Você está na página 1de 2

Texto de apoio nº 1 - Cultura monástica

Até ao século XII, as condições de vida não favoreciam o


desenvolvimento da cultura. A tal ponto que, exceptuando os membros do
clero, só raríssimas pessoas sabiam ler e escrever e as únicas instituições
culturais eram os mosteiros. A palavra clérigo1 era sinónimo de escriba, isto é,
aquele que sabia escrever.
Para além dos monges, nos mosteiros estudavam também, embora em
reduzido número, os filhos dos nobres, quer se dedicassem a servir a Igreja
quer não.
Basicamente, aprendia-se a ler e escrever latim, filosofia e teologia. A
teologia era parte integrante da preparação religiosa dos monges e, ao mesmo
tempo, tinha por função evitar que os mesmos se afastassem da igreja ou
cometessem heresias.
À oração e trabalho do campo aliava-se a leitura e a escrita. Os monges
passavam muito tempo no scriptorium (fig. 1), a reproduzir livros, aqueles que
à comunidade religiosa mais importava divulgar. Partes destes livros eram
ilustrados com iluminuras (fig. 2), belos desenhos coloridos, que nos permitem
hoje conhecer alguns aspectos da vida daquele tempo. Na imagem
representada na fig. 2, a letra O é decorada com quatro cenas do quotidiano,
representando o lavradio, a poda, o tratamento do gado e a recolha do mel.
Os monges copistas desenvolviam uma actividade muito importante,
dado que contribuíam para a propagação do conhecimento, tanto de natureza
religiosa (tradução do texto bíblico, comentários religiosos, descrição de
milagres e vidas de santos, doutrinas religiosas), como do saber geral
transmitido pelas civilizações grega e romana, pois foi graças ao seu trabalho
que se tornou possível conservar grande número de obras greco-latinas e até
muçulmanas.
Em Portugal, ficaram célebres como centros de cultura muitos conventos
beneditinos e sobretudo o mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e a abadia
cisterciense de Alcobaça.

1
Ainda hoje, a palavra francesa clerc é sinónimo de intelectual; a palavra inglesa clerk significa
escriturário.
Fig. 1 – Monges copistas.

Fig. 2 – Iluminura com quatro cenas agrícolas.

Você também pode gostar