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Aposentadoria por tempo de serviço/ Contribuição uma abordagem

principiológica.
Jailton Fernandes Caetano
Acadêmico de Direito

A aposentadoria por tempo de serviços/ contribuição é um direito


constitucionalmente garantido desde que os trabalhadores que preencham o
preceito constitucional e os requisitos da lei.
Segundo Dworkin (1999, p.4) ao prefaciar seu livro Império do Direito
nos ensina que “Vivemos na lei e segundo o direito. Ele faz de nós o que
somos: cidadãos, empregados [...]” Mas acima da lei, estão os princípios
norteadores que para Bandeira de Mello (2006, p. 44) participam das ações
humanas, fundamentam as regras adotadas pelo homem e na lição Alexy
(2008, p.90), os princípios ordenam que algo seja realizado. Logo, a
compreensão dos princípios orientam o operador do direito na interpretação do
ordenamento jurídico.
A seguir será feito um breve estudo sobre os princípios antes de
adentrar nos requisitos da Aposentaria por tempo de serviço/Contribuição.

1. Princípios

Todo o sistema Jurídico submete-se a um conjunto de princípios, que


será a essência deste sistema. Compreender estes princípios será um
instrumento de orientação ao intérprete fazendo-o com que raciocine
adequadamente à leitura da legislação que a eles – os princípios - se submete.
Assim, temos princípios que dizem respeito a todo o direito e outros específicos
que, sê fosse colocado em degraus, vê-se que os princípios quanto mais altos,
mais se generaliza e quanto mais baixo, mais limitado é a sua aplicação.
(DOUGLAS, 2004, p.437).
Uma interpretação bem feita o será, se feita à luz dos princípios, pois é
neles que toda norma é influenciada. Os princípios são reais, palpáveis, logo
presentes em todo o sistema jurídico. (NUNES, 2004, p.355).
Os princípios ordenam que algo seja realizado, são “mandamentos de
otimização” no sentido de permissões e proibições, podendo ser satisfeitos
dentro das possibilidades fáticas e jurídicas. (ALEXY, 2008, p.90).
Quanto aos princípios aplicáveis à aposentadoria, na doutrina
avalizadora de Castro ( 2007, p.95-120) é possível identifica o princípio da
solidariedade, Princípio da vedação do retrocesso social, Princípio da
Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas
e rurais, Princípio da Seletividade e distributividade na prestação dos
benefícios e serviços Irredutibilidade do valor dos benefícios, Princípio da
filiação obrigatória, Princípio do Caráter contributivo, Princípio do equilíbrio
financeiro e atuarial, Princípio da Garantia do benefício mínimo, Principio da
correção monetária dos salários de contribuição e da Preservação do valor real
dos benefícios e há também alguns princípios gerais do Direito, como da
igualdade, legalidade e do direito adquirido previstos na Constituição Federal
aplicável a aposentadoria.
Com a emenda Constitucional 20/98, que modificou o tempo para a
aposentadoria, elevando de 30 para 35 para homens e de 25 para 30 anos
para as mulheres (BRASIL, 2010, p.253), assegurou o direito de quem cumpriu
o tempo antes da emenda, trata-se, pois do direito adquirido.
Com a emenda Constitucional 20/98, que modificou o tempo para a
aposentadoria, elevando de 30 para 35 para homens e de 25 para 30 anos
para as mulheres (BRASIL, 2010, p.253), assegurou o direito de quem cumpriu
o tempo antes da emenda, trata-se, pois do direito adquirido.
O benefício da aposentadoria por tempo de serviço foi reconhecido aos
rurais com a Constituição de 1988, coroando o Princípio da Igualdade,
equiparando-os aos trabalhadores urbanos.
Sendo os princípios fundantes do ordenamento jurídico, este se submete
aos princípios, logo o intérprete deve recorrer a estes para alcançar a norma
jurídica.

2. A Aposentadoria por tempo de serviço

A aposentadoria por tempo de serviço está previsto no artigo 25, inciso


II, da lei 8213: “A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de
Previdência Social depende dos seguintes períodos de carência, ressalvado o
disposto no art. 26: II - aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de
serviço e aposentadoria especial: 180 contribuições mensais” (BRASIL, 2010a).
O que pode-se observar foi que houve um aumento acentuado do
número de contribuições pois antes de 1988 era exigido 60 contribuições nos
termos do artigo 41 da Decreto Nº 77.077, de 24 de Janeiro de 1976: “A
aposentadoria por tempo de serviço será devida, após 60 (sessenta)
contribuições mensais, aos 30 (trinta) anos de serviço” (BRASIL, 2010b).
O início da aposentadoria nos termos do artigo 54 “...será fixada da
mesma forma que a da aposentadoria por idade, conforme o disposto no art.
49”, que diz:
I - ao segurado empregado, inclusive o doméstico, a partir: a) da
data do desligamento do emprego, quando requerida até essa data
ou até 90 (noventa) dias depois dela; ou b) da data do requerimento,
quando não houver desligamento do emprego ou quando for
requerida após o prazo previsto na alínea "a"; II - para os demais
segurados, da data da entrada do requerimento.

Nos termos do artigo 52 da lei 8231/91 a “aposentadoria por tempo de


serviço será devida, cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que
completar 25 (vinte e cinco) anos de serviço, se do sexo feminino, ou 30 (trinta)
anos, se do sexo masculino” , porém a emenda constitucional 20/98 elevou de
30 para 35 para homens e de 25 para 30 anos para as mulheres, ou seja,
aumentou em 5 anos. (BRASIL, 2010a )

2. Aposentadoria por tempo de contribuição

Com previsão constitucional e na lei ordinária trata-se de um benefício


concedido ao segurado inscrito do RGPS que contribui com a previdência
social. A partir de 17 de novembro de 1998 passou a ser exigido a
comprovação de 35 anos de contriuição, se homem e 30 anos de contribuição,
se mulher. O Benefício concedido é de 100% do Salário de Contribuição.

3. Aposentadoria por tempo de contribuição do Professor

O professor no exercício da função do magistério na educação infantil,


ensino fundamental e médio , tem o direito ao benefício desde que comprove
30 anos de contribuição, se homem e 25 anos de contribuição, se mulher,
conforme previsão no Art.201, §8º, da Constituição Federal, observa Castro(
2007, p. 497) que era assegurado inclusive para o professor universitário como
aposentadoria por tempo de serviço no art. 202, inciso III, que foi alterado em
face da Emenda .20.

4. Considerações Finais

A aposentadoria por tempo de serviço foi substituída pela aposentadoria


por tempo de contribuição mas milhares de trabalhadores rurais ainda tem
direito a aposentadoria por tempo de serviço em razão do direito adquirido,
logo ainda persiste a aposentadoria por tempo de serviço em nossa legislação.
No que diz respeito a aposentadoria do Professor houve uma retrocesso,
pois tornou mais oneroso ao professor universitário que passou ter contribuir na
forma do Regime Geral.
6 REFERÊNCIAS

ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. São Paulo: Malheiros,


2008.

BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 12


ed. São Paulo: Melhoramentos: 2000.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, Brasília: Senado


Federal, 2008. 464 p.

______. LEI Nº 8.213, DE 24 DE JULHO DE 1991.Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8213cons.htm. Acessado em 28 Jun
2010ª.

_____. DECRETO Nº 77.077, DE 24 DE JANEIRO DE 1976. Disponível em


http://www.planalto.gov.br/ccivil/decreto/1970-1979/D77077.htm Acessado em
28 Jun 2010b.

DALARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. 2 ed. São


Paulo:Saraiva, 1998.

DOUGLAS, Willian; MOTA, Silvio. Direito Constitucional. Rio de Janeiro,


Impetus, 2004.

DOUGLAS, Willian. Como passar em provas e Concursos. 15 ed. Rio de


Janeiro, Impetus, 2004.

DWORKIN, Ronald. O Império do Direito. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

MARTINEZ, Wladimir Novaes. Aposentadoria por tempo de serviço na


legislação atual e futura - São Paulo: LTr, 1998.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 20. ed..
São Paulo: Malheiros, 2006.

MENDES, Gilmar Ferreira. COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo


Gustavo Gonet. Hermenêutica Constitucional e Direitos Fundamentais.
Brasília: Jurídica, 2000.

NUNES, Rizzato. Manual de Filosofia do Direito. São Paulo: Saraiva, 2004

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