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CONTEÚDO
O HUMANISMO é uma manifestação artística medieval. Mas Lemos — o preferido de Constança, avarento e tosco.
difere-se do Trovadorismo por ter seu apogeu num período de Marido — homem que possui um discurso marcado pela
transição que vai do final do séc. XV ao início do séc. XVI. É narração de fatos das viagens
constituído por manifestações em prosa, verso e drama, sendo
que apenas este último foi contemplado no programa. O maior ELEMENTOS CONSTITUTIVOS:
representante desse estilo em Portugal foi dramaturgo Gil
Vicente, considerado “o pai do teatro português”. LEXICAL/SINTÁTICO: há várias expressões e provérbios
populares na época, com termos arcaicos e quase
incompreensíveis para nós. Nos diálogos de Castelhano há
Drama Medieval Vicentino: um outro dialeto, o saiaguês.
SONORO: a peça é construída em forma de redondilha,
O teatro feito por Gil Vicente tinha objetivo moralizante, prevalecendo os versos de sete sílabas poéticas
pois procurava retratar o homem em sociedade, criticando-lhe SEMÂNTICO: tem como principal figura de linguagem a
os costumes e tendo em vista reformá-los. São ironia, encontrada principalmente nos diálogos da Ama
características fundamentais desse teatro: Constança e da Moça.
de consciência ou arrependimento por ter aversão aos afazeres A moça entra na casa de Constança e a encontra chorando.
domésticos e se sentir aliviada ao ver o marido partir, além de Pergunta-lhe o motivo das lágrimas, já sugerindo que seja
se deixar seduzir pelos seus pretendentes. pelo fato do marido estar indo para as Índias.
Moça — Mesmo sendo servil e obediente, tece comentários Constança responde com ironia e estupidez (chama a moça
irônicos de reprovação ao comportamento da Ama. É uma de mal estreada e o marido de corno). Diz que está chorando
espécie de representação da sociedade - moralista. porque alguém havia dito que seu marido não iria mais
viajar. A moça vai procurar saber se é verdade o que Dum diabo Zebedeu
disseram a sua ama. Dormirei, dormirei
Boas novas acharei.
São João no ermo estava,
Cena II: E a passarinha cantava.
Deus me cumpra o que sonhei.
A Ama fica sozinha, rezando para que seu marido tenha Cantando vem ela e leda.
viajado.
Moça Daí-me alvíssaras, senhora,
Cena III: Já vai lá de foz em fora.
A moça volta com a notícia de que o marido já havia viajado, Ama Dou-te cá .a touca de seda.
o que deixa sua ama extremamente feliz.
Segue-se uma discussão, na qual a moça, percebendo a Moça Ou quando ele vier daí-me
malícia de sua ama, a aconselha na manutenção de sua Do que vos trouxer
fidelidade, pois Constança era uma mulher casada.
A ama responde que irá cometer o adultério e dá várias Ama Ali, muitieramá!
justificativas para isso: Agora há-de tornar cá
Que chegada e que prezer!
Rebeldia: Constança recusa-se a cumprir as obrigações
domésticas.
Moça Virtuosa está minha ama!
A necessidade: Diz que o seu marido não lhe deixou
Do triste dele hei dó.
provisões.
Justiça: Fala que não vai se conter, porque os homens Ama E que falas tu lá só?
fazem o que bem entendem.
Moça Falo cá com esta cama.
Ama Por qual demo ou qual gamo Ama Mau pesar veja eu de ti!
Ali má hora chorarei? Tu cuidas que não te entendo?
Como me leixa saudosa!
Toda eu fico amargurada
Moça Que entendeis? Ando dizendo
Que quem assim fica sem nada,
Moça Pois que estais enojada?
Como vós, que é obrigada...
Dize-mo por vossa vida!