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Obrigatoriedade escolar na educacao infantil Livia Marta Fraca Viema® RESUMO: O artigo pretende discutir alguns desafios da implementagao da obrigatoriedade escolar na educagio in- fantil para criangas a partir de quatro anos de idade, rele- vando a situagao atual da oferta de creches e pré-escolas, e algumas caracteristicas da organizagao dos sistemas de en- sino no Pais, sobretudo as relacionadas ao financiamento ¢ aos profissionais. E uma problematizagio de cardter pre- liminar, diante da novidade da legislagdo. Duas questoes Sd0 especialmente inquietantes na nova realidade: evitar a cisio da creche e da pré-escola eo ingresso precoce de criancas na pré-escola e no ensino fundamental nos siste- ‘mas e redes de ensino, Palaoras-chave: Educagio infantil, Obrigatoriedade escolar. Plano Nacional de Educacao. escolar na educagio infantil para criangas a partir de quatro anos de idade, relevando a situacéo atwal da oferta de creches e pré-escolas ealgumas ca- Tacteristicas da organizacio dos sistemas de ensino, sobretudo as relacionadas ao fi ranclamento @ aos profissionais. Trata-se de uma problematizacdo de carter preli- minar, diante da novidade da legislagio, A discussao dessa questo deve considerar toda a educa¢ao infantil, ndo somen- te a pré-escolae a crianga de quatro e cinco anos, mas também a creche e a crianga de zero a trés anos, A relacio com o ensino fundamental deve igualmente ser levada em conta, pois a adogao de politicas para uma etapa ou segmento da educagéo pode Berar efeitos promissores ou retrocessos em outras etapas ou segmentos, como mos- tram alguns estudos histéricos (PETITAT, 1994; VIEIRA, 20102) e os dados de obser. vvacao da realidade do atendimento nos municipios brasileiros, P retendemos discutir alguns desafios na implementacio da obrigatoriedade praetor da graduasio e pésgraduacio da Faculdade de Educasio da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). E-mail: liviafraga@glabo.com>- Rei ern 5, 9 7.24526 201 Dope em heheweroeorghe> 245, Usa Mar Fraga Via Os desafios da obrigatoriedade escolar na educagio infantil estio em debate e Envolvem 0 posicionamento e a interlocugio de diferentes atores sociais, dos quais se destacam o Movimento Interforuns de Educacio Infantil do Brasil (Mieib), a Cam- Panha Nacional pelo Direito Educagdo, a Rede Nacional Primeira Infancia, aesocin, S6es ¢ entidades académicas e sindicais (Associagio Nacional de Pés-Gradua, S80 ¢ Pesquisa em Educagao [ANPEd], Associagaio Nacional de Politica e Ad. ministragao da Educacéo [Anpae], Centro de Estudos de Direito Econémico ¢ Social {Cedes}, Associagio Nacional pela Formagao dos Profissionais da Educacao FAnfope}, Confederagao Nacional dos Trabalhadores em Educagao ICNTE], Confederagao Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino [Contee] etc) 0 Congresso Nacional, a Unido Nacional dos Dirigentes Municipais de Educagao (Undime), 0 Ministério da Educagio (MEC) ea Secretaria de Educagao Ba- sica (SEB), por meio da Coordenagio Geral de Educacio Infantil (Coedi. Os deba. {es acontecem oportunamente no contexto da tramitagdo do novo Plano Nacional de Educagdo (PNE) no Congresso Nacional, em tomo do substitutivo 20 Projeto de Lei PL) n° 8.035, de 2010, originalmente encaminhado pelo MEC, no qual estardo define das as metas eas estratégias de oferta educacional e de inanclamento, bem como de formagaio e valorizagio dos profissionais para o decénio 2011-2020. O tema tem suscitado, igualmente, a producio politico-académic, Duas publi- ages recentes tomaram como foco a extensio da obrigatoriedade escolar no Brasil O Periddico Retratos da escola (n®7, de 2010), editado pela CNTE (CAMPOS, 2010), 0 cademo Insumos para o debate 2, ue tratou da “Emenda Constitucionaln® 59 ¢ 3 educacéo infantil: impactos e perspectivas”,editado em 2010 pela Campanha Na- Gional pelo Direito& Educagio. Em 2009, 0 GTO? Educago da eran de ba 6 anos, da ANPEd, encomendou trabalho sobre o tema e apresentou mocio critica, aprovada em Assembleia Geral da 324 Reunido Anual. E Pinto e. ‘Alves (2011) analisam 0 impac- tofinanceiro da ampliagio da obrigatoriedade escolar no contexto do Fundo de ie, utensao e Desenvolvimento da Educagdo Bisica e de Valorizacao dos Pro. fissionais da Educagao (Fundeb), Depois de apresentaro conteido da Emenda Consitucional (EC) n°59, de 2009¢ alguns aspectos do projeto do novo PNE,o primeiro grande desafio& democratizare universalizar 0 acesso, baseado na concepgao de educagao infantil construida nos ul- timos 30 anos no Brasil, corrigindo distorgdes ¢ atenuando desigualdades. Ter pré-es- ola para todos jé era a meta clo PNE, desde 2001, mas como garanti-la com « guali- dade necesséria para respeitar eefetivaros direitos das criangas de zero a cies anos de idade a educacio, resguardados os rscos da massficagio? Isso implica certamen- te garantirofinanciamento, de acordo com 0 Custo Aluno-Qualidade (CAQ)! eesta- belecer politicas de formagio e valorizagao dos Profissionais da educagao, constituin- do-se outros desafios a serem entfrentados, 246 evo fet Bi 3.0.9 9 2628 pe Diem tp nearer Osiatoridac colar ncaa Duas questées séo especialmente desafiantes na nova realidade: evitar a cio da creche eda pré-scola, sob o tisco de flexiblizaro significado da creche como “atengio integral ao desenvolvimento da primeira infancia”, abrindo a possbilidade de altemna- tivas de atendimento nao formais, em espacos domésticos ou nko, inadequados aos cri- terios educacionais, com pessoas sem formacio e qulificagic;eevitaro ingress pre- coce de criangas na pré-escola eno ensino fundamental nos sistemas ¢ redes de ensino, AEC n*59, de novembro de 2009, e 0 novo PNE A aprovagio da EC n* 59, de novembro de 2009 pelo Congreso Nacional tornou compuls6ria a frequéncia escolar para pessoas nafaixa de idade de quatro a 17 anos, incluindo, doravante,criangase jovens que frequentam a educagio infantil -pré-s. cola = € 0 ensino médio regular. A mudanca consttucional colocou o Brasil no pa- ‘amar dos paises que possuem maior tempo de obrigatoriedade escolar (agora com 114 anos), sendo que, até entio, somente o ensino fundamental com duragao de nove anos! era definido como de matricula obrigatoria e como direito piblico subjetivo, Devendo a obrigatoriedade ser implementada, progressivamente, até 2016, nos fermos do PNE (2011-2020), com apoio técnico e financeiro da Unio, a EC n®59, de novembro de 2009 é considerada um marco na educagao brasileira, na medida em que pode propiciar a universalizacio e a democratizagao do acesso & pré-escola e a0 ensino médio, Além disso, a cobertura dos programas suplementares (merenda es- colar, material didatico-escolare livros de literatura, transporte escolar e assisténcia 8 satide) foi ampliada para os alunos de todas as etapas da educacio basica. Ao esta- belecer o fim do percentual da Desvinculagdo das Receitas da Unizo (DRO, inciden. te sobre os recursos ptiblicos destinados 4 manutencio e desenvolvimento do ens no de que trata o art. 212 da Constituigdo Federal, a partir de 2011, buscou-se aumen. {ar 0s recursos financeiros aplicados em educagao, indicando, também, por meio do novo PNE, anecessidade de estabelecer uma meta de aplicagdo de recursos piblicos, ‘no setor, como proporcio do Produto Interno Bruto (PIB), Para aelaboracio do novo PNE, com duragéo decenal, foi realizada a Conferéncia Nacional de Educagio (Conae), em abril de 2010, precedida de conferéncias municipais & estaduais, com a partcipacéo de diferentes atores governamentais e ndo governa- ‘mentais na pauta educacional brasileira. O documento final da Conae (BRASIL, 2010c) contemplou especificamente a educagdo infantil (cf. VIEIRA, 2010b) e orientou o con- Tinto de subsidios na perspectiva da construcio de um sistema nacional de educacio, No PL n® 8.035, de 2010, a educagdo infantil foi especialmente mencionada ne Meta 1 do PNE, ficando, no substitutivo apresentado em dezembro de 2011, com a seguinte redaggo: Revita RoE B59 2925 lie. 21D en hth exreagbo 247 Luniversaizar, até 2016, o atendimento escolar da populacio de quatro e cin- co anos, eampliar a oferta de educagio infantil deforma atender,no minima, 308 seguintes percentuais da populagdo de até ts anos: trinta por cento ato unto ano de vigéncia deste PNE e cinquenta por cento dessa populagio até oxiltimo ano. (BRASIL, 2010a). Nesse substitutivo, a Meta 1 possui 15 estratégias relativas & expansao, & avalia- $80, & formagio dos profissionais, ao curriculo e proposta pedagégica, a criagao de Programas complementares e de critérios para a definigdo de prioridades de acesso, Democratizar 0 acesso e garantir a concepsio {Um dos primeiros desafios a serem enfrentados ¢ garantir a concepgio de edu- casio infantil, construfda no Brasil nos iltimos 30 anos, baseada na defesa de uma educagao que nao reproduza desigualdades de classe, géneroe etnia/cor. O acesso ae Creches e pré-escolas, concebidas como instituigdes educacionais, ndo ests dissociado de uma oferta de qualidade, em espacos insttucionais nao domésticos, com infraes. {rutura adequada e com profissional qualificado, sustentando-se numa concepeao de crianga como sujeito de direitos e produtora de cultura, Tais elementos definidores de politicas, estabelecidos na legislagao educacional, persistem Precisam ser cons- tantemente reafitmados, conforme atestam os movimentos sociaise a producio aca- (Oeiutoeedade clr educa na mas todos 0s resultados mostram o tamanho do desafio ea necessidade de um gran- de empenho por parte das politicas sociais para aumentat a taxa de atendimento das ctiangas de zero a cinco anos de idade. Quando analisamos esse indice de forma desagregada, verficamos que ¢ cada ‘vez mais generalizado 0 acesso a pré-escola para criangas a partir de quatro anos de 'dade. Ao lado disso, verificamos taxas persistentemente baixas para o segmento das Crlangas menores de ts anos de idade, Chama, assim, a atencio o fato de que é na Varidvel "idade" que observamos as maiores disparidades de acesso, em relagio is varldveis relativas a loalizaglo, renda e etnia/cor, pois somente 184% das criangas de zero a trés anos frequentaram creches em 2009. A desigualdade de acesso as cre- ches em relagdo 8 varidvel “rendaainda ¢ grave, na medida em que a frequéncia de ctianas pertencentes as familias com renda per capita de até meio salério-minimo (12,4%) foi 3,2 vezes menor do que a de criangas pertencentes a familias com renda de trés ou mais salérios-minimos mensais (39,5%), em 2008.9 A proporsao de criangas, na faixa etaria de quatro ou cinco anos (total de 5,645,000 Pessoas), que frequentava escola em 2009 alcangou a média nacional de 74,8% (IBGE, 2009), sendo que a frequéncia a escola nesse grupo de idade também apresenta dife. rengas considerdveis segundo as faixas de renda das familias, ainda que em proporyies Imenores as observadas em relagdo is creches. Sao igualmente encontradas diferenas Significativas na frequéncia das criangas de zero a tis anos em relagdo& cor: as riangas negras apresentaram cobertura de 15,5%, ao passo que as ndo negras ultrapassaram o Percentual de 22%, em 2008, ainda segundo dados da PNAD (IBGE, 2008), Merecem destaque, também, as baixas taxas de atendimento da populagio in- fantil rural, segundo a PNAD de 2003: apenas 6,4% das criangas entre zero e tiés anos foram atendidas, enquanto, na rea urbana, 19,6% estavam na creche. Na fai- 2 de zero a cinco anos, 28.4% das criangas foram atendidas na érea rural, enquan- ‘o, na dea urbana, 0 atendimento alcangou 40.2% (IBGE, 2009) Segundo informa. s6es do INEP (2010), a oferta rural, aim de ser baixa, 6 praticamente exclusiva dos municipios. A preponderdncia dos municipios na oferta total durante os iltimos 20 anos em Presta enorme complexidade & organizagao da educacio infantil no Pais, Os diferen- {es arranjos das politicas municipais, que se distanciam ou se aproximam do marco legal, alimentam as disparidades e desigualdades, ‘Campos (2010) mostra que os es- forgos nos estados para atingir a universalizagio da pré-escola sero diferenciados, na medida em que a cobertura atual é bastante desigual. Conforme dados da PNAD (IBGE, 2009) sobre as taxas de escolarizagio de criangas de quatro e cinco anos nas unidades fecerativas, foram encontradas as seguintes situacées: taxa de escolariza. so de 60% ou menos nos estados de Rondénia, Acre, Amazonas, Rio Grande do Sul ¢ Goids; entre 61 ¢70% no Parané, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso; entre re Rai dea Bh 3.09 21925 er. 2, Dipl chp ag 251 71 ¢ 80% em Roraima, Paré, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Es- Pirito Santo, Ro de Janeiro, Santa Catarina e Distrito Federal. As maires taxas (en- tre 61 €90,7%) foram encontradas nos seguintes estados: Maranhio, Pai, Ceard, Rio Grande do Norte, Paraiba e Sio Paulo. E também pertinente trazer informagdes sobre os convénios com ereches e Pré-escolas, na medida em que essa modalidade de oferta educacional persiste no substitutivo proposto pelo relator do PL 8035/10 relativo ao novo PNE, com a se. Buinte redagdo: “articular a oferta de matriculas gratuitas em creches certificadas como entidades beneficentes de assistencia socal na drea de educagdo com a expan Si0 da oferta na rede escolar piblica.” (BRASIL, 2010), Indica-se que 0 cumprimento a EC n#89, de 2009 poderd acontecer também por meio de oferta de vagas em ins. {tule fllantr6picas e comunitarias conveniadas com o poder piblico, contraria mente 4 proposta de extingao progressiva do conveniamento na educagao infantil no documento final da Conae (BRASIL, 2010c). Ainda nesse sentido, a Lei n° 11.494, de 2007 que regulamenta a implantagio do Fundeb, traz elementos definidores impor. antes em relacio a distribuicao dos recursos entre 0 governo estadual ¢ 05 munici- Pios, na proporcio do niimero de alunos matriculados nas respectivas redes de ede cagio basica publica Assim, estabelecem-se, pela primeira vez no Basil, parimetros egais para o1e- Passe de recursos ptiblicos na area educacional, definindo as obrigaces das institui- 0es conveniadas em relacio ao servico a ser prestado Populacao (veja-se art. 8 da Lein* 11.494, de 20 de unho de 2007). Isso se deve, certamente, ao recomhecimento da Presenca relevante dos convénios na gestdo da politica de educagio infantil dos mu Riciplos e & necessidade de regulacio pela politica nacional. Em 2008, a creche con. Veniada representava 52.1% das matrculas nos estabelecimentos de ensino privados AINEP, 2009}, 0 que evidencia a significativa participacio do financiamente publico za manutengéo de parte das inicativas privadas na oferta de educagao infantil, seg- mento creches. De acordo com a mesma fonte, a pré-escola conveniada representou 28% das matriculas na rede privada, quase um terco da oferta, O debate da questio em diferentes foruns do Mieib permite constatar que a rela {0 municipio-instituigao conveniada assume diferenciadas formas, nas quais se ob- Servam: repasses de recursos financeiros a serem geridos pela conveniada, segundo criérios determinados; presenga ou auséncia de termo juridico de cooperacio; ces. S20 de espacofisico da conveniada para o municipiojestado ou vice-versa; cessio de Pessoal, em geral professores ou contratados temporéros, do drgao publico para a conveniada; ¢ repasse de géneros alimenticios (que pode coexistir com o repasse de fecursosfinanceiros). Infelizmente ainda carecemos de estuclos ¢ sistematizagio so- bre as politcas de convénio em curso na atualidade, que abordem os citrios a le. Bislagdo/normatizaco concernente, os itens financiados e os custos,e as formas de 252 ere tt Ee D893 9. 2528 2D mean be Obed ecole relacao pulico-privado. O relativo desconhecimento da situacio dessa modalidade de oferta, visto a auséncia de um diagnéstico mais abrangente sobre essa realidade, © precariedade das situagies de trabalho nas instituigées comunitarias, constatada Por Oliveira e Vieira (2011) sao alguns aspectos preocupantes da adogdo da estraté- sia de garantir o preceito da obrigatoriedade com qualidade. A questo do financiamento precisa ser também equacionada. Pinto ¢ Alves (2011) analisaram o impacto financeiro da EC, a partir de dados da PNAD e dos valo- res previstos para o Fundeb, e concluiram que, para o aleance das metas da legislagaio €considerando a populacao de 2008, deverdo ser matriculados 3,9 milhSes de novos alunos na educacio infantile no ensino fundamental, Se nao houver o aporte de no- ‘Vos recursos para o Fundeb da ordem de R§7,9 bilhdes, a ampliagio do atendimento Poderd significar redugdo de recursos por aluno, o que compromete a qualidade da oferta educacional e propicia a massificacio. A criasao do Programa Nacional de Reestruturagao Aquisigéo de Equipamen- ‘os para a Rede Escolar Publica de Educagao Infantil (Prolnfancia) integrada as metas do Plano de Desenvolvimento da Educacao (PDE) de 2007, do MEC, como também as do Plano de Aceleragio do Crescimento (PAC 2), prevendo aporte de recursos fi hanceiros de aproximadamente R$ 7 bilhies, indica a existéncia de condigGes para o alcance das metas de universalizacio da pré-escola e atendimento as creches no pro- jeto do novo PNE, com o acompanhamento do programa viabilizado pela disposicao de informagdes sobre a demancia de atendimento no site do MEC, 0 que foi possivel numa parceria IBGE/INEP, No entanto, é preciso considerar que as novas construgées realizadas e previs- {as nem sempre efetivam matriculas novas, na medida em que substituem constru- Ses antigas ¢ precérias, nos municipios, absorvendo oferta jé existente sso agrega a necessidade de investimentos diversos para garantir universalizacio da pré-esco- 'e, com atengio especial para promover a inclusio de criangas afrodescendentes, das reas rurais e de familias pobres Formagio e valorizacao dos profissionais Asmetas de expansio da educacio infantil, universalizagdo da pré-escolae aten- dimento & demanda manifesta por creches evidenciam a necessidade de suprir a ca- rEncia de professores na area. Um dos grandes desafios ¢ também manter a expansio da creche e a universalizacao da pré-escola com professores em carreiras dignas, in- tegradas ao magistério da educagao basica, A tendéncia 6 de uma segmentacio entre 0s que se ocupam das criancas de zero 4 trés anos e os que trabalham com as de quatro-cinco anos e com as turmas dos anos Revita Retr de Eola, Bras v5, 9, p. 295-28, lee 200. Dispoivel em - 253, iniciais do ensino fundamental. Os resultados da pesquisa Trabalho docente na edcagio bdsica no Brasil (OLIVEIRA; VIEIRA, 2010, 2011) mostram que, na: educagao infantil, os salérios so menores e as jomadas de trabalho disrias e semanais em um mesmo esta belecimento so maiores, comparados as outras etapas, Além disso, existe a tendéncia da criagdo de postos de trabalho e de carreiras paralelas is do magistério piblico, mais desvalorizadas e precarizadas, sem exigéncias de licenciatura na area, A pesquisa reitera estudo, divulgado recentemente, sobre professores no Brasil (GATTI; BARRETO, 2009), 0 qual mostra que, no mbito da educagao basica, a educa- ‘0 infantil concentra os professores mais jovens, mulheres, néo brancas, com menor escolaridade e que recebem os menores salérios, InformagSes divulgadas pelo Cen- so Escolar de 2010 (INEP, 2010) permitem constatar a predominancia de professo- ras (97% so mulheres) na educagao infantil e diferencas regionais em relagio a for- magionas creches e pré-escolas: mais professoras com formagio de nivel superior no Sudeste ena pré-escola (51,8%), prevalecendo as que possuem formagio de nivel mé- dio no Nordeste e na creche (49,6%). A consulta a série histérica das estatisticas divulgadas pelo Inep sobre a forma- ‘io de docentes na educacao infantil, desde 2002, mostra também que houve altera- 40 no quadro da formagio, crescendo o mimero de docentes licenciadas em nivel de ensino superior e diminuindo as que possuem apenas o ensino fundamental, comple- to ou incompleto; por exemplo, nas creches, 14,4% das funges docentes tinham for- 'macao superior completa, de acordo com o Censo do Professor de 2003 (INEP, 2003). Ocestudo mostra também que, no mesmo ano, 22,5% das fungdes docentes na pré-es- cola apresentavam formacao superior com licenciatura. O Censo Escolar de 2010, in- formando o nimero de professores na educacao basica, no lugar de quantidade de fungbes docentes, mostra que a proporgio de docentes com formagao em nivel supe- rior com licenciatura cresceu na média nacional, sendo 41,1% nas creches e 48,6% nas Ppréescolas, de um total de 141.456 e 257,790 docentes,respectivamente (INEP, 2010), {sso representa um importante avango na qualidade do atendimento, pois a forma- 80 do profissional ¢ condigio indispensivel para uma educacéo infantil de quali dade, além de revelar a aproximagio da oferta publica e privada com o marco legal. Noentanto, os dados evidenciam que estamos longe de atingir a meta de 70% de docentes com formacao superior nas creches e pré-escolas, conforme o PNE BRA- SIL, 2001). Além disso, as estatisticas do Censo Escolar de 2010 apontam a persistén- cla de contingente significativo de professoras leigas nas creches e nas préescolas: 13.6%, nas primeiras, possuem apenas formagio de ensino fundamental completo cu ensino médio sem licenciatura, sendo que, nas segundas, o percentual de docen- tes nessa situagdo & de 10% (INEP, 2010). A realidade mostra que politicas governa- mentais nas diferentes esferas de governo, envolvendo instituigdes formadoras de ensino superior piiblicas, sao imprescindiveis para o alcance de metas concemnentes, 254 evita Ratan dE 5.9, 2898p 29, gee pened sempre arti ladas a investimentos em valorizagio dos profissionais, incluindo for- ‘magio continuada. Atualmente, a formagio inicial superior para atuago nas séries iniciais do en- sino fundamental e na educagio infantil deve ocorrer no ambito das universidades € em instituigdes de ensino superior, de acordo com as novas diretrizes curriculares para os cursos de pedagogia, mas os cursos existentes estio longe de disponibilizar uma formagio de qualidade. Scheibe (2010) aponta a existéncia de uma enorme frag. mentagdo institucional na oferta atwal, sendo o setor privado responsivel por 74% das matriculas na licenciatura de graduacao, presencial, maioria néo universtétios, oferecida no horério notumno. De fato, o acompanhamento das metas do novo PNE exige que as informagbes uantitativas evidenciem um quadro mais preciso da formacio e do trabalho na edu- ‘acio infantil no Pais. Apesar de produzidas, esss informagoes nao sao divulgadas de forma desagregada, nao sobressaindo, por exemplo, os dados sobre os responden- tes das instituicées particulates, comunitérias, filantrépicas e confessionais nos cen- 80s escolares. Nao estdo igualmente disponibilizadas informagées sobre outros sujei- tos docentes, que se ocupam de grupos de criancas e executam trabalho similar 20 dos professores, exercendo fungées pedagdgicas, segundo se pode conhecer por meio de observagdes e estudos em andamento, Consideracées finais A aprovacao da EC n° 59/2009 nao foi ‘consensual na area educacional, de modo que a extensao da obrigatoriedade para a educagio infantil gerou diferentes reagées junto a area (especialistas, pesquisadores e militantes do campo de estudos e de agdo Politica da educagdo infantil e aos dirigentes da educagdo,sobretudo municipais Os argumentos expressam preocupagies e resistencias, tendo em vista o incipiente de- bate em tomo de relevante questio na aprovagdo da referida EC. Argumentou-se, com base em estudost, que a pretendida universalizacio da pré-escola pode nao ser alcangada somente com a obrigatoriedade de a familia matricular os filhos pequenos na educagao infantil. Além disso, 0 texto da emenda, ao comportar ambiguidades, pode propiciardis- {org6es no seu entendimento junto aos sistemas de ensino, Apontou-se para os ris- cos de expansio das matriculas sem a desejada qualidade’; de excluiro cuidado, pela dliminuigao da oferta de atendimento em tempo integral; de antecipar a escolaida- de com as caractersticas da oferta do ensino fundamental; da cisdo creche-pré-esco- laye de privatizagio da creche, Os argumentos do governo federal ede dirigentes da ¢ducagdo enfatizam que a medida permite a universalizacio do acesso, possibilita a ‘evs Kee By Er v.59, 26282, der. 201, Dispel ne daphne efron > 255 demanda organizada das familias, assegura recursos financeiros para a sua imple- mentagZo, além de produzir impactos positivos no ensino fundamental, pela frequ- éncia obrigatoria da pré-escola, Essa mudanca constitucional suscita a necessidade de uma série de redefinigées, inclusive legais, para a organizacao da oferta de educacio infantil. Alteragdes na LDB foram discutidas no ambito do MEC, por meio de iniciativa da Coedi, no sentido de estabelecer orientagdes para os sistemas de ensino com a preocupagao de que, na att- séncia de definigdes, os sistemas ¢ as instituigdes tomem os critérios do ensino fun- damental como referéncia para a educa¢ao infantil, ndo respeitando a identidade dis- tinta dessa etapa, ‘A Coed destaca aspectos fundamentais para a orientacao aos sistemas e propde 0 pardmetros seguintes: » A frequéncia & educagio infantil nao deve ser pré-requisito para a matricula no ensino fundamental; » Enecessario explicitar que a obrigatoriedade de matricula na educagao basica para a crianga de quatro a cinco anos concretiza-se com a garantia de matricula na educagio infantil - pré-escola - sem qualquer requisito de selegao; » Epreciso definir que as criangas de pré-escola so aquelas que completam qua- tro e cinco anos até o primeiro dia do inicio do ano letivo, definido no calenda- rio do respectivo sistema de ensino ou da escola; » Como nao existe a exigéncia de carga hordria minima anual para a pré-esco- 4a, considera pertinente recomendar, no minimo, oitocentas horas, distribuidas em duzentos dias letivos, tentando evitar que, pressionados pela demanda, os municipios diminuam a carga horaria da educagio infantil; » E preciso incentivar e recomendar a manutengao da jornada de tempo integral na educagio infantil; » controle da frequéncia da crianga deve ser de responsabilidade da institui- ‘0 e estar previsto no respectivo Regimento Interno; » A frequéncia minima deve ser inferior & exigida no ensino fundamental; » Em relagdo a avaliacao, as instituigdes de educacio infantil devem criar proce- dimentos para o acompanhamento do trabalho pedagégico e para a avaliagao do desenvolvimento das criangas, sem objetivo de selecio, classificacio, pro- mogio ou retengao; » Ocritério etario para organizagao da educagao infantil é: creche, criangas de 0 3 anos, e pré-escola, referindo-se as de 4 e 5 anos. (BRASIL, 2009g), A definigéo e a implementagio do ensino fundamental com duragio de nove 256 ova Rett Era Bras, 92-28 det 21. Deel eer ogbo> eit clr mean anos, iniciando para as criangas a partir de seis anos de idade, com as imprecisdes do texto constitucional trazidas pela EC n° 53, de 2006, que redefine a faixa de idade da educagio infantil para criangas de zero a cinco anos, produziram consequéncias na organizagao da educagio infantil, gerando intensas movimentagdes nos sistemas de ensino. Alias, os diversos entendimentos observados em relagdo & idade de ingres- so da crianga e as condigdes precirias e inadequadas oferecidas as criancas menores, nas escolas de ensino fundamental foram (e continuam sendo) um dos focos de ten- sio atuais na educacao brasileira Os entendimentos diferenciados sobre a idade de ingresso de criangas mais no- vas nos sistemas de ensino, somados as reais condigdes de infraestrutura fisica e de recursos pedagdgicos para acolher as criangas pequenas nas escolas de ensino fun- damental e nas pré-escolas, a formagao insuficiente dos professores e demais profis- sionais da educacao, quase sempre inapropriada, aos interesses econdmicos das re- des privadas e as demandas das familias por uma escolarizagao cada vez mais pre- coce so elementos que envolvem os debates e as decisdes sobre a adocdo, como po- Iitica publica, da frequéncia escolar compulséria das criancas cada vez mais novas. De fato, a universalizagao da pré-escola, para atingir as criancas dos meios popu- lares das cidades e do campo, incluindo as afrodescendentes, indigenas e quilombo- Jas, é meta do novo PNE, Para tanto, a obrigatoriedade escolar estendida & pré-escola deve significar, mais que uma imposigzo &s familias, um meio de propiciar uma uni- versalizagio que oportunize experiéncias enriquecedoras e emancipadoras no per- curso escolar de todas as criangas pequenas brasileiras. Recebicio em novembro de 2011 e aprovado em dezembro de 2011. Notas 1 Veja-se Parecer CNE/CEB n 8, de 2010, que estabelece normas para a aplicagdo do inciso ix do ort 4° da Lei n* 9394, de 1996, que trata dos padres minimos de qualidade de ensino, de acordo como (CAQ para todas as etapas e modalidades da eduucagio bisica piblica 2 Para melhor entendimento dos rscos de retrocesso que podem estar implicados nessa signiticagio, cconsultar Rosemberg (2002), e também ter em conta 0 atual debate le propostas nessa perspective capitaneadas pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidéncia da Repiblica (SAR), a quals integram tendéncia preocupante de avaliagso da educagso infantil, bascada em instrumentos que pretendem avaliaro “desenvolvimento da crianga” construir “ranking”, podendo produis pratieas discriminadoras e segregadoras de criangas, desde a tenraidade, no imbito das crechese pré-escolas, 3. AEC 853, de 2006 estabeleceu duragio de nove anos para o ensino fundamental, iniciando-se para ériangas com 6 anos de idade. A idade da crianca que frequenta a pré-escola fi enti alterada para 4 {eB anos. A creche permanece para as criangas de 0a 3 anos de idade 44 Taltendéncta é mats claramente visualizada quando se trata da oferta de educacio para criangasa par Revit Rt de Esse Bel. 9p 24822 der 201, Diponirl ee phew cng > 257 se Mar ag Vien tirde quatro anos de idade, 0 que no se pode airmar tio incisivamente em relagio A oferta de creches para criangas menores de tr’ anos de idade, que tradicionalmente esteve subordinada 4 assistencia Social e quase sempre sob responsabilidade de obras sociais de cardterflantrépico ou comunitiro, que contavam (e ainda contam) com subsidios da poder piblico, 5. A reducio dessa distancia consta como Estratégia 1.2 no substitutive ao PL 8035, de 2010, com a se- {uinteredacdo: “garantir que, ao final da vigdncia deste PNE, sea inferior a dez por conto ienega entro as taxas de froquéncia 8 educagio de eriangas dle al tits anos oriundas de quinto de rend fe. lias per capita mais elevado ea do quinto de renda per capita mais baixo.” (BRASIL, 20103), Foge do ‘scope deste artigo analisar como tal estratégia Seré viablizada, no mbito das politcas educacionals, No entanto al tema merece a nossa atengio. 6 OGTO?— Educagio da cranga de 0 a 6 anos, da ANPEA, discuti a extensio da obrigatoriedade escolar ‘na Reunifo Anual de 209, a pati de aports tedricos em trabalho encomendado sobre 0 tema, orga: nizado por Filvia Rosemberg, professora da Pontificia Universidade Catdica de S30 Paulo (PUC-SP) «© pesquisadora da Fundagio Carlos Chagas de Sio Paulo. 7 A qualidade na edueagio infantil vem sendo conceituada por meio de uma sétie de iniciativas do préprio MEC, com a colaboragso de especialistas. Essa iniciativas coneretizaramse em agbes e dost, menos orientadores para 0s sistemas de ensino e para as insituigdes de atendimento, claborados em ‘cumprimento ds metas do PNE ~ decénio 2001-2010; vejan-se os seguintes documentos de dominio ppiblico do MEC: Criteris de qualidade em creches que rspetem os direitos da erianea (BRASIL, 1995), Perimetvos de qualidade de educa infantil (1d, 20060) e Indcadores de qualidade de educasi infant (1d, 2008e), disponiveis em www.mec gov-br. A conceituasio também significa ume construc historica recente no campo, nos itimos 20 anos, fruto de estudos, debates, pesquisas e produgio de documen- tos, que buscam enfrentar e corgi as distorgies e as desigualdades na oferta de educagSo infantil, sobretudo para as criangas das classes populares 8 Oingresso das criancas no ensino fundamental 6a patir dos ses anos de dade, completos ou a com- pletaratéo dia 31 de marco do ano em que ocorrer a matricula, conforme as orientagbes legals e nots ‘mas estabelecidas pelo CNE na Resolugio CNE/CEB n3, de 2005 e nos sequintes Pareceres: CNE/CEB 16, de 2005, n* 18, de 2005, nt 7, de 2007, n® 4, de 2008 en® 22, de 2009, e na Resolugao CNE/CEB nf 1, de 2010, A mesma recomensleco aplica-se ao ingresso na educagao infantil, nos termos do Parecet CCNFICEB nt 20, ce 2009 « da Resolusio CNE(CEB 15, de 2009. Portanto, observando 0 principio do ‘io retrocesso, a matricula no I" ano fora da data de core deve, imediatamente, ser corrigida pars a2 ‘matriculas novas, poisas eriangas que nao completaram 6 anos de dade no inicio do ano letivo deve ‘er matriculadas na educagao infantil. Referéncias ‘BRASIL. Constituigio (1988). Constituigso da Republica Federativa do Brasil. Brasilia: Senado Federal, 1988, Ministério da EducagSo. Critérios de qualidade em creches que respeitem os direitos da ianga. Brasilia: MEC, 1995, Leint 9394, de 20 de dezembro de 1996, Estabelece as dretrizes e bases da educagio nacional. Diirio Oficial da Unido, Brasilia, 3 der. 199. Lei n® 10.172, e 9 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de Educagio e dé outras rovidéncias, Didrio Oficial da Unio, Brasilia, 10 jan. 2001 Ministério da Educagio. Conselho Nacional de Educaséo, Resolusio CNE/CEB n* 3, de3 de agosto de 2005. 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Acesso em: 29 jul. 2010 Censo demogrifico. Rio de Janciro, 2010a, Pes INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS (INEP). Censo do professor. Brasilia, 2003, nacional por amostra de domicilios. Rio de Janeiro, 2010, _—— Sinopse estatistica da educagio basica, Brasilia, 2009. Disponivel em: 261 Mandatory Schooling in Early Childhood Education ABSTRACT: This paper discusses some of the challenges involved in the implementation of compulso- zy schooling in early childhood education fr chilcren from four yeas of age onwards, while highlight- ing the curtent situation of provision of nursery schools and preschool, It also analyzes certain charac teristics ofthe organization of education systems in the country, especialy those concerned with finance and professional personnel. tis a preliminary focus, seeing that the legislation isso recent. Two issues sive particular cause for concern in the new reality: preventing a split between the nursery and pre- schools and the early enollment of preschool and elementary schoolchildren in educational networks Keywords: Early Childhood Education, Compulsory school attendance. National Education Plan. Obligation de Scolarite Dans L'Education Infantile RESUME: Lartcl prtend discuter certains dfs soulevés parla mse en place de obligation de co- larité dans Féducation infanlle pour les enfant partir de quate ans, en relevant la situation atulle des offes en réhe et en mater ainsi que certains caactistgues de organisation des systemes

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