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NUMERO =I
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AS.QUADRAS.DO
POVO QUE. A P-
P AR E CEM. ANO-
NYMAS.SO. FEl-
TAS.PELOS.PRf-
MEIROS . ~ ,POET\AS
PORTUGUtSES

' 1

Director:-HERCULE5 SEVERO
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'- I
1

Proprietario: - A. DE ALMEIDA
Composto e impresso na typo-
graphia de Antonio Maria Antu-
nes, calada da Gloria, 6 a 10.
AO POVOI
0 ' Portugal d'outras ras
Como agora ests mudado . ~ .
Povo de heroes, porque espras,
Esquecendo o teu passado~

Cospem-te os filhos na face


Com hypocritas lamurias;
0' Patria, quem te vingasse
D'essas infames injurias.

0' terra de crenas mortas,


Tens briges afadistados ...
So fidalB"os que nas hortas
Bebem vinho. .e cantam fados .

Fidalgos, aventureiros,
De brazo j carcomido;
Fostes outr'ora os primeiros
E quanto tendes descido!

A auctoridade, que encobre


Vosso escandalo canalha,
Ao povo, s porque ~obre,
Constantemente enxovalha.
* *

A reaco j vae crescendo,


Vae seu poder alastrando ..
Uma beata e um reverendo
Vo braQo-dado cantando !

Como novia indefeza,


Esta terra malfadada
Voltar breve a ser presa.
Da maldita fradalhada.

Pelas ruas da cidade


-Symptoma bem convincente-
As irmans da caridade
Misturam-se .outra gente ! .

Muito bandalho ministro


E muito ladro gran-cruz
A este Portugal sinistro
Enchem a chaga de pus !

Vs, ministros e banqueiros,


-Horda de sangue nutrida-
Sois os pallidos coveiros
D' esta nao j sem vida !
*
* *
O' Povo, acorda,, desperta,
Salva a nao, que se esvae,
Tem a bocca bem aberta
Este abysmo onde ella cae!

Patria, desolada e triste,


O' virgem de 1nembros lassos,
A' tua dr quem resiste,
Quem pde cruzar os braos?

V o estrangeiro, que passa


Por essas ruas contente,
Coino escarnece a desgraa
D'esta nossa _pobre gente!

Tem a razo que lhe diz, ~


E a razo do seu lado,
Se este povo infeliz
S o povo o culpado!

Escalam-se altas montanhas,


Reduz-se ao mar o seu leito,
Abrem-se terra as entranhas . .
E' tudo questo de geito.
*
* *
Povo! se no s velhaco,
Se a tua fama no mente,
No finjas assim de fraco!
No te mostres to demente!

Se nunca foste cobarde


Comprova-o mais uma vez ...
No guardes para mais tarde
O triumpho portuguez !

Negro espectro que te esmaga


Olna bem de frente agora .
. . . Queima essa putrida chaga
A' luz nascente da aurora!

A hora, emfi.m, chegada,


Transforma o Portugal novo ...
Brilha no co a alvorada,
Acorda, desperta, Povo!

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ESTES. FOLHE-
TOS. PUBLICAM-
SE. AOS DOMIN-
GOS. E.CADA.FO-
LHE TO. ~ COL- .
LABORADO. POR
UM.S.POETA

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~- A' -VENDA EM TODOS OS LO


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