontecerá” Carlisle explicava.
“No banheiro, já faz quase uma hora e ela não sai de lá” Esme contou-lhe.
“Não Emmett, não estou nada bem, estou cheirando à lobos fedorentos, e não
sairei deste banheiro até meu aroma floral voltar” Revelei.
105
“Ok, estarei lá em baixo se precisar de mim” Disse com uma voz angustiada.
Eu não lhe dava ouvidos, estava nervosa com aqueles vira-latas inúteis. Ouvi
os passos de Esme ao lado de Emmett, e notei o momento exato em que
Edward parou de tocar o piano e desceu ao nosso andar com passadas duras e
longas.
“Que bom que saiu desse banheiro, tem gente querendo fazer xixi à dias
sabia?” Ele zombou da minha cara e riu com a própria piadinha.
“Rose... Queríamos falar com você, mas aconteceram tantas coisas que não
deu muito tempo. Nesses três dias que você ficou ‘ocupada’, Carlisle e eu
preparamos um ouro presente para você e Emmett, fica aqui perto, quer ver?”
Esme sorria reluzente ao contar a novidade.
Presente? O que poderia ser? Ali perto? E ainda por cima levar três dias para
preparar? Outro detalhe: Seria um presente para mim e para Emmett.
106
Carlisle e Esme nos guiaram por um curto trecho na floresta, chegamos a um
local de relva aberta com maior iluminação e percebi que o vento era cortado
naquela parte, o que dizia que alguma estrutura bloqueava sua passagem.
Maravilhei-me ao notar que o presente era uma casa enorme, com uma
discreta chaminé, tinta de cores fortes, entrada sofisticada, janelas
contemporâneas e outros detalhes que apenas enriqueciam a casa, ou melhor, a
pequena mansão.
“Que bom que gostou filha, isso é para... Vocês darem continuidade à lua de
mel, nós sabemos que um mês não é realmente suficiente” Carlisle explicou a
utilidade da casa.
“Vamos deixar vocês conhecerem um pouco a casa, mas não demorem muito
para voltar, pois não sabemos se os lobisomens irão se manter fiéis ao tratado”
Esme preocupou-se.
Eu mostrei-lhes meu melhor sorriso e eles voaram pelo caminho que viemos.
Emmett continuava na mesma posição analisando-me da cabeça aos pés. Sem
perder tempo, ele me tomou pelos braços e me levou rapidamente pela casa.
Ao voarmos pela casa de TRÊS andares, percebi que seu interior era múltiplas
vezes melhor do que o exterior. Esme conhecia bem o meu gosto e conseguia
deixá-lo exposto em um imóvel de maneira lisonjeira e provocativa. As mãos
de Emmett tomaram meu foco e seus lábios encaixaram-se nos meus em um
beijo muito mais intenso.
“Três dias sem minha mulher, você acha que é fácil? Olha a situação que você
me deixa” Ele gargalhou e eu acompanhei.
107
Voltamos ao beijo caloroso. Seu hálito soprava por entre o espaço dos meus
lábios e ele distribuía mordidinhas leves depois que sua língua se fundia à
minha. Com minha língua contornei seus lábios e acariciei suas covinhas.
Emmett passou a mão pelos meus cachos e prendeu meu rosto mais próximo
ao seu. Minha excitação aumentou quando mordidas foram dadas no meu
pescoço e minha boca deslizou pelos seus músculos, peitoral, braços, pescoço,
abdômen, e para provocá-lo apertei provocativamente suas coxas.
Ele foi um pouco mais ágil e num momento de distração arrancou minha
roupa e a sua própria. Emmett utilizou os joelhos para abrir um pouco minhas
pernas e ajustou-se para o ato. Olhou-me com uma feição inocente que se
torna maliciosa e após alguns segundos nosso corpos se uniram.
Cada estocada me proporcionava mais prazer, e era quase impossível parar.
Realmente doía como na primeira vez, mas a dor era companheira do prazer.
Meus seios estavam rígidos com o contato do seu peitoral no movimento de
vai e vem. Eu poderia não ser humana, mas certas coisas continuavam no
corpo dos vampiros. Eu estava molhada e ele estava todo arrepiado e em pé.
Terminando também este ato, resolvi dar-lhe mais prazer. Era algo diferente,
mas nada me impedia de tentar. Ajoelhei-me frente ao corpo musculoso de
Emmett e delicadamente segurei seu membro. Ele me olhava surpreso.
Iniciei a brincadeirinha que ele fazia comigo, muito devagar comecei a
deslizar a língua por sua glande rosada, segurando firmemente e encarando-o.
108
Antes de chegar ao ponto exato, Emmett me levantou pela cintura, jogou-me
na cama e mordeu minha orelha carinhosamente.
Sem pensar duas vezes, ele abriu minhas pernas e lançou um rastro de prazer
pelo meu corpo enquanto sua língua brincava no caminho. Não segurei meu
grito quando sua boca alcançou o ponto que procurava. Sua língua quente
queimava minha intimidade e eu me agarrava com força nos lençóis.
Ele continuou o processo lentamente fazendo minha cabeça girar, tudo em
minha mente era desconexo. E para provocar ainda mais ele acariciava meus
seios com muita sutileza. Emmett estava fazendo o trabalho melhor do que eu
havia feito.
“Minha anja, a casa já está quase destruída, não deve se preocupar agora” Ele
ria e notei os lençóis rasgados e as paredes novamente rachadas.
Não conseguia medir minha força quando estava com Emmett, mas
definitivamente deveríamos aprender a ter controle, ou então, teríamos
arrumar toda a desordem todos os dias. Perdi o fio do pensamento quando
Emmett iniciou outra vez o processo.
109
Depois de mais algumas horas esperando, surgiram as primeiras estrelas e com
elas o Cullen solitário. Era fácil ouvir o que se passava no andar de baixo, pois
nossos ouvidos eram bem sensíveis.
Edward estava horrível, suas roupas estavam parecendo trapos, ele estava
acabado. Meu irmão sempre saia intacto em uma caçada, ele nunca era
surpreendido por animais, algo acontecera. Será que era o que todos
estipulavam?
“Acidente uma ova, você fede a lobo!” Emmett me fez notar o cheiro de
podridão que Edward exalava.
Outra vez iniciei o banho demorado que levou dias. O cheiro dos lobos era a
pior droga existente, ao se propagar era difícil fazer-se extinguir.
Edward estava meio emburrado, coitado, a solidão era algo cruel, na podia
deixá-lo assim, na verdade, eu amava provocá-lo.
110
Capítulo 12 – O Clã Denali
111
Edward estava mais emburrado do que nunca e sempre caçava sozinho,
Emmett fazia piadas mesmo no clima infernal que se encontrava em nossa
família, enquanto Esme e Carlisle fingiam que nada ocorria; o que me deixava
ainda mais nervosa.
“Está tudo bem, ele apenas quer falar comigo nos fundos” Carlisle acalmou-a.
“Não tenho certeza... Encontrei outra vampira aqui no Alasca. Ela tem olhos
dourados” Edward respondia em dúvida. Outra vampira? Isso seria uma
disputa? Inimizade? Mas olhos dourados eram resultado de abstinência de
sangue-humano. Então essa vampira era como nós.
112
“Não, ela disse que o clã dela reside aqui também. Eles virão aqui ao
crepúsculo”. Isso sim era novidade. Encontro entre clãs.
“Acho que não, pelo menos não nos pensamentos dela...” Edward respondia
aos pensamentos aflitos dele.
“Cabelo longo, loiro. Olhos dourados... Nos seus pensamentos, ela se referiu a
mim como um ‘espécime’” Edward esclareceu.
“Sei do Clã Denali, ouvi sobre eles pela primeira vez enquanto estava na
Itália. Não há nada para se preocupar, Edward, tudo ficará bem” Carlisle
informou e voltei a me concentrar em Esme e Emmett ao meu lado.
113
Cruzei os braços e sorri sarcasticamente “Ouvi que você conheceu uma
garota” Confessei.
“Ei, Emmett...” Gritei para que ele ouvisse “... Edward conheceu uma
garota!”.
Emmett dava risadas e Edward bufou, saindo do meu bloqueio. Parei para
analisar o quadro inteiro, principalmente a visitante inesperada. Ela não deve
ser nada atraente, não pode ser mais bonita do que eu se ele fugiu dela... Eu
pensava abertamente sobre essa nova vampira.
“Eu não fugi... Ela fugiu de mim” Ele gritou ao ouvir meus pensamentos.
“Por favor, Edward. Gelo se formou por toda uma parede. Estou preocupada
com tentar tirar. Obviamente precisamos de mais calor aqui”.
“Tenho certeza de que isso pode esperar alguns minutos, nesse momento eu
preciso discutir algo com Carlisle...” Ele falava impaciente.
114
“Por favor, Edward?” Pedia Esme.
“Está bem, vou pegar sua madeira” Ouvi-o se render e sair da cabana para
cortar lenha.
Voltei minha atenção à Emmett, ele estava agitado como uma criança,
querendo cortar madeira também, mas obviamente eu o proibi, pois, Emmett
não precisava fazer os serviços alheios, e Edward foi encaminhado por Esme
para executar tal ato. Ele fez um beiço, mas aceitou. E notei que Carlisle
estava indo conversar com Edward.
“Nossa, você está popular hoje” Falei com malicia e ele virou-se para me
encarar “Você cortou bastante madeira, Edward. Está se sentindo frustrado?”
Gargalhei para seu rostinho nervoso.
“Desculpe-me, Esme, mas isso está cada vez mais irritante. Isso é sério. Estas
vampiras não são vampiras normais. Há algo errado” Ele explicava.
115
“Aro mencionou as três irmãs enquanto estive na Itália... Elas são as originais
por detrás dos mitos sobre os sucubos” Percebi Esme enrijecer np mesmo
minuto que eu “... Não há preocupações... elas começaram a sentir remorso
por suas presas e desde então adotaram um estilo de vida pacifico” Ele
adicionou rapidamente.
Claro que eu sabia o que elas eram. Sucubos. Segundo a mitologia grega,
eram mulheres maravilhosas que seduziam homens, e depois de satisfazê-los
plenamente, os matavam. Era a troca da vida por prazer. Isso, no entanto, era
algo que para mim não passava de lenda. E agora três irmãs do mesmo
padrão? E mesmo que tivessem mudado, velhos hábitos não morrem...
Emmett com certeza não sairia de perto de mim, enquanto durasse a visita
dessas estranhas.
“Mas, elas ainda são...?” Tive de fazer a pergunta e senti os braços de Emmett
em minha cintura. Emmett não seria arrastado por coisas sobrenaturais,
“Elas não se comportam mais como sucubos” Ele pausou e pelo olhar de
Edward, percebi uma conversa mental “Elas realmente vivem bem
pacificamente agora” Ele finalizou e observei outra vez a conversa silenciosa.
“De acordo, contudo, quero que cada um de vocês mantenha uma mente
aberta quando elas nos visitarem. Independente do seu passado, elas mudaram
seus modos. Elas são mais como nós do que vocês podem imaginar” Carlisle
falava para todos, e encarava somente à mim.
116
O silêncio reinou e notei Esme olhar o filho cheia de compaixão. Carlisle
estava concentrado, Emmett ria da situação.
“Muito obrigado por se juntar a nós” Carlisle sorriu e apontou para o novo clã
“Você já conheceu Kate e Irina...” Kate acenou a Irina deu um sorriso
dissimulado “... Esses são Carmen e Eleazar. E essa é Tanya” Ele gesticulava
para todos que Edward não conhecia.
117
“Permita-me me desculpar, Edward” Ela sorria maliciosamente “Minhas irmãs
e eu temos velhos hábitos. Gostamos da companhia de homens, mas não
tivemos a menor intenção de deixá-lo desconfortável” Tanya esclarecia.
“Não pudemos evitar admirar sua beleza” Kate ria enquanto falava.
Edward não sabia como agir, e para cobrir essa parte ‘má’ da família, todos
retomamos a atenção dos Denali.
Ela virou-se para Carlisle “Perdão, eu não quis ofendê-lo com a nossa
natureza jovial”.
“Entendo”.
Ouvi Edward correr para a floresta e notei que o céu escurecia com pequenas
estrelas já cintilando. Tanya levantou-se e seguiu o rastro de Edward,
certamente ela estava interessada nele.
“A Tanya já está tentando formar vínculos com a família Cullen pelo visto”
Kate dizia, fazendo todos rir.
118
“Pela maneira que você disse, ele deve ser um irmão muito bonzinho para
você, Rosalie” Irina ria.
Até Edward estava mais contente, ele finalmente fizera amizade com alguém:
Tanya. O clima entre eles era encantador, eu me perguntava se ele se
entregaria de corpo e alma desta vez. Ambos faziam tudo juntos, desde caçar
até viradas na noite entretidos em conversas.
Resolvemos caçar: Eu, Emmett, Irina e Kate. Os ursos polares eram muito
ferozes e Emmett queria um pouco mais de ação.
Assim, Kate daria choques nele enquanto ele caçava, isto porque o dom de
Kate era justamente este, ela possuía uma descarga elétrica no corpo.
Tudo estava realmente desafiador para Emmett, e ele sorria com o desafio.
Três ursos vieram em sua direção enquanto Kate torturava-o lentamente, era
doloroso ver meu bebê exposto ao perigo, mas era isso que lhe agradava,
então cedi aos seus caprichos.
119
Ele bebeu gananciosamente o sangue do animal sem perceber a situação que
se encontrava. Seus músculos estavam expostos no frio congelante – que não
passava de uma simples brisa para nós – e suas costas largas chamavam a
atenção das irmãs.
Seus olhares eram desejosos. E percebi que elas estavam a ponto de fazer a
justa coisa que eu impedia a mim mesma de pensar: Seduzir Emmett.
Irina e Kate se aproximaram do seu alvo, mas fiz barreira rapidamente.
“Calma Rosalie, nós não íamos fazer nada com o seu ursinho” Kate mentiu.
“Ainda bem que estamos todas esclarecidas então” Fuzilei ambas com o olhar,
juntei-me à Emmett e voltei para a cabana.
“Se eu soubesse que toda vez que uma sucubo me olhasse, você ficasse assim,
veria elas todos os dias” Ele zoava.
“Você está muito fria, acho que está na hora de esquentarmos um pouco as
coisas” ele disse me envolvendo num beijo demorado e prazeroso.
120
Capítulo 13 – O último fragmento
Decidimos que a Lua-de-Mel seria mesmo na França, apesar da guerra não ter
cessado, isso porque, a força de vampiros era extremamente alta até mesmo
para um acontecimento deste porte. Nenhum dos membros da família Cullen
foi informado sobre o local, pois, Carlisle daria um jeito de manter-nos no
Alasca, o que eu jamais permitiria, já que o trio de irmãs esperavam por um
homem.
Desta vez, Carlisle não conseguira uma casa para nós, já que era de extrema
importância o sigilo sobre nossa localização. Sendo assim, Emmett e eu nos
acomodamos em um casarão abandonado e muito bem mobiliado; o que me
fez pensar que os humanos realmente eram frágeis, pois, abandonar uma casa
de tal porte era algo assustador de se fazer. O perigo deveria ser demasiado ali
e Emmett adorou mais ainda o lar ao chegar na mesma conclusão que eu.
Luxo era uma palavra simples e glamour não seria correto para descrever a
estrutura do lugar. Eu me sentia como uma rainha, a casa havia chamado
minha atenção como um enorme imã.
121
Emmett jogou nossas malas na enorme sala e sem perder tempo me levou
para o quarto. O desejo era notável, e percebi que o motivo era a abstinência
também de sexo, porque tendo um Clã desconhecido em casa e uma cabana
minúscula com vários vampiros tornava essa parte um pouco complicada.
Tive que rir do comentário, porque realmente, pelo desejo que ele
demonstrava a casa ficaria apenas em tijolos; ou areia.
“Ainda bem que somos os únicos na localidade, e temos diversas casas para
‘tomar conta’”. Entrei no seu joguinho.
Após o sotaque francês, Emmett beijou meu pescoço com leves mordidas para
me arrepiar e deslizou as mãos pelas minhas costas, suavemente, com carinho
e direcionando ondas de prazer para o meu corpo.
Delicadamente, o que era estranho para Emmett, ele tirou minha blusa e com
meu auxilio a sua própria também.
Mais alguns minutos de carinho e já estávamos quase nus. Ele admirava meu
corpo escultural e eu me deleitava vendo seus inúmeros e definidos músculos.
Nossos corpos eram perfeitos em sintonia, como uma única peça feita que por
algum motivo foi partida e que enfim encontrara sua outra parte e agora podia
ficar unida, unida para sempre, como deveria ser. Era assim que eu me sentia
em relação a ele.
122
Beleza e força. Amor e desejo. Imortalidade. Eternidade. E para sempre
Emmett...
123
“Eu também, porque você acha que ficou desse jeito?” Ele riu.
Emmett queria participar das lutas; sabendo que venceria, contudo, o lado da
razão teve grande peso na decisão. Porque muito sangue seria derramado, e
sangue humano... Algo que ambos não estaríamos dispostos a ver ou sentir.
124
Cautelosamente, saímos do local e vigiávamos de longe o resultado que teria
o conflito.
Peguei sua mão e dei um leve aperto, ele entendeu que eu queria partir e
analisamos toda a área para identificar um bom ponto de fuga.
125
Diversos homens estavam desarmados, porém resistiam duramente. Outros
tentavam proteger aos amigos e acabavam tendo o mesmo fim.
Depois de algum tempo, vendo que estavam em desvantagem, um grupo com
aproximadamente vinte soldados correram em nossa direção, mas foram
perseguidos. Um tiro acertou o braço de Emmett, que retirou a bala sem
esforço algum, como se fosse uma pétala de rosa.
Virei meu corpo para a direção do aroma e Emmett não foi capaz de me frear.
Rosnei com sua aproximação. Ele não podia me negar aquilo. Era algo que
nem eu mesma poderia lidar. Menos de um quilometro e eu obteria o aroma
para mim.
126
Esse era o sangue mais doce, convidativo, provocante que já sentira.
Emmett tentou me bloquear.
“Rose, não faça isso, você vai se arrepender” Ele estava assustado.
“Se você realmente me ama, me deixe fazer isso” Respondi usando o único
argumento que o faria permitir o ato cruel.
Ele era muito bonito, aparentava ter cerca de vinte sete ou vinte oito anos, era
forte, de pele clara, mas um pouco queimada pelo sol. Seu cabelo era louro-
escuro; quase castanho e seus olhos eram azuis demais, um oceano que
transbordava lágrimas. Ele gemia de dor, seus olhos saiam de foco e voltavam.
Ele ainda não tinha notado minha presença. Eu apreciava minha presa antes de
acabar com seu sofrimento. Ele finalmente captou nossa presença e seus olhos
se prenderam em mim.
Meus instintos ficaram congelados, Emmett gemeu de surpresa.
Realmente, havia diversos traços semelhantes entre nós. Seu rosto era quase
dez anos mais velho, mas mesmo assim, notava-se a semelhança, as ondas no
rosto, o formato do nariz, e o primordial, o contorno avermelhado nos olhos
cor do céu.
Quem era esse homem? Minha mente tentava trabalhar enquanto minha
garganta queimava.
Ele me conhecia? Quem poderia ser este homem de olhos claros como o céu e
cabelos claros, seu olhar era penetrante e ao mesmo tempo sincero. Usei
minha mente para conseguir a resposta e meus lábios respondiam prontamente
antes do meu cérebro me enviar o relatório completo.
127
“Eu sabia que aquela noite não foi apenas um sonho, você realmente estava lá.
Viva! Eu te amo tanto...” Ele tagarelava enquanto tomava fôlego para soltar
mais palavras, sendo interrompido pela dor.
“A guerra não têm limites... Todos eles acabaram...” Uma lágrima completou
o que seus lábios não puderam responder.
“Eu sinto muito...” Minha família havia perdido a vida na guerra e agora eu
via meu único pedaço de humanidade morrendo “Eu vou te ajudar”.
“Não! Já não há mais nada que você possa fazer Rose... Apenas saiba que
você sempre foi uma pessoa maravilhosa e sempre será” Ele me lembrava e
Emmett ouvia tudo em silêncio.
“Eu não quero te deixar...” Eu poderia transformá-lo, mas fraco como estava
seria uma atitude inútil, e ainda por cima, com seu sangue doce eu tinha
certeza que não iria conseguir.
128
Philipe tirou um objeto do bolso que refletia demasiadamente no sol à pino.
Era um simples cubo, e minha visão me permitiu ver o impecável desenho
dentro do cubinho. Uma Rosa Cristalizada.
“Eu nunca me esqueci de você” Ele apontou para o objeto ao qual eu tinha um
igual que era presente dele próprio, feito por suas mãos.
“Você foi e sempre será o anjo mais perfeito que existiu na terra” Revelei para
meu irmãozinho já não tão pequeno.
“Não vale retirar as palavras da minha boca” Ele tentou rir, mas o esforço
estava sendo demasiado.
“Queria poder fazer algo por você, tem alguma coisa que você queira? O que
for?” Sentia meus olhos marejar, o que era impossível, então, era tudo fruto da
minha imaginação. Vampiros não choram, são criaturas frias e sem
sentimentos. Egoístas por natureza, sem amor próprio e sem alma.
129
sonho, agora se tornava pesadelo. Era o fim de uma vida de menina e o inicio
de uma vida de mostro. Um círculo místico que causava dor.
Dor... Eu jurei pra mim mesma que jamais sentiria isso novamente. Eu
causaria isso. Eu aprendi a lidar com o sofrimento. A felicidade era algo
impossível, então, coloquei uma máscara caso fosse necessário para alguma
companhia próxima a mim. Pois, desse dia em diante Rosalie Cullen seria o
que foi transformada para ser. Uma criatura sem fins e que destruía tudo o que
tocava. Já não havia mais motivo para nada, porém a morte não era uma opção
para alguém imortal.
Levantei-me com meu novo corpo e meu novo rosto, lembrando pela última
vez o momento exato em que o sol atingiu o brilho dos olhos azuis de anéis
avermelhados, e no segundo seguinte desfocados. E um cubo cristalino que foi
enterrado no mesmo local em que seu fabricante descansaria em paz.
Emmett nada disse durante todo o momento, mas ele sabia que nada seria
igual. Ele sabia que os sentimentos bons estavam enterrados junto ao garoto e
que os sentimentos ruins fluiriam livremente. Porém, seu amor jamais
mudaria. Ele envolveu seus braços em volta de minha cintura para demonstrar
que para ele nada importava, se pudesse ter sua anja para sempre.
“Ninguém jamais pode saber do que houve hoje. Evite todos os seus
pensamentos relacionados à esse fato. Enterre tudo e seguiremos em frente,
você é quem eu amo e isso basta” Falei bruscamente.
Como uma bela caçadora, eu queria uma presa difícil, e o desejo de vingança
pelo irmãozinho de Rosalie cresceu em meu peito. Essa guerra finalmente
terminaria e eu queria saciar minha vontade de sangue.
Um soldado morre, uma garota sonhadora morre, e assim, alguém teria que
pagar com a própria vida pelo ocorrido.
130
Capítulo 14 – Vingança e Recaída
Com o meu instinto aguçado, não foi difícil encontrar Adolf Hitler, contudo,
uma morte dolorosa seria o melhor a oferecer, e não nos deixava expostos.
Emmett mesmo querendo acabar com o nazista concordou em me dar o gosto
da vingança.
Suicídio seria uma boa maneira de apresentar a morte do homem, o que não
seria difícil.
Segui cada passo seu, interferi nas lutas, confundi soldados, e por fim, depois
de meses deixando-o maluco; decidi agir.
Mostrei minha verdadeira face para o líder nazista e ele ficou horrorizado;
depois me escondi relembrando o momento e o motivo da morte de meu irmão
e de toda minha família.
No dia 30 de abril de 1945 minha vingança seria consumada, Evan Braun
seria a primeira a morrer, nada mais justo; olho-por-olho, dente-por-dente, se
alguém que eu amava morreu por ele, alguém que ele também amava morreria
por mim. A floresta próxima à Berlim me proporcionou boa quantidade de
veneno em suas ervas, e eu esperaria pelo momento oportuno.
Adolf Hitler almoçou com seus dois secretários, ambos homens hostis e com
o cozinheiro, logo o crepúsculo surgiria, Hitler deixou os homens e caminhou
até seu quarto, local onde se encontrava sua esposa, meu marido e sua própria
morte dolorosa.
Vampiros possuem um talento natural para fuga, o armário de Evan era
grande o bastante para que eu e Emmett não fossemos descobertos.
Hitler aproximou-se da esposa, exibia uma farda marrom, o que dizia que ele
era o líder dos arianos. Ele e a esposa sentaram-se no sofá, e pela expressão de
seu rosto, ele pensava em mim.
Evan levou o chá quente e envenenado aos lábios e não percebeu o gosto das
ervas que eu havia adicionado.
131
Escutei atenta o momento que seu coração acelerou, seu corpo ferveu, os
olhos saíram de foco, a respiração falhou, as palavras saíram desconexas e por
fim... Nada... Simplesmente caiu no sofá. O processo em geral foi rápido,
acredito que ela não tenha sentido tanta dor, o veneno era muito eficaz, por
outro lado, Hitler precipitou-se para o corpo de sua esposa e banhou-o com
lágrimas pesadas e sujas.
A vingança era muito doce, sai do armário e pela segunda vez exibi minha
face original.
“Não quero nada demais, apenas sua aniquilação... E sim, fui eu!” Sorri
abertamente com o olhar fulminante.
“Você vai deixá-la ou quer se juntar à ela?” Ele podia pensar que tinha
escolha.
“Ok. Chame todos os seus homens, e veja sangue-puro ser derramado para
proteção de um homem imundo” Contra-ataquei.
132
“É... Você teve sua chance, agora é a minha vez”.
Peguei uma das armas, coloquei em sua mão direita, abracei-o por trás e com
um único movimento fiz com que ele puxasse o gatilho que estava direcionado
à sua boca.
A explosão foi rápida, joguei seu corpo no sofá, ao lado da esposa e voltei
para o armário com Emmett, apenas aguardando enquanto seu criado: Heinz
Linge e Martin Bormann apareciam assustados ao quarto e levavam os corpos
para o jardim da chancelaria.
Enfim, vingança... Doce e pura vingança. Minha dor não diminuiu e acredito
que jamais diminuiria, porém pude fazer algo para tentar liquidar um pouco da
culpa que sentia por não ter sido capaz de transformar meu irmão e por tê-lo
deixado morrer em meus braços.
Emmett jurou que jamais pensaria sobre o assunto novamente, assim como a
Rosalie havia morrido, o assunto também seria enterrado e voltamos para
Delta Junction – Alasca. Para nossa surpresa, os Cullen haviam se mudado,
pois o filho mimadinho ‘Edward’ não gostara mais de fugir de Tanya, e
decidiu deixá-la definitivamente. Os Denali nos informaram de que eles
estavam em algum lugar em New Hampshire, e foi para lá que nos
direcionamos.
O rastro de minha família era perceptível mesma a milhas de distância, por
fim, encontramos o novo lar entre Lebanon e Enfield, estavam morando
próximos à faculdade de Dartmouth, pois o filhinho deles queria fazer
medicina e provar que era alguém.
“Que bom que estão de volta, vocês demoraram tanto que achei que não
voltariam mais” Esme mostrava sua preocupação e nos abraçava fortemente.
“Fico feliz em vê-los novamente filhos, como foi a segunda lua de mel?”
nosso pai perguntava, percebendo meu humor.
“Foi meio...”.
“Em que local passaram a lua de mel?” Carlisle sondava para descobrir se o
que ocorrera com o Hitler teve intromissão de um vampiro.
133
“Você sabe: França, Itália, Japão, México, Portugal, e outros lugares;
quisemos aproveitar ao máximo, por isso demoramos tanto” Inventei, pois
Carlisle saberia a verdade se soubesse o local correto.
“Os olhos de vocês... Estão ônix, até parece que faz meses que não se
alimentam”.
“Só pensávamos em ‘brincar’, sabe como é...” Emmett respondeu e senti que
minha pele esquentava de vergonha.
Dois anos se passaram nessa monotonia, Edward estava cada vez pior.
Carlisle o incentivara a seguir outra carreira, mas ele queria provar a todos que
conseguiria resistir o mesmo que Carlisle resistiu em séculos.
“Rose, querida, você não ia fazer compras comigo hoje?” Esme me despertou
dos devaneios.
134
“Sim mãe; vamos”.
Esme estava com uma roupa simples e eu também, e mesmo assim estávamos
chamando a atenção de todos os homens do local; as mulheres olhavam para
nós exibindo inveja. Demorei a entender o motivo, já fazia muito tempo que
não me socializava com humanos, e para eles nós éramos verdadeiras Deusas
na Terra.
Estava imensamente feliz por ainda ser capaz de despertar tamanho desejo do
sexo oposto. Os olhares masculinos desenhavam nosso corpo e alguns
inventavam desculpas para poder nos acompanhar. Esme parecia
envergonhada e eu estava extasiada com esse momento.
Entramos em muitas lojas, a maioria das roupas que escolhi foram para a
caçada, ou então, sensuais para quando fosse retornar e Esme permanecia em
sua simplicidade – exceto por uma lingerie um tanto ousada que ela escolhera.
Percebi que cometemos um erro ao ver as reações das pessoas nas lojas;
estávamos com muitas sacolas, algo que um humano comum não seria capaz
de carregar. Alguns homens aparentemente solteiros colocaram-se em nossa
disposição com a mercadoria.
Percorremos mais algumas lojas em busca de materiais para casa e por fim,
decidimos que era hora de retornar.
“O que você acha que aconteceu?” Esme estava preocupada assim como eu.
Usei minha agilidade para correr pelas escadas e observei Emmett com os
olhos fechados e as roupas encharcadas sendo consolado por Edward.
135
“Esse é um assunto muito delicado, acredito que Emmett não esteja pronto
para falar sobre isso nesse momento” Edward intrometeu-se.
“Eu não me dirigi à sua pessoa, perguntei para o meu marido” Usei o tom de
voz mais gelado que pude alcançar.
O que Carlisle tinha haver com toda essa situação? Eu nem sabia o que se
passava, era algo assim tão grave?
Como que para responder minhas perguntas, Emmett abriu os olhos e Esme
impressionou-se tanto quanto eu.
O ouro já não existia nos olhos de Emmett, agora tudo o que se encontrava
era o vermelho intenso, o vermelho sangue, ou seja, o vermelho-sangue-
humano. Eu não sabia responder o que minha família decidiria em relação à
sua nova dieta, mas eu o acompanharia onde quer que fosse, e me manteria
vegetariana, pois, humanos dentro de mim é algo absolutamente repugnante.
“Me desculpe mãe... Eu não consegui...” Ele soluçava, e podia jurar que
chorava, mas sabia que lágrimas não eram concebidas para seres sombrios,
sem alma e coração.
“Recebi sua mensagem Edward, o que houve de tão grave?” Carlisle surgiu
inesperadamente com a expressão séria.
“Emmett... Se você escolheu essa dieta, peço que siga seu próprio caminho”
Carlisle estava chateado com a ação de Emmett.
“Carlisle, me desculpe, não foi minha intenção. Não consegui resistir, o cheiro
era muito forte...” Ele se explicava.
136
“Emmett encontrou uma mulher com o sangue irresistível, ela estava tirando
os lençóis secos do varal entre as macieiras, e o cheiro das maçãs fundiu-se ao
seu. A brisa tornou toda a situação insuportável, e ele não conseguiu agüentar”
Edward relatava a história que percorria a mente de Emmett.
Foi algo muito difícil para ele, soube exatamente o tipo de cheiro que ele
sentiu, o mesmo que eu sentira anos atrás com meu irmão, entretanto, eu havia
sido forte o suficiente para resistir. Emmett devia estar sofrendo mais do que
aparentava, porque odiava perder, não gostava de ser fraco e frágil.
“Foi só uma recaída, até os homens mais fortes perdem um dia. E eu te amo,
sempre te amei e sempre te amarei” Tranqüilizei-o.
“Se voltar a pedir desculpas, serei obrigada a te matar” comecei a rir e ele
arregalou os olhos “Brincadeirinha... Viu como também sei fazer piada”.
“A sua não é tão boa” Ele gargalhou “Sabe a piada do vampira loira, do leitor
de mentes e do vampiro musculoso?” Ele perguntou.
137
Ele colocou a mão em minha cintura e começamos a arrumar as coisas para
carregar para a nova casa.
Em questão de segundos estávamos prontos, cinco vampiros, dois carros e
mais de vinte malas.
“Tem certeza que não quer mais se tornar médico, Edward?” Provoquei.
Isso sem dúvida, era a pior coisa que ele poderia ter dito. Carlisle e Esme
finalizaram nossa discussão ao perceber o grau dos insultos. Emmett
permanecia calado, pois se sentia culpado pela situação. Segundo ele, tudo
estava acontecendo devido a sua fraqueza.
Aos poucos fomos nos habituando e o assunto sobre Emmett foi amenizando.
Edward sempre o acompanhava em uma caçada, Carlisle dava dicas para
resistir ao sangue. Esme dizia sempre se orgulhar dele e quanto a mim,
Emmett sabia que independente do que fizesse, teria meu apoio total.
138
Esme sempre arranjava um jeito para deixá-lo de castigo, para que sua casa
permanecesse intacta. A situação era bastante divertida, um homem de
aparentemente vinte anos sendo castigado pela mãe de vinte e seis.
139
Analisar tudo isso me fez pensar o porque de uma garota como ela não ter
sido capaz de visualizar todo esse amor à sua volta. Ela era feliz desde o dia
em que nascera, porque então fora procurar um amor verdadeiro em uma
mentira bem contada?
Então, acredito que tudo o que ocorreu à ela depois dessa escolha foi o
castigo perfeito por negar seu próprio ser, e agora tudo o que estava ao seu
alcance era admirar tudo o que um dia foi através de um simples cordão de
ouro com duas imagens guardadas no tempo.
As lágrimas sufocaram-me por dentro e recoloquei a máscara de força, a qual
me protegia de tudo, a qual não fazia doer nada, pois essa era a Rosalie que
todos veriam: Sempre bela; poderosa e forte.
Desci os degraus lentamente e ouvi a conversa calma que acontecia enquanto
eu entrava em conflito com uma recém-chegada: a antiga ‘eu’.
“Nós não somos os únicos vampiros aqui” Foram suas últimas palavras antes
de se levantar e postar-se frente à nós em modo defensivo.
140
Capítulo 15 – A Bailarina e o Soldadinho de Chumbo
“Como é bom finalmente ver vocês. Pai você é tão lindo quanto imaginei, e
você mãe é tão meiga e amável...” A baixinha começou a tagarelar.
141
Segundos se passaram e novos sentimentos surgiam em mim, era algo bom,
algo alegre, me esqueci imediatamente do soldado em minha frente.
“Vocês não devem ter entendido nada. Esta é Alice, ela tem visões e viu sua
família caçando animais, estamos desde então seguindo a mesma dieta e
viemos vê-los pessoalmente” O loiro explicava.
“Mãe, você acabou de conhecê-la, ainda nem sabe se eles entrarão para a
família” Senti-me insultada.
“É claro que vai Rosalie, olhe para ela... Tão amável; carinhosa e alegre”.
“Numa o quê?” Era obvio que ela estava sendo sincera, já poderia aceitá-la
como irmã, uma vez que ela me confortou em relação à minha beleza.
“Numa Barbie... É uma boneca que será criada dia nove de março de 1959 por
Ruth Handler e seu marido Elliot, a idéia está surgindo agora, a filha deles
‘Barbara’ brinca apenas com bonecas criança e logo eles criarão a ‘Barbie’,
uma boneca adolescente para sua filha e será divulgada pela empresa Mattel,
vai fazer muito sucesso durante décadas entre as garotas, é um modelo
perfeito de mulher, e você é assim” Esclareceu Alice, e percebi que as visões
dela eram bastante objetivas.
142
“É, parece que só posso dizer-lhes bem-vindos à família” Carlisle sorriu e foi
acompanhado por mim e Esme.
“Imagino que sim” Esme riu com o estranho talento de minha mais nova irmã.
“Aliás,... Onde estão Edward e Emmett?” Sabíamos que ela via o futuro, mas
mesmo assim ainda era estranho.
“Porque é perfeito para mim, vou arrumá-lo agora se vocês não se importam”
Alice sorriu e correu graciosamente até o quarto de Edward.
Jasper, Carlisle e eu, estávamos na sala e o loiro foi o primeiro vampiro que
Edward viu, e assim que o fez agachou-se e rosnou alto para o loiro; Jasper
retribuiu da mesma maneira e ambos entraram em posição de ataque, jogando-
se um ao outro e desviando o tempo todo.
Carlisle não agüentou ver isso e chamou a atenção de Edward tossindo alto.
“Este é Jasper Whitlock, ele e sua companheira chegaram hoje mais cedo. Eles
querem se juntar à nossa família” Carlisle explicava rapidamente a situação.
143
Jasper levantou-se habilmente e respondeu: “Nenhum dano causado. Na
verdade foi muito divertido; talvez em alguma outra hora você possa me
mostrar seus movimentos” Ele sorria.
“Ei Emmett, eu acho que temos um novo parceiro de brincadeiras para você”
Edward dizia apontando para Jasper “Ele está desesperado por um novo
oponente de luta” Anunciou.
“Huh... É um aperto decente que você tem aí. A fim de se juntar a mim no
quintal?” Emmett desafiou.
“Uh... Aquela... Hmm...” Edward gaguejava sem saber o que dizer sobre a
mais nova vampira da família.
144
“Aquela era Alice, a companheira de Jasper” Esclarecia Carlisle.
“Está tudo bem, minha culpa, realmente. Eu não deveria ter me precipitado
daquele jeito” O sempre gentil mocinho da historia respondeu.
“Jasper e Alice têm dons especiais, como você. Tenho certeza que você pode
entender isso Edward, como é difícil lidar em ter um dom”. Edward confirmou
com a cabeça.
145
Emmett atirava-se contra Jasper que se esquivava sem esforço, eram os
perfeitos movimentos de um militar, como eu havia observado, eram
exatamente a bailarina e o soldadinho de chumbo.
A luta demorou algumas horas e por fim, Jasper venceu Emmett, provando
que força não é tudo, e assim, encontrou outras disputas.
Edward era mais difícil de acertar, pois ele conseguia ler todos os
movimentos de seu oponente. E depois de muitos movimentos em falso e
impressionantes, Edward venceu.
Bloqueei minha mente, porque não queria que ele soubesse por mim eu Alice
agora estava em seu quarto, e que ele havia se tornado um ambiente bastante
feminino; com direito à closet e tudo. Isso eu precisava ver, e não demorei em
segui-lo. Ele percebeu e me olhou curioso.
“Vou procurar Esme e Alice, sabia que nem tudo aqui depende de você
principezinho Cullen?” Rebati.
Ele parou abruptamente e consegui ver por cima de seus ombros que Alice
estava mexendo em uma pilha enorme de roupas na porta de seu antigo quarto.
Alice era uma ótima bailarina e uma perversa diabinha pequena, era por isso
que já havia ganhado meu coração. Ela voltou sua atenção par as roupas e vez
ou outra examinava o tecido e o corpo de Edward e o meu, aparentemente ela
iria reformar nosso guarda-roupa.
146
Carlisle e Jasper conversavam no escritório à respeito das regras de nossa
família, Edward arrumava seus pertences e Esme andava de um lado para o
outro na sala, folheando rapidamente diversas revistas com imagens de casas.
“Há Rosalie, gostei muito de Jasper e Alice na família, contudo, Edward não
pode ficar na garagem, estou pensando em um quarto para ele” ela revelou.
“Eu sei... Mas Edward é bastante... Sensível, com essa coisa de ler mentes, ele
precisa de privacidade” Esme defendia o filhote.
“Há filha, não trate seu irmão assim, me ajude a escolher e poderemos
reformar o seu também” Ela pediu.
Pensando bem, se o meu quarto seria mudado ao meu gosto, eu poderia abrir
uma exceção à favor de Edward. Mas eu tinha que sentir a vitória antes.
“Posso ajudar vocês?” Nem precisei virar para saber que Alice estava com um
olhar desejoso para fazer alguma coisa.
“Claro filha, qual você acha melhor?” Esme perguntou mostrando tecidos
diversos para as cortinas.
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“Edward vai adorar o branco perolado” Ela informou confiante.
“Há... Meu filhinho vai adorar o quarto” Esme dizia com brilho nos olhos
“Obrigada filhas... Que houve Alice?” Esme reparou em sua aparência
impaciente, batendo o pé-de-sapatilha no chão amadeirado.
“Oh, claro... Vá buscar filha... Rosalie aguarde aqui enquanto chamo Edward
para ver o quarto novo” Disse Esme correndo pelas escadas ansiosa.
“Está lindo, não é?” Esme perguntou rindo e Edward concordou calado “Bom,
tudo o que precisamos é acrescentar os carpetes, e então seu quarto estará
completo” Tagarelava minha mãe.
Esme sorriu e saiu para pegar as outras coisas para o quarto novo, fui com ela
porque não agüentaria suportar o olhar de Edward como favorito.
Hoje pela primeira vez em muito tempo, o dia estava seco, sem chuvas e
tranqüilo. Alice estava conversando com Edward enquanto eu aproveitava a
calmaria quase impossível neste clã.
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Passaram-se cerca de duas horas e todos se juntaram na sala, com Alice
sorrindo de orelha a orelha e balançando o corpo para frente e para trás num
sinal de impaciência.
“Sério? Que novidade, nem percebi que chovia por aqui” Ironizei.
“Edward quer dizer que amanhã será um excelente dia para jogarmos
Beisebol” Alice concluiu ainda esperançosa; aguardando a decisão de cada
membro da família para poder enxergar com clareza.
“Ótimo, preparem as roupas que iremos assim que o dia clarear” Sorriu a
nova Cullen, usando seus típicos passos de balé para ir ao quarto.
A noite passou rapidamente, seu véu azul-escuro tornou-se cinza com leves
nevoeiros. As gotas começaram a cair lentamente e pude visualizar cada
partícula de H2O que caia na terra macia.
O campo que escolheram para o jogo permanecia seco, apenas os trovões
rompiam o silêncio.
“Esme será a juíza, o time inicial será Emmett, Alice e Rosalie contra Jasper,
Edward e eu” Carlisle informava rapidamente.
Alice iniciou os arremessos, o que era uma vantagem para o nosso time
quando Edward não era o rebatedor, pois ela esperava o batedor escolher o
lado de defesa e jogava a bola para a outra extremidade. Isso nos rendia
pontos, porém, o jogo se equilibrava quando Edward usava suas habilidades
para também tirar vantagem.
Emmett gritava que Edward estava roubando e tentava convencer Esme a nos
dar pontos extras por isso; ela rebatia dizendo que nossa arma era Alice.
E assim foi passando lentamente a melhor tarde que já tivera em uma família
de sete vampiros. Os trovões acompanhavam cada rebatida que os jogadores
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davam, e Edward além da capacidade de ler pensamentos, mantinha outra
vantagem: era o mais rápido.
“Não acredito... Vamos perder por cinco pontos” Alice falou depois de
algumas partidas.
“Eu poderia viver sem saber disso” Emmett irritou-se “Hora de atacar”.
Alice apenas arremessava, eu corria de uma base para outra, assim poderia
enfrentar Edward adequadamente. Emmett era o melhor rebatedor de nosso
time, com sua força a bola parava do outro lado do campo. Aliás, um campo
humano seria apenas um pedaço dessa enorme campina que jogávamos, isso
tornava toda a brincadeira mais interessante. O desafio era um esplendoroso
atrativo. Esme era uma juíza justa e tentava ao máximo não gerar brigas.
O jogo estava quase no fim, perdíamos por dois pontos. Era óbvio que a visão
de Alice estava certa, pois Edward estava mais presente agora e não deixaria
de se exibir como o melhor.
Jasper esperou Edward rebater a bola traiçoeira enviada por Alice e disparou
para a base seguinte, trombando com a própria. O clima de amor entre eles era
pouco notável, mas não chegava a parecer inexistente. Eles mantinham um
relacionamento místico, algo diferenciado. A bailarina e o soldadinho de
chumbo estavam juntos, caídos no chão e todos riamos por Alice não ter sido
capaz de prever tal situação; eu diria que ela viu, apenas não quis evitar.
Edward chegou à base e marcou os outros três pontos que simbolizavam a
vitória do time dele. Emmett gritava querendo revanche e eu tentava freá-lo.
Sem saber mais o que fazer para tomar a atenção de Emmett; agarrei-o pela
cintura, envolvi meus braços no seu pescoço e fiz com que meus lábios
roçassem levemente com os dele, deixando-o com uma vontade explicita por
mais. E permanecemos nesse beijo caloroso por algum tempo, até perceber os
discretos, ou melhor, indiscretos risos ao nosso redor.
Virei-me sem demonstrar vergonha, mesmo sabendo que parecíamos dois
jovens apaixonados e iludidos com o amor. Eu sabia em meu interior que o
que sentia por Emmett era bem mais que amor, era mais forte do que qualquer
sentimento humano, e apenas por esse inominável sentimento é que eu vivia e
fazia de tudo para que permanecesse eternamente.
A beleza e a força apaixonaram-se dando origem ao amor irremediável e
incondicional, Carlisle dizia que os vampiros sentiam tudo com mais
complexidade, mas minha teoria é que Emmett era o homem emoldurado
especialmente para mim e seria assim até nosso ultimo dia em Terra.
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Capítulo 16 – Jasper Whitlock, Jasper Hale
“Há... Estou até vendo a felicidade de vocês... Quero estar junto quando
receberem a noticia” Alice dizia enigmática.
“Você vai descobrir dentro de 10... 9... 8... 7... 6... 5... 4... 3... 2... 1... Agora!”
Ela informou quando Carlisle retornou do hospital.
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“É maravilhoso pai, todos, realmente adoramos...”.
Emmett queria apostar corrida em uma área bastante rupestre, assim seu Jipe
levaria vantagem; concordamos e em questão de minutos alcançávamos o
limite da quilometragem.
O resultado dessa corrida foi um Emmett triunfante e um Edward nervoso
pela pintura prateada destruída.
Alice amava arrumar e fazer roupas e eu venerava carros, era uma paixão
recente, mas fortíssima. Decorei cada detalhe das maquinas potentes e
combinei de comprar tinta prata para restaurar o carro de Edward, tamanha era
minha felicidade.
Procurei a tinta por várias cidades e encontrei apenas uma lata, iniciei
prontamente o processo de pintura e faltou o acabamento, sendo assim,
teríamos de ir para a escola na minha Mercedes.
“Deixe que Edward dirija, Rosalie. Não podemos nos expor. E seu carro é
bastante chamativo para os humanos” Carlisle explicava.
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‘Sim, é um carro muito bom. Mas ainda assim é o meu carro’ Deixei falar
meus pensamentos para apenas ele notar o que eu dizia.
“Da próxima vez, dirija seu próprio carro” Respondi nervosa abrindo a porta
do carro e saindo para encarar os ridículos humanos.
“Eu teria dirigido o meu próprio carro, se você tivesse terminado o trabalho de
pintura noite passada” Ele murmurou enquanto os outros saiam do carro.
“Eles acham que Jasper e Rosalie são gêmeos” cochichou ele rapidamente
para um Carlisle ansioso.
“Eu manterei meu sobrenome” Whitlock era na certa um nome horrendo para
alguém como eu, e já que teria de passar por irmã gêmea de um vampiro todo
cicatrizado era o mínimo que poderia possuir.
“Não importa para mim” Jasper moveu os ombros sem se importar comigo.
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“Jasper Hale. Você é o cara mais bacana da escola” Alice imitou uma colegial
apaixonada movendo os cílios teatralmente, rindo e induzindo um riso geral,
fazendo Edward revirar os olhos.
“Nenhum senhor, estou tomando conta da situação” Ele percebeu meu tom de
voz e alargou um sorriso infantil com covinhas perfeitas.
“Nos vemos na próxima aula anjinha” Emmett deu-me outro beijo e caminhou
para sua aula.
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“Hã... Rosalie? Minha aula é com você...” Jasper alertava-me retraído.
“Porque você decidiu seguir esse caminho se é tão difícil pra você?” Essa era
a dúvida que pairava pela minha mente sempre que me lembrava da questão
de que Jasper era um vampiro real que se alimentava de sangue humano.
“Decidi isso por Alice, não quero perdê-la, já presenciei muita coisa nessa
vida e Alice foi o melhor que me ocorreu, e sei exatamente como ela pensa...
Quero poder ficar ao seu lado sempre, mesmo que para isso eu tenha que
superar alguns desafios irresistíveis” Explicou.
Até então Jasper jamais tinha demonstrado tão claramente seu amor, ou
melhor, nenhum deles havia sido tão profundo e objetivo em seus sentimentos,
notei que o elo de amor entre meus irmãos era o mesmo que eu possuía por
Emmett, a única diferença era que a relação mística de ambos era visível para
quem quisesse enxergar, para um observador atraído, ou atento, e eu só
pensava em mim mesma, na minha relação... Senti que era meu dever tentar
mudar um pouco minha imagem, mas não expressá-la. Eu ajudaria Jasper, só
não deixaria que os outros percebessem minha solidariedade, e Alice merece o
melhor, ela merece seu eterno e único companheiro.
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“Oh... Os gêmeos Hale, Senhorita Rosalie e Senhor Jasper suponho” Ao ouvir
essas palavras, todos os alunos saíram do transe da explicação e examinaram
as novidades do colégio: Nós.
“Sim, somos nós. Desculpe pela demora Senhora Tranvool” Jasper exibia sua
estupenda educação e foi audível o salto que o coração da professora de
filosofia deu ao perceber o charme do rapaz louro.
A aula teve seu término depois de um longo período de debates, e Jasper foi
para sua aula de Espanhol junto com Edward. Minha segunda aula foi sobre
Língua Inglesa, uma matéria simples e gramatical, algo fútil para ensinar aos
inescrupulosos humanos.
Tudo ocorreu bem, até mais do que o planejado, pois Jasper ainda não havia
se alterado e Alice estava radiante... Isso até a terceira aula, quando notei que
Edward estava correndo para a sala de geometria, que se localizava próxima à
156
minha, e saiu segurando Jasper pelos braços junto com Emmett, mantendo
uma expressão apavorante.
“O que houve com Jasper?” Tentei parecer calma, mas não queria me mudar
tão cedo, estava começando a gostar deste lugar.
“Jasper quase atacou uma garota de saia rodada cor-de-rosa, uma tal de
Melany, na aula de geometria e Edward percebeu antes de mim” Emmett
sentia-se culpado, mas ele não poderia prever a decisão de Jasper, apenas
Alice poderia, o que me fez lembrar que ela ainda não havia aparecido.
“Vocês se preocupam muito com Jasper, ele não ia atacar ninguém, ou então
eu teria visto, dêem um crédito a ele, ele está tentando” Alice parecia
aborrecida ao nos encontrar sussurrando nos corredores.
“Temos de manter a segurança da nossa família acima de tudo, até mesmo dos
caprichos de Jasper” Comentei.
“Concordo, podemos nos mudar, ou então esperar para que ele esteja mais
preparado” Emmett pela primeira vez demonstrava sensatez.
“Assim ele nunca vai conseguir superar essa fase... Mas tudo bem, ele precisa
de um pouco mais de tempo, e mesmo assim, ele foi brilhante hoje, foi uma
prova muito difícil para Jasper, vocês têm que compreender isso” Alice
defendia o amado.
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“Já disse que vocês venceram” Ela fez um beicinho infantil e cruzou os
braços como uma menininha contrariada.
Após essa catástrofe voltamos para casa, e assim como eu previra, Carlisle
ponderou sobre o assunto até decidir que o melhor era mudarmos de região.
Sendo assim, decidimos nos estabelecer em locais antes conhecidos por nós e
Jasper exalava desânimo por sentir-se culpado por nossa nova moradia.
Apenas Alice era capaz de lidar com seu humor estanho, que parecia contagiar
qualquer pessoa que se aproximasse.
Era um dia nebuloso, o que tornava tudo mais fácil, já que todos os outros
haviam ido caçar e Jasper estava isolado em um canto da enorme casa que
após a morte de um poderoso empreendedor, tornou-se nossa.
“Her... Não fique assim Jasper, não foi sua culpa, todos passamos por
dificuldades quando se trata de humanos” Iniciei o assunto de forma direta.
“Sei disso, mas vocês conseguem evitar e isso para mim parece algo
inevitável, é forte demais, atrativo demais” Ele explicava.
“Você nunca provou sangue humano?” A surpresa era enorme para ele ao
descobrir esse fato.
“Nunca. Mas isso depende muito da história de vida de cada um, nunca achei
necessidade de fazer isso, pra falar a verdade eu nunca quis ser isso” Nem
conseguia pronunciar a palavra de forma sadia, porque as lembranças ainda
me faziam estremecer. “Aliás, como é sua história? Você salvou Alice ou ela
te salvou?” Minha curiosidade venceu.
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“De certa forma foi ela quem me salvou e continua salvando” Acrescentou
sorrindo. Ele percebeu a confusão em minha expressão e prosseguiu de forma
direta.
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seu espírito alegre, ela me contou sobre sua família e o modo com que vocês
se alimentavam, e disse que testava isso há algum tempo – o que percebi
através de seus olhos dourados – e disse-me também que conseguia ‘ver’ que
seriamos aceitos aqui. Ela me guia desde então e faz com que eu seja uma
pessoa melhor, ou melhor, com que eu me torne um monstro menos pior,
porque ainda não posso ser considerado bom depois do que eu quase fiz com
aquela garota de sai cor-de-rosa rodada”.
“É mesmo, e é justamente isso que me atrai nela, ela é única, e por mais
‘apavorante’ que seja, ela tem o melhor coração que já vi, seja em humanos ou
em vampiros. Alice é tudo o que eu quero e por esse motivo tento ser forte”.
Meu olhar rodou a casa, buscando apoio para poder relatar minha linda
tragédia, acabei me fixando em um cubo cristalino que exibia uma formosa
rosa, o meu ultimo presente de aniversário quando humana dada pela ultima
pessoa que passou por minha vida, que acreditava que eu tinha uma verdadeira
e maravilhosa alma e me denominava ‘Rosa Cristalizada’.
“Minha história de vida certamente daria um livro, e diria que esse livro
poderia ser narrado com um capítulo apenas seu, já que você está presente em
minha vida” Sorri para Jasper, meu ‘irmão mais novo’ e comecei a contar-lhe
tudo pelo que passei enquanto aguardávamos o retorno dos outros Cullen.
Sem dúvida, se fosse existir um livro sobre mim, esse capítulo relataria a
mudança de um homem chamado Jasper Whitlock para um vampiro: Jasper
Hale, o nobre vampiro que acredita na esperança de tornar-se um bom homem.
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Capítulo 17 – Anos 60, 70 e 80 com o Cullen Solitário
A história de Jasper era realmente interessante, porém, isso apenas serviu para
atiçar minha curiosidade sobre Alice, qual seria a história de vida dela? Pelo
que meu novo irmão havia falado, ela deveria ser uma ótima vidente cheia de
contos fascinantes.
Aguardei por um dia simples de caça para poder perguntar sobre seu passado.
Alice caçava melhor do que os outros, seu corpo pequeno e aparentemente
frágil era rápido e bastante flexível – o que fez com que minha teoria sobre o
balé soasse verdadeira.
“Alice eu gostaria de saber uma coisa...” Iniciei a conversa temerosa por sua
resposta.
“Nossa, às vezes você apavora mesmo com essa de prever o futuro” Respondi.
“Só a partir do momento que a pessoa toma a decisão, e percebi há dias o que
você queria” Ela mostrou um sorriso enorme de orgulho.
“Mas como assim você não se lembra de nada?” Era algo fora de comum,
assim como ela podia ver o futuro, será que não poderia vasculhar o próprio
passado?
“Acordei sozinha numa rua deserta e comecei a ter visões, foi através delas
que descobri que era uma vampira e o que fazer para me alimentar, e vi
nitidamente Jasper entrando num bar e me encontrando, e sabia que esse era o
meu futuro e que seriamos um do outro eternamente, após realizar essa visão,
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vi sua família e nos juntamos à vocês... Fim!” Ela narrou rapidamente sua vida
e percebi a dor em sua voz por não saber nada sobre quem ela era antes.
“Sinto muito” Foi tudo o que consegui responder-lhe, não queria que ela se
sentisse pior.
“Não é nada. Meu passado não me faz tanta falta assim, ouvi dizer que a dor
da transformação é algo inesquecível, então, acho que é até legal não recordar
alguns pontos, e seria decepcionante se eu descobrisse coisas ruins sobre mim.
Prefiro pensar em mim mesma como uma pessoa boa...” Percebi que há muito
tempo ela guardava esses pensamentos e queria compartilhar com alguém de
confiança.
Nossa nova moradia foi determinada por Esme desta vez, ela optou por uma
pequena cidade perto do rio Sioux, em Upham, Dakota do Norte. Segundo
Esme; era um lugar calmo e com ótima estrutura para obras.
“A moda mudou, e graças à mim, os humanos não irão suspeitar de nós. Usei
minhas belas mãos pra preparar as melhores roupas...” Ela dizia numa
velocidade impressionante enquanto me entregava algumas peças estranhas.
“E como uso isso?” Apontei para os tecidos diferentes que ela me entregou.
“Esse é para usar no cabelo” Ela dizia colocando uma faixa na minha cabeça.
“Essa é uma camiseta tye-dye e obviamente, essa é uma mini-saia, você com
certeza será a mulher mais bonita no colégio novo”. Alice me contava
enquanto seus olhos saiam de foco, vasculhando o futuro próximo.
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“Você está perfeita anja” Ele disse ao mostrar um sorriso bobo cheio de
covinhas e disparar um beijo caloroso em meus lábios.
Nesse local, foi mais fácil para Jasper lidar com os humanos. Talvez fosse
porque o sangue deles estivesse com um cheiro pior devido às drogas tóxicas
que também estavam na moda, mas que jamais atrairia um vampiro. Essas
substâncias deixavam os humanos mais calmos e lúcidos, portanto,
poderíamos permanecer mais tempo nesse local.
Nessa nova escola, não éramos considerados estranhos e Alice estava certa,
mesmo parecendo humana eu ainda me destacava.
Desta vez eu não fui a única aluna a receber destaque na escola. A presidenta
da turma ‘Kelly Anders’, uma loura, alta e com um cérebro minúsculo tentou
aproximar-se de Edward, o que decididamente acabou em uma decepção
amorosa, o que a garota nem deve ter percebido, devido à quantidade de
drogas. Muito menos Edward deprimiu-se, pois ele era fã da solidão, era um
mero vampiro sem coração e indigno de amar.
Outra pessoa que despertou interesse por Edward, foi ‘Judy Valance’, filha de
uma repórter, e fofoqueira digna de prêmio Nobel. Segundo sua mãe, ela
deveria sair com um garoto com as características de Edward para poder
receber destaque na escola e tornar-se popular. Meu irmãozinho sentiu seu
orgulho ferido, não queria ser comparado à um troféu, então não sentiu-se mal
por dar um fora na garota.
Alice mostrou-me novas roupas de sua coleção, ela gostava muito dessa
mudança de moda repentina, pois assim poderia ocupar-se desenhando e
costurando estilos próprios e exuberantes. O que mais a deixou contente foi
brincar com as cores, algo que definitivamente estava em alta nos anos em que
estávamos. Ela pediu para que Emmett usasse seu colete de couro por cima da
camisa listrada e usar a nova calça boca de sino colorida, com uma fita na
testa. E para mim, uma roupa bem chamativa, também colorida e cheia de
flores, além de óculos enormes.
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“O que... É isso?” Ele lançou um olhar repugnante para as roupas novas e
diretamente para a que eu usava.
“Não acho que seja permitido legalmente você se agachar nesse vestido” Ele
falou encarando minhas coxas, e mostrando raiva. De certa forma, ele era um
irmão protetor e não queria que eu me exibisse.
“Ei, cara, relaxe. Paz e amor, baby” Emmett disse sorrindo e levantando os
dedos em forma de ‘v’.
Edward subiu as escadas velozmente e pelo novo grunhido pude constatar que
ele acabara de ver os cabelos de Jasper cobertos por margaridas – Obra de
Alice. Esse era o melhor ano da vida dela.
Edward jamais concordava com as roupas feitas por Alice, e fugiu dela
novamente quando esta ofereceu um poliéster branco para que nos
familiarizássemos com a moda dos anos 70, toda peça recusada por Edward
era acrescentada ao guarda-roupa de Jasper.
Por causa dessa obsessão de Alice com a moda é que estávamos morando em
Glen Arbor, uma cidade minúscula, aonde todos se conheciam. Edward
pensara que a moda por lá não seria fundamental, mas ele se enganara
redondamente, o visual hippie dominava toda a escola, assim como o restante.
Uma das piores horas em fingir ser humano em uma escola é a hora do
intervalo, em que tínhamos que nos obrigar a comer alguma coisa que
certamente seria posta para fora.
“Holly Austin está pensando de novo” Ele dizia para Alice aguardando a
resposta e sussurrando “Sim”. Mais uma pausa “Culpe George A. Romero”. O
que o diretor de filmes de terror tinha haver com a garota de macacão jeans
azul? “Claro que não” Ele respondeu novamente os pensamentos de Alice.
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Todos encaramos Edward e Alice com expressões de desagrado, fazendo com
que eles explicassem a conversa telepática.
“Merda... Os ursos são tão bons nessa região... Não é justo” Emmett xingava.
“Não pode ser nada que eu fiz” Defendi-me, desta vez eu havia sido a garota
mais normal e ‘humana’ possível.
“Eu cuido disso” Ele disse parando para falar com Holly e indicou o caminho
para que continuássemos, mas não lhe demos atenção. A garota nos alcançou e
Edward dirigiu-se para ela “Holly... Bom te ver novamente. No entanto, nosso
pai está com problemas no hospital... Sinto muito, precisamos falar com ele
imediatamente, aproveite sua tarde” Edward falou numa voz encantadora.
Alice era a salvação na vida de vampiros sem ação... Faltava apenas uma
semana para o baile de Dia das Bruxas e sua resposta foi perfeita.
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Carlisle ficou impressionado com a rapidez dessa nova descoberta e Esme
chateou-se ao saber que haveria uma nova mudança. Isso era a coisa mais
chata em nossa espécie, nunca ficar muito tempo em um único lugar.
Nos retiramos da região com Emmett reclamando sobre os ursos, pois ele
acreditava que eram os melhores do planeta.
Nossa nova moradia era em uma localidade tranqüila, lembrava muito Forks,
mas não era; era Wyoming. Vivemos por lá apenas cinco anos, e esse período
marcou a vida de todos, menos do rabugento Edward que odiava músicas dos
anos 80. Não sabia nem mesmo apreciar uma banda humana que era o maior
sucesso: U2. Emmett adorava irritá-lo colocando Michael Jackson no último
volume. Tentando ser um pouco dócil decidi chamá-lo para clarear as idéias.
“Claro que vou me trocar. Você vem conosco?” Questionei revirando os olhos
e vendo-o suspirar.
“Não, obrigado”.
Edward já estava me irritando demais, essa era a hora certa pra ele arranjar
uma garota, ou ele simplesmente se tornaria mais louco. Viver com ele era
algo que exigia muito esforço e sacrifício, nada era bom, tudo deveria ser
perfeito e qualquer coisa era motivo pra outra horrorosa mudança. Apenas
Alice conseguia aturá-lo, e mesmo assim, apenas telepáticamente. Porém, esse
lado obscuro de Edward tinha um ponto positivo, na falta de um amor ele não
largava o piano. Edward tocava divinamente bem e todos ficávamos
confortados com a ‘Favorita de Esme’.
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A escola era outro aspecto insuportável, agora que as drogas não eram mais
presentes, Jasper estava sendo acompanhado de perto, perto demais eu diria.
Edward e Alice não deixavam-no dar um passo sem ter um deles como
sombra. Coitado do meu irmão, após ganhar tantas batalhas, acabou perdendo
a mais simples, contra uma baixinha irritante e um ranzinza solitário.
‘Cale a boca, Edward. Já estou cheia de todo mundo ficar adulando o pobre
Jasper’ Gritei em pensamentos.
“Sinto terrivelmente que o mundo não gire ao seu redor” Ele contra-atacou
com um olhar de repulsa.
“Vai chover, perfeito para baseball” Emmett sorriu e levantou-se para sair.
O baseball foi horrível, Alice roubou, Edward discutiu, Emmett alegava que a
quadra era pequena e minha roupa ficou num estado deplorável, isso tudo
junto com o olhar severo de Esme por estarmos brigando.
“Vampiros... O Clã Denali... São pacíficos como nós e realmente legais, mas
se quer um conselho: Mantenha Jasper longe das garotas” Falei rindo ao
lembrar de Tanya, Katie e Irina.
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Carlisle achou que uma viagem de carro era mais propicia, então na minha
Mercedes-Benz 56 vermelha, fomos eu, Emmett e Esme e no Volvo prata de
Edward foram os outros.
Isso foi um alivio, pois Carlisle queria que eu fosse no mesmo carro de
Edward, porém um belo biquinho e uma birra simples me deixaram no volante
da minha máquina...
Descemos do carro e nos dirigimos à porta dos Denali com Alice saltitando
de entusiasmo e Jasper sendo contagiado por suas emoções.
“Oh... Esses são os membros mais novos da sua família?” Kate perguntou
pegando nas mãos de Alice e Jasper e conduzindo-os para dentro “É um
prazer conhecê-los, por favor, entrem”.
“Uma visão? Que dom fenomenal de se ter” Tanya respondeu olhando para
Edward significativamente, avaliando-o da cabeça aos pés.
“Ah, sim. Jasper” Ela repetiu admirando Jasper dessa vez. Isso começou a me
irritar, talvez não fosse uma boa idéia vir para o Alaska.
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“Oh, Deus... Estou sendo tão rude. Naturalmente a mais encantadora de todos
é Rosalie. Como vai?” Tanya perguntou beijando levemente minhas
bochechas.
Não fazia nem uma semana que estávamos lá e Tanya investia mais do que
nunca num romance com Edward. Causa perdida, ele era incapaz de amar.
Encarei-a após receber outro fora e resolvi dizê-la para desistir.
“Pra você é fácil dizer isso, Rosalie, pois Emmett lhe ama cegamente. Será
que é pedir demais uma pequena porcentagem de atenção de troco, comparado
a tudo o que já fiz a ele, isso não é nada...” Ela parecia desmoronada.
“Ele têm sido tão grosseiro comigo... Acho que você está certa... Vou procurar
Alice apenas para ter certeza de que seu futuro não será comigo” ela sorriu e
retirou-se.
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Emmett me pediu em casamento outra vez, e nossa lua-de-mel novamente foi
em Paris, o lugar mais maravilhoso para um casal apaixonado, um lugar que
certamente provocaria alergia em Edward.
Esme parecia emocionado ao nos rever, imagino que ela pensasse que não
mais voltaríamos. E Carlisle estava contente em nos ver bem. Edward era o
único que permanecia impassível e não me abalei por sua falta de compaixão.
Esqueci-me que Alice e Jasper ainda não conheciam Forks, o resto de nós já
esteve nas redondezas da cidadezinha, onde encontramos os fedorentos cães.
Arrepiei-me apenas com a recordação. Todos já estávamos com as malas
prontas. Carlisle agradeceu ao Clã Denali pela hospitalidade e convidou-os
para aparecerem em Forks quando quisessem. Tanya despediu-se de todos,
exceto Edward e retirou-se rapidamente do nosso campo de vista.
“Já tenho a eternidade para ficar próximo à você, isso já é tortura demais,
ficarei feliz em ficar dois dias fora do seu alcance, você nem devia ter voltado
de Paris” Ele contra-atacou.
“Você é o ser mais repugnante que já conheci em minha vida Edward Cullen”
Gritei e Emmett me abraçou para acalmar meus nervos.
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