O documento fornece um resumo histórico da mineração no Brasil desde os primórdios da colonização até o final do século 20. Ele descreve como as técnicas de mineração evoluíram de métodos manuais rudimentares para métodos mais sofisticados à medida que novas tecnologias foram introduzidas, principalmente no século 20, quando houve grandes avanços com a ajuda de engenheiros e empresas estrangeiras. Grandes empresas como a CVRD desempenharam um papel importante na modernização da indústria
O documento fornece um resumo histórico da mineração no Brasil desde os primórdios da colonização até o final do século 20. Ele descreve como as técnicas de mineração evoluíram de métodos manuais rudimentares para métodos mais sofisticados à medida que novas tecnologias foram introduzidas, principalmente no século 20, quando houve grandes avanços com a ajuda de engenheiros e empresas estrangeiras. Grandes empresas como a CVRD desempenharam um papel importante na modernização da indústria
O documento fornece um resumo histórico da mineração no Brasil desde os primórdios da colonização até o final do século 20. Ele descreve como as técnicas de mineração evoluíram de métodos manuais rudimentares para métodos mais sofisticados à medida que novas tecnologias foram introduzidas, principalmente no século 20, quando houve grandes avanços com a ajuda de engenheiros e empresas estrangeiras. Grandes empresas como a CVRD desempenharam um papel importante na modernização da indústria
Eng Darcy Jos Germani ,Rio de Janeiro, maio de 2002
1 - RETROSPECTO HISTRICO DA MINERAO NO BRASIL
Enquanto se lavraram as ocorrncias das diversas substncias
minerais encontradas na superfcie do solo brasileiro nos primrdios da nossa colonizao, as massas retiradas eram sempre muito pequenas e adotavam-se mtodos rudimentares na sua extrao. Por outro lado, as necessidades de produtos de origem mineral eram, naquele tempo, ainda muito pequenas. As argilas, areia e cascalho para construes constituam a principal demanda. As ferramentas utilizadas para a extrao desses materiais eram rudimentares e pouco resistentes, feitas normalmente de ferro caldeado. At o sculo XIX, era tambm muitssimo pequena a produo do ferro no Brasil, existindo apenas algumas forjas catals em Minas Gerais. Era bastante tmido o desenvolvimento tecnolgico que ocorria na extrao das rochas para os trabalhos de cantaria, a fim de atender aos artfices trazidos pelos colonizadores. Os diversos materiais de construo eram principalmente retirados dos aluvies e, quando de afloramentos rochosos, eram cuidadosamente desagregados com cunhas, acompanhando-se as clivagens e amarroados ou cortados com ponteiros e marretas e, quando necessrio, perfurados e detonados com plvoras caseiras. Ainda se encontram, hoje em dia em Diamantina, Ouro Preto e outras cidades histricas, construes e calamentos com lajes de rocha retiradas de pedreiras desta maneira. Esses trabalhos que hoje designamos como lavra na atividade mineira eram tarefas ligadas construo. As primeiras catas ou garimpos foram feitos em So Paulo, em So Vicente, no Vale da Ribeira, e os bandeirantes paulistas espalharam-se depois por Minas Gerais, Gois e Mato Grosso. O ouro e os diamantes dos aluvies eram retirados manualmente com ps, lanando-se em calhas, depois bateados, sendo que os rejeitos eram lanados manualmente em locais prximos. Os veios que penetravam nas encostas eram perseguidos por galerias perfuradas com ponteiros e malhos e, quando necessrio, eram detonados tambm com plvoras caseiras. O minrio era em seguida carregado igualmente por ps em carrinhos de mo. Os poos verticais ou inclinados, que se faziam necessrios para acompanhar as camadas ou veios, eram perfurados da mesma forma, sendo o minrio iado em baldes de madeira por sarilhos manuais. O transporte mais longo era feito em carroes por trao animal. As aberturas eram sempre de sees acanhadas, pouco iluminadas, dificultando o trabalho e causando danos sade dos operrios (a maioria escravos) que nelas trabalhavam. A falta de conhecimento geolgico dificultava sobremaneira o trabalho. As primeiras lavras mais sofisticadas foram as de ouro, que apareceram com a abertura da Mina da Passagem, em Mariana, em 1819, pelo Baro de Echewege, seguida por vrias outras; a principal delas foi a Mina Velha da Saint John Del Rey Mining Co., em Nova Lima, em 1834, em Minas Gerais. Essas duas minas citadas, mas principalmente a Mina Velha de Morro Velho, eram consideradas na poca como exemplos no emprego de tecnologia e serviam de referncias mundiais, no que dizia respeito a lavras subterrneas. Supe- se que essas minas tenham sido implantadas com a melhor tcnica existente na poca, trazida pelos engenheiros, seus capites de mina e mineradores ingleses (provavelmente de Cornwall) e de alemes, treinados nos seu pases de origem. Naquele tempo, tudo era muito rudimentar, sendo a perfurao das rochas sempre feitas com ponteiros e marretas e utilizando-se plvora caseira at alm do ltimo lustro do sculo XIX. Compare-se a abertura de galerias com o que se fazia nos Estados Unidos na abertura dos tneis ferrovirios, para atravessar as Montanhas Rochosas, nos anos da dcada de 1860, onde o avano por fogo no ultrapassava 30cm! Impressionante verificar que, com tamanha precariedade de recursos, essas minas tenham sobrevivido alm de meados do sculo XX. A Mina Velha em Nova Lima, funciona em ritmo muito reduzido e a Mina de Passagem foi paralisada por razes econmicas, embora pudesse ter tido maior vida, caso houvessem sido aplicados os recursos em bombeamento necessrios para drenar um novo horizonte , que se mostrara com teores bastante elevados. A indstria cimenteira comeou lavrando as ocorrncias de calcrio nos arredores de So Paulo, que alimentaram a primeira fbrica em Perus. Deslocou-se depois para Minas Gerais e o Nordeste e est presente hoje em quase todos os estados do Brasil. As primeiras lavras de carvo foram iniciadas na dcada de 1860 por famlias de ingleses trazidas pelo engenheiro de minas James Johnson, que obteve a primeira concesso abrindo a mina de Arroio dos Ratos no Rio Grande do Sul. As mineraes de Scheelita no Nordeste foram implantadas pelos engenheiros americanos da Vachang, atendendo ao esforo de guerra. A US Steel Co. lavrou todo mangans de sua mina de Lafaiete, em Minas Gerais, com o mtodo glory hole, exportando todo o minrio pelo Porto do Rio de Janeiro. Outras pequenas lavras de mangans foram implantadas no quadriltero ferrfero, e ainda deixam marcas indelveis nas encostas de Minas. A lavra das piritas de Ouro Preto era a nica fonte de enxofre existente para abastecer a fbrica de explosivos do exrcito. A partir de 1942 foi iniciada, ainda de forma muito rudimentar a lavra de hematitas roladas nas encostas do Cau, da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), em Itabira, assistidas por tcnicos americanos impostos pelo Banco Mundial, desde a constituio da empresa. Mas os melhores exemplos de introduo de lavra em fatias da dcada de 40 ocorreram na mina de carvo de Siderpolis, em Santa Catarina, a cargo da Cia Siderrgica Nacional - CSN - e na mina de Treviso. As minas eram destinadas a abastecer o Lavador de Capivari em Tubaro, para a produo de carvo metalrgico e para alimentar os modernos fornos da CSN. Na mina de Siderpolis, seguindo um projeto americano, foi implantada a Dragline Marion (skid mounted) de 32jc que foi por muito tempo a mquina de maior porte operando em minas brasileiras. Quase ao mesmo tempo foi absorvida pela CSN, via desapropriao, a mina de Casa de Pedra, em Congonhas, que havia sido implantada por mineradores escandinavos. Ela foi modernizada em seguida, produzindo minrio bitolado e lump para os fornos Siemens Martins daquela Siderrgica. Na dcada de 1950, foi implantada pela ICOMI, associada Betlehem Steel, a mina de mangans, no Amap, e iniciada tambm a nova fase de modernizao das minas de Itabira, j com tcnicos brasileiros e americanos, tendo-se introduzido a perfurao com Churn Drills de 9,desmonte com ANFO, Escavadeiras Bucyrus Eltricas de 2 1/2jc e caminhes fora de estrada de 22, 27 e 34t. A partir da, a CVRD continuou sendo pioneira nas dcadas de 1960 e seguintes introduzindo, a partir de 1963, a perfurao down the hole de 6 e rotativas de 9 7/8. Em 1968, foi testada a utilizao de lamas explosivas mas optou-se, posteriormente, pelo ANFO, por ter velocidade de detonao mais compatvel com as rochas. Foram incorporadas as escavadeiras eltricas de 6 e 9jc e caminhes fora de estrada de 45, 65 e caminhes diesel eltricos de 100 e 120t, cujo desenvolvimento era recente na Amrica do Norte. A CVRD, com seu corpo tcnico brasileiro, foi pioneira tambm na aplicao de planejamento informatizado, controle de qualidade na lavra, com aplicao de geoestatstica, mecnica de rochas aplicadas estabilidade de taludes, deposio controlada de rejeitos, rebaixamento de lenol fretico em minas, transporte de minrio e estril por correias em ambos os sentidos e aproveitamento de minrios de baixo teor. A CVRD tinha ento a cobertura via contrato guarda chuva com empresa externa, o qual possibilitava solicitar a consultoria mais apropriada conhecida no mundo, para ajudar e incentivar seus tcnicos na aplicao da melhor tecnologia existentes para as situaes e problemas registrados em suas minas. Neste mesmo perodo, a lavra de pedreiras urbanas teve grande desenvolvimento, para atender ao crescimento do pas, sendo modelar o exemplo do que se fez em Mairipor, na zona sul de So Paulo, depois de abandonadas as lavras nas regies mais povoadas dos bairros. Os demais projetos que se seguiram passaram a adotar a mesma linha. As lavras dos aluvies com dragas de alcatruz, tanto no Rio das Velhas como no Rio Jequitinhonha, em Minas Gerais, firmaram no Brasil esta tecnologia de minerao. Estas dragas foram importadas quase que integralmente das antigas lavras em operao na Califrnia na dcada de 1930. Uma importante melhoria aconteceu na dcada de 1960, nas lavras subterrneas nas minas do Grupo Penarroya de Boquira, na Bahia, e Plumbum, em Panelas, no Paran. Nessas, foram aplicadas com sucesso as tcnicas francesas de lavra em veios estreitos utilizando o mtodo de lavra por sub-nvel com posterior enchimento por rejeitos secos da concentrao, obtendo-se com isto elevadas taxas de recuperao na lavra. Ao mesmo tempo, as minas de Camaqu, no Rio Grande do sul, foram melhor conduzidas com a cooperao tcnica trazida por engenheiros de minas japoneses da Mitsubishi. Na lavra dos aluvies ricos de estanho de Pitinga, Amazonas, na dcada de 1980, foram introduzidas na minerao brasileira, as dragas do tipo Elicot. A partir dos anos de 1950, as pequenas operaes e extrao de argilas e areias puderam ser lavradas com mais seletividade devido ao uso de pequenas retroescavadeiras e ps carregadeiras. O Projeto da Minerao Rio do Norte, no Par, no final dos anos 70, foi liderado inicialmente pela Aluminium Company of Canad- Alcan. Evitando- se a sua desistncia, a CVRD assumiu a gesto da joint venture internacional e fez dele um exemplo de moderna implantao de lavra por fatias com draglines e retroescavadeiras de grande porte, a partir de um projeto nacional. Outro exemplo importante, foi a implantao do projeto da lavra subterrnea de calcrio da mina de Santa Helena em Sorocaba, So Paulo, hoje paralisado. Este projeto recebeu contribuio de tecnologia finlandesa e constitui-se ainda na nica operao subterrnea de calcrio para cimento no Brasil. Enquanto as operaes de lavra a cu aberto ocorriam ainda em escala reduzida, eram pequenas as agresses ao ambiente , somente a minerao da Aluminium Company of Amrica- Alcoa em Poos de Caldas, Minas Gerais, foi destaque na introduo de tcnicas de recuperao de reas mineradas. Foi seguida depois pela Cia Brasileira de Minerao e Metalurgia CBMM em Arax, Minas Gerais, mas s a partir do ltimo lustro do sculo passado foi imperativo que as lavras atendessem nova regulamentao, dedicando um maior cuidado s questes ambientais. Um grande nmero de pequenas lavras de aluvies e, especialmente, a desorganizao devido proliferao dos garimpos - o de ouro, de Serra Pelada, e o de cassiterita em Ariquemes, Rondnia - continuam agredindo o meio ambiente ainda hoje, desrespeitando as autoridades constitudas, que tm sido incapazes de coibir esta indisciplina. A primeira experincia de aplicao de mtodo de lavra subterrneo de alta produtividade como sub level caving (abatimento por sub-nveis) foi feita pela Ferbasa no Oeste Baiano no final dos anos 70, recebendo a contribuio dos engenheiros de minas finlandeses. Outro exemplo de moderna mina subterrnea, aplicando o mtodo de cmaras e pilares, a mina de Taquari-Vassouras, implantada pela Petrobrs e assistida por tcnicos franceses no incio dos anos 80, estando presentemente arrendada para a CVRD, que a modernizou colocando-a em nveis de produtividade internacional. Quase ao mesmo tempo, foi implantada a Mina Caraba, na Bahia, com apoio inicialmente de tcnicos americanos. Posteriormente, uma empresa de planejamento chilena encarregou-se da reviso do projeto da mina subterrnea, que previa produzir na fase final 6000t/dia, mas que nunca alcanou tal capacidade. Em Minas Gerais foi reaberta e modernizada a mina subterrnea de So Bento de ouro, em Baro de Cocais, por tcnicos sulafricanos, tendo recebido tambm uma contribuio importante de tcnicos canadenses na sua expanso. Mais recentemente, na Mina Caraba, na Bahia, no final dos anos 90, foi implantado um projeto arrojado, no aprofundamento da mina subterrnea de 500 para 800m abaixo da superfcie, prevendo uma capacidade de 4000t/dia. Este projeto teve na fase final importante contribuio de consultoria canadense, aplicando-se pela primeira vez no Brasil os mtodos VCR (vertical crater retreat) e VRM (modified vertical retreat) que proporcionam o aproveitamento dos pilares fazendo-se o enchimento com pasta de rejeito com 5% de cimento, permitindo recuperao alm de 83%. A lavra de rochas ornamentais de mrmores e granitos em geral desenvolveu-se localmente e os grandes projetos, que se implantaram principalmente no norte do Estado do Esprito Santo, receberam a contribuio principalmente dos tcnicos italianos, portugueses e espanhis fazendo a utilizao de equipamentos mais modernos. Neste retrospecto apresentado, pode-se verificar que as novas tecnologias de minerao no Brasil quase sempre foram trazidas por empresas que tinham suas bases no exterior, atravs de consultorias externas para a maioria delas, e mesmo de empresas de engenharia brasileira como Promon Engenharia, Paulo Abib Engenharia e outras. Assim, foi natural que os tcnicos estrangeiros, que aqui vieram trabalhar nas minas, tenham trazido o que de melhor se conhecia nos seus paises de origem. A informao mais atualizada era tambm complementada pela comunicao por eles mantida com suas bases. Muito freqentemente tambm eram assistidos por consultores que faziam visitas peridicas s operaes externas. O espectro das empresas que aqui aportaram tecnologia nas reas da pesquisa geolgica foi muito mais amplo, devido ao grande nmero delas que veio pesquisar nosso territrio. Inicialmente procuraram aplicar os mesmos mtodos com os quais tiveram sucesso nas suas pesquisas externas, adaptando-os, depois, de forma mais satisfatria s nossas condies, ou abandonando-os por serem inaplicveis aqui. Os tcnicos brasileiros que trabalharam nas empresas estrangeiras que para c migraram, tendo absorvido suas prticas, serviram como divulgadores dessas novas tecnologias. As empresas de minerao brasileiras proporcionaram sempre estgios de frias para os estudantes de engenharia de minas de nossas escolas e estes estudantes puderam absorver, mais at do que seus prprios mestres, o que havia sido introduzido de novo nas minas. As consultorias independentes trazidas pelas empresas de minerao agregaram conhecimentos importantes, que se tornaram prticas correntes nas minas brasileiras. A comunicao entre os tcnicos das minas brasileiras ajudou a transferir o conhecimento, seja nas visitas mtuas que se faziam, ou por meio de seminrios e congressos de minerao, cada vez mais freqentes, a partir da dcada de 1970, com a criao do IBRAM- Instituto Brasileiro de Minerao. Algumas empresas tambm promoveram seminrios internos em suas minas, convidando muitas vezes outros tcnicos para participarem. A CVRD, em especial, patrocinou vrios cursos com consultores estrangeiros para estudos especficos de suas minas, e para ministrar cursos nas Escolas de Ouro Preto e Belo Horizonte para seus tcnicos, convidando tambm engenheiros de outras minas da regio do Quadriltero Ferrfero. As Escolas sempre cooperaram com essas iniciativas, incluindo muitas vezes seus prprios mestres nesses cursos. O Instituto Brasileiro de Minerao - IBRAM, Fundao Gorceix de Ouro Preto e algumas outras universidades tambm coordenaram vrios cursos de curta durao, ministrados por profissionais estrangeiros, muito prticos, os quais foram freqentados por muitos engenheiros de suas empresas associadas. Esses cursos, no entanto, tm sido pouco numerosos, havendo necessidade de serem repetidos com freqncia . As visitas feitas por tcnicos brasileiros s minas do exterior, onde so muitas vezes auxiliados pelos representantes de fabricantes de equipamentos, foram importantes para se agregar novos conhecimentos e tecnologias engenharia de minas brasileira. O desconhecimento da lngua estrangeira dificultou bastante uma maior absoro das novidades, mas mesmo assim as viagens foram muito proveitosas. Em muitos casos, as novas prticas foram trazidas por nossos tcnicos que tiveram oportunidade de estagiar ou trabalhar em minas fora do Brasil. Em outros casos, tcnicos brasileiros fizeram cursos de ps- graduao em universidades fora do pas e divulgaram, depois, ao retornar, os seus conhecimentos. Nas Escolas de Engenharia de Minas foram realizadas vrias teses de mestrado e de doutorado. Muitas delas receberam o apoio das empresas de minerao, que, com interesse direto nos resultados dessas teses e para maior eficcia dos estudos, facilitaram as visitas s suas minas, cooperando com o fornecimento de dados. Muito importante foi a contribuio dada pela nova gerao de gelogos que, a partir do ano de 1961, promoveu a introduo das modernas tcnicas de explorao e avaliao dos depsitos minerais e da geologia de mina, preenchendo uma lacuna no Brasil ao fornecer maior suporte geolgico s operaes das nossas minas. Como exemplo importante de uma consultoria trazida do exterior poder-se -ia citar a expanso e modernizao do Projeto Cau da CVRD em Itabira, no final da dcada de 1960, quando se planejava passar da escala de 20 milhes t/a para 40 milhes t/a. Naquela ocasio, necessitava-se preparar um plano de lavra que contemplasse esta produo por um perodo mnimo de 20 anos. No se tinha conhecimento e nem recursos tcnicos para elaborar na empresa um projeto desta envergadura, pois a gerao de tcnicos era ainda jovem e sem grande experincia. Foi ento contratado um consultor de planejamento de mina americano, que orientou a construo de um modelo de blocos feito de madeira e com ele pode-se manualmente simular com sucesso a lavra nesta escala. Causou surpresa o fato de somente naquela poca poder-se introduzir aqui esse mtodo simples, j aplicado desde longa data no exterior, mas que, apesar das visitas tcnicas feitas s minas externas, ningum havia apreendido. Devido aos poucos recursos de computao que se dispunha na poca, esse mtodo teve aplicao generalizada em outras minas brasileiras. 2 - COMPARAO ENTRE OS MTODOS DE LAVRA QUE SE APLICAM NO BRASIL E NO EXTERIOR 2.1 - Mtodos de lavra a cu aberto As mineraes a cu aberto fora do Brasil, notadamente nos Estados Unidos, Canad, frica do Sul e Australsia, tiveram um desenvolvimento, de modo geral, mais harmnico por terem tido muitas delas uma deciso arrojada, desde sua implantao, de utilizar equipamentos mais adequados em menor nmero e de maior porte. No Brasil, sempre fomos muito limitados nas decises para equipar as minas desde o seu incio, tendo em vista os elevados investimentos necessrios para se adquirir os equipamentos mais adequados e pouca capacidade de se levantar os emprstimos externos a juros mais baixos. Quase todas as nossas minas foram sendo modernizadas com o tempo, convivendo-se por longos perodos com os equipamentos existentes, muitas vezes inadequados para a nova escala de lavra estabelecida. Com rarssimas excees foram introduzidos equipamentos de ltima gerao nas minas brasileiras, sem que antes tenham sido testados em minas no exterior. Tem-se generalizado a prtica de guardar para futuro aproveitamento, estocando-se separadamente, as massas mais pobres, sem a utilizao no presente, para uso de futuras geraes. Muitas empresas contratam as operaes de mina a cu aberto com empreiteiras, as quais possuem ampla liberdade de aplicar os equipamentos que iro utilizar, e que no so, muitas vezes, os mais adequados, mas atendem aos preos da concorrncia. So raras as parcerias nas quais o empreiteiro compra o equipamento adequado para operar num contrato a longo prazo. Com esta prtica, a empresa de minerao no investe no equipamento de mina. Tem-se um exemplo de uma empresa importante que, para reduzir os seus custos, garantindo sua sobrevivncia em funo da queda do preo do metal, depois de muitos anos naquele regime de mina contratada, foi forada a investir em equipamentos prprios, adequados, para poder alcanar mais produtividade e custos mais baixos na fase de lavra. No Brasil, bastante comum a cesso do Decreto de Lavra por arrendamento para terceiros, persistindo nestas situaes algumas prticas inadequadas na conduo de muitas operaes, que so depois paralisadas em estado de abandono. Isto pode ainda ser visto nas encostas da BR-040, nas proximidades de Belo Horizonte. Quando h um novo projeto, no qual so exigidos equipamentos modernos, devido s dificuldades de manuteno, tem sido corrente a contratao temporria desses servios de manuteno com os fabricantes. Com isto a empresa concentra-se na operao propriamente dita. Para efeito deste trabalho pode-se classificar por critrio emprico, como indicado seguir, as mineraes a cu aberto quanto ao porte da sua produo diria, incluindo minrio e estril (TAB.1). TABELA 1 Tamanho das minas PORTE PRODUO DIRIA (t/dia) Grande Porte - GP > 30.000 Mdio Porte - MD de 3.000 a 30.000 Pequeno Porte - PP < 3.000