Você está na página 1de 3

Grupo de pesquisa em Literatura Contempornea

15 de outubro, s 17h, sala 215.


Discusso Pensar o contemporneo

AGAMBEN, O que o contemporneo e outros ensaios. Traduo Vincius Nicastro Honesk.


Argos, 2009. p.55-76.

Friedrich Nietzsche contra o historicismo e o positivismo do sculo XIX- Consideraes


extemporneas ou Intempestivas (quatro artigos- Agamben refere-se Segunda considerao
Intempestiva intitulada Dos usos e desvantagens da Histria para a vida na qual o filsofo
alemo afirma que o contemporneo o intempestivo, premissa na qual est baseada a
argumentao de Agamben.

Elogio nietzcheano do inactual: ethos do intempestivo: quando o presente encerra a experincia na


clausura do contemporneo preciso atuar inactualmente- isto , contra a poca e por tanto sobre a
poca (noo de supra-histria), e a favor de uma poca futura.
Contemporneo chega a ser o que rubrica a derrota do convencional em prol do ambiguo, o que
testemunha a fora com que o indeterminado desagrega e torna raros os emblemas da poca.
(Giordano, 2011, p.80-1)
Barthes, in O neutro: CONTEMPORNEO: se alimenta do presente, sem tocar o instantneo
(p.130)

Giorgio Agamben e o contemporneo


Trs definies
a)
Contemporneo uma singular relao com o prprio tempo, que adere a este e, ao mesmo tempo,
toma distncia dele, mais precisamente, ela aquela relao com o tempo que adere a este
atravs de uma defasagem e de um anacronismo;
Comentrio: exigncia de distanciamento, ponderao, tempo de maturao
b)
Contemporneo aquele que mantm fixo o olhar no seu tempo, para perceber no as luzes, mas o
escuro;
Comentrio: carter de resistncia
c)
Contemporneo perceber no escuro do presente esta luz que busca nos alcanar e no o pode fazer
Comentrio: carter mstico (influncia de Heidegger, de quem Agamben foi aluno)

A Era (Ossip Mandelstam)

Minha era, minha fera, quem ousa,


Olhando nos teus olhos, com sangue,
Colar a coluna de tuas vrtebras?
Com cimento de sangue - dois sculos -
Que jorra da garganta das coisas?
Treme o parasita, espinha langue,
Filipenso ao umbral de horas novas.

Todo ser enquanto a vida avana


Deve suportar esta cadeia
Oculta de vrtebras. Em torno
Jubila uma onda. E a vida como
Frgil cartilagem de criana
Parte seu pex: morte da ovelha,
A idade da terra em sua infncia.

Junta as partes nodosas dos dias:


Soa a flauta, e o mundo est liberto,
Soa a flauta, e a vida se recria.
Angstia! A onda do tempo oscila
Batida pelo vento do sculo.
E a vbora na relva respira
O ouro da idade, urea medida.

Vergnteas de nova primavera!


Mas a espinha partiu-se da fera,
Bela era lastimvel. Era,
Ex-pantera flexvel, que volve
Para trs, riso absurdo, e descobre
Dura e dcil, na meada dos rastros,
As pegadas de seus prprios passos.

1923

(Traduo de Haroldo de Campos)

Poesia russa moderna: nova antologia. So Paulo: Brasiliense, 1985.

Você também pode gostar