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Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV)

Laboratório de Educação Profissional em Atenção à Saúde (Laborat)

SEMINÁRIO RODAS DE CONVERSA


GISELE LESSA BERNIZ

Rodas de Conversa - Construindo a intervenção


“Roda é mandala, é círculo, é movimento que induz e conduz a produção de conhecimento -
não um conhecimento qualquer, mas daquele que se registra, se elabora, se alicerça, se amplia
e se reconstrói”.
Ivani Fazenda

O que é a Roda?
• O método consiste em criar espaços de diálogo e sobretudo de escuta para estimular a
autonomia dos sujeitos por meio da problematização, troca de informações e reflexão para a
ação;
• As rodas são espaços onde a fala dos sujeitos ganha legitimidade num processo de
ensino-aprendizagem e de reconhecimento uns dos outros como sujeitos com saberes,
opiniões e valores próprios. Fazer parte da roda permite que os jovens se sintam amparados,
porque ali estão pessoas com as quais eles podem se identificar de alguma maneira, seja
porque moram na mesma comunidade, seja porque pertencem a um mesmo grupo etário ou
étnico, seja porque têm as mesmas dúvidas ou curiosidades;
• A roda permite conhecer o outro e a se reconhecer no grupo;
ASPECTOS DA METODOLOGIA DA RODA
• Círculo como símbolo;
• A importância física;
• A importância cultural;
• O ritual;
• A rotina;
• A organização;
• potencial de conhecimento;
• potencial lúdico;
• A eficiência na relação educativa;
• A função do Círculo
• O círculo funciona como um símbolo de perfeição, equilíbrio e sentido cósmico, aparece
em todas as épocas e culturas, como também é constantemente utilizado em imagens e
trabalhos práticos nas mais diversas áreas do conhecimento.
Importância física
• Do ponto de vista físico, os trabalhos coletivos para grupos com diversos números de
integrantes sentados em cadeiras, banquinhos ou almofadas colocadas no chão, na grama, na
areia etc. formando um círculo (roda), permite-nos desenvolver diversas dinâmicas
participativas, como também manter um diálogo com uma visão cômoda de todos os
integrantes, estreitando ainda mais a proximidade corporal.
Importância Cultural
• É de conhecimento de todos a importância cultural da manifestação folclórica das
cantigas e brincadeiras-de-roda. Segundo Câmara Cascudo (1988), as Brincadeiras-de-roda
referem-se a brincadeiras do folclore dançadas ou cantadas apresentando melodias e
coreografias simples. Grande parte delas se apresentam com os participantes se colocando em
roda e de mãos dadas, mas existem também variações, como os brinquedos-de-roda
assentada, de fileira, de marcha, de palmas, de pegar, de esconder, incluindo também as
chamadas para brinquedos e as cantigas para selecionar jogadores.
• As rodas infantis que se apresentam no Brasil têm origem portuguesa, francesa e
espanhola. Porém com a força do cantar e ouvir, abrasileiraram-se muitos destes cantos,
sendo eles hoje tão nossos como se aqui nascidos. É possível observar variações nas letras, na
maioria das vezes originadas pela percepção e linguagem infantil, que não segue um padrão,
que vão mudando de mão- em-mão, de boca-em-boca, na improvisação que recria e introduz
novos padrões. Outro fato evidente, é a facilidade que demostram as crianças e adolescentes,
para agrupar-se em rodas com os mais diversos propósitos, sendo uma forma muito natural de
encontro e comunicação para eles.
Conhecendo o ritual
• O ritual é muito importante, servindo para valorizar o dia-a-dia, que no ato de educar
apresenta um desafio diário, sempre cheio de novidades individuais e coletivas, que deve-se
estar atento para destacar e valorizar os fatos que podem ser de extrema importância na vida
das crianças e adolescentes.
O ritmo na Rotina
Rotina tem a ver com a organização do tempo. Neste sentido, cada grupo tem seu jeito de
lidar, de ver o tempo de que dispõe; tem seu ritmo e a sua organização no tempo e no espaço
em que vive. Construir uma rotina é um exercício de democracia comigo e com as pessoas com
as quais convivo. Ë um exercício de socialização. A rotina não é rotineira, tem um ritmo que
atende as necessidades do espaço e do tempo. Na rotina o ritmo do grupo, o jeito de viver o
tempo, é constituída dos ritmos de cada participante. O ritmo constitui-se de variações; de
modo que uma rotina constitui-se de ritmos diferentes e semelhantes (não homogêneo) de
seus participantes. A rotina estrutura o tempo (história), o espaço (geografia) e as atividades
onde os conteúdos são estudados. Assim, uma rotina estrutura. Localiza o jovem no tempo, no
espaço e nas atividades. Neste sentido a rotina é alicerce básico para que o grupo construa
seus vínculos, estruture seus compromissos, cumpra suas tarefas, assuma suas
responsabilidades para que a construção do conhecimento possa acontecer. A rotina é uma
dinâmica, tem vida, vive uma história por isso ela me ajuda a refletir e repensar o vivido. O ato
de criar uma rotina já é um grande desafio, pois é a primeira exigência de organização.
Construindo a Rotina
• Para construir rotina é preciso: Constância
• Temporal: horário de encontros, reuniões;
• Espacial: lugar onde o grupo se reúne;
• de atividades: possibilita o processo de aprendizagem, mas para isso acontecer é
necessário:
• "ruminação", esboço das idéias, do pensamento:
• "elaboração" de um planejamento para o desenvolvimento das idéias;
• "avaliação" do produto conquistado;
Como organizar os encontros
• Para a organização do trabalho, além da ficha de inscrição, listas de chamada, controle
de freqüência, quadro de atividades, reuniões pedagógicas etc. A roda e uma excelente forma
para organizar o dia-a-dia, de acordo com a realidade, In loco, que sempre sofre variações e
imprevistos, ocasionados por atrasos ou falta dos educadores, problemas na infra-estrutura,
nos serviços, e até mesmo fatores climáticos, que causam sérios transtornos nas atividades
realizadas ao ar livre. Sendo assim a roda nos permite socializar estas informações, com as
crianças e adolescentes, para juntos encontrarmos soluções que beneficiem a maioria,
permitindo manter um ambiente educativo e alegre, mesmo com as dificuldades que sempre
nos desafiam.
Desenvolvendo o potencial de conhecimento
• A roda oferece um universo de informações para um facilitador atento e devidamente
capacitado. As crianças e adolescentes trazem e externalizam na roda, de forma espontânea
todos os sinais do seu estado emocional. Desta forma podemos detectar a carência afetiva, a
agressividade, a revolta, a baixa auto estima, a timidez excessiva, como também estes valores
no seu sentido positivo, como eloquência, descontração, participação, alegria, etc.
• A observação de todas estas informações, permitirão ao sensibilizador trabalhar melhor
a individualidade, como também aprimorar o conhecimento da realidade das crianças e
adolescentes, com as quais trabalha. Isto é fundamental para melhorar a relação educativa,
refletindo diretamente nos resultados específicos da atividade e estimulando as expectativas
profissionais do educador em particular.
Desenvolvendo o potencial lúdico
• Existe uma ampla variedade de brincadeiras que podem ser usadas, com propósito
educativo ou simplesmente lúdico. É importante uma boa bibliografia de apoio, acompanhada
de um trabalho prático, para desenvolver ditas dinâmicas, onde se faz necessário um
treinamento coletivo, com todos que conduzem o projeto. O momento da brincadeira na roda
não deve ser olhado com o olhar de adulto que na maioria dos casos, estamos a muito tempo
afastados desta prática tão sadia e prazerosa. Ao contrário, devemos procurar entender a
importância da brincadeira para as crianças, adolescentes e para nós mesmos.
Problematizando as relações na roda
• Quando se trabalha com grupos de crianças e adolescentes, em situação de risco social,
sabe-se das dificuldades que geralmente se enfrenta para manter o interesse pela atividade, o
respeito às regras de convivência e os limites, a superação das dificuldades individuais, o
cuidado com a segurança pessoal nas atividades, o cuidado com os materiais muitas vezes
caros ou difíceis de conseguir. Tudo isto misturado às expectativas de desenvolvimento, à
responsabilidade na formação de cidadãos, participativos e atuantes, protagonistas da sua
história.
• Mesmo estas questões polêmicas e difíceis de lidar, podem ser resolvidas utilizando o
diálogo como instrumento.
Relatório- Metodologia-“Rodas de conversa”

Valentin Heigl

Ao definirmos nosso objetivo e princípios norteadores da intervenção, esbarramos em


outra problemática, que é como será efetuada essa intervenção e qual dinâmica utilizaremos
para acessar os adolescentes, de modo a completar nosso objetivo inicial e permitir a
multiplicação da oficina.

Assim, o seminário definiu a divisão da intervenção em 3 momentos/partes:

1. Problematização: trazendo o tema para o debate, iniciamos a discussão. Este


primeiro momento é marcado pela apresentação e abertura da problemática. Pelo
que discutimos até agora, pensamos em não abordar diretamente o assunto, mas,
espelhados na experiência alemã, construir uma base de discussão que envolva
aspectos básicos do dia-a-dia dos adolescentes: família, escola, amizades, amor,
etc.
2. Troca de informações: nesse segundo momento, já abordando a temática
proposta, utilizaremos o material de apoio, a fim de promover a discussão sobre
estigma e uso de álcool e outras drogas. A dinâmica valoriza o que é trazido pelos
adolescentes, de modo que a intervenção possa se adaptar à especificidade do
grupo. Isso não significa, entretanto, que percamos de vista nosso propósito, mas
sim apostando na possibilidade de sermos surpreendidos.
3. Reflexão para a ação: ao reunirmos os efeitos dos 2 momentos anteriores,
partiremos das divergências para o consenso, ou seja, a redução do estigma. Isso
será possível ao reunirmos as informações e o material de discussão com o debate
suscitado. Do específico do grupo, chegaremos ao genérico.

Ainda não definida a dinâmica a ser usada, a roda de conversas revela-se como

possibilidade. Seu formato simples e a abertura que oferece são duas características
importantes, pois a intenção de acessar os adolescentes para que possam falar de suas
opiniões e experiências é essencial para garantir a eficácia da intervenção.
Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV)

Laboratório de Educação Profissional em Atenção à Saúde (Laborat)

Regis Vinicius Silva da Gama Ferreira

Resumo do seminário sobre “Rodas de conversa”

A roda de conversa se caracteriza como um processo democrático de construção de


conhecimento sobre aquilo e aqueles que na roda estão. Isso se mostra muito interessante,
pois não coloca sobre o sujeito a responsabilidade de falar sobre si ao invés de delegar o
conhecimento sobre seu corpo a outrem, ao especialista.

O formato físico, o fato de ser uma roda, de todos poderem olhar a todos, vai numa direção
muito importante que é a questão do contato, de sentir a presença daqueles sujeitos que ali
estão. Dessa forma impedimos um pouco a dispersão e facilitamos a apropriação do que esta
sendo dito naquele espaço.

A construção coletiva tem uma característica muito interessante que a idéia daquele sujeito
pertencer, fazer parte de um coletivo e assim não se sentir sozinho. A idéia de união, de saber
que não estar só reforça a inserção social e impede o isolamento. Saber que pessoas têm
opiniões comuns.

Um pouco importante é a diversidades de composições que podemos fazer com a roda de


conversa, isto é, podemos ter uma atividade mais lúdica e assim permitir e promover uma
forma de mais pessoas ficarem interessadas em interagir e se colocar dentro do dispositivo.
Esse processo visa sempre a integração daqueles que participam e como cada tem sua melhor
forma de se expressar e de interagir com o mundo.

Outra coisa importante é a não personalização excessiva, isto é, as opiniões não ficam presas a
quem diz. As coisas vão se articulando e transitando pelo espaço e isso se torna muito
interessante. Muitas coisas que as pessoas não tinham noção de ter em comum e nesse
momento podem perceber isso. Deva forma começamos a desenvolver parcerias que vão além
dessa atividade
CLARISSE

Discussão

Seminário Metodologia

O seminário sobre metodologia nos apresentou noções do método chamado roda de


conversa foi uma apresentação preliminar para se observar as suas características e as
possibilidades de sua utilização, não garantindo que esse será o método utilizado na
intervenção. Aprendemos como se organiza, seus objetivos e situações em que é mais indicado
seu uso.

Uma dificuldade que considerei importante é o fato de estarmos falando sobre jovens
para jovens, não podemos adotar uma atitude de superioridade pois é muito provável que
seremos surpreendidos no decorrer da intervenção. Estudamos e lemos pesquisas que buscam
retratar esses jovens, porém na prática acredito que alguns temas os alunos tenham
discordância quanto à imagem que dele é passada. Precisamos ter me mente a troca de
informação e conhecimento.

Outro ponto que fez parte da discussão é como levar certos assuntos ao jovem,
adaptar as questões a uma linguagem que desperte o interesse deles e que toque no ponto
que vá fazê-lo refletir sobre a questão do estigma do usuário de álcool e drogas.

Percebi que precisamos pensar em estratégias lúdicas de forma a tornar a conversa


mais dinâmica para não cair nos moldes de uma palestra como tantas que eles participam, já
que nosso objetivo é tentar desenvolver uma maneira nova de interagir com o jovem, que leve
informação mas que tenha componentes diferentes de palestras ou seminários.

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